quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

LOUCOS E SANTOS...




Escolho meus amigos não pela pele
ou outra característica qualquer,mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem
de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e
agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
para que não duvidem das diferenças e
peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela cara lavada
e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não
sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis
nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia
não desapareça.
Não quero amigos
adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o
valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
"normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
"
(OSCAR WILDE)
  

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

FAZER RENASCER O NATAL...




O melhor da festa é esperar por ela, diz o provérbio. O melhor do Natal é ter passado por ele, sentem muitos sem dizer.
É insuportável a fissura desencadeada pelas festas de fim de ano. O consumo compulsório de produtos, o apetite compulsivo de comilanças, a máscara da alegria estampada no rosto para encobrir o bolso furado, a corrida aos espaços de lazer, as estradas engarrafadas, as filas intermináveis nos supermercados, os sinos de papel envoltos nas fitas vermelhas dos shopping centers, aquela mesma musiquinha marota, tudo satura o espírito.
Seria esse anticlima um castigo divino à nossa reverência pagã à figura de Papai Noel?
Natal é pouco verso e muito reverso. Em pleno trópico, nosso mimetismo enfeita de neve de algodão a árvore de luzinhas intermitentes. O estômago devora castanhas, nozes, avelãs e amêndoas, quando a saúde pede saladas e legumes.
Já que o espírito arde de sede daquela Água Viva do poço de Jacó (João 4), afoga-se o corpo em álcool e gorduras. A gula de Deus busca, em vão, saciar-se no ato de se empanturrar à mesa.
Talvez seja no Natal que nossas carências fiquem mais expostas. Damos presentes sem nos dar, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas. No íntimo, estamos inclinados à simplicidade da manjedoura. O mal-estar decorre do fato de nos sentirmos mais próximos dos salões de Herodes.
(...)
Mudemos nós e o Natal. Abaixo Papai Noel, viva o Menino Jesus! Em vez de presentes, presença - junto à família, aos que sofrem, aos enfermos, aos soropositivos, aos presos, às famílias das vítimas de crimes, às crianças de rua, aos dependentes de droga, aos deficientes físicos e mentais, aos excluídos.
Façamos da ceia cesta a quem padece fome e do abraço laço de solidariedade a quem clama por justiça. Instalemos o presépio no próprio coração e deixemos germinar Aquele que se fez pão e vinho para que todos tenham vida com fartura e alegria.
Abandonemos a um canto a árvore morta coberta de lantejoulas e plantemos no fundo da alma uma oração que sacie nossa fome de transcendência.
Deixemo-nos, como Maria, engravidar pelo Espírito de Deus. Então, algo de misteriosamente novo haverá de nascer em nossas vidas.
FREI BETO.

sábado, 1 de dezembro de 2012

HERMETISMO E ASTROLOGIA...

A Astrologia, em um formato mais limitado ao que conhecemos hoje, chega a Grécia por volta do Século V A.C. De certa forma, em tal época, era ainda uma ciência, mas já parcialmente deteriorada pela ação dos milênios
"Decifra-me ou devoro-te"
A Esfinge
O termo "Cosmologia" possui múltiplos significados. Seu sentido será determinado de acordo com a época em que é dito. Para os estudiosos modernos, Cosmologia refere-se ao estudo da origem e evolução do Universo visível e seu possível fim.  Uma área da Física e da Astronomia. Porém, do ponto de vista das antigas tradições, o termo não tem exatamente tal conotação: refere-se a algo mais subjetivo e um tanto integrativo.
O sentido do termo "Cosmologia" sob a ótica tradicional, refere-se à ordem do Universo, sua origem, desenvolvimento e fim, mas sobretudo o fará integrando o Universo e a vida como um fenômeno único e indivisível. A lógica da Ordem, ou o sentido dos mecanismos de repetição gerados pela estabilidade do Sol.
Sob este tecido, a vida do Universo se manifesta. A cosmologia seria, então, um conjunto de princípios gerais que estão por toda a parte. Ela não é uma idéia insólita ou uma teoria, e sim um pilar mestre do conhecimento. Os estudos de Schuon, Lubicz, Guénon, Eliade, e Pichón, algumas autoridades reconhecidas mundialmente por seus estudos, atestam como a idéia das Tradições Antigas do Oriente Extremo e Médio e os pensamentos dos Gregos (que destilaram tais conhecimentos Cosmológicos em reflexões filosóficasa) afetaram de forma substancial os paradigmas que se estendem até nossos dias. Parece inverossímil, mas o fato é: as tradições entraram com Pinga e os gregos com o Alambique. As tradições não são, entretanto, os feitos recentes das ciências modernas, mas a base de seus postulados. A tradição não inventou o quindim, mas sempre foi os ovos.
A Astrologia chega à Grécia
A Astrologia, em um formato mais limitado ao que conhecemos hoje, chega a Grécia por volta do Século V A.C. De certa forma, em tal época, era ainda uma ciência, mas já parcialmente deteriorada pela ação dos milênios. Todos sabemos como o tempo, a areia e as dificuldades de documentação, atrapalharam na evolução das idéias sobre a natureza na antiga Mesopotâmia. Para se ter um parâmetro simples, é só deter-se por um instante na Astrologia da Babilônia, uma das últimas cidades da Mesopotâmia. Ela era já um conjunto de frases sem muito sentido, aliadas a um misticismo galopante e decadente.
A Astrologia não precisava de repintes e sim de um restauro. Sua cosmologia havia se perdido se não de forma total, tem-se que admitir, parcialmente e, por isto, tornara-se um conjunto de regras e aforismos confusos.
A vocação dos Gregos para o restauro é notável. Sabiam eles que a Astrologia era uma forma extraordinária de mapear os ciclos do meio ambiente e o melhor: havia funcionado por milênios, orientando toda uma grande civilização que estava a ser encoberta pelas poeiras do deserto, feito seus cuneiformes. O privilegiado ambiente Grego, propício ao desenvolvimento da ciência, por sua vocação cosmopolita, no qual múltiplos povos se acotovelavam, acabava por tornar possível uma grande operação: a transfusão de sangue cosmológico entre as várias culturas, visando o ressuscitar de algumas antigas ciências. A Astrologia não escaparia de tal operação, pois era valiosa demais.
Se o calendário da vida era uma verdade, qual seu sentido? Onde estariam as bases de seu movimento? Em que verdades universais se apoiariam? Muitos pensadores sofriam de uma obsessiva insônia de verdade. Entre as culturas estudadas, a dos Egípcios parecia ser a mais preocupada e eficiente na preservação de seus estudos. Seus monumentos dão prova disto até hoje. Sua Cosmologia ainda parecia estar gozando de boa saúde e tornou-se uma referência nesta ação sã de enfermagem.
Esta Teologia - Ciência que no Egito refere-se a Thoth, na Grécia sob o nome de Hermes Trismegistos, encerra certamente os restos alterados mais infinitamente preciosos desta Cosmologia. Os dias atuais revelam estes ensinos em alguns textos legítimos como o Caibalion, sem autor, o Corpus Herméticum, de formulação Egípcia, um conteúdo eclético (Pitagórico-Heracliteano-Platônico), principalmente na tradução do Filósofo Ficcino, e os "Fragmentos" uma coletânea de papiros gregos antigos. Hermes não foi exatamente alguém, e sim um nome genérico como Manu ou Buda, querendo significar uma Casta ou um Deus em forma de conhecimento. Não foi provavelmente um único homem. Os Hermetistas Gregos eram, portanto, estudiosos do pensamento cosmológico do Egito.
O Caibalion, nome latinizado de "Kybalion" significa "um preceito manifestado por um ente de cima", ou simplesmente "Tradição". Uma outra bela variável de sentido e não de etimologia seria "Conhecimento sem autor". Em seus preceitos pode-se, de forma didática, começar a tatear o sentido cosmológico dos Egípcios, agora em uma visão mais didática. Mais que um livro, o considero uma das mais importantes obras da História da Astrologia e do conhecimento.
Ele se estrutura em sete pressupostos básicos:
1 ) Ritmo
2 ) Vibração
3 ) Polaridade
4 ) Mentalismo
5 ) Causa e efeito
6 ) Gênero
7 ) Correspondência
Em realidade, não são sete e sim uma única lei. Elas se inter-relacionam e se apoiam, como as faces de um sólido platônico, e não se dispõem em raias fragmentadas. As tradições são sempre apresentadas assim: sem costuras.
Neste ensaio, irei expor dentro dos limites possíveis, seus sentidos mais abrangentes e, de superfície, salientando alguns contornos, mas sem a pretensão de verticalizar.
Ritmo
Tudo dentro do Universo possui um ritmo. Tudo nasce, cresce, se desenvolve e morre. Toda manifestação de movimento implica em uma tendência à ordem. Os ritmos lentos dominam os rápidos. O imutável controla o mutável. Toda e qualquer transição cíclica se dá de forma natural e lenta. A transição, implicada em um conceito de sucessão, gera a idéia cognitiva de realidade transitória. O fenômeno cíclico permite a previsão dos mecanismos de repetição em níveis análogos, tornando possível seu mapeamento.
(É a fonte do sentido do Zodíaco, Elementos, e Ritmos cardeal, fixo e móvel entre outros Progressões , Trânsitos e técnicas de Previsões podem ser facilmente incluídas.)
Vibração
Tudo no Universo é feito de vibrações, desde as grotescas, percebidas pelos sentidos, às de nível mais fino e não conscientes. As ondas e vibrações estão por toda a parte, não se podendo escapar. Elas são a base da existência do mundo dos sentidos. A luz é apenas uma, mas refrata-se em vários níveis de freqüência. O mesmo se pode dizer do som e suas escalas cromáticas. Na natureza nada se perde, e as mesmas partes tornam-se outras, dependendo de sua posição em uma cadeia ou de estado momentâneo.
Está na base do entendimento de como as transmissões do nível subquântico e sonoro, bem como os de espectro luminoso, afetam os seres vivos, incluindo-se o homem, interligando todo o Universo. Ela irá mostrar como estruturas zodiacais de mesma natureza se diferem como os de Princípio fogo, terra, ar e água, por exemplo. Os aspectos encontram aqui um sentido todo especial na lei acústica de ressonância.
Polaridade
Tudo possui dois pólos. O todo fabrica universos aos pares indivisíveis e auto sustentáveis. Em seu âmago, um pólo possui seu gêmeo oposto, que lhe dá sentido e significado. Os opostos são em realidade a mesma essência em si, mas refratados diante do Universo manifesto. Os extremos se tocam e confundem.
(Projetam a interpretação cognitiva de que existem apenas seis eixos de movimento e não exatamente doze signos. Por isto, Áries e Libra partilham do senso de justiça (pela força ou pelos tratados); Leão e Aquário tentam buscar destaque, mas em formatos diferentes (ditadores ou revolucionários). Os Depressivos com alta carga de elemento fogo também são bons exemplos de polarização. Ideal para explicar alguns paradoxos astrológicos.
Mentalismo
O todo é mente. Nenhuma realidade absoluta pode ser observada. Toda e qualquer descrição do Universo baseia-se no espectro de nossos sentidos e, portanto, o Universo é uma representação parcial da realidade absoluta. O mundo subjetivo na qual nossa personalidade se encontra é determinado em grande parte de como aparentemente o mundo é filtrado por nossos sensores cerebrais. Temos a sensação aparente de realidade, da qual nos colocamos como o zero demarcador.
Este princípio é a base de como interpretamos as estruturas cíclicas, como a Lua em seu curso extremamente repetitivo aos sentidos. Nos dá a sensação de Trivialidade e adaptação, ou no conceito do "aquilo que é muito bem conhecido desde a infância". Urano, por exemplo, em seu único ciclo completo, perante o tempo de vida humana, nos parece "imprevisível" ou "inesperado". Este princípio fundamenta os conflitos observados em sinastria.
Causa e Efeito
As mecânicas do Universo implicam-se em conceitos de causalidade parcial. O Universo e o Cosmos possuem uma intenção. Deus não joga aos dados. O Universo é constituído de uma ordem onde efeitos e causas se interligam.
Este princípio é o que explica a idéia de que Astros não fazem desportistas e sim incliam pessoas a táticas de competição. Os estudos de Gauquelin só confirmaram tal premissa. Alguns fatos da vida Humana podem ter efeitos alterados dependendo da forma como se posiciona o indivíduo.
Gênero
O fenômeno vida manifesta-se através de dois princípios: o ativo e o passivo. A vida é na realidade o casamento de princípios de vida ativos e catalisadores. O Sol é apenas a contra-parte ativa do fenômeno vida, sendo a umidade seu catalisador. O princípio ativo não é melhor nem pior que o passivo. O efeito Astrológico dá-se em função de princípios ativos (Astros) e passivos (Homens). (Ver São Thomas de Aquino)
(Este senso fundamenta a idéia de quem interfere em quem em uma hierarquia planetária e zodiacal, por exemplo. Seu domínio implica no natural senso de interatividade entre o meio e o indivíduo. Isto explica, por exemplo, a sensação de "ter de influenciar" encontrada nos agentes ativos fogo (somente a contraparte de vida ativa), por exemplo).
Correspondência
O Universo é construído sob as mesmas bases desde as mais simples às mais complexas. O simples e o complexo são separados apenas pelo tempo e o espaço. O universo é indivisível. O que está em níveis complexos é análogo ao que está em níveis menos complexos. O que está em cima é análogo ao que está embaixo.
(Esse princípio é o fundamento do Universo interligado. O princípio muito próximo ao das holografias de Pribram, e o Universo Dobrado e Explícito de Bohn. Ele fundamenta a analogia (transporte cognitivo se significâncias de realidade) entre casas e os signos, bem como as regências dos signos, por exemplo.
Veredito
Não serei leviano. Tentarei, dentro do possível, explicar os desdobramentos que irão fundamentar cosmologicamente a Astrologia em futuros artigos. É bom lembrar que muitos destes princípios são a base daquilo que fazemos dentro da medicina, física, geometria, biologia, as neurociencias, psicologia, entre outras.
A Cosmologia é a água de um Jardim. Sem ela, o discurso interpretativo torna-se árido ,desconexo, e sem articulação. Daí o problema da maioria dos estudantes não saberem "juntar" os significados. Com a mutilação deste importante item, a Astrologia resume-se a um punhado de curiosas engrenagens soltas e não um instrumento de leitura do Universo.
Não se pode fazer milagres. Quando se estuda algo muito antigo, é no mínimo de bom senso possuir um orientador consciente. A velha Esfinge que significa, entre outras interpretações, os mistérios do Universo, nos devora quando não temos capacidade de enfrentá-la. Em outras palavras, não se deve tentar decifrar um mistério de forma leviana. Acabamos por afirmar distorções e ruídos de verdades, e nos perdemos totalmente.
As leis herméticas não são a cura para as nossas bobagens pessoais, mas com certeza são um grande antídoto contra a miopia provocada pela fragmentação atual do conhecimento humano.
Carlos Fini - Astrólogo
Biblografia
O Caibalion - Tres iniciadosCorpus Herméticum - Hermes TrismegistosSuma Teológica - Aquino, São ThomasSacred Science - Lubicz , S.Sobre os mundos antigos - Schuon, F.O sagrado e o profano - Eliade, M.A Cosmopsicologia - Gauquelin, M.Astrologia e Religião no Mundo Greco-Romano - Cummont, F.
fonte:
Artigo publicado no site da 
GLESP - Grande Loja do Estado de São Paulo

