quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O ILUMINISMO E A MAÇONARIA...

As idéias prevalentes e obsoletas da Idade Média, conhecida como “A Noite dos Dez Séculos”, levaram no início do Século XVII o surgimento na Europa de um movimento renovador de toda cultura da época, como reação ao considerado atraso de quase todo conhecimento então existente. Essa plêiade de novos pensadores espalhada por quase todo continente europeu, voltava-se contra o tradicionalismo que viera da então Era Medieval e grilhões do absolutismo da realeza, como também os benefícios que eram outorgados aos membros do clero e nobreza. Os freios para evolução da inteligência precisavam ser arredados, por que o Homem deveria pensar e governar-se pela Razão; livrar-se das restrições impostas pela Inquisição e buscar seu próprio destino livre de opressão. Poderia acreditar naquilo que sua inteligência explicasse independentemente de religiosidade ou mesmo fé. Teria liberdade de desacreditar naquilo que lhe foi imposto outrora, ou, simplesmente, questioná-lo. A Razão seria a bússola de sua vida, substituindo toda crença religiosa para abrir caminho a uma Nova Era de intelectualidade, gerando progresso material e moral, em oposição aos mesquinhos tempos da Idade Média. Toda essa evolução filosófica, científica, artística, moral e religiosa, tomou o nome de Iluminismo, ou, “Século das Luzes”, como contestação “A Noite dos Dez Séculos” ( 476-1476 ), face a pobreza cultural daqueles tristonhos tempos. Iluminismo, porque concedia luz à escuridão, marca do atraso de mentalidade da Idade Média. A doutrina iluminista preconizava que o Homem nasce puro, com bondade, e é a própria sociedade que o corrompe. Se houver Justiça Social, pouca desigualdade na comunidade, econômica, moral e de costumes, a paz virá, como consequência, e a felicidade aflorará para o bem de todos. A liberdade seria exercida com responsabilidade para o bem comum. Eram, em linhas gerais, os postulados do Iluminismo. Filósofos, políticos e cientistas, integravam esse cenário, surgindo, daí, várias correntes ou vertentes dessa política social que se instalou, em última análise, em nome da liberdade de pensar, com o propósito de progresso cultural e de espírito. Aliás, esses ideais de avanço cultural já vinham sendo desenvolvidos desde a Renascença que mais tarde também contribuiu para deflagrar a Revolução Francesa de 1789. O filósofo René Descartes prestou significativa contribuição a esse empreendimento intelectual, com seu adágio – cogito ergo sum – (penso, logo existo), pensamento puramente racionalista. Outras importantes figuras intelectuais do Século XVII foram iluministas, como Galileu Galilei, Francis Bacon, Thomas Hobbes, René Descartes, Baruch Spinoza, John Locke, Isaac Newton, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Kant, Adam Smith e tantos outros do mesmo quilate. Esse movimento, entretanto, começou a perder força, mais ou menos, no começo do Século XIX, com o advento de novas doutrinas e ao tempo das guerras napoleônicas 1804-1815. Embora uma parte dos iluministas pregasse o ateísmo, a maioria acreditava na existência de um Ser Supremo do Universo, princípio admitido pela Maçonaria que foi muito influenciada por essa elite erudita. A religião poderia ser cultivada por cada um, sendo mera faculdade, e, sendo aceita, como efeito, a vida espiritual continuaria após a morte do corpo físico. Era o que a maioria entendia do aspecto divino. E foi nesse ambiente de sabedoria que começou a surgir a Franco-Maçonaria no começo do Século XVII, cujos maçons vieram das fileiras do Iluminismo trazendo doutrinas daquele momento histórico para oxigenar a Maçonaria Tradicional ou Simbólica, as chamadas Lojas Azuis. Registra a História que as dificuldades da Ordem Operativa em meados do Século XVII, em especial na Inglaterra, ensejaram sérias consequências para as guildas, chegando à decadência ou mesmo à extinção. Como medida de sobrevivência, o sistema maçônico daqueles tempos passou a recrutar membros da intelectualidade, nobreza e de posses econômicas, sem que antes tivessem integrado o artesanato, ou seja, a maçonaria primitiva. Consolidou-se, assim, no Século XVIII (1717-1724), a Franco-Maçonaria composta por cérebros que não faziam parte da Instituição do Artesanato, porém eram dotados de requisitos morais, intelectuais e econômicos, sendo aceitos pelos IIr. operativos que simbolizavam o passado maçônico. Esses IIr. foram chamados de “aceitos”, que mais tarde o REAA acolheu essa nomenclatura. Estabeleceu-se, entretanto, que seria a mesma maçonaria, apenas com departamentos próprios, mas com a mesma substância, como sendo frente e verso de uma mesma moeda. Estava, pois, implantado o departamento especulativo ao lado do outro operativo. Mas a unidade da Ordem foi preservada em todos os sentidos. Pois bem, com o ingresso desse IIr.’. “aceitos”, oriundos em grande parte do Iluminismo, a influência era mesmo de se esperar na Instituição, especialmente no âmbito especulativo, geomântico ou ainda teórico. Não demorou muito e nasceram os Altos Graus, de 4 a 33 no REAA, sendo que para alguns especialistas o Grau 3 (Mestre-Maçonaria Azul ) foi criado em 1725, pouco depois da Constituição do Bispo Anglicano James Anderson de 17 de janeiro de 1723. Os Landmarks, por sua vez, foram estudados, classificados e ordenados por diversos estudiosos maçônicos, até que em meados do Século XIX, Albert Galletin Mackey – 1807-1881, compilou-os, formando uma Super-Constituição Maçônica Universal, no nosso modesto entendimento. É, sem dúvida, a codificação mais aceita pelas diversas Obediências com os 25 princípios imutáveis e inalteráveis. A influência do Iluminismo na Maçonaria é evidente, principalmente, quando examinamos os artigos 6' ao 8', que versam sobre as prerrogativas do Grão-Mestrado. Trata-se de matéria atinente a Administração da Entidade que, em caso excepcional, pode o Grão-Mestrado autorizar a proposta e recepção do candidato ali mencionado. Essa prerrogativa emana da experiência dos políticos de Iluminismo que ingressaram na Ordem, objetivando, em tempos conturbados, que a direção tenha instrumentos eficazes para debelar, ou pelo menos, minimizar as dificuldades momentâneas. A faculdade de representação (art. 12) é outro avanço da época iluminista, conferindo ao obreiro esse direito quando necessitar de auxílio técnico ou para outros fins de seu interesse. O direito recursal (art. 13) foi inspirado no modelo profano e visa eventual correção da decisão impugnada a ser reexaminada pelo órgão superior. Em última análise, é resquício da doutrina contra o despotismo de que tratamos no início desta dissertação e a igualdade de todos os maçons no interior da Loja (art.22) origina-se do sentimento democrático, defendido pelo movimento iluminista de combater a descriminação. O princípio da Separação dos Poderes na Instituição Maçônica é cópia do modelo de Montesquieu, renomado iluminista. – “Esprit des Lois”. Criou esse sistema de Poderes do Estado, em Legislativo, Executivo e Judiciário – arts. 35, 70 e 97 – da Constituição do Grande Oriente do Brasil, dentre outros diplomas das várias Potências, cada um com atribuições previstas em lei. Mas de todas as influências iluministas na Ordem Maçônica, a que mais se destaca é seu Departamento Especulativo. Introduziu-se o estudo profundo filosófico, simbólico, esotérico, metafísico, espiritual e histórico, além de outros ramos do conhecimento humano. A maçonaria tradicional ou clássica ficou limitada ao simbolismo básico e o início de alegoria da lenda de Hiran Abiff. Esses são apenas alguns enfoques iluministas adotados pela Instituição. O certo é que o Iluminismo trouxe grande contribuição para o progresso maçônico, intelectual, espiritual material. É o que se conclui do exame do tema em foco! Ir.’. José Geraldo de Lucena Soares ARLS – Fraternidade Judiciária Nº 36l4 – GOSP/GOB Capítulo “Integração e Prudência” – SP .

sábado, 22 de fevereiro de 2014

PRESIDENTES AMERICANOS MAÇONS...

Como é do conhecimento dos IIr.'., dias atrás, houve eleição para a Presidência da República nos Estados e o eleito foi o senador por Illinois, Barack Hussien Obama II, o primeiro negro a chegar a tal cargo.- Tão logo sua eleição foi confirmada, circulou e-mail indicando ser ele um Maçom.- Com base nas informações recebidas e de sites indicados, pedi uma rápida pesquisa a respeito, especialmente sobre a Loja Prince Hall, formada exclusivamente por Maçons negros.- Ela enviou hoje o material, bem como a lista dos presidentes dos Estados Unidos que foram ou são maçons. - É bom notar que somente Theodore Roosevelt chegou ao grau de Mestre no mesmo ano em que assumiu o cargo. Todos os demais, eram Mestres antes da eleição.O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama é um Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceito-REAA), de Obediência pertencente à Maçonaria Prince Hall". Prince Hall é o primeiro alojamento maçônico dos EUA, sendo o nome vindo de seu fundador e master, o qual era o mais famoso indivíduo na área de Boston durante a Revolução Americana e virada do Século 19. Prince Hall era um escravo na área de couro em Boston, e pertencia a William Hall no final dos anos 1740 e ganhou a liberdade em 9 de abril de 1770, como um prêmio (reconhecimento) , após 21 anos de serviço. PrinceHall e outros 14 negros da área de Boston se aproximaram de um alojamento Britânico de Freemasons (Maçons Livres), relacionado ao 38º Regimento em Boston. Hall e os outros negros iniciaram (sendo Processo de Iniciação), no alojamento em 6 de março de 1775. O Regimento foi embora da área em seguida, e o Sargento John Batt, que estava no comando da Iniciação, escreveu uma permissão limitada em 17 de março, autorizando o grupo a ter certos privilégios maçons, bem como permissão para se encontrarem como Loja. Em 3 de julho de 1775. o grupo formou o "African Lodge Nº 1" (Loja Africana Nº1), a primeira Loja aceita de maçons negros e livres do mundo e Hall foi feito seu Master (Venerável Mestre). O Grand Master (Grão Mestre) da América do Norte, John Rowe, concedeu à Loja a segunda permissão para continuar suas atividades.No entanto, a Maçonaria Negra permaneceu separada da Maçonaria Branca nos Estados Unidos, porque os maçons brancos não aceitaram os maçons negros, apesar dos princípios de fraternidade. Hall expandiu sua organização a outras cidades, mas como ele estava limitado a população negra, as novas lojas que surgiam eram chamadas de "Lojas Negras". Em 24 de junho de 1797, uma segunda loja negra foi criada em Providence, Rhode Island. Um ano depois, a terceira foi iniciada na Philadelphia, com Absalom Jones sendo o Master. Prince Hall morreu em Boston em 4 de dezembro de 1807.Atos fúnebres, de acordo com os rituais maçônicos, foram realizados em sua casa, em Lendell's Lane, uma semana depois. Ele foi enterrado