quinta-feira, 17 de abril de 2014
A CULTURA MAÇÔNICA
O universo material foi criado pelo G.'. A.'. D.'. U.'. À partir do átomo, do quase nada, de uma maneira magistral, assombrosa e até aterradora. Sua arquitetura fundamenta-se numa diversificação tão rica, que leva o entendimento humano à confusão ao ser confrontado com o caos desta aparente desordem. Num esforço de ordenar a sua perturbação, a criatura humana passa a estabelecer referenciais, criar padrões, de tempo, medida, sensibilidade e probabilidade. O resultado deste trabalho, a faz movimentar-se no universo, modificar e transformar a obra original, gerando com isto o conhecimento, criado a partir de pensamentos, modelos e referenciais; pois nenhuma verdade lhe é revelada de imediato. É apenas com o acumulo de conhecimentos, pelo uso da razão, da intuição e do discurso que a realidade é entendida. Na intuição intelectual, o critério é a evidência, é aquela idéia clara, que se impõem por si só à mente. Na intuição pragmática, é exigido o aporte de um resultado prático. A intuição lógica exige coerência. Em tudo se busca equilibrar razão e intuição, vivência e teoria, concreto e abstrato. E para atingir a certeza da verdade, submete-se o pensamento ao ceticismo, fundamentado na dúvida, na observação e na consideração, ou ao dogmatismo, alicerçado em princípio ou doutrina. A idéia na teoria do conhecimento segue a linha do racionalismo, que tudo submete à razão; ao empirismo, que considera a idéia derivada da experiência sensorial; e do criticismo que tenta equilibrar o racionalismo e o empirismo. Em resumo: alguém é levado a divulgar uma idéia de forma positiva e afirmativa a qual se denomina tese. Outra pessoa interpela este pensamento, o absorve e critica, com base em seu próprio referencial, e faz nova proposta, gera uma segunda idéia, a antítese. Juntando estas duas idéias de forma conciliadora e compositiva gera-se um terceiro pensamento, que é diferente dos dois que lhe deram origem, obtendo-se a síntese. Se o processo for repetido diversas vezes, gera-se um infinito número de ciclos de teses, antíteses e sínteses, que no fluxo do tempo geraram todo o conhecimento que existe.
Longe da confusão para entender as modernas teorias da complexidade, o antigo egípcio desenvolveu o método de transmitir conhecimento através da figura. Baseado na visualização do concreto, o observador desperta para o aprendizado intuitivo intelectual. Mesmo que o aprendiz seja de pouco ou nenhum preparo acadêmico, ele é conduzido a um elevado grau de entendimento abstrato, em tema até complexo, que faz despertar sua intuição sensível, intelectual e inventiva. Os pedagogos conhecem bem a técnica de transmitir conhecimento por associar a idéia a uma imagem real, pois auxilia na compreensão e na memorização, e ao transmitir a informação assim, ela se atualiza automaticamente, haja vista que fica alicerçada na evolução geral de cada geração que a interpreta. Mesmo que a interpretação mude, o símbolo nunca muda, a idéia original, a sua representação gráfica, o invólucro da idéia, acaba preservado ao longo do tempo. E como a evolução do homem ocorre em diversos segmentos, qualquer mudança afeta a maneira de como um símbolo é interpretado. Esta é a importância de nunca alterar ou modificar um símbolo na Maç.'.; por exemplo, trocar a espada do Guard.'. Do Templ.'., símbolo da honra, por um fuzil AR-15; seria uma aberração. É a razão da Maç.'. Manter-se sempre atual; mesmo sujeita ao vento da mudança, ela está sempre atualizada porque os seus símbolos são mantidos inalterados, mas as suas idéias não. E por estranho que num primeiro instante pareça, mesmo que considerada tradicionalista, ela é progressista. Tudo está condicionado ao fato de sua simbologia a tornar insensível ao impacto da dinâmica social, tornando-a elegível a projetar-se num futuro bem distante, porque sua simbologia é a mesma, mas a sua interpretação é dinâmica no tempo e adapta-se à herança cultural de cada individuo e de cada segmento da história. Convém observar que entre dois símbolos usados pode estar um século e até um milênio de transformação e adaptação histórica, bem como grande espaço geográfico. E de nada adianta tentar alcançar sua origem porque a transformação do pensamento conectada com um símbolo muda permanentemente, a cada instante, de pessoa para pessoa, de cultura para cultura.