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A PAZ...

Tida como utópica para uns, como um estado de perfeição para outros, certamente esta pequena palavra nunca terá uma única definição...
Quem disse que a PAZ se conquista com a guerra? Tida como utópica para uns, como um estado de perfeição para outros, certamente esta pequena palavra nunca terá uma única definição.
A conquista da PAZ entre os componentes de um grupo; seja de uma pequena família, uma comunidade, uma cidade, um país ou até mesmo de toda a humanidade deverá passar por algumas etapas:
1. A aceitação por parte de cada indivíduo da sua própria individualidade. Deus nos fez único, ímpar. A aceitação de sua maneira de ser, física, emocional, social e até mesmo financeira causará um grande conforto e PAZ no indivíduo, facilitando seu relacionamento com outros seres; isto não significa que o ser humano não deverá lutar para sua melhoria e crescimento em qualquer área que queira, entretanto isto não deverá ser causa de conflito interno.
2. A aceitação da maneira de ser do outro. Eu posso até não concordar com o modo de agir ou de pensar de meu irmão, de meu vizinho, de meu chefe ou de uma outra pessoa que mora a milhares de quilômetros de distância de mim, mas jamais terei o direito de impor minhas vontades, meus padrões e meus valores a estas pessoas. A não observação deste fato é uma das principais causa de tantos conflitos políticos e religiosos. Isto não significa que de uma maneira civilizada e inteligente não poderei mostrar ao outro meu ponto de vista, e reciprocamente observar o ponto de vista do outro. A verdade depende dos filtros com que observamos as coisas que acontecem ao nosso redor. A mudança de opinião não deverá ser considerada como uma derrota, mas como uma oportunidade de crescimento.
3. A compreensão das relações existentes na sociedade nos levará a um estado dePAZ. Isto também não significa que deveremos concordar com todas elas, entretanto se temos a consciência que estamos trabalhando para a construção de um mundo mais equilibrado, mais ecológico em todos os sentidos sabemos que a perfeição entre estas relações apesar de parecer utópico tende a melhorar dia após dia.
Enfim podemos dizer que a PAZ começa em cada um de nós, e depende de cada um de nós.    
Muita PAZ para todos vocês.
Ir.'. Edson Inácio
Loja Cavaleiros da Fraternidade nº 1353
Salvador-BA

 

A BELEZA...

Nada mais conhecido do que o sentimento do belo; nada mais difícil de definir do que a sua idéia. A Beleza produz dois efeitos nas pessoas: dá-lhes prazer e provoca um juízo. O juízo estético é universal, isto é, quando afirmamos que certo objeto é absolutamente belo, todos devem estar de acordo.
A emoção estética é um sentimento agradável, composto de simpatia, de prazer e de surpresa, que pode ser resumido em admiração. Segundo S. Tomás de Aquino, a beleza é a ordem, isto é, a unidade na variedade. Poder-se-ia objetar que há certa ordem, certa regularidade que nada tem a ver com a beleza. Por outro lado, dizia Boileau que “uma bela desordem é o efeito da arte”.
Toda a beleza é essencialmente expressiva; um objeto é belo por causa das idéias e sentimentos que nos sugere. A beleza é expressiva porque exprime a vida e, em particular, a vida da alma. No dizer de Platão, “a graça das formas provém de elas exprimirem, na matéria, as qualidades da alma”. Segundo diz Aristóteles na Poética, “toda a beleza deve-se assemelhar à vida”. A beleza é a expressão da vida, mas não de uma vida qualquer; há certas formas de vida que são diminuídas, disformes ou abortivas da vida, que são objeto de compaixão, de desgosto, de aversão e até de horror. O que excita em nós a simpatia, a admiração, o entusiasmo, é a expressão de uma vida rica, livre e harmônica. Assim sendo, podemos definir a beleza como sendo:
A expressão de uma vida particularmente rica, livre e harmoniosa, a qual sendo conhecida, estimula agradavelmente o uso de nossas faculdades representativas e emotivas: os sentidos, a imaginação, a razão e o sentimento.
Esta definição reúne e harmoniza todos os elementos essenciais contidos nas definições de Aristóteles, de S. Agostinho e de S. Tomás de Aquino.
A BELEZA, A VERDADE E O BEM
São íntimas as relações e as analogias entre estas três idéias, que muitas vezes se empregam para se definirem mutuamente. É conhecida a definição falsamente atribuída a Platão: “a beleza é o esplendor da verdade”. Outros definiram: a beleza é o esplendor do bem. O bem moral é frequentemente designado sob o nome de belo. De fato, o verdadeiro, o belo e o bem, em si mesmos, identificam-se no mesmo ser, do qual são três aspectos diferentes.

