quarta-feira, 28 de maio de 2014

A LEALDADE...

A LEALDADE... Neste trabalho, posso dizer que encontrei certa dificuldade em elabora-lo, pois falar sobre virtudes, para mim, não é tão simples assim, pelo fato de estarmos descrevendo princípios de vida, atitude e índole. Buscando diferentes definições sobre a palavra Lealdade, encontrei no dicionário Aurélio o seguinte: “Lealdade – Qualidade, ação ou procedimento de quem é leal”. “Leal – do latin legale, cuja raiz é lex, ou seja, lei. Sincero, franco e honesto. Fiel aos seus compromissos”. Contesto os adjetivos empregados acima, pois essas qualidades necessariamente não estão intrínsecas em uma pessoa leal. Tomando como exemplo a afirmação do escritor de que uma pessoa leal é honesta, creio que primeiro será necessário se perguntar o que é uma pessoa honesta, pois se considerarmos que um traficante de drogas é leal aos seus comparsas e hierarquia, podemos concluir que é uma pessoa honesta? Entretanto, sendo menos radical nas minhas interpretações do dicionário profano, podemos dizer que o escritor tenha tido a intenção de dar uma conotação de ação para com alguém ou naquilo que se crê, porém não deixando isso claro. A afirmação “fiel aos seus compromissos”, também não tem a minha integral concordância, pois a fidelidade, no meu ponto de vista, sempre será com alguém ou em que se acredita e que vai muito além de compromissos. Possui um significado muito diferente de comprometimento, que creio eu, talvez seja a palavra mais indicada para esta definição. Pesquisando no Dicionário Maçônico é dito que: “A lealdade é um atributo maçônico virtuoso exigido pelo grupo. A tolerância decorre da lealdade. Será leal o observador dos preceitos maçônicos. Os juramentos maçônicos nada mais são que incentivos à lealdade, tanto para com os IIr\, como para consigo mesmo, para com o Criador, para com a Pátria, para com a família e com todos os seus semelhantes”. “A lealdade arrasta muitas outras virtudes. Desperta-as e as fortalece, como a sinceridade, a fidelidade, o amor, o carinho e a piedade, enfim, enfeixa um universo de bons propósitos e, o homem torna-se um ser útil à humanidade, a sociedade e a família”. Na expectativa de interpretar o texto contido no Dicionário Maçônico, vejo que, nas reuniões e encontros que ocorrem em nossa Loja, se torna mais fácil à compreensão desta virtude, pois nela sempre acontecem fatos que não podem ser explicados e que trazem o ideal da fraternidade para mais perto dos acontecimentos da nossa conduta diária. Um homem pode ser bom, isto é, pode ser amoroso, caridoso, de bons costumes, etc, pertencendo a qualquer religião, entidade, associação ou na verdade a nenhuma. Um homem é leal, não pelo que está escrito ou que lhe ensinam, mas sim, naquilo que está em seu próprio ser. A convivência e os ensinamentos irão auxiliar o homem a despertar as virtudes latentes que nele existem. No entanto, o homem pode também chegar a origem dessas virtudes por si próprio, se simplesmente atender as determinações internas de sua alma e mente. Então podemos dizer que a lealdade está dentro de todos nós e que, o convívio com os IIr\, somados a aquisição de conhecimentos maçônicos, faz com esta virtude seja despertada do centro do nosso ser, na sua mais pura essência. Lendo sobre o entendimento que a Maçonaria possui sobre a virtude, temos: …….“A virtude não retrocede nem ante o sacrifício, nem mesmo ante a morte, quando se trata do cumprimento do dever”. Analisando o texto acima e procurando sintetizar minhas interpretações, faço analogia a virtude, concluindo que: A lealdade decorre da crença em alguém e a algo que se tem como referencial de vida, doando-nos sem se medir esforços. Bibliografia: Rizzardo da Camino – Dicionário Maçônico – Madras Editora Opúsculo – O que é a Maçonaria Revista 7º Milênio – Artigo os Ideais da Maçonaria – C. Jinarajadasa Dicionário Aurélio