Assim como o átomo, a Of.'. Maç.'. Que pára no tempo fica vazia. Se for dinâmica e operosa, reflete a luz do conhecimento e produz pessoas de valor com sua metodologia baseada em símbolos. A Maç.'. É uma escola que ensina moral, ética, e desenvolve qualidades sociais e espirituais. É uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião. Sua alegoria ensinada por símbolos leva o diligente estudante a desenvolver e a elevar a consciência de seu dever na sociedade e na família, constituindo a base da cultura que enriquece sua mente. Está assim equipado para conquistar respeito e admiração do meio social em que está inserido, onde sua ação positiva o faz progredir em sentido financeiro, político, moral, emocional, material, espiritual, em todos os seus valores. E este conhecimento o aperfeiçoa e motiva a tomar seu lugar na sociedade humana para transformá-la em resultado de seu trabalho. Seu diligente preparo o afasta da aviltante ignorância que tanto prejudica a sociedade. Assim equipado, equilibrado, devotado, generoso, livre, igual, praticando a virtude, reprimindo o vício, auxiliando seu Irm.'., a quem está ligado por laços de amor fraternal, contribuirá para a humanidade se tornar mais pacífica, manterá o povo emancipado e progredirá em todos os sentidos. O amor fraternal é a única possibilidade de solução de todos os problemas da humanidade de forma cabal e é o alicerce da Sublime Instituição.
A Maç.'. Não gerou sua própria simbologia e neste sentido tem muito pouco de autêntica. A maioria dos símbolos que usa é copiada, absorvida de outras culturas, de outras linhas de pensamentos e influências. Observado de uma ótica isenta de mitos e ficções, quando se afirma ser ela originária dos tempos em que se construiu o Templo em Jerusalém, isto não é verdade! Tudo não passa de lenda para abrilhantar a sua mensagem composta de alegorias e símbolos. Entretanto, na dinâmica do tempo, esta alegoria veio a se estabelecer como verdade indiscutível, dogmática, e sabe-se que, por princípio, a Ord.'. Maç.'. Não tem dogmas. É na sua flexibilidade que se baseia sua riqueza cultural. Se não for elástica, tolerante, com certeza quebra, entra em colapso. Ela não é formada por um grupo social que vive isolado, ou que defende dogmas autônomos; ela é resultado da massa da sociedade como um todo, daí sua capacidade de penetração. E ao ser tolerante, admite toda linha de pensamento que venha ao encontro da construção de homens que submetem sua cognição e emoção à sua espiritualidade. Mesmo que todos os símbolos por ela usados para interpretar o universo sejam originários de outras culturas, estes foram introduzidos intencionalmente, com o objetivo de torná-la ágil, elegante e adaptável na linha do tempo.
Podem-se citar algumas fontes principais de onde foi importada a sua cultura:
A Alquimia, com seu caráter altamente místico, gerou farta simbologia da qual a Maç.'. Se apropriou. Mas a melhor herança que a Ord.'. Obteve desta ultrapassada ciência foi o cultivo do amor fraterno, o ouro potável que nada mais é que um coração que extravasa amor. Foi uma ciência dedicada principalmente a descobrir uma substância que transmutaria os metais mais comuns em ouro e prata, e a encontrar um meio de prolongar indefinidamente a vida humana. Foi a predecessora da química.
A Arquitetura na Maç.'. É a sua arte básica, e a grande preocupação da Ord.'. É a construção do homem completo em todas as suas dimensões: física, emocional e espiritual. Por simbolizar o trabalho planejado, a semelhança de aperfeiçoar o homem através de um trabalho constante e digno, usa a energia do grupo para gerar homens mais fortes e corretos. Na construção destes homens melhorados sempre há algo para fazer, refazer, realizar e aperfeiçoar, tudo no encontro de sua própria felicidade. Fica evidente que na criação do homem completo e livre tudo depende do esforço individual. Esta arte é o resultado do trabalho do arquiteto e mesmo a construção do universo, da Terra, visões e sonhos possuem projetos e definições baseadas na arquitetura.
Na Maç.'. O único uso que se faz da Astrologia, a ciência dos astros, a antiga astronomia, é nas manifestações artísticas das abóbadas celestes pintadas nos templos, onde aparecem constelações de estrelas, o sol e a lua, para relaxar a mente e influenciar aos maçons reunidos em seus trabalhos. Significa também que o Templ.'. Não tem teto, onde, para o G.'. A.'. D.'. U.'. Tudo é revelado.
A Maç.'. Tentou incluir o conhecimento esotérico hebreu da Cabala em seu meio, porém, sem sucesso. É o ensino judaico da tradição de Jeová. Seria o princípio de toda expressão religiosa, porém, esta apenas serve para alguém que conheça a língua hebraica onde existe uma relação numérica entre o som de cada letra do alfabeto e um número. Para os acidentais existe a numerologia que pretende fazer o mesmo.