Esta é a razão porque Deus, sendo Ser absoluto, é também a verdade perfeita, a beleza suprema, e o bem infinito; por isso mesmo todo o ser vivente que é, - e na medida em que é, - é verdadeiro, é belo e é bom.
Mas, ainda que no ser absoluto estes três conceitos se identifiquem unidos, em relação ao homem eles são distintos; isto porque o homem os identifica por meio de faculdades diferentes, o que obriga a distingui-los de maneira específica, à semelhança do prisma que decompõe a luz nas cores elementares.
O verdadeiro, percebido pela inteligência, é o objeto da ciência; o bem, realizado pela vontade, é o objeto da moral; e a beleza, conhecida pela imaginação e sensibilidade superior, é o objeto da estética.
O SUBLIME, O BONITO E O FEIO
O sublime não é somente o belo no seu grau mais elevado. O sublime distingue-se essencialmente do belo, de acordo com Kant, que diz: “O sublime é a expressão sensível do infinito”. O belo é a expressão harmoniosa da vida, em particular, da vida humana; o caráter do sublime é a intensidade, a ilimitação. O sublime pode encontrar-se no caos e até no horrível, onde a imaginação se confunde e a razão se espraia à vontade, estando ali como no seu elemento, pois nasceu para o infinito.

O bonito, gracioso, lindo ou encantador, é forma inferior do belo. Entre o belo e o bonito não há diferença essencial. “ bonito – diz Ch. Lévèque – ainda é belo, mas belo sem a grandeza, sem a amplitude, sem o brilho da energia do belo em toda a sua intensidade”. Assim, um carvalho secular, um grande lago, podem ser belos; mas um riacho ou uma flor, são só lindos. O feio opõe-se ao belo; o que não significa que lhe faltem todos os elementos do belo, mas simplesmente que lhe falta algum destes elementos em grau elevado.
A BELEZA E AS BELAS ARTES
A beleza fala à alma; excita a admiração e a simpatia. No dizer de Plotino, admirar é imitar; simpatizar é vibrar em uníssono, e não se pode amar uma coisa sem procurar assemelhar-nos a ela: Amor pares invenit aut facit.

O primeiro efeito da beleza é, assim, levar-nos instintivamente à imitação e a reproduzi-la em nós. A admiração, quando atinge determinado grau, estimula a atividade, provoca a exaltação e, sob certas circunstâncias, fecunda a inspiração. A partir deste momento já não é suficiente compreender a sublime linguagem da arte; passa-se a desejar falar essa linguagem, isto é, a exprimir o que se sente. Assim, a Arte se apresenta sob a forma reflexa. A criação reflexa da beleza pelo homem constitui a própria Arte.
De acordo com a forma pela qual exprimem a beleza, as artes dividem-se em Artes Plásticas e Artes Fonéticas. As Artes Plásticas – arquitetura, escultura, pintura, desenho – empregam as formas e as cores. Projetam os objetos nos espaço, em três dimensões, como a escultura e a arquitetura, ou em somente duas, como a pintura e o desenho, suprindo a terceira dimensão através dos artifícios da perspectiva.
As Artes Fonéticas – música, canto, oratória, poesia, teatro – exprimem a beleza por meio de sons musicais ou de sons articulados. Estas obras de arte se desenvolvem no tempo. Não estando localizadas no espaço, como as artes plásticas, as artes fonéticas são mais expressivas do que descritivas. Apesar disso, a poesia, devido às metáforas que emprega e devido à imaginação, que representa as coisas ao vivo, participa grandemente do privilégio das artes plásticas.
Aos interessados em aprofundar o conhecimento sobre os conceitos de Beleza recomendamos fortemente a leitura da Estética – O Belo Artístico ou o Ideal de Hegel, filósofo nascido em Stutgart em 1770 e que grandemente influenciou o pensamento filosófico e político em todo mundo, a partir de sua morte em 1835.
Para terminar, para descontrair, uma pequena história sobre a Beleza e o Belo, escrita pelo Irmão e filósofo irreverente, Voltaire:Perguntem a um sapo o que é a beleza, o belo admirável, e ele responderá que á a fêmea dele, com os seus dois grandes olhos redondos, salientes, espetados na pequenina cabeça, com um focinho largo e achatado, barriga amarela, dorso acastanhado. Perguntem ao diabo, e ele dirá que é um belo par de cornichos, quatro garras afiadas e um rabiosque enrolado. Consultem, por fim o filósofo, e este responderá com uma algaraviada desconexa, numa gíria arrevezada; é-lhes indispensável algo de conforme o arquétipo do belo.
Um dia, assistia eu a uma tragédia na companhia de um filósofo. “ – Como isto é belo! – exclamava ele. Mas onde está a beleza disto? Perguntei-lhe. – Está em que o autor atingiu a finalidade que pretendia”. No dia seguinte, o tal filósofo tomou um purgante que lhe fez grande efeito. “Atingiu a finalidade”, comentei. “Ora, aí está um purgante belo!” Então percebeu que não se pode dizer que uma purga é bela e que para darmos a qualquer coisa o título de beleza será indispensável que vos cause admiração e prazer. Concordou comigo que a tal tragédia lhe proporcionara esses dois sentimentos, e que consistia nisso o belo.
Em seguida, fizemos uma viagem pela Inglaterra: ali vimos representar a mesma peça teatral, traduzida na perfeição; mas aqui os espectadores bocejavam. “Oh! Oh!” exclamou o filósofo, “o belo não é o mesmo para franceses e ingleses”. Concluiu, depois de refletir, que o sentimento do belo é coisa muito relativa, do mesmo modo que aquilo que é decente no Japão é indecente em Roma, e o que está em moda em Paris é detestado em Pequim; e desistiu de elaborar um longo tratado sobre o belo e sobre a beleza.

Ir.'. Antonio Rocha Fadista - M.'.I.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. Cayrú n° 762
GOERJ / GOB
 
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

AS RELIGIÕES E A MAÇONARIA ...

Em si própria a Maçonaria não é uma religião. Mas por isso mesmo que se abre a todos os homens, sem distinção de crenças religiosas...

"A devoção não está no joelho que se dobra, mas no coração, que não se vê dobrar" (Matias Aires).
Desde a antiguidade, por religião entende-se a relação do homem para com Deus ou com o divino. A religião assenta na diferença essencial que existe entre o homem e o animal, pois os animais não têm nenhuma religião. A diferença entre o homem e o animal consiste na consciência, na qual o homem tem por objeto de sua reflexão sua própria essência, sua própria espécied. Esta consciência pode converter em objeto outra realidade, outras coisas, de modo especial, seu próprio ser. Sinal disso é o pensamento, a linguagem e o amor humanos. Essa diferença entre o homem e o animal não só fundamenta a religão, mas também seu próprio ser infinito. isso está sua verdade.
Por outro lado, a falsidade da reigião está em o homem tornar independente de si mesmo ou seu próprio ser infinito, separando-o e apondo-o como diferente de si produzindo a bipolaridade Deus e Homem.
O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa.
Deus é o nosso mais forte arquétipo. As religioes com seus princípios e orientações para a busca do superior, do divino, de Deus e de suas leis, auxiliam extraordinariamente o campo íntimo das criaturas que as aceitam. Mas será sempre necessário pratircar e exemplificar os ensinos edificantes e não somente frequentar os templos e executar as cerimônias exteriores dos cultos religiosos.
A primeira missão das religiões é provar que existe um Deus que nos criou e que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o respeitoque devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos consagrar. As religiões foram sempre um conjunto de práticas pelas quais os homens simples procuram alcançar a amizade de Deus, os bens supremos da saúde, da força, da paz, da riqueza. Há a que se aplica especialmente em purificar a idéia de Deus e em afirmar a indestrutibilidade do espírito humano; outra em mostrar a existência de uma Ordem Universal realizando-se por Leis; outra ainda, em exaltar o sentimento do dever ou amor ao próximo e a compaixão por todas as criaturas.
Os valores religiosos verdadeiros, quando não deturpados em sua essência, constituem-se em poderosos incentivos para o crescimento e iluminação das almas, por sugerir-lhes, através da fé e da esperança, melhores condições no pensamento e nas ações.
A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um PRINCÍPIO CRIADOR, ao qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo.
Em si própria a Maçonaria não é uma religião. Mas por isso mesmo que se abre a todos os homens, sem distinção de crenças religiosas. Coloca-se imparcial entre todas as crenças religiosas e teorias filosóficas, e acima de todas as suas controvérsias, para fazer da liberdade de pensamento o seus fundamento. tem o direito de enaltecer o que cada Religião produziu de melhor.
O pensamento essencial de nossa liturgia é utilizar todas essas criações do passado, ou pelos menos, uma parte de suas lendas, de seus simbolos, de suas cerimônias, para delas tirar os elementos de um sistema destinado a pôr em evidência as qualidades e as virtudes mais necessárias ao homem: a prática da solidariedade, a justificação da tolerância, a apologia do dever e do trabalho, o recurso incessante às luzes da razão e da consciência, a fé na liberdade e no progresso, a convicção de que, antes de tudo, convém caminhar de acordo com o poder que guia o munda pela harmonia e para a retidão.
A Maçonaria deixa livre a cada um dos seus membros adotar e seguir a religião de sua eleição, sem que os outros nada tenham a censurar-lhes.
O maçom deve ser fiel e serviçal entre todos os homens. Sejam eles critãos, budistas, muçulmanos, judeus, espíritas ou livres pensadores.
Àquele que é conduzido entre as colunas de seus templos, a maçonia diz: "Aqui ningém te interpelará pela tua crença, nem te injuriará".
Nossa Instituição coloca, em primeiro plano, a prática da tolerância ou da solidariedade, visando mais particularmente ou a glorificação do trabalho ou o culto da vontade ou da Justiça. O iniciado pode assim contemplar alternativamente diversas fases do ideal a que aspira, aprendendo aos poucos, que deve procurar mais longe, e mais alto ainda, a plenitude da vida superior que deseja atingir subindo a escala das Iniciações Maçonicas.
Diz-se que a Maçonaria não deve pronunciar-se entre as filosofias, nem entre as Religiões. É exato. Entretanto, ela não pode se desinteressar das conclusões gerais que comportam o movimento do espírito. Ficando inteiramente alheia às disputas das Escolas e das Seitas. Deve, se quiser, execer influência moral sobre seus adeptos, orientá-los no domínio do intelectual para um fim conforme as necessidades e as aspirações de seu tempo.
A Maçonaria, sempre ávida pela verdade, sempre pronta a aceitar as mais ousadas descobertas das ciências, não impondo limite ao livre exame, ela fica, na esfera do dever, profundamente idealista e soberanamente intransigente. Nisso reside a doutrina de que se pode prevalecer, sem faltar a seus princípios de tolerância e de universalidade.
Enquanto muitos se apegam ao que julgam ser a verdade conquistada, o Maçom persistem em prosseguir certo de que ela existe em alguma parte e que está prestes a ser acolhida de onde quer que venha.
A Maçonaria tem seus objetivos em comum com a religão porque o objetivo de ambas é a verdade, no sentido mais alto da palavra, isto é, enquanto Deus, e somente Deus, é a verdade.
A verdade é o todo é o absoluto a este é Deus. Como todo, só e pensável e atingível pela mente humana.
A Maçonaria não é adversária da religião, mas antes, é a sua melhor cooperadora. Porém, condena o fanatismo, a obsessão religiosa, a corlice. Não tolera a hipocrisia.
Resumindo, o principal dever do maçom em matéria de religião é o da prática da tolerância absoluta em relação às crenças alheias, no elevado intuito de, a despeito dos seus antagonismos, aproximar todos os homens de boa vontade, sob a bandeira da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

Ir.'. Valdemar Sansão
A.'.R.'.L.'.S.'. Arnaldo Alexandre Pereira
Membro da Academia Brasileira Maçonica de Ciências, Artes e Letras
texto extraído do Boletim Informativo das Lojas
4ª Região
 Maçonica - GLESP n° 2

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A UNIVERSALIDADE DA CABALA...



Por tradição a CABALA é considerada " a chave de todos os símbolos da religião universal", trata-se de uma interpretação metafísica e científica do ato da Criação especialmente baseada nas afirmativas contidas nos primeiros capítulos do Gênesis.Relaciona-se com a ontologia ou natureza do ser, a cosmologia, a origem do universo, a teologia, natureza de Deus e a antropologia, a relação do ser humano para com Deus e o mundo. A CABALA apresenta-se sob um sistema de números e de letras do alfabeto hebraico.
O termo CABALA é utilizado em hebraico para representar "aquilo que é recebido" ou "passado de mão em mão". A palavra tem origem no grego e significa "cavalo de  carga", ou seja, "o veículo espiritual que carrega o conhecimento antigo". Por antigo entenda-se aqui a herança da TRADIÇÃO PRIMORDIAL que recua a milhões de anos na história da humanidade.Inclui o conceito de continentes desaparecidos, onde floresceram importantes civilizações, abrigando os "filhos do Céu"  e os "filhos dos filhos do Céu", como normalmente são citados.
O ato da Criação está representado na obra cabalística intitulada "Sepher Yezirah", traduzido como "Um livro sobre a Criação", ensaio metafísico datado dos séculos II e III. Tradicionalmente o "Sepher Yezirah" é atribuído a Abraão, avô de Jacob. Ele teria conservado por tradição  mantida secreta por várias gerações, o conhecimento humano originado há cerca de 200 mil anos na terra da Lemúria. Vale acrescentar que os "Atlantes", civilização que esteve no auge há 18 mil anos, são tidos como descendentes dos lemurianos. O "continente perdido da Atlântida", é citado por Platão(428-348 a. c.) em "Timeu e Crítias", e por Francis Bacon(1561-1626), em "The New Atlantis".
No "Zohar" ou "Livro do Esplendor", uma coletânea cabalística de origem mais recente (Século XIII), o ato da criação é assim descrito: "Deus ao fazer o homem  e cobri-lo de grande honra, encarregou-o de juntar-se a ELE, de forma a que fossem unos, com um só coração, unido ao Único pelo laço da fé de propósito idêntico, que congrega a todos. Mais tarde, o homem abandonou a estrada da fé e deixou para trás a árvore especial que sobressai às demais , e  uniu-se ao lugar que está constantemente mudando de uma cor para outra, do bem para o mal, e desceram do alto para a incerteza desse mundo e desertaram o Único Supremo e Imutável..."Ainda no "Zohar", destaca-se a importante figura da "árvore da vida", nela a Criação encontra-se expressa através de emanações divinas chamadas de "Os dez Sephirot". Os três primeiros "Sephirot" (a primeira trindade), são conhecidos respectivamente por seus nomes em hebraico: "Kether"(Coroa), "Choknah"(Sabedoria) e "Binah(Compreensão);a segunda  trindade é constituída por "Chesed"(Misericórdia), "Geburah"(Fortaleza) e "Tipheret"(Beleza); a terceira trindade é "Netzach"(Vitória), "Hod"(Glória), e "Yesod"(Estabilidade), por fim situa-se "Malkuth"(Reino), o décimo "Sephirat".
                                                                             (*) Extraído da Revista Amorc Cultural.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O HOMEM E A LIBERDADE DO HOMEM...

A verdadeira Liberdade, num contexto maior, não é só a liberdade física nem a liberdade política, mas também aquela que constituiu o ideal da Revolução Francesa e se tornou o dístico da Bandeira dos Inconfidentes, cujo movimento buscava ainda a Liberdade de pensamento...
Porque habituados com as regras do encarceramento, mesmo na sociedade livre, e ainda que aprendam a obedecer sem as ameaças do chicote, os escravos permanecem escravos, porque na escravidão eles já estavam acostumados com ela e não se rebelavam contra a restrição em razão do seu arraigado espírito de servidão.
A verdadeira Liberdade, num contexto maior, não é só a liberdade física nem a liberdade política, mas também aquela que constituiu o ideal da Revolução Francesa e se tornou o dístico da Bandeira dos Inconfidentes, cujo movimento buscava ainda a Liberdade de pensamento, para que o Homem pudesse cultivar todas as suas potencialidades positivas de modo que sua personalidade pudesse se alicerçar e se projetar em todas as dimensões. Em países sufocados pelo fanatismo religioso, o destino das pessoas é pior do que a morte.
Enfim, é a que se confunde com um estado de consciência que vai desencadear nos aspectos culturais, sociais, religiosos e espirituais do povo, o seu bem maior depois da vida.

      
O estudo do tema sobre o Homem e a Liberdade sugere o repensamento do proceder humano, pois a exacerbação hoje em dia, do fanatismo, da tirania, da injustiça, da miséria e da violência, mostra como precisamos de homens cuja mensagem infatigável seja a defesa do direito à justiça e à eqüidade, do direito ao desenvolvimento e ao bem-estar, do direito à paz. Esta, a sublime missão de quem tem o dever de velar pela paz e harmonia entre os homens!


Liberdade! O que é a Liberdade? Ela é sentimento comum a todos os homens? Tem a mesma dimensão em todas as culturas? E nas ditaduras, o que ela significa para os oprimidos que nunca a tiveram? Qual seria o seu valor para quem já a teve e a perdeu pelo jugo dos tiranos? A Liberdade é somente do corpo ou é também do espírito? Para que o Homem seja efetivamente livre é preciso que ele esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural ou da própria consciência? Ou a Liberdade é algo maior, que leva o Homem que a perdeu a lutar por ela e até a morrer para reconquistá-la?

      
O homem livre é o que não deve satisfação a ninguém nem está sujeito a restrições da lei, ou é o que não está algemado, nem encarcerado, nem aterrorizado como o transgressor em face do iminente castigo? Ou ainda, é quando não está impedido de fazer aquilo que deseja porque não há lei que o constrange? Será que é livre o homem que não sofre coação, mas vive sem segurança e não consegue emprego para o seu sustento? Afinal, Liberdade é razão, inspiração ou direito, segundo o seu significado em filosofia, arte ou política. O amor a ela pode fazer os homens indomáveis e os povos invencíveis. Falando sobre a Liberdade política, o Presidente George Bush afirmou que o poderio da América está numa idéia vibrante, porém simples: Que o povo é capaz de grandes feitos quando se lhes dá liberdade.

      
Entre nós, a doutrina que a Escola Superior de Guerra divulga afirma a condição de liberdade plena do homem, grandeza inerente à dimensão de seu espírito. Foi exatamente essa doutrina que impediu o Brasil de incorrer no grande equívoco marxista-leninista, dramático pesadelo do qual recentemente despertou o leste europeu aturdido e envergonhado. E a principal conclusão desse episódio turbulento é que não há força capaz de segurar a ânsia de liberdade individual do ser humano, nem de liberdade coletiva dos povos e nações.

       
A resposta a essas indagações induz à busca do significado da palavra Liberdade, para então se estabelecer o seu verdadeiro conceito segundo os valores da cultura ocidental, e examinar alguns fenômenos relacionados com a capacidade dos homens de serem livres.

      
Um deles traz a idéia de que a Liberdade é a soberania do homem sobre si mesmo, podendo agir livremente fazendo o que a lei não veda e a moral e os bons costumes não condenam, de modo a não ultrapassar a linha que divide esses direitos dos direitos de outrem. A cegueira dos radicais e dos fanáticos impede-os de conhecerem essas divisas.

      
Castro Alves, ao cantar a Liberdade, disse que “A praça é do povo, como o céu é do condor”. E a ONU ao se referir à Liberdade na Declaração dos Direitos dos Povos, proclamou que “os povos não são propriedade de ninguém”. Assim, a Liberdade tal como é conhecida na América, é o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.

      
Mas a liberdade não é só a do corpo, bem diferente da do espírito, pois só avaliamos a liberdade do corpo quando a perdemos; e a do espírito, somente quando a conquistamos.

      
Enfim, a Liberdade parece ser um sentimento que não se sabe de onde veio nem como defini-lo, pois apenas pode ser demonstrado. Nesse plano de idéias, vale a observação de Victor Hugo, de que a Liberdade tem as suas raízes no coração do povo, como as tem a árvore no coração da terra; e como a árvore, estende os seus ramos pelo espaço, desenvolve-se sem cessar e cobre as gerações com a sua sombra benfazeja.

      
Para alguns, a Liberdade consiste em se fazer apenas o que devemos e não, tudo o que queremos. Ela é como a saúde, que só quando nos falta é que lhe damos o justo valor. Outros acham que as grades de uma prisão constituem a linha divisória entre a liberdade e a servidão, pura e simplesmente, sem qualquer outra conotação. Mas há outros que mesmo sem liberdade aceitam as condições da sociedade em que vivem, pois não mais se incomodam com os guardas, se conformam com as restrições impostas e levam uma segura e até normal existência dentro das normas gerais de seu encarceramento.

      
Sem dúvida que homens assim não adquirem a liberdade pelo simples livramento. Normalmente, fora da “prisão” se tornam desajustados porque perderam o referencial do regulamento prisional a cuja observância já estavam habituados.

      
Daí, o entendimento de que não se liberta um escravo apenas com uma carta de alforria, porque acostumado a obedecer e a servir, ele agirá durante muitos anos ou talvez por toda a vida, como se ainda fosse escravo. É o caso dos cidadãos que nasceram e viveram sob o jugo dos seus tiranos governantes sem conhecer a Liberdade!

      
A libertação dos negros é mais retórica do que real, pois a cultura escravista ainda hoje não sabe conviver com liberdade, pois os escravos só conheceram a coerção.

      
Assim, a Lei Áurea ainda é uma ilusão para a população negra do Brasil, que vive em sua maioria em condições de pobreza igual ou pior à que ostentavam há um século, que continua sem educação, sem teto, sem alimentação, e que fornece 80% ou mais da população penitenciária ou das vítimas da repressão policial.

      
Aspectos da Liberdade – psicossociais, políticos e econômicos:

      
- No nível do sentir: liberdade de crença, liberdade de expressão, liberdade individual;

      
- no nível do pensar: liberdade de opinião;

      
- no nível do agir: livre iniciativa.
A liberdade de pensamento e também a de manifestação da opinião pessoal, é um dos pilares do sistema democrático, visto seu papel insubstituível na formação de opinião pública e na construção de convicções individuais.

      
Enfim, a liberdade pressupõe a capacidade do agente para praticar a coisa que tem vontade, pelo modo como tem vontade e quando tem a possibilidade disso.

      
É certo que esta Liberdade se dirige no sentido de não se tolher o homem de fazer o que a sua vontade e a sua consciência liberta determinam, mas o seu conceito não se resolve apenas com a simples negação de restrições externas.

      
Liberdade que significa ausência de qualquer obediência, qualquer limitação e de qualquer governo, será a anarquia total, o pisoteio do mais forte sobre o mais fraco, o abuso do poderoso sobre o humilde, a vitória da desordem sobre o equilíbrio.

      
Sobre a Liberdade, disse Clóvis Bevilacqua: “Creio na Liberdade, porque a marcha da civilização, do ponto de vista jurídico-político, se exprime por sucessivas emancipações do indivíduo, das classes, dos povos e da inteligência, demonstrando ser ela altíssimo ideal, pois somos impelidos por uma força imanente nos agrupamentos humanos, consistente na aspiração do melhor que a coletividade obtém estimulando energias psíquicas do indivíduo. Mas a Liberdade há de ser disciplinada pelo Direito para não perturbar a paz social”.

      
Sobre o tema, vários pensadores já disseram que a Liberdade foi sempre o fundamento e a meta de toda a organização política e social da América, pois é a mais nobre característica da civilização americana como o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.

      
Sendo assim, a Liberdade individual é área em que o Estado jamais poderá penetrar, nem pelo brilho do ouro, nem pela força das armas, pois se trata de fortaleza intransponível da convicção do homem livre de que ela é o mais precioso dom da natureza inteligente.

      
As algemas e as grades de uma prisão podem contribuir para a incapacidade de ir e vir, mas não são suficientes para descrever ou explicar o fenômeno da liberdade do indivíduo livre delas.

      
Enfim, homem livre é aquele com capacidade de agir e de fazer outros agirem.
O anseio de liberdade leva os cidadãos de um país a tomarem das armas em rebelião, cujas ações visam o direito de resistir ao uso ilegítimo do poder.

      
Tem-se a impressão de que a verdadeiraLiberdade, num sentido figurado, não é somente tirar do Homem as “algemas” da vida e dizer-lhe que está totalmente livre doravante.

      
Parece que para se ser efetivamente livre é preciso que o Homem queira ser livre e esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural, ou da consciência, já que a liberdade do indivíduo não se destrói pela coerção, nem a restrição em si mesma torna uma sociedade tolhida de liberdade. Assim, um paciente acometido de neurose de coação pode ser mais livre no asilo do que fora dele, daí a noção de que a liberdade não é mensurável pela severidade ou frouxidão do regulamento, mas sim pelos seus objetivos.

      
Homem livre é o que quer ser livre, luta por isso e não fica esperando favores de outrem para sobreviver, segundo as regras do convívio social do meio em que está inserido.

      
Enfim, a Liberdade e o direito de ser livre não podem ser figuras de retórica, mas um estado social no qual o Homem mesmo amordaçado ou distante, permanece fiel ao que ele mais acredita e no pleno juízo de sua consciência, de forma integral, física, moral, cultural e espiritual.

      
De qualquer forma, qualquer que seja sua definição, a Liberdade não é uma condição simples, pois ela depende da ordem social, das crenças dos homens acerca de si mesmos e de seu lugar no universo. Sobre o extremismo cerceador da liberdade, já foi dito que existem destinos piores do que a morte em países sufocados pelo fanatismo religioso.

      
Segundo Thomas Hobbes, homem livre é “aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade no que se refere às coisas que pode fazer por sua força e capacidade”, estando nesse conceito a conjugação da vontade do homem, com a ausência de qualquer constrangimento que o impossibilite de realizar essa vontade.

      
Para o entendimento do que seja Liberdade, necessário se torna saber em que medida as circunstâncias da ação humana caracterizam efetivamente um constrangimento que impeça o homem de fazer o que tem vontade. Se a ação for restritiva, não é possível a liberdade.

      
De dois tipos são os constrangimentos a que o homem está sujeito: o constrangimento físico e o constrangimento moral ou psicológico. O constrangimento físico impede o homem de ir e vir. Já o constrangimento moral é passível de superação por um esforço da vontade.

      
Uma outra concepção de liberdade se traduz pela capacidade de autodeterminação, intrínseca ao homem e que persiste ainda que em condições adversas.

      
A idéia de liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo. E não depende das circunstâncias, mas só das qualidades morais do indivíduo.

      
A verdadeira liberdade decorre de um condicionamento da vontade que só poderia se inclinar para o que fosse bom e justo. Daí, a idéia de que a liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo, que se compele a reprimir os impulsos oriundos de desejos que não se coadunem com uma determinada norma de ação, aceita como valor maior em favor daqueles que, estando em conformidade com a moral e a razão, seriam os credenciados como contributos da vontade.

      Mas a Liberdade sonhada pode ser como a descrita no artigo final do Os Estatutos do Homem, de Thiago de Mello: “...A partir deste instante a Liberdadeserá algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, ou como a semente do trigo,e a sua morada será sempre o coração do homem”.
Ir.`. Juvenal Antunes Pereira

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A FUNÇÂO MÍSTICA DA MÚSICA...


Historicamente muito se tem questionado sobre o papel da arte  na vida humana e nas sociedades.
Aceita-se hoje que uma das civilizações mais antigas foi a dos Sumérios, ocupando a região sul da Mesopotâmia na Ásia Central, há 6.000 anos aproximadamente. Povo adiantado, a música vocal para eles era mais importante que a instrumental. A principal característica da música desses  povos da Mesopotâmia, em particular os Assírios, era a Escola Pentatônica baseada em cinco sons.
Sabe-se pela narrativa histórica , que os hebreus por terem sido Nômades, não deixaram documentos que confirmassem seu  passado musical.  Os maiores indicadores desse passado são os Salmos e o Velho Testamento Bíblico, que nos transmitem o conhecimento musical do povo hebreu.  A música e a dança faziam parte das cerimônias religiosas e, acredita-se que os israelitas foram os primeiros a fabricar instrumentos de sopro com metais; encontraremos melhores esclarecimentos na Bíblia e no Torá.
Os egípcios também cultivaram a música sendo que qualquer pesquisa bibliográfica  comprovará a inter-relação cultural desses povos, que se influenciavam mutuamente. Os chineses e gregos, igualmente, como a velha Roma. O advento do Cristianismo mudou o rumo da história da Humanidade, iniciando-se exatamente aí uma grande mudança na música.
Antes a música era ritmada e alegre, mesmo nas cerimônias religiosas. Devido a fatores endógenos e exógenos a música cristã nasceu nostálgica, solene e depressiva. A parte instrumental foi sumariamente retirada, principalmente a percussão, e a música passou a ser eminentemente vocal, Cantos Gregorianos, como são conhecidos hoje. O final da Idade Média,  em termos musicais, é caraterizada pela derrubada da linearidade do Canto Gregoriano e da modesta polifonia cristã, frente  à evolução da música profana, vocal e instrumental.
A  música no estilo Barroco em fins do século XVI até meados do século XVIII, subverte o contexto geral, tendo como um dos componentes Johann Sebastian Bach(1685-1750); com seu virtuosismo Bach recorre a polifonia numa época harmonicamente solidificada pela ópera.A partir daí com instrumentos bem desenvolvidos, um método de escrita estável e um sistema harmônico universalizado, a música, passou a contar com gênios como: Ludwig Van Beethoven (1770-1827) e Wolfgang Amadeus Mozart(1756-1791).
Foi um período onde os compositores se preocupavam, acima de tudo, com uma perfeição puramente estética, ignorando, praticamente, quase todas as limitações da realidade histórica. Desnecessário é gastar muitas palavras a respeito do Classicismo, porque ele existiu para ser ouvido e não descrito. No entanto, Sociedades Secretas como a Maçonaria, ao encomendar a Ópera  "A Flauta Mágica" a Mozart, tiveram grande influência nesse despertar musical.
Com o século XX a ambiguidade marcou profundamente esse panorama musical, rompendo com a música européia que imperou até o século passado. No final do século XIX alguns compositores do velho Mundo já estavam quase "virando a mesa". Foi o caso de Claude Debussy(1862-1918), maçom e rosacruz, com o impressionismo e atonalismo. Arnold Schoenberg(1874-1951), um libertador da rigidez composicional  que sempre existiu na música erudita, e criou o termo atonismo supracitado.
Em fins do século passado e começo deste, na musica norte-americana brotava o Jazz e mais duas vertentes significativas: O Ragtime e o Blues. O Rock é tido como filho bastardo do Jazz, ou para outros a evolução natural do Blues. Em 1967 o Rock é intelectualizado  e absorvido pela sociedade, surgindo então a música eletrônica(Rock Progressivo).
No Brasil, da música dos índios a Vila-Lobos, da MPB - Música Popular Brasileira - à Tropicália, vários momentos históricos se fizeram influenciar e exaltar nosso povo.Com essa viagem panorâmica ao mundo da Música, podemos mostrar, de forma clara, que a música é Produto Social e Fator Social(endógeno e exógeno).Cabe-nos o papel de reverenciar essa "expressão da alma humana", buscando o entendimento com nossos irmãos, em toda a face da Terra.
Afinal, a música é a única linguagem universal que dispomos para nos entender!
                                            Colaboração de Jander Temístocles, F.R.C.
  
  

O ENCICLOPEDISTA VOLTAIRE...

Por demonstrar suas virtudes cardeais (Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança), Voltaire foi convidado a ingressar na Maçonaria...
"Não concordo com nenhuma de tuas palavras, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las”.Voltaire  
Enciclopédia é o conhecimento universalizado. É uma obra, geralmente, em forma de dicionário, que trata de todos os assuntos de ciência, arte ou, se especializada, de todos os assuntos de determinado setor científico ou artístico. Na enciclopédia se expõe, metodicamente, o conjunto dos conhecimentos universais ou específicos de um campo do saber, agrupados em temas ou dispostos em ordem alfabética.
A famosa Enciclopédia Francesa do Século XVIII (que é considerada a primeira), iniciou-se em 1751, quando saíram a lume seus dois primeiros volumes, e foi ultimada em 1780, perfazendo 35 volumes. Foi um quadro geral dos esforços do intelecto humano em todos os gêneros e em todos os séculos. O enciclopedismo veio combater as idéias pagãs do direito divino dos reis, que justificavam o absolutismo dos tronos; em conseqüência disso surgiu a Revolução Francesa, rasgo grandioso de heroísmo humano. O modo como a Enciclopédia e os Iluministas desenvolveram as idéias às quais a Revolução Francesa dada conseqüência prática, configurou a passagem da postura filosófica à postura política, patenteando a negação do direito divino da Igreja ao monopólio da verdade, e, conseqüentemente, o direito divino dos governantes ao monopólio do poder. Os primeiros volumes foram proibidos, como ofensivos ao rei e à religião; os jesuítas tentaram continuar a obra, porém não conseguiram, retornando aos enciclopedistas.
A publicação permitiu que as novas idéias difundissem-se, não só na Europa, mas em toda a América, cuja influência, também, se exerceu no Brasil, e, a Inconfidência Mineira (1789) é um grande exemplo. É tida como obra capital do Iluminismo do Século das Luzes, como ficou conhecido na História o Século XVIII, radiosa época em que o dogma religioso inquestionável foi eclipsado pela crença na razão e na perfectibilidade humanas.
Diderot foi o idealizador da Enciclopédia (Encyclopédie ou Dictionnaire Raísonné des Sciences, des Arts et des Métiers), que reuniu 150 colaboradores, que passaram a ser chamados de "enciclopedistas", dentre eles D'Alembert, Rousseau, Montesquieu, Turgot e Voltaire. É de Voltaire que vamos falar.
Poeta, dramaturgo, historiador, epistológrafo e prosador francês, Voltaire cultivou todos os gêneros: a tragédia, a história, o conto, a crítica, a epopéia e sobretudo a filosofia. A sua influência literária e social foi enorme tornando-o escritor francês por excelência, claro, límpido, preciso, espirituoso e elegante. Sua obras tornaram-se clássicas, como Brutus, Epístola a Urânio, História de Carlos XII, 0 Templo do Gosto, Cartas Filosóficas e outras. Mas é Cândido, publicada em 1758, sua obra mais famosa, um conto filosófico onde atacou as opiniões otimistas de sua época, que consideravam o homem como uma criatura que havia alcançado a felicidade e a liberdade. Não obstante, o maior meio de propagação das idéias de Voltaire foi sua extensa correspondência: mais de dez mil cartas, que são, até hoje, leitura fascinante, que, infelizmente, nunca foi inteiramente ou corretamente editada.
A vida de Voltaire é a história dos avanços que as artes devem ao gênio, de poder exercer sobre as opiniões de seu Século, da longa guerra contra os preconceitos, declarada já em sua juventude e mantida até seus últimos momentos.
Voltaire nasceu em Paris a 21 de Novembro de 1694, filho de François Arouet, um parisiense notário abastado, e de uma dama de nobre estirpe, Marie Marguerite Daumart. Fez seus primeiros estudos com os jesuítas no Colégio de Clermont, onde se revelou um aluno brilhante, porém, levando a seguir uma juventude dissoluta. Iniciou o curso de direito, mas não terminou. Freqüentou a Societé du Temple, de libertinos e livres pensadores. Voltaire, cujo verdadeiro nome era François-Marie Arouet, foi uma das figuras mais evidentes das letras francesas no Século XVIII, e que tomou parte preponderante no enciclopedismo. Em virtude do seu temperamento e idéias revolucionárias, em 16 de Abril de 1717, foi preso na Bastilha pela autoria suposta de um panfleto contra Luís XIV. Na prisão, aproveita o tempo para escrever a sua primeira tragédia, 0 Édipo, cujo sucesso, abre-lhe a entrada aos meios intelectuais, compôs uma grande parte de um poema épico (Henriada), de que é herói Henrique IV, rei de França, e mudou, por algum motivo ignorado, o nome para "Voltaire" (provavelmente anagrama de Arouet leu jeune, segundo Thomas CarIyIe (1795-1881). Parece, entretanto, que o nome existiu na família de sua mãe.
Foi Voltaire quem introduziu na França a mecânica de Isaac Newton (1642-1727) e a psicologia de John Locke (1632-1704), dando começo à Era da Luz. Na França do Século XVIII, onde os intelectuais se achavam em rebelião contra um despotismo antiquado, corrupto e impotente, a Inglaterra era considerada como a pátria da liberdade, sendo que eles se achavam predispostos a favor do filósofo inglês Locke, face às suas doutrinas políticas. Na verdade, a filosofia, no Século XVIII, estava dominada pelos empiristas britânicos, dos quais Locke, Berkeley e Hume podem ser considerados os principais representantes. Às vésperas da Revolução Francesa, a influência de Locke, na França, foi reforçada pela de David Hume (1711-1776), um grande filósofo escocês, que vivera algum tempo na França e conhecia, pessoalmente, muitos de seus principais sábios e eruditos. Mas, o principal transmissor da influência inglesa à França, é creditado a Voltaire. E é de Voltaire o maior passo na conquista das liberdades individuais, que lutou contra toda limitação à liberdade de pensamento, reconhecendo a todos o direito de manifestar suas idéias. Espirituoso, dotado de invejável facilidade de escrever, e além disso, excepcionalmente culto, foi Voltaire o autor mais lido e festejado do seu tempo. Escarneceu com fervor a teoria do "Direito Divino", e, como considerasse a Igreja Católica um dos sustentáculos do regime vigente, atacou-a com audaciosa e desabrida irreverência. A repressão que Voltaire mais odiava era a da tirania organizada pela religião. Explodia a sua indignação contra a "monstruosa crueldade da Igreja", que torturava e queimava homens bons, honestos e inteligentes, por terem ousado duvidar dos seus dogmas. Combateu, implacavelmente, esse sistema de ortodoxia privilegiada e perseguição, adotando como lema - contra a Igreja Católica - "Écrasez L'infâme, ! " (Esmagara Infâmia !). "L"infâme" era a ortodoxia privilegiada e perseguidora, e foi contra ela a grande e verdadeiramente heróica luta de Voltaire. Obrigado a deixar a França, asilou-se em Londres, onde entrou em contato com teorias de vários filósofos de vanguarda da Inglaterra, principalmente Locke. Retoma à França empenhando-se na divulgação das idéias dos filósofos ingleses. Graças a seu estilo eminentemente vivo e atraente e à sua ironia, conseguiu criar, em inúmeros espíritos, um sentimento de profundo desprezo pelas instituições e crenças até então dominantes, tendo sido o mais violento destruidor da estrutura tradicional da Europa. Quisessem-no ou não os governantes, Voltaire, representava o espírito francês no que tinha de mais vivo e de mais ousado. Vinte e cinco anos antes da Tomada da Bastilha, Voltaire foi o profeta de uma revolução inevitável'. As mudanças vieram com algumas vias imprevistas da Revolução, que, infelizmente, ao radicalizar-se, afastou-se da moderação voltairiana. Teria, certamente, condenado as violências, adotadas pelo movimento, cujo preparo contribuiu como ninguém. Como Rousseau, Diderot e Montesquieu, ele trouxe a palavra revolução para a filosofia política. Foi admitido na Academia Francesa em 1746.
Por demonstrar suas virtudes cardeais (Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança), Voltaire foi convidado a ingressar na Maçonaria, e, sua passagem pela Sublime Ordem é tida como inusitada. Muitos contestam, quanto à validade da sua iniciação, face ao seu espírito, sistematicamente, céptico e da sua irreligiosidade arraigada. Odiava a Igreja Católica e todas as formas de intolerância. Não foi ateu, como muitos pensam, mas um deísta, embora alegando o argumento de que Deus, se não existisse, deveria ser inventado para refrear os mais instintos das massas do povo.
Já há algum tempo se esperava o seu ingresso na Arte Real, pois era em Lojas de Franco-Maçonaria onde as distinções de classes não importavam e a ideologia do Iluminismo era propagada com um desinteressado denodo. Os Maçons, que condenavam todo e qualquer dogmatismo eclesiástico, não obstante aceitar o Grande Arquiteto do Universo, encontravam franca correspondência nos filósofos. A doutrina moral dos Maçons estava completamente de acordo com os princípios das Luzes. A Liberdade, a Igualdade e em seguida a Fraternidade de todos os homens, slogans criados por Antoine-François Momoro (1756-1794), que os escrevia nos edifícios públicos, (mas que alguns creditam ao filósofo Louis-Claude Saint Martins 1743-1803), eram o brado no interior dos Templos. No devido tempo se tomaram os slogans da Revolução Francesa. A iniciação de Voltaire prendeu, por muito tempo, as atenções de todo o universo Maçônico.
No dia da sua iniciação, Voltaire beirava os 84 anos. Na cerimônia estavam presentes representantes da Imperatriz Catarina, da Rússia, e do Rei Frederico 11, Imperador da Prússia. Havia embaixadores de vários países, como Inglaterra, Itália, e o famoso Benjamim Franklin representando o Novo Mundo, que acompanhou Court de Gebelin, o proponente do candidato para a Loja Neuf Soeurs (Nove Irmãs), ao Oriente de Paris.
A Loja Neuf Soeurs, fundada em 9 de Julho de 1976, era célebre porque quase todos os grandes escritores do Século XVIII fizeram parte dela, como Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond D'Alembert. O ritual ocupava um lugar preponderante nas cerimônias, que eram longas, de uma sábia cronologia, lentas, entrecortadas de homilias morais com laivos de filosofia. Falava-se de tudo e as suas sessões se prolongavam até tarde da noite.
Era 7 de Abril de 1778. O Templo estava completamente tomado, com vários Irmãos de grande destaque nas ciências, letras, e na política, dentre os quais os príncipes Emmanel Salus e Camille Rohan, o sábio abade Tingue e o doutor Guillotin. O Venerável Mestre era o grande astrônomo Joseph Jerôme Lefrançois de Lalande (1732-1807). Nessa memorável noite, e com o mais seleto auditório de todos quantos até ali se haviam reunido numa Loja Maçônica de França, Voltaire, pelo braço dos seus proponentes, deu entrada no recinto sob uma chuva de frenéticos aplausos. Sentou-se numa grande cadeira de espaldar colocada no centro do Templo. Não lhe colocaram vendas nos olhos e nem, tampouco, o submeteram às provas físicas, que a cerimônia exigia. Foi levado em consideração a sua idade provecta de oitenta e quatro anos, apesar do candidato estar em pleno uso de todas as suas faculdades e, ainda, ágil em seus movimentos. A fama de Voltaire contribuiu para isso, e, todo o corpo Maçônico presente se encheu de orgulho.
O próprio Lalande recebeu Voltaire, que, muito emocionado, dissertou sobre a grande honra que estava tendo ao recebê-lo naquele Augusto Cenáculo, proferindo palavras sacramentais que consagravam o candidato não apenas como um Aprendiz da Arte Real, mas um verdadeiro Mestre na plenitude de todos os direitos Maçônicos, como já o era em todos os ramos do saber humano. Em seguida os embaixadores da Imperatriz Catarina e do Rei Frederico 11 fizeram suas manifestações de júbilo. O abade Cordier de Saint- fez um discurso brilhante: "Queridíssimo Irmão," ~ diz ele a Voltaire - "éreis Maçom antes mesmo de receberdes a característica, e, haveis preenchido os deveres antes de contrairdes sua obrigação entre nossas mãos! " Seguiram-se as de Laplace, Lamarck, e, por último, a de Diderot que falou em nome do espírito moderno da França e que era, afinal, o espírito da própria Enciclopédia.
Quando Voltaire se posicionou para usar da palavra fez-se silêncio absoluto! Falou de improviso durante duas horas. A torrente das suas palavras, vezes irônicas, outras proféticas, regurgitava como lavas de um vulcão visto de longe, mas sentido de perto pelo calor que transmitia e se desenvolvia na assistência, alertando as consciências e pondo as almas ao rubro. O discurso de Voltaire foi encarado como o mais completo laboratório de idéias inovadoras, e, como a Enciclopédia, minara a rocha do despotismo figurada pelo absolutismo do trono e pela tirania da Igreja. As frases mais candentes eram como setas ervadas que dando volta ao Templo saiam depois em busca dos grandes alvos. A cerimônia se transformou numa brilhante festa Maçônica, onde Voltaire, numa assombrosa velocidade, respondeu à todas as perguntas que lhe foram dirigidas, empolgando todos os presentes. A iniciação de Voltaire foi o morrão impiedoso que provocou a maior explosão da História da Humanidade.
O segredo da iniciação acabou transpirando e o trono estremecera ! Luiz XVI sentira que a presença dos representantes de Catarina e Frederico 11 fora um sintoma arrasador. Mas, quis o Grande Arquiteto do Universo , que cinqüenta e quatro dias da sua Iniciação, Voltaire morresse. O clero romano, através do cura de sua paróquia, recusou-lhe sepultura cristã; o governo proibiu a imprensa de publicar artigos sobre sua personalidade; os teatros foram proibidos de representar suas obras; e, a Academia não lhe concedeu as merecidas honras. Somente a Loja Neuf Soeurs, transtornada com a intransigência eclesiástica, celebrou uma manifestação pública em que lhe foram prestadas todas as honras fúnebres. Para prevenir qualquer ação da Igreja, seu corpo foi embalsamado e transferido, secretamente, para a abadia de Scellières, na Champanhe. Em 1791 suas cinzas foram transferidas, solenemente, para o Panteão.
Voltaire, a quem podia faltar um sistema de idéias ou uma doutrina política, mas não faltava o senso de justiça, bateu-se contra vários abusos judiciais que ficaram famosos. Não exerceu, somente, uma espécie de soberania literária, mas reinou, também, sobre a opinião pública de maneira quase absoluta, sendo procurado por todos os que sofriam com a intolerância, o fanatismo e as injustiças sociais. Aliás, acrescente-se, sua obra, em certo sentido, é menos importante literária ou ideologicamente do que do ponto de vista histórico; por ter escrito o que escreveu no momento em que o escreveu, por ter tido as suas idéias na época em que as teve, é que Voltaire, constitui um dos cimos do pensamento humano e uma das glórias mais indiscutíveis na história da inteligência. Como filósofo, foi o porta-voz dos Iluministas, em tomo dos quais se congregaram os adversários do Romantismo, e, como tal, se estendeu até o povo, porém, foi mais admirado do que conhecido. Acima de tudo, entretanto, ele foi um escritor, isto é, um homem cuja biografia é a história dos seus livros, e que fez da palavra escrita o instrumento por excelência da reforma social. Sua personalidade e talento como escritor deram-lhe uma influência penetrante em seu tempo, freqüentemente chamado "época de Voltaire". Voltaire foi o soberano intelectual do seu século e é uma das maiores personalidades da Humanidade ! No dia em que nos esquecermos de honrar Voltaire, não seremos mais dignos da liberdade...
... E Voltaire foi um Maçom
Ir.'. E. Figueiredo
ARLS Pentalpha Paulista - 208
Or.'. de São Paulo - SP

Pertence ao CERA T - Clube Epistolar Real Arco do Templo
 Integra o GEIA - Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas
Bibliografia:
     Alencar Renato - Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico
    Boucher, Jules - A Simbólica Maçônica
     Durant Will -A História da Filosofia
     Hobsbawm, Eric J. - A Era das Revoluções - 1789-1848
     Jacq, Christian - A Franco-Maçonaria
     Lima, Adelino Figueiredo - Nos Bastidores do Mistério...
     Maurois, André - 0 Pensamento Vivo de Voltaire
     Mellor, AJec - Dicionário da Franco-Maçonaria
     Russel, Bertrand - Filosofia Moderna
     Tourret, Fernand - Chaves da Franco-Maçonaria
     A Revolução Francesa - Edição lstoé Senhor
     Dicionário Enciclopédico Brasileiro - Editora Globo
     Enciclopédia Barsa
     Grande Enciclopédia Larousse Cultural - Nova Cultural
     Revista ASTRÉA n0 3 - Março de 1927

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O CARMA...

Toda ação fundamentada em energias do plano físico-etérico, do emocional ou do mental produz uma reação que retoma a quem a gerou
Conjunto de efeitos positivos, negativos ou neutros gerados por uma partícula ao interagir com o universo que a rodeia.
Há carma em diferentes âmbitos: na interação do ser com a vida planetária, é resultado da lei da ação e reação (também denominada lei do carma material); na interação do ser com a vida do sistema solar, é parte da lei evolutiva superior; na interação do ser com a vida cósmica, é expressão da lei do equilíbrio.
Toda ação fundamentada em energias do plano físico-etérico, do emocional ou do mental produz uma reação que retoma a quem a gerou; chamam-se débitos cármicos os efeitos negativos, e créditos cármicos, os efeitos positivos assim produzidos; quando a ação nesses planos é desencadeada por energias superiores tem, do ponto de vista do carma, valor neutro.
Em linguagem bíblica, essa lei é descrita na frase: "O homem colhe o que semeia".
É a partir do carma básico, preexistente ao nascimento físico, que o ser humano vai construindo a trama da própria vida
O ser humano está sempre criando carma e transformando-o segundo suas atitudes, desejos e aspirações.
O trabalho de equilibrar o carma é, por conseguinte, algo a ser feito durante toda a sua vida sobre a Terra; para isso, o carma básico deve ser, em princípio, aceito - só depois dessa aceitação é possível transformá-lo inteligentemente.
Costuma-se empregar a palavra destino para traduzir o termo carma, que provém do sânscrito (karma); contudo, esse não é seu significado real.
O carma resulta dos mecanismos de estímulo-resposta, de ação-reação e, portanto também da interação do homem com impulsos emanados de fontes imateriais.
De um ponto de vista estrito, apenas deixa de existir quando a consciência se une à Fonte única de vida, quando já não há separação entre transmissor e receptor, nem diferença entre Criador e criatura.
Referência para leitura: A CRIAÇAO (Nos Caminhos da Energia), do mesmo autor, Editora Pensamento.
LEI DO CARMA
Seu propósito é o restabelecimento da ordem e da harmonia. Tem como campo de atuação básico os três subníveis mais densos do nível físico cósmico (o mental, o emocional e o etérico-fisico), mas estende-se a outros patamares.
O aspecto material da lei do carma e o mais conhecido da civilização da superfície da Terra; rege a existência do homem comum, cujas ações provocam, no universo, reações contrárias de igual intensidade.
Foi instaurado no planeta quando a humanidade optou pelo livre-arbítrio. Enquanto os laços que o homem mantém com o mundo concreto forem fortes o suficiente para determinar o curso de sua vida, essa lei estará predominando em seus aspectos materiais.
A lei do carma apresenta-se, em níveis mais elevados, como lei evolutiva superior e como lei do equilíbrio. Para um planeta deixar de ser regido pela lei do carma material, é preciso que certa parcela da sua humanidade tenha a mônada desperta para a evolução imaterial.
O carma material provê condução externa segura, necessária fase em que a mônada ainda não despertou. À medida que o ser humano evolui, vai deixando de ver a lei do carma como mera forma de compensação dos erros cometidos no passado, para reconhecer sua utilidade na consumação da meta cósmica da vida.
Começa a percebê-la e muitos níveis do universo e passa a viver inteligentemente em consonância com ela.
De vítima do destino, converte-se em colaborador efetivo do Plano Evolutivo. Ao atingir a Primeira Iniciação, compartilha da energia dos grupos internos e, a partir da Terceira, desidentifica-se das formas concretas.
Assim, no período entre essas duas Iniciações, a Primeira e a Terceira, sua consciência vai-se expandindo, modificando o seu relacionamento com a lei do carma.
Todas as partículas que evoluem no universo físico cósmico estão sob a regência dessa lei, em um ou em outro dos seus aspectos. A consciência humana se focalizada no mundo concreto, ao relacionar-se com ele cria situações a serem equilibradas por outras, de caráter oposto. Se prevalecer a inércia, um dos atributos da matéria, a lei do carma restringe-lhe o acesso aos planos suprafísicos, onde os ritmos são mais dinâmicos e os fogos, mais potentes. Todavia, se a chama interior se elevar e erguer consigo a consciência, a lei do carma abre caminho e revela ao ser portais de mundos superiores.
Às vezes, parte dos débitos cármicos de um indivíduo, de um grupo ou de núcleos maiores pode ficar temporariamente arquivada, aguardando o momento adequado para emergir e ser saldada, ou pode ser redimensionada, conforme o desenvolvimento interior adquirido. A permanência no círculo material impede o indivíduo de desvencilhar-se da roda de encarnações e ingressar em universos mais abrangentes.
Envolvido pelo jogo das forças do destino por ele mesmo traçado, durante muitos ciclos segue padrões vibratórios limitados. Porém, quando seus núcleos internos despertam e atraem a consciência externa, principia a superação do livre-arbítrio, requisito para o homem transcender a lei do carma material. Essa transcendência foi conseguida em todos os tempos por seres que puderam elevar-se do nível em que se encontra a maioria e ingressar na senda das Iniciações.
Com a incorporação de novo código genético na parcela resgatável da humanidade da superfície, o homem está sendo auxiliado a trasladar-se à lei evolutiva superior e à lei do equilíbrio, pois esse novo código genético não se vincula ao carma material e tampouco transmite características hereditárias. Isso representa mudança considerável, pois, em vez de encarnar para equilibrar débitos passados ou para realizar experiências, o fará para cumprir o Plano Evolutivo. Assim, de humana e terrestre, sua vida passará a ser criativa e cósmica.
LEI DO EQUILÍBRIO
Ensinamentos sobre a lei do equilíbrio foram transmitidos à humanidade nas distintas etapas da sua evolução. Até agora, maior ênfase precisava ser colocada em seu aspecto mais concreto, a lei do carma material, pois era uma das diretrizes primordiais da vida na superfície da Terra.
Porém, na etapa que se inicia no planeta, a humanidade deve absorver outras facetas dessa lei. Embora a lei do carma material esteja sendo superada na Terra, as partículas do universo manifestado interagem continuamente e essa troca de influências requer condução; assim, a lei do equilíbrio prosseguirá atuante no próximo ciclo planetário, então sob as vestes da lei evolutiva superior.
A lei do carma material é Interativa, interliga o ser e o universo do qual ele é parte; além disso, é retributiva, pois o ser recebe o retomo de todas as suas ações no mesmo nível em que ocorreram, a fim de que o equilíbrio indivíduo-universo seja mantido. Já a lei evolutiva superior não é retributiva; os que por ela são regidos estão aptos a seguir diligentemente o propósito divino.
Por fundamentar-se na realidade do nível monádico - daí entrar em vigor quando a mônada está desperta - essa lei é essencialmente dinâmica. A lei do carma poderia ser representada por um círculo traçado em um plano horizontal (que é o plano da ação). A ação parte do indivíduo percorre o universo, é processada e retoma ao indivíduo.
A lei evolutiva superior, por sua vez, pode ser simbolizada pela espiral. Nesse caso, há movimento progressivo, que percorre o traçado da evolução. A lei do carma material e a lei evolutiva superior são expressões de uma única e mesma lei cósmica: a lei do equilíbrio. Ela rege a existência inteira. Está no pulsar de cada átomo, expressa-se de diferentes modos, em diversos âmbitos, mas sempre levando os seres à realização.
Não existe, no mundo manifestado, equilíbrio perene e estático, mas sucessão dinâmica de equilíbrios ocasionais. Sob os parâmetros dessa lei, a cada patamar de estabilidade alcançado, a matéria toma-se apta a receber impulsos provenientes de esferas mais sutis. Acolhendo-os, novo ponto de equilíbrio é atingido.
Extraído do Livro Glossário Esotérico de Trigueirinho