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A CULTURA MAÇÔNICA

O universo material foi criado pelo G.'. A.'. D.'. U.'. À partir do átomo, do quase nada, de uma maneira magistral, assombrosa e até aterradora. Sua arquitetura fundamenta-se numa diversificação tão rica, que leva o entendimento humano à confusão ao ser confrontado com o caos desta aparente desordem. Num esforço de ordenar a sua perturbação, a criatura humana passa a estabelecer referenciais, criar padrões, de tempo, medida, sensibilidade e probabilidade. O resultado deste trabalho, a faz movimentar-se no universo, modificar e transformar a obra original, gerando com isto o conhecimento, criado a partir de pensamentos, modelos e referenciais; pois nenhuma verdade lhe é revelada de imediato. É apenas com o acumulo de conhecimentos, pelo uso da razão, da intuição e do discurso que a realidade é entendida. Na intuição intelectual, o critério é a evidência, é aquela idéia clara, que se impõem por si só à mente. Na intuição pragmática, é exigido o aporte de um resultado prático. A intuição lógica exige coerência. Em tudo se busca equilibrar razão e intuição, vivência e teoria, concreto e abstrato. E para atingir a certeza da verdade, submete-se o pensamento ao ceticismo, fundamentado na dúvida, na observação e na consideração, ou ao dogmatismo, alicerçado em princípio ou doutrina. A idéia na teoria do conhecimento segue a linha do racionalismo, que tudo submete à razão; ao empirismo, que considera a idéia derivada da experiência sensorial; e do criticismo que tenta equilibrar o racionalismo e o empirismo. Em resumo: alguém é levado a divulgar uma idéia de forma positiva e afirmativa a qual se denomina tese. Outra pessoa interpela este pensamento, o absorve e critica, com base em seu próprio referencial, e faz nova proposta, gera uma segunda idéia, a antítese. Juntando estas duas idéias de forma conciliadora e compositiva gera-se um terceiro pensamento, que é diferente dos dois que lhe deram origem, obtendo-se a síntese. Se o processo for repetido diversas vezes, gera-se um infinito número de ciclos de teses, antíteses e sínteses, que no fluxo do tempo geraram todo o conhecimento que existe. Longe da confusão para entender as modernas teorias da complexidade, o antigo egípcio desenvolveu o método de transmitir conhecimento através da figura. Baseado na visualização do concreto, o observador desperta para o aprendizado intuitivo intelectual. Mesmo que o aprendiz seja de pouco ou nenhum preparo acadêmico, ele é conduzido a um elevado grau de entendimento abstrato, em tema até complexo, que faz despertar sua intuição sensível, intelectual e inventiva. Os pedagogos conhecem bem a técnica de transmitir conhecimento por associar a idéia a uma imagem real, pois auxilia na compreensão e na memorização, e ao transmitir a informação assim, ela se atualiza automaticamente, haja vista que fica alicerçada na evolução geral de cada geração que a interpreta. Mesmo que a interpretação mude, o símbolo nunca muda, a idéia original, a sua representação gráfica, o invólucro da idéia, acaba preservado ao longo do tempo. E como a evolução do homem ocorre em diversos segmentos, qualquer mudança afeta a maneira de como um símbolo é interpretado. Esta é a importância de nunca alterar ou modificar um símbolo na Maç.'.; por exemplo, trocar a espada do Guard.'. Do Templ.'., símbolo da honra, por um fuzil AR-15; seria uma aberração. É a razão da Maç.'. Manter-se sempre atual; mesmo sujeita ao vento da mudança, ela está sempre atualizada porque os seus símbolos são mantidos inalterados, mas as suas idéias não. E por estranho que num primeiro instante pareça, mesmo que considerada tradicionalista, ela é progressista. Tudo está condicionado ao fato de sua simbologia a tornar insensível ao impacto da dinâmica social, tornando-a elegível a projetar-se num futuro bem distante, porque sua simbologia é a mesma, mas a sua interpretação é dinâmica no tempo e adapta-se à herança cultural de cada individuo e de cada segmento da história. Convém observar que entre dois símbolos usados pode estar um século e até um milênio de transformação e adaptação histórica, bem como grande espaço geográfico. E de nada adianta tentar alcançar sua origem porque a transformação do pensamento conectada com um símbolo muda permanentemente, a cada instante, de pessoa para pessoa, de cultura para cultura. Assim como o átomo, a Of.'. Maç.'. Que pára no tempo fica vazia. Se for dinâmica e operosa, reflete a luz do conhecimento e produz pessoas de valor com sua metodologia baseada em símbolos. A Maç.'. É uma escola que ensina moral, ética, e desenvolve qualidades sociais e espirituais. É uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião. Sua alegoria ensinada por símbolos leva o diligente estudante a desenvolver e a elevar a consciência de seu dever na sociedade e na família, constituindo a base da cultura que enriquece sua mente. Está assim equipado para conquistar respeito e admiração do meio social em que está inserido, onde sua ação positiva o faz progredir em sentido financeiro, político, moral, emocional, material, espiritual, em todos os seus valores. E este conhecimento o aperfeiçoa e motiva a tomar seu lugar na sociedade humana para transformá-la em resultado de seu trabalho. Seu diligente preparo o afasta da aviltante ignorância que tanto prejudica a sociedade. Assim equipado, equilibrado, devotado, generoso, livre, igual, praticando a virtude, reprimindo o vício, auxiliando seu Irm.'., a quem está ligado por laços de amor fraternal, contribuirá para a humanidade se tornar mais pacífica, manterá o povo emancipado e progredirá em todos os sentidos. O amor fraternal é a única possibilidade de solução de todos os problemas da humanidade de forma cabal e é o alicerce da Sublime Instituição. A Maç.'. Não gerou sua própria simbologia e neste sentido tem muito pouco de autêntica. A maioria dos símbolos que usa é copiada, absorvida de outras culturas, de outras linhas de pensamentos e influências. Observado de uma ótica isenta de mitos e ficções, quando se afirma ser ela originária dos tempos em que se construiu o Templo em Jerusalém, isto não é verdade! Tudo não passa de lenda para abrilhantar a sua mensagem composta de alegorias e símbolos. Entretanto, na dinâmica do tempo, esta alegoria veio a se estabelecer como verdade indiscutível, dogmática, e sabe-se que, por princípio, a Ord.'. Maç.'. Não tem dogmas. É na sua flexibilidade que se baseia sua riqueza cultural. Se não for elástica, tolerante, com certeza quebra, entra em colapso. Ela não é formada por um grupo social que vive isolado, ou que defende dogmas autônomos; ela é resultado da massa da sociedade como um todo, daí sua capacidade de penetração. E ao ser tolerante, admite toda linha de pensamento que venha ao encontro da construção de homens que submetem sua cognição e emoção à sua espiritualidade. Mesmo que todos os símbolos por ela usados para interpretar o universo sejam originários de outras culturas, estes foram introduzidos intencionalmente, com o objetivo de torná-la ágil, elegante e adaptável na linha do tempo. Podem-se citar algumas fontes principais de onde foi importada a sua cultura: A Alquimia, com seu caráter altamente místico, gerou farta simbologia da qual a Maç.'. Se apropriou. Mas a melhor herança que a Ord.'. Obteve desta ultrapassada ciência foi o cultivo do amor fraterno, o ouro potável que nada mais é que um coração que extravasa amor. Foi uma ciência dedicada principalmente a descobrir uma substância que transmutaria os metais mais comuns em ouro e prata, e a encontrar um meio de prolongar indefinidamente a vida humana. Foi a predecessora da química. A Arquitetura na Maç.'. É a sua arte básica, e a grande preocupação da Ord.'. É a construção do homem completo em todas as suas dimensões: física, emocional e espiritual. Por simbolizar o trabalho planejado, a semelhança de aperfeiçoar o homem através de um trabalho constante e digno, usa a energia do grupo para gerar homens mais fortes e corretos. Na construção destes homens melhorados sempre há algo para fazer, refazer, realizar e aperfeiçoar, tudo no encontro de sua própria felicidade. Fica evidente que na criação do homem completo e livre tudo depende do esforço individual. Esta arte é o resultado do trabalho do arquiteto e mesmo a construção do universo, da Terra, visões e sonhos possuem projetos e definições baseadas na arquitetura. Na Maç.'. O único uso que se faz da Astrologia, a ciência dos astros, a antiga astronomia, é nas manifestações artísticas das abóbadas celestes pintadas nos templos, onde aparecem constelações de estrelas, o sol e a lua, para relaxar a mente e influenciar aos maçons reunidos em seus trabalhos. Significa também que o Templ.'. Não tem teto, onde, para o G.'. A.'. D.'. U.'. Tudo é revelado. A Maç.'. Tentou incluir o conhecimento esotérico hebreu da Cabala em seu meio, porém, sem sucesso. É o ensino judaico da tradição de Jeová. Seria o princípio de toda expressão religiosa, porém, esta apenas serve para alguém que conheça a língua hebraica onde existe uma relação numérica entre o som de cada letra do alfabeto e um número. Para os acidentais existe a numerologia que pretende fazer o mesmo. O Cristianismo está filosoficamente ligado aos graus da Maç.'., em todos eles existem elementos que remetem aos textos da Bíblia judaico-cristã. O Egito contribuiu com sua mitologia e religião com farta simbologia para a Maç.'., sendo também o berço das primeiras sociedades iniciáticas. A Geometria é a ciência que prove boa parte de todo o simbolismo da Maç.'., associada à Arquitetura, arte principal da Ord.'.. Parte da interpretação dos símbolos geométricos estão ligados a escola Pitagórica, numerologia, alquimia e mestres construtores da idade média. O G.'. A.'. D.'. U.'. É considerado o Grande Geômetra. Maçonicamente, o Hermetismo é apenas uma referencia histórica à tradição primitiva dos alquimistas. Relaciona-se ao estudo dos arcanos, vulgarmente conhecidos como as lâminas do Tarô, onde está simbolizada toda a cosmogênese e antropogênese da antiguidade. O Hermetismo foi uma doutrina esotérica baseada na revelação mística da ciência, ligada Hermes Trimegistos, antigo iniciado do Egito. Mesmo não tendo nenhuma relação com a Maç.'., o Hinduismo influi nela com a manifestação da cultura hindu através da filosofia brâmane e vedanta. As lendas MMaç.'. Estão alicerçadas nas escrituras da Bíblia Judaico-cristã e parte dos seus rituais estão ligados aos princípios religiosos judaicos. O Judaísmo é a base do desenvolvimento da religião cristã, e berço da Maç.'.. As escrituras gregas, ou cristãs, estão profundamente ligadas às escrituras hebraicas e à Tora. Na Maç.'. A Numerologia é estudada em profundidade e está bastante arraigada nos rituais. É a ciência que define o valor dos números. Avalia o número em seu aspecto qualitativo, mágico e filosófico. Pitágoras foi sua maior expressão e é básica na aritmética e na cabala. Uma fraternidade muitas vezes confundida com a Maç.'. É o Rosacrucianismo. Este não tem relação alguma com ela. O que existe é a cultura Rosa Cruz assimilada em alguns dos princípios esotéricos. É uma ordem secreta e esotérica oriunda do intuito de cristianização dos mistérios egípcios. Grande parte dos símbolos usados pela Or.'. É oriunda desta vertente. A mais poderosa ordem em sentido militar, intelectual, religioso e econômico do século XII foi a dos Templários. Sua finalidade foi a de proteger os peregrinos que se dirigiam ao santo sepulcro. A Maç.'. Incorporou grande parte da cultura, e enriqueceu a sua filosofia a partir das heranças culturais deixadas pelos Cavalheiros. Existem especulações que seriam os remanescentes desta Ordem a verdadeira raiz da Maç.'.. Existem também teorias de que algumas das tradições MMaç.'. Sejam originárias do Zoroastrismo, uma religião, resultado da designação de todos os sucessores de Zaratustra, o grande legislador persa e seu fundador. Adicionalmente, podem-se listar as seguintes influências na cultura da Maç.'.: • Agnosticismo, • Antropologia, • Aritmética, • Arqueologia, • Astronomia, • Biologia, • Chakras, • Escultura, • Filosofia, • Geografia, • Gramática, • Lógica, • Logosofia, • Matemática, • Mitologia, • Música, • Ontologia, • Pintura, • Poesia, • Retórica, • Sociologia, • Teologia, • Teosofia, • Vedas, • e outras. Muitas são influências da cultura Maç.'., e mesmo tendo acesso a tudo isto, é necessário que ao final, cada Maç.'. Se torne bom, sábio e virtuoso, e para isto, cultura sozinha não é suficiente. É necessário que o homem seja moldado internamente. E isto ele deve desejar ardentemente, deve ser seu principal alvo, senão toda esta cultura é inútil, uma frustrante tentativa de alcançar o vento na corrida. Ser bom até pode ser característica da própria pessoa, ser virtuoso o resultado de uma disciplina enérgica, mas a sabedoria, esta exige, além de cultura e conhecimento, colocar em prática tudo o que aprendeu de forma inteligente e racional. Bibliografia: 1. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, Editora Pensamento Cultrix Ltda., ISBN 85-315-0625-5, São Paulo, 1979. 2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, Madras Editora Ltda., ISBN 85-7374-251-8, São Paulo, 2001. 3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, Editora Pensamento Cultrix Ltda., São Paulo, 1989. 4. PUSCH, Jaime, A Cultura Maçônica. Ir.'. Charles Evaldo Boller A.'.R.'.L.'.S.'. Apóstolo da Caridade n° 21 Or.'. Curitiba - PR Grande Loja do Paraná

segunda-feira, 14 de abril de 2014

SALOMÃO: QUEM FOI E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA NA SIMBOLOGIA MAÇÔNICA!?

Para que possamos iniciar uma peça de arquitetura sobre o rei Salomão e sua importância dentro da simbologia da Ordem, é preciso definir claramente quem foi esse homem, personagem de histórias maçônicas, bíblicas e presente inclusive na cultura popular. Primeiro é importante salientar que Salomão realmente existiu. Foi o terceiro rei de Israel, portanto, dos judeus, e seu nome significa pacífico. Era filho de Davi e reinou por quarenta anos. As poucas certezas sobre ele e sua obra, no entanto, param por aqui. Nenhum outro rei teve sobre si um volume tão grande de lendas e mitos quanto Salomão e, o que é mais interessante, tais lendas fazem parte de culturas muito distintas, separadas em tempo e espaço. Lendas, muitas vezes, são mais consistentes que o aço, atravessando séculos e se espraiando pelo mundo com grande facilidade. Na cultura árabe, Salomão é conhecido como Senhor dos Ventos, pois dizia-se que podia transpor milhares de quilômetros num só dia, viajando num veículo alado, impulsionado pelo vento. Daí teria surgido a lenda do tapete voador. O Alcorão diz que Alá colocou espíritos prestativos a serviço do rei Salomão. "Nós tornamos o vento submisso a Salomão. Além disso, em seu tempo, pela vontade de Alá espíritos trabalharam para ele..." "Eles faziam qualquer coisa que Salomão quisesse; palácios, monumentos e alguidares grandes como viveiros de peixes". Na Etiópia existem muitas tradições sobre Salomão, sendo citada em especial a fortuna em ouro com a qual ele haveria presenteado a rainha negra Sabá. Todos os cronistas árabes que se referiram a Salomão são unânimes em afirmar que o rei, com a ajuda de gênios e demônios, construiu três imponentes castelos, um dos quais correspondem às ruínas de Baalbek, no atual Líbano. As ruínas de Baalbek mostram uma monumental construção megalítica, uma das mais impressionantes existentes no mundo. Os outros dois castelos,segundo a tradição, foram construídos por seres fantásticos e nunca foram encontrados. Salomão é citado, na cultura popular, como sinônimo de sabedoria. Como prova desta qualidade, cita-se com freqüência a solução que dera para o impasse entre duas mulheres que alegavam ser mães de uma mesma criança. O rei mandou cortar a criança ao meio e dar metade dele a cada uma das reclamantes. Uma das mulheres manifestou-se para manter a criança viva, mesmo que ficasse com sua opositora. Assim, Salomão a teria proclamado a verdadeira mãe. Salomão foi efetivamente um grande construtor. Sua época foi de grande prosperidade para os Judeus. Um dos registros arqueológicos mais significativos dessa época é o da cidade de Megido, um complexo notável, onde havia cavalariças com pilares em série, talhados em pedra calcárea. Há, ainda, restos arqueológicos da fundição refinaria de cobre em Ezion-Geber, produtora da matéria-prima que serviria para ornamentos e utensílios de bronze. Salomão é considerado o maior dos governantes hebreus. Seu governo ficou caracterizado por habilidade política, formalizando acordos comerciais com Hiram, rei de Tiro, na Fenícia. Este acordo teria lhe garantido a ajuda necessária para construir seu grandioso templo, em homenagem ao Senhor de Israel. Além das abundantes madeiras de cedro, retiradas das encostas do Monte Líbano,Hiram forneceu também máquinas, operários e habilidosos engenheiros. O templo teria sido construído em Jerusalém, berço do Cristianismo e do Judaísmo e também a terceira cidade mais importante do Islamismo, pois ali Maomé teria ascendido ao céu. A construção teria demorado sete anos, segundo a Bíblia, fora erguida mil anos antes de Cristo e destruída em 588 A.C. A Bíblia também conta (2ª Crônicas 2:13,14) que o rei Hiram, do Tiro, mandou um grande mestre-de-obras, chamado Hiram Abif, para ajudar na construção do templo, o qual também era artífice. Porém vale ressaltar que a confiança do rei Salomão foi depositada em Adoniram, o qual foi posto como encarregado geral de confiança, para executar as tarefas, bem como a leva de gente ao Líbano (1ª Reis 7:13,14 e 2ª Crônicas 4:11). Os materiais já vinham preparados das florestas e das pedreiras, sendo somente montados em Jerusalém (1ª Reis 6:7). Os construtores do templo foram uma média de 180 mil homens (1ª Reis 5:13-16 e 18). Salomão separou os estrangeiros para realizar a preparação do material bruto (2ª Crônicas 2:17,18). Eles seriam os descendentes dos Cananeus que os filhos de Israel não expulsaram da terra (1ª Reis 9:21,22). Assim o Templo de Salomão foi edificado, com as colunas gêmeas "Jaquim" (Ele firmará) e "Boaz" (Nele está a força). Elas estiveram presente na vida do rei Josias, quando fez aliança com Deus (2º Reis 23:3) e na coroação de Joás (2º Reis 11:14). Na liturgia Hebraica, representavam ainda a dualidade do universo. Onde uma coisa só existe em função de outra. Seria algo como: noite e dia, homem e mulher, bem e mal, certo e errado. O teto seria abobadado, com a representação do céu, com estrelas, a lua e o Sol. O templo estaria voltado para o Oriente. Aí começa a contribuição da obra do rei para a Maçonaria. Os templos nos quais hoje desenvolvemos nossos trabalhos são considerados réplicas do templo de Salomão. Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certeza quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registros extra bíblicos. As escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma comprovação válida da existência dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou ao fato da insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar, santificado por diversas linhas religiosas, seria hoje ocupado pela belíssima e sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac(Gen. 22.1-19) - onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao céu. Fala-se no célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo, as determinações científicas de datas ali procedidas dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo, o de Herodes, destruído pelos romanos. Outra contribuição da história de Salomão para o mundo maçônico é o seu trono, pois hoje chamamos o lugar onde senta-se o Venerável Mestre de ‘trono de Salomão’. Este trono teria como suportes dois leões de ouro puro, animados por uma arte mágica, que lhe defendia. Outros registros dizem que havia sete degraus antes de se alcançar o trono. Um número bastante sugestivo na nossa simbologia. Também em relação ao trono, no entanto, surgem controvérsias. O irmão Ambrósio Peters, por exemplo, em artigo publicado no site Samauma, sustenta que no templo de Salomão não havia trono algum. E nem ali fisicamente caberia um trono de um rei, dadas às pequenas proporções do templo. Além do mais, argumenta ele, Salomão, não sendo sacerdote, não tinha acesso ao Templo, onde somente entravam os sacerdotes oficiantes. Peters diz, ainda, que a porta de entrada o Templo ficava voltada para o Oriente, e a porta de nossos templos está simbolicamente voltada para o ocidente, já que o altar do Venerável Mestre fica no oriente. A posição do templo com a entrada voltada para o Oriente, como praticamente todos os templos da Antigüidade e muitos templos católicos da Idade Média, seria uma reminiscência do antiqüíssimo culto ao sol. Alex Horne, na obra ‘O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica’, lembra que os antigos catecismos maçônicos do Século XVIII também se refeririam com freqüência à construção do Templo de Salomão que, inequivocamente, integra tradições anteriores à Grande Loja de Londres (1717). Convém, contudo, no concernente à historiografia, tratar tais documentos com certa reserva, aconselha ele. Em sua origem foram escritos por religiosos medievais, devotados a Deus sem dúvida nenhuma, mas despossuídos de crítica historiográfica. Presume-se que monges cristãos transmitiram essas lições a operários iletrados e que tais documentos foram sendo copiados e recopilados, mantendo a visão de uma época que muito desconhecia de História. Independente de ter havido ou não um templo construído por Salomão, tenha tido ele dimensão maior ou menor, importante frisar que a figura deste rei e seus eventuais feitos são muito importantes para nós, maçons, como referência. Referência de alguém que liderou um grupo sendo considerado até hoje o maior de seus líderes, fato que denota seu arrojo, competência, retidão e tirocínio. Pela sabedoria que marcou seu reinado e que deve estar sempre presente nas nossas decisões. E por ter sido um mandatário bem sucedido não apenas ‘dentro de casa’, mas também nos acordos e relacionamentos com outras etnias que o cercavam, mostrando que devemos estar abertos à diversidade, aprendendo a conviver com ela e dela tirar lições e proveito. É lição de Jules Boucher, contida no célebre A Simbólica Maçônica - segundo as regras da simbólica esotérica e tradicional, editado em 1993, que nós, maçons, não tentamos reconstruir materialmente o Templo de Salomão. Ele é um símbolo, é o ideal jamais terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo, no silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a pedra, que significa a estabilidade, a madeira do cedro, que evoca vitalidade e o ouro, representando a espiritualidade. Para o maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua realidade histórica, nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela”. O Templo de Salomão é o templo da paz. Que a Paz do Senhor permaneça em nossos corações! Fonte: O V I G I L A N T E Informativo da Loja Maçônica Vigilantes da Lei Rio de Janeiro – Ano II – Nº15– Novembro de 2008

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O ILUMINISMO E A MAÇONARIA...

As idéias prevalentes e obsoletas da Idade Média, conhecida como “A Noite dos Dez Séculos”, levaram no início do Século XVII o surgimento na Europa de um movimento renovador de toda cultura da época, como reação ao considerado atraso de quase todo conhecimento então existente. Essa plêiade de novos pensadores espalhada por quase todo continente europeu, voltava-se contra o tradicionalismo que viera da então Era Medieval e grilhões do absolutismo da realeza, como também os benefícios que eram outorgados aos membros do clero e nobreza. Os freios para evolução da inteligência precisavam ser arredados, por que o Homem deveria pensar e governar-se pela Razão; livrar-se das restrições impostas pela Inquisição e buscar seu próprio destino livre de opressão. Poderia acreditar naquilo que sua inteligência explicasse independentemente de religiosidade ou mesmo fé. Teria liberdade de desacreditar naquilo que lhe foi imposto outrora, ou, simplesmente, questioná-lo. A Razão seria a bússola de sua vida, substituindo toda crença religiosa para abrir caminho a uma Nova Era de intelectualidade, gerando progresso material e moral, em oposição aos mesquinhos tempos da Idade Média. Toda essa evolução filosófica, científica, artística, moral e religiosa, tomou o nome de Iluminismo, ou, “Século das Luzes”, como contestação “A Noite dos Dez Séculos” ( 476-1476 ), face a pobreza cultural daqueles tristonhos tempos. Iluminismo, porque concedia luz à escuridão, marca do atraso de mentalidade da Idade Média. A doutrina iluminista preconizava que o Homem nasce puro, com bondade, e é a própria sociedade que o corrompe. Se houver Justiça Social, pouca desigualdade na comunidade, econômica, moral e de costumes, a paz virá, como consequência, e a felicidade aflorará para o bem de todos. A liberdade seria exercida com responsabilidade para o bem comum. Eram, em linhas gerais, os postulados do Iluminismo. Filósofos, políticos e cientistas, integravam esse cenário, surgindo, daí, várias correntes ou vertentes dessa política social que se instalou, em última análise, em nome da liberdade de pensar, com o propósito de progresso cultural e de espírito. Aliás, esses ideais de avanço cultural já vinham sendo desenvolvidos desde a Renascença que mais tarde também contribuiu para deflagrar a Revolução Francesa de 1789. O filósofo René Descartes prestou significativa contribuição a esse empreendimento intelectual, com seu adágio – cogito ergo sum – (penso, logo existo), pensamento puramente racionalista. Outras importantes figuras intelectuais do Século XVII foram iluministas, como Galileu Galilei, Francis Bacon, Thomas Hobbes, René Descartes, Baruch Spinoza, John Locke, Isaac Newton, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Kant, Adam Smith e tantos outros do mesmo quilate. Esse movimento, entretanto, começou a perder força, mais ou menos, no começo do Século XIX, com o advento de novas doutrinas e ao tempo das guerras napoleônicas 1804-1815. Embora uma parte dos iluministas pregasse o ateísmo, a maioria acreditava na existência de um Ser Supremo do Universo, princípio admitido pela Maçonaria que foi muito influenciada por essa elite erudita. A religião poderia ser cultivada por cada um, sendo mera faculdade, e, sendo aceita, como efeito, a vida espiritual continuaria após a morte do corpo físico. Era o que a maioria entendia do aspecto divino. E foi nesse ambiente de sabedoria que começou a surgir a Franco-Maçonaria no começo do Século XVII, cujos maçons vieram das fileiras do Iluminismo trazendo doutrinas daquele momento histórico para oxigenar a Maçonaria Tradicional ou Simbólica, as chamadas Lojas Azuis. Registra a História que as dificuldades da Ordem Operativa em meados do Século XVII, em especial na Inglaterra, ensejaram sérias consequências para as guildas, chegando à decadência ou mesmo à extinção. Como medida de sobrevivência, o sistema maçônico daqueles tempos passou a recrutar membros da intelectualidade, nobreza e de posses econômicas, sem que antes tivessem integrado o artesanato, ou seja, a maçonaria primitiva. Consolidou-se, assim, no Século XVIII (1717-1724), a Franco-Maçonaria composta por cérebros que não faziam parte da Instituição do Artesanato, porém eram dotados de requisitos morais, intelectuais e econômicos, sendo aceitos pelos IIr. operativos que simbolizavam o passado maçônico. Esses IIr. foram chamados de “aceitos”, que mais tarde o REAA acolheu essa nomenclatura. Estabeleceu-se, entretanto, que seria a mesma maçonaria, apenas com departamentos próprios, mas com a mesma substância, como sendo frente e verso de uma mesma moeda. Estava, pois, implantado o departamento especulativo ao lado do outro operativo. Mas a unidade da Ordem foi preservada em todos os sentidos. Pois bem, com o ingresso desse IIr.’. “aceitos”, oriundos em grande parte do Iluminismo, a influência era mesmo de se esperar na Instituição, especialmente no âmbito especulativo, geomântico ou ainda teórico. Não demorou muito e nasceram os Altos Graus, de 4 a 33 no REAA, sendo que para alguns especialistas o Grau 3 (Mestre-Maçonaria Azul ) foi criado em 1725, pouco depois da Constituição do Bispo Anglicano James Anderson de 17 de janeiro de 1723. Os Landmarks, por sua vez, foram estudados, classificados e ordenados por diversos estudiosos maçônicos, até que em meados do Século XIX, Albert Galletin Mackey – 1807-1881, compilou-os, formando uma Super-Constituição Maçônica Universal, no nosso modesto entendimento. É, sem dúvida, a codificação mais aceita pelas diversas Obediências com os 25 princípios imutáveis e inalteráveis. A influência do Iluminismo na Maçonaria é evidente, principalmente, quando examinamos os artigos 6' ao 8', que versam sobre as prerrogativas do Grão-Mestrado. Trata-se de matéria atinente a Administração da Entidade que, em caso excepcional, pode o Grão-Mestrado autorizar a proposta e recepção do candidato ali mencionado. Essa prerrogativa emana da experiência dos políticos de Iluminismo que ingressaram na Ordem, objetivando, em tempos conturbados, que a direção tenha instrumentos eficazes para debelar, ou pelo menos, minimizar as dificuldades momentâneas. A faculdade de representação (art. 12) é outro avanço da época iluminista, conferindo ao obreiro esse direito quando necessitar de auxílio técnico ou para outros fins de seu interesse. O direito recursal (art. 13) foi inspirado no modelo profano e visa eventual correção da decisão impugnada a ser reexaminada pelo órgão superior. Em última análise, é resquício da doutrina contra o despotismo de que tratamos no início desta dissertação e a igualdade de todos os maçons no interior da Loja (art.22) origina-se do sentimento democrático, defendido pelo movimento iluminista de combater a descriminação. O princípio da Separação dos Poderes na Instituição Maçônica é cópia do modelo de Montesquieu, renomado iluminista. – “Esprit des Lois”. Criou esse sistema de Poderes do Estado, em Legislativo, Executivo e Judiciário – arts. 35, 70 e 97 – da Constituição do Grande Oriente do Brasil, dentre outros diplomas das várias Potências, cada um com atribuições previstas em lei. Mas de todas as influências iluministas na Ordem Maçônica, a que mais se destaca é seu Departamento Especulativo. Introduziu-se o estudo profundo filosófico, simbólico, esotérico, metafísico, espiritual e histórico, além de outros ramos do conhecimento humano. A maçonaria tradicional ou clássica ficou limitada ao simbolismo básico e o início de alegoria da lenda de Hiran Abiff. Esses são apenas alguns enfoques iluministas adotados pela Instituição. O certo é que o Iluminismo trouxe grande contribuição para o progresso maçônico, intelectual, espiritual material. É o que se conclui do exame do tema em foco! Ir.’. José Geraldo de Lucena Soares ARLS – Fraternidade Judiciária Nº 36l4 – GOSP/GOB Capítulo “Integração e Prudência” – SP .

sábado, 22 de fevereiro de 2014

PRESIDENTES AMERICANOS MAÇONS...

Como é do conhecimento dos IIr.'., dias atrás, houve eleição para a Presidência da República nos Estados e o eleito foi o senador por Illinois, Barack Hussien Obama II, o primeiro negro a chegar a tal cargo.- Tão logo sua eleição foi confirmada, circulou e-mail indicando ser ele um Maçom.- Com base nas informações recebidas e de sites indicados, pedi uma rápida pesquisa a respeito, especialmente sobre a Loja Prince Hall, formada exclusivamente por Maçons negros.- Ela enviou hoje o material, bem como a lista dos presidentes dos Estados Unidos que foram ou são maçons. - É bom notar que somente Theodore Roosevelt chegou ao grau de Mestre no mesmo ano em que assumiu o cargo. Todos os demais, eram Mestres antes da eleição.O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama é um Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceito-REAA), de Obediência pertencente à Maçonaria Prince Hall". Prince Hall é o primeiro alojamento maçônico dos EUA, sendo o nome vindo de seu fundador e master, o qual era o mais famoso indivíduo na área de Boston durante a Revolução Americana e virada do Século 19. Prince Hall era um escravo na área de couro em Boston, e pertencia a William Hall no final dos anos 1740 e ganhou a liberdade em 9 de abril de 1770, como um prêmio (reconhecimento) , após 21 anos de serviço. PrinceHall e outros 14 negros da área de Boston se aproximaram de um alojamento Britânico de Freemasons (Maçons Livres), relacionado ao 38º Regimento em Boston. Hall e os outros negros iniciaram (sendo Processo de Iniciação), no alojamento em 6 de março de 1775. O Regimento foi embora da área em seguida, e o Sargento John Batt, que estava no comando da Iniciação, escreveu uma permissão limitada em 17 de março, autorizando o grupo a ter certos privilégios maçons, bem como permissão para se encontrarem como Loja. Em 3 de julho de 1775. o grupo formou o "African Lodge Nº 1" (Loja Africana Nº1), a primeira Loja aceita de maçons negros e livres do mundo e Hall foi feito seu Master (Venerável Mestre). O Grand Master (Grão Mestre) da América do Norte, John Rowe, concedeu à Loja a segunda permissão para continuar suas atividades.No entanto, a Maçonaria Negra permaneceu separada da Maçonaria Branca nos Estados Unidos, porque os maçons brancos não aceitaram os maçons negros, apesar dos princípios de fraternidade. Hall expandiu sua organização a outras cidades, mas como ele estava limitado a população negra, as novas lojas que surgiam eram chamadas de "Lojas Negras". Em 24 de junho de 1797, uma segunda loja negra foi criada em Providence, Rhode Island. Um ano depois, a terceira foi iniciada na Philadelphia, com Absalom Jones sendo o Master. Prince Hall morreu em Boston em 4 de dezembro de 1807.Atos fúnebres, de acordo com os rituais maçônicos, foram realizados em sua casa, em Lendell's Lane, uma semana depois. Ele foi enterrado na Rua 59 Mattews Cemetery, em Boston, no final de março de 1808.Com um ano de sua morte, os seguidores de Hall trocaram o nome da Loja e deram o nome de seu líder. Essa sociedade secreta continuou a crescer nos Estados Unidos, mas continua separada da Maçonaria Branca até os dias atuais. Hoje, Prince Hall é uma fraternidade maçônica com seus prédios devidamente identificados, seus membros se identificam com anéis, adesivos e pins. Um dos membros mais famosos e também um Prince Hall Mason de 32º, se tornou um candidato a Presidência dos Estados Unidos em 2008. Seu nome é Barack Hussein Obama II. Relação dos presidentes dos Estados Unidos que foram ou são Maçons: 1 - George Washington (Pres. 1789-1797) (MM 1753) 2 - James Monroe (Pres. 1817-1825) (MM 1776) 3 - Andrew Jackson (Pres. 1829-1837) (MM 1800) 4 - James K. Polk (Pres. 1845-1849) (MM 1820) 5 - James Buchanan (Pres. 1857-1861) (MM 1817) 6 - Andrew Johnson (Pres. 1865-1869) (MM 1851) 7 - James A. Garfield (Pres. 1881) (MM 1864) 8 - William McKinley (Pres. 1897-1901) (MM 1865) 9 - Theodore Roosevelt (Pres. 1901-1909) (MM 1901) 10 - William H. Taft (Pres. 1909-1913) (MM 1901) 11 - Warren G. Harding (Pres. 1921-1923) (MM 1920) 12 - Franklin Delano Roosevelt (Pres. 1933-1945) (MM 1911) 13 - Harry S. Truman (Pres. 1945-1953) (MM 1909) 14 - Gerald R. Ford (Pres. 1974-1977) (MM 1951) 15 - Barack Hussein Obama II (Pres. 2008-2012) por Ir.’. Rodrigo Sanches Fonte: http://www.triplov.com/Venda_das_Raparigas/2008/Sanches/index.htm Veja artigo: Prince Hall - A maçonaria dos negros Americanos

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A VIDA E MORTE NA VISÃO DE PLATÃO...

A morte sempre foi vista como a única grande certeza para todos aqueles que vivem. Não há quem não tenha presenciado a morte de um ente querido. A percepção da inevitabilidade da morte e a indagação do que ocorrerá após o falecimento do corpo é sempre uma investigação fascinante. Os diálogos entre Sócrates e seus discípulos são muito significativos e abordam de uma maneira clara e lógica a questão da natureza da vida e da morte e da complementaridade entre pólos opostos. A investigação sobre a morte é tida por Platão como algo fundamental. Ele chega a dizer que filosofia é o estudo da morte. Segundo ele, qualquer homem que tem o espírito filosófico deve estar disposto a morrer (mas não a tirar a sua própria vida); deve estar pronto para ser liberto do corpo e dos grilhões da matéria. No Fédon, o assunto morte adquire uma relevância ainda maior, já que o debate se dá entre o momento em que Sócrates é condenado à morte e o instante da morte em si, quando ele bebe a cicuta – um poderoso veneno. Logo no início do livro, Sócrates, tendo sido libertado das correntes que prendiam as suas pernas, comenta: “Como é estranho isso que os homens denominam prazer. Ele está intimamente ligado à dor, que acreditamos ser o seu oposto. Embora essas duas sensações não se apresentem simultaneamente, aquele que persegue uma das duas é levado a experimentar a outra. É como se fossem inseparáveis. Agora que me soltaram das correntes, sobreveio-me um sentimento de prazer; o prazer de estar liberto. Ocorreu uma substituição de um pelo outro”. EQUILÍBRIO E JUSTIÇA De acordo com a sabedoria chinesa, os opostos se sucedem alternadamente. Depois de uma época de abundância necessariamente advém uma época de escassez. O apogeu sempre dá lugar ao declínio. Depois da tempestade, vem a bonança. Quando as trevas chegam ao máximo, a luz começa a crescer gradualmente substituindo a escuridão. O mesmo ocorre nas estações do ano. A partir do momento quando o verão chega ao seu auge, o calor começa a diminuir de intensidade e os dias vão progressivamente ficando mais curtos. Aos poucos o frio vai substituindo o calor. Quando, no clímax do inverno, o frio chega ao seu pico, mais uma vez ocorre uma reversão do ciclo e, a partir daí, o tempo começa a esquentar novamente e o sol vai tomando o lugar das trevas. Vemos que um princípio sempre leva consigo o seu oposto complementar. Por isso os chineses falavam que a vida é uma perpétua alternância entre os princípios Yang e Yin, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino, o bem e o mal, a inspiração e a expiração. Segundo eles, dentro do Yin está contido o Yang e dentro do Yang está contido o Yin. Na realidade os dois princípios estão harmonicamente integrados no todo. A alternância cíclica entre esses dois aspectos é vista como parte essencial da expressão da vida na natureza. É importante que estejamos cientes e preparados para observar esse fato em nossas vidas. Sabemos que depois do dia sempre vem a noite, e que depois da noite sempre vem o dia. Basta observar a natureza. Isso ocorre porque, quando se chega a um extremo, surge uma tensão, uma força, que puxa no sentido oposto. Essa tensão é criada pelo potencial que existe entre os pares de opostos. Os opostos se atraem. O homem atrai a mulher e a mulher atrai o homem. Na natureza, todos os pares de opostos se atraem: o positivo e o negativo, o bom e o mau, a luz e a sombra, etc. Quando estudamos a história observamos que toda a civilização cresce, se desenvolve, chega ao seu ápice, e depois, inevitavelmente, começa a decair até ser vencida ou desaparecer. Observa-se que nada pode ficar continuamente no mesmo estado. Tudo que sobe tem de descer, tudo que enche deve se esvaziar. Tudo que se torna maior tem que ter sido menor e vice-versa. Quando uma pessoa está em evidência, por muito tempo, ela acaba sendo forçada pelas circunstâncias da vida a sair de evidência. Ninguém fica no topo o tempo todo. Os taoístas dizem: se você quer derrubar uma pessoa, coloque-a num pedestal. Certamente ela vai cair rapidamente. Quando mais se estica um elástico numa direção, maior a tensão, maior a força puxando no sentido contrário. Sempre que se chega a um extremo, a força no sentido contrário passa a ser muito grande. Ao observarmos nossas vidas, podemos achar que determinados acontecimentos, como a morte de um familiar, a perda de um emprego ou uma mudança forçada de cidade são ruins. Uma série de mudanças que nos incomodaram muito em primeira instância, quando vistas de uma perspectiva de longo prazo, podem ser vistas como benéficas. O que parecia mal se tornou bom. Platão nos faz ver que, na vida, nada deve ser visto de forma isolada; toda moeda tem o seu dorso. Todo ganho tem seu preço, e ocasiona algum tipo de perda. Tudo o que é positivo tem seu lado negativo. Nada é totalmente bom ou totalmente ruim. Não existe pessoa que só tenha vitórias na vida. A perda está sempre à espreita por detrás de cada vitória. Se assim não fosse, não poderia haver equilíbrio e justiça no universo. O equilíbrio é uma lei fundamental do universo. Se uma pessoa está ganhando de um lado, tem que perder do outro para que o equilíbrio seja mantido. Na visão dos hinduístas, o universo é uma grande dança. Eles representam a contínua alternância entre os opostos como a dança de Shiva. Shiva é um dos deuses mais cultuados na Índia. Isso é curioso, porque ele é um deus associado à destruição. Existe na Índia uma trindade muito conhecida formada por Brahma, Vishnu e Shiva; onde Brahma está associado à criação, Vishnu à preservação e Shiva à destruição. Quando se viaja pela Índia percebe-se que quase não existem templos destinados a Brahma; que existem alguns poucos destinados a Vishnu; e uma enorme quantidade de templos destinados a Shiva. Por que razão isso ocorre? É que Shiva representa a renovação resultante da morte e da destruição. Para que o novo possa nascer, é necessário que as formas gastas sejam removidas. Ao mesmo tempo, Shiva inspira certo temor naqueles que não tiveram ainda a percepção de que vida e morte são aspectos complementares de uma mesma realidade divina. Essa dança de shiva de criação e destruição é, na realidade, a base da existência. Nada pode existir estático na natureza. A nossa ignorância é a que nos impede de ver a mudança como um elemento fundamental da própria existência. Nada permanece estático, nem por um breve momento. Tudo flui, tudo está em contínuo movimento. A folha da árvore que cai vira adubo para o crescimento de outras árvores. Na natureza nada se perde. ALTERNÂNCIA DE OPOSTOS A estabilidade é apenas um estado temporário entre dois movimentos. O pêndulo de um relógio pára quando chega a um dos extremos. Esta pausa deve ser vista como parte integrante do movimento entre os pares de opostos. Tudo que chega a um extremo é forçado a retroceder no sentido do pólo oposto. No I Ching existe uma representação muito bela, de que o homem está colocado entre o céu e a terra, o céu representando a criatividade, o aspecto da não-forma, e a terra o aspecto da matéria, caracterizado pela forma. Podemos dizer que existe uma tensão entre os opostos céu e terra. O homem, estando submetido a essas duas forças de polaridades opostas, sente-se dividido. Daí surge o conflito, a necessidade de uma tomada de posição. O homem, por ser espiritual e material ao mesmo tempo, está continuamente sofrendo duas pressões, uma que o atrai para cima, no sentido divino, e outra que o puxa para baixo, levando-o a se voltar para as paixões terrenas. Ao longo da vida, um dia é de alegria, o outro de tristeza; um dia se está por cima e no outro por baixo. Um dia se tem um salário menor, outro dia um maior. A vida é uma constante alternância entre os opostos. EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA Platão dizia que devemos observar como os pares de opostos se manifestam na natureza: o alto e o baixo; o positivo e o negativo; o masculino e o feminino; o dia e a noite; o sono e a vigília. Durante o dia estamos em estado de vigília e à noite dormindo. Esse é o processo natural. Ninguém pode ficar eternamente acordado ou eternamente dormindo. A vida nos impele ao descanso no final do dia. O cansaço vai aumentando, começa a sonolência, começamos a bocejar e temos vontade de dormir. No final da madrugada, quando já se dormiu o suficiente, tendo o organismo recobrado as suas energias, há o processo oposto do despertar. Observamos assim, que o sono leva ao estado de vigília e o estado de vigília leva ao sono. Como dizem os chineses, o Yin conduz ao seu aspecto complementar Yang e o Yang conduz ao Yin. Inevitavelmente, um sempre leva ao outro, e esta alternância cíclica nunca pára. Seria muita ignorância da nossa parte temer que o inverno perdura para sempre ou desejar que o verão nunca termine. A vida não seria como ela é hoje, se não houvesse essa alternância. Os contrastes que ela produz são essenciais para a evolução da consciência de todos os seres vivos. Platão comenta que tudo na vida opera através dos pares de opostos. Está claro para todos que o dia e a noite formam um par de opostos. Da mesma forma, os estados de vigília e sono são postos complementares. Qual seria então o pólo complementar da vida? Podemos observar que o estado de vigília guarda uma semelhança com o estado de estar vivo. Por outro lado, existe uma grande afinidade entre o estado de sono e a morte. Durante o sono há um estado de inconsciência. Durante a vigília, o ser está desperto e consciente. Será que, por analogia, poder-se-ia afirmar que vida e morte são também processos complementares, um levando ao outro? Platão disse que, ao menos, existe evidência visível de um dos processos. Todos já tiveram a oportunidade de ver como, de um momento para outro, seres que estavam vivos falecem e passam para o reino dos mortos. Esse é um fato que observamos com freqüência. A transição da vida para a morte é um processo do qual ninguém pode fugir. O falecimento e a desintegração do corpo são inevitáveis. Existe, portanto, o processo visível da vida gerando a morte. Será que não haveria um processo complementar da morte transmutando-se em vida? Embora não se possa observar sensorialmente a transição da morte para a vida, pela lógica, isso deveria ocorrer naturalmente. Não temos dúvida sobre a existência do processo da vida gerando a morte. Será que a natureza é capenga? Não faz sentido algum afirmar a não existência do processo de retorno para a vida daqueles que faleceram. Seria o mesmo que dizer que uma pessoa que dorme nunca vai acordar novamente. Ninguém duvida do fato de que quem dorme deve acordar. O sono é necessário para que o organismo possa se recompor, para que o homem esteja preparado para iniciar uma nova jornada. Será que vida e morte não se alternam da mesma forma? Será que a analogia não é suficientemente clara neste caso, para nos induzir a aceitar o fato de que de um estado por nós desconhecido, de uma condição de “morte”, de alguma forma a vida renasce novamente? Isso parece muito lógico e razoável. Negar o renascimento equivale a acreditar que tudo que dorme vai permanecer dormindo para sempre. Se todas as pessoas morressem e não retornassem, chegaria um momento que todo mundo estaria morto e a vida humana teria chegado ao fim. A morte teria engolido tudo que existe e passaria a ser a senhora absoluta do universo! Felizmente, isso é não só ilógico como impossível. A morte não pode tudo engolir, porque morte e vida são aspectos de uma mesma realidade. O universo é um cosmo, um todo ordenado. Há uma inteligência que tudo rege. O argumento de Platão é perfeito para explicar a complementaridade entre a vida e a morte. A morte não pode ser o fim. Não podemos imaginar, disse Platão, que não existe uma alma que sobreviva à morte. O que morre na realidade é o corpo. A alma não morre, e preserva em seu seio a sabedoria – a única coisa que tem real valor. Nada que se tem – objetos, poderes, posses -, nada pode ser levado no momento da morte. É por isso que a morte se apresenta para muitas pessoas como algo terrível. Platão dizia, no entanto, que o filósofo não deveria temer a morte. Nos diálogos de Fédon, os discípulos de Sócrates, nos momentos que antecederam a sua morte, perguntaram-lhe: “Quer dizer que você não tem nenhum receio da morte; que você não está sentindo nenhum pouco de rancor; que não está se sentindo injustiçado; que não tem nenhum sentimento negativo em relação à morte?” Sócrates respondeu: “Como é que um sábio que estudou a morte durante toda a sua vida pode temê-la? Se a filosofia é o estudo da morte, o medo não faz o mínimo sentido. Durante toda a minha vida eu estive investigando a morte. Aprendi que, para me preparar para a morte, eu precisava me desapegar de tudo que é material, incluindo o meu corpo”. “Como eu posso me opor ao inevitável? Minha morte já está sentenciada. Já estou condenado e sei que vou morrer inevitavelmente. Só tenho que aproveitar esses breves momentos conversando com vocês de forma prazerosa. Isso é muito simples”. Será que nós não podemos seguir o exemplo de Sócrates e começarmos a nos preparar para a transição? Será que somos capazes de deixar de lado os nossos apegos e caprichos, e percebermos a inutilidade da busca de posses materiais, poder e prestígio? Para que a criança possa nascer o velho tem que morrer. Nós temos que voltar a ser crianças para entrar no reino dos céus. Cristo morreu para poder ressuscitar para a vida eterna e entrar no reino dos céus. Aqui novamente nos deparamos com a duplicidade: a morte transformando-se em vida e o inferno sendo uma passagem necessária para se chegar ao céu. Sri Aurobindo dizia que nós não devemos achar que a vida divina somente pode ser experimentada após a morte. Segundo ele, é possível levar uma vida divina enquanto estamos aqui na Terra. Não há nenhuma incompatibilidade entre a vida terrena, onde usamos como veículo um corpo físico, e a vida divina. O segredo é morrer a cada instante para o passado. A integração do homem, com sua verdadeira natureza, a natureza espiritual pode acontecer enquanto estamos aqui na Terra. Podemos estar na Terra, mas não somos da Terra. Estamos vivos, mas ao mesmo tempo estamos mortos para o apego, para o egoísmo e para todos os sentimentos impuros derivados do contato com a matéria. Podemos estar vivendo no eterno, porque somos seres divinos, e simultaneamente estar vivendo nesse mundo efêmero, onde tudo é transitório. Esse é o grande desafio colocado diante de todos nós. Trabalho de autoria de Eduardo Weaver Publicado no nº 17, da Revista SOPHIA – Editora Teosófica Órgão da Sociedade Teosófica do Brasil

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA...

A abordagem de um assunto complexo exige algumas premissas, que, embora verdades inconcussas, podem ser, muitas vezes, esquecidas, em benefício de interesses pessoais de momento. A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade. Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos. Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco-Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos. A segunda premissa afirma que a Maçonaria, como uma Fraternidade, deve ser uma instituição fundamentalmente ética. O substantivo feminino ética designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, ou seja, sobre as regras e códigos morais que orientam a conduta humana; refere-se, também, à parte da Filosofia que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento dos princípios normativos da conduta humana, segundo esse sistema de valores. Sendo, a Maçonaria, até pela sua definição, uma organização ética, devem ser rígidos os códigos de moral e alto o sistema de valores, que orientam a conduta entre maçons. Todos os códigos maçônicos ressaltam a importância dos valores éticos entre maçons, ou seja, entre Irmãos. Isso está bem evidente em disposições inseridas em textos constitucionais, as quais, com pequenas variações de Obediência para Obediência, afirmam que, entre outros, são deveres do maçom: "Reconhecer como Irmão todo maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e ajuda de que necessitar, principalmente contra as injustiças de que for alvo; Haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a tolerância e a fraternidade humana". E completam, destacando que: "Não são permitidas polêmicas de caráter pessoal nem ataques prejudiciais à reputação de Irmãos, nem se admite o anonimato". A ética, todavia, não fica restrita apenas às relações entre maçons, mas, também,, às destes com as Obediências que os acolhem, principalmente nas referências a estas, ou aos seus dirigentes, em textos escritos. Isso está bem caracterizado no dispositivo legal, que admite ser direito do maçom: "Publicar artigos, livros, ou periódicos que não violem o sigilo maçônico nem prejudiquem o bom conceito da (do) Grande Loja (Grande Oriente)". A par, entretanto, dessa ética de caráter interno, há aquela reconhecida em todos os meios sociais e que considera atentatórias às regras e códigos morais das sociedades ditas civilizadas, atitudes como: 1. Divulgar denúncia de fatos, sem a necessária comprovação, o que envolve difamação e calúnia; 2. Difamar e atacar pessoas, em conversas e em reuniões, sem a presença dos atingidos pelos ataques; 3. Divulgar, por qualquer veículo, o texto de cartas particulares e, portanto, confidenciais; 4. Atacar pessoas e instituições, sem lhes dar o direito de resposta no mesmo veículo e no mesmo local em que foi publicado o ataque (e esse é um direito garantido por lei); 5. Ter conhecimento de que alguém está incorrendo em atitudes antiéticas, como as citadas, e nada fazer, ou, o que é pior, ajudar a incrementá-las; 6. Aproveitar uma situação de inimputabilidade penal (por qualquer motivo, inclusive senilidade) para produzir ataques, difamações e injúrias contra pessoas e/ou instituições. Atitudes antiéticas, como essas citadas, ocorrem todos os dias, na sociedade atual, principalmente em épocas de campanha eleitoral, de crises econômicas, de tumulto social; ocorrem, também, nos meios onde a intriga e os mexericos fazem parte do ofício e trazem dividendos financeiros, como é o caso das "colunas sociais" e da mídia especializada em futricas de rádio, televisão e teatro. É claro que ocorrem! A sociedade atual, graças ao esgarçamento de sua estrutura familiar e ao avanço avassalador da amoralidade, é, hoje, altamente antiética: a solidariedade é moeda em baixa; o respeito às demais pessoas é praticamente inexistente; o acatamento da lei e da ordem vai escorrendo pelo ralo; a deslealdade, no sentido de auferir vantagens, vai de vento em popa; quem está por cima, pisa na cara de quem está por baixo; e quem está por baixo tenta puxar o tapete de quem está por cima. A Maçonaria, contudo, deveria dar o exemplo de moral e de ética. Afinal de contas, ela afirma, em todas as suas Cartas Magnas, que: "Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. (...) Proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um". Nem sempre, porém, isso acontece. A Instituição maçônica, doutrinariamente, é perfeita, mas os homens são apenas perfectíveis. Procuram se aperfeiçoar, mas muitos nem sempre conseguem o seu intento, mesmo depois de muitos e muitos anos de vida templária, persistindo nas atitudes aéticas e antiéticas, que lhes embotam o espírito e assolam o ideal de solidariedade, de moral e de respeito à dignidade humana. Para aqueles que pretendem, realmente, se aperfeiçoar, valem os conselhos contidos numa mensagem encontrada na antiga igreja de Saint Paul, em Baltimore, datada de 1692 : "Vá plácido entre o barulho e a pressa lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade, clara e calmamente; e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, pois também eles têm a sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas. Elas são tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas, assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde; é o que realmente se possui, na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e, por toda parte, a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente, não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor, porque, em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Aceite, gentilmente, o conselho dos anos, renunciando, com benevolência, às coisas da juventude. Cultive a força do espírito, para proteger-se, num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo; não menos que as árvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E que seja claro, ou não, para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja a sua forma de conhecê-lo, e, sejam quais forem sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento"! Ir.'. José Castellani Do livro "Fragmentos da Pedra Bruta"