O Cristianismo está filosoficamente ligado aos graus da Maç.'., em todos eles existem elementos que remetem aos textos da Bíblia judaico-cristã.
O Egito contribuiu com sua mitologia e religião com farta simbologia para a Maç.'., sendo também o berço das primeiras sociedades iniciáticas.
A Geometria é a ciência que prove boa parte de todo o simbolismo da Maç.'., associada à Arquitetura, arte principal da Ord.'.. Parte da interpretação dos símbolos geométricos estão ligados a escola Pitagórica, numerologia, alquimia e mestres construtores da idade média. O G.'. A.'. D.'. U.'. É considerado o Grande Geômetra.
Maçonicamente, o Hermetismo é apenas uma referencia histórica à tradição primitiva dos alquimistas. Relaciona-se ao estudo dos arcanos, vulgarmente conhecidos como as lâminas do Tarô, onde está simbolizada toda a cosmogênese e antropogênese da antiguidade. O Hermetismo foi uma doutrina esotérica baseada na revelação mística da ciência, ligada Hermes Trimegistos, antigo iniciado do Egito.
Mesmo não tendo nenhuma relação com a Maç.'., o Hinduismo influi nela com a manifestação da cultura hindu através da filosofia brâmane e vedanta.
As lendas MMaç.'. Estão alicerçadas nas escrituras da Bíblia Judaico-cristã e parte dos seus rituais estão ligados aos princípios religiosos judaicos. O Judaísmo é a base do desenvolvimento da religião cristã, e berço da Maç.'.. As escrituras gregas, ou cristãs, estão profundamente ligadas às escrituras hebraicas e à Tora.
Na Maç.'. A Numerologia é estudada em profundidade e está bastante arraigada nos rituais. É a ciência que define o valor dos números. Avalia o número em seu aspecto qualitativo, mágico e filosófico. Pitágoras foi sua maior expressão e é básica na aritmética e na cabala.
Uma fraternidade muitas vezes confundida com a Maç.'. É o Rosacrucianismo. Este não tem relação alguma com ela. O que existe é a cultura Rosa Cruz assimilada em alguns dos princípios esotéricos. É uma ordem secreta e esotérica oriunda do intuito de cristianização dos mistérios egípcios. Grande parte dos símbolos usados pela Or.'. É oriunda desta vertente.
A mais poderosa ordem em sentido militar, intelectual, religioso e econômico do século XII foi a dos Templários. Sua finalidade foi a de proteger os peregrinos que se dirigiam ao santo sepulcro. A Maç.'. Incorporou grande parte da cultura, e enriqueceu a sua filosofia a partir das heranças culturais deixadas pelos Cavalheiros. Existem especulações que seriam os remanescentes desta Ordem a verdadeira raiz da Maç.'..
Existem também teorias de que algumas das tradições MMaç.'. Sejam originárias do Zoroastrismo, uma religião, resultado da designação de todos os sucessores de Zaratustra, o grande legislador persa e seu fundador.
Adicionalmente, podem-se listar as seguintes influências na cultura da Maç.'.:
• Agnosticismo,
• Antropologia,
• Aritmética,
• Arqueologia,
• Astronomia,
• Biologia,
• Chakras,
• Escultura,
• Filosofia,
• Geografia,
• Gramática,
• Lógica,
• Logosofia,
• Matemática,
• Mitologia,
• Música,
• Ontologia,
• Pintura,
• Poesia,
• Retórica,
• Sociologia,
• Teologia,
• Teosofia,
• Vedas,
• e outras.
Muitas são influências da cultura Maç.'., e mesmo tendo acesso a tudo isto, é necessário que ao final, cada Maç.'. Se torne bom, sábio e virtuoso, e para isto, cultura sozinha não é suficiente. É necessário que o homem seja moldado internamente. E isto ele deve desejar ardentemente, deve ser seu principal alvo, senão toda esta cultura é inútil, uma frustrante tentativa de alcançar o vento na corrida. Ser bom até pode ser característica da própria pessoa, ser virtuoso o resultado de uma disciplina enérgica, mas a sabedoria, esta exige, além de cultura e conhecimento, colocar em prática tudo o que aprendeu de forma inteligente e racional.
Bibliografia:
1. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, Editora Pensamento Cultrix Ltda., ISBN 85-315-0625-5, São Paulo, 1979.
2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, Madras Editora Ltda., ISBN 85-7374-251-8, São Paulo, 2001.
3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, Editora Pensamento Cultrix Ltda., São Paulo, 1989.
4. PUSCH, Jaime, A Cultura Maçônica.
Ir.'. Charles Evaldo Boller
A.'.R.'.L.'.S.'. Apóstolo da Caridade n° 21
Or.'. Curitiba - PR
Grande Loja do Paraná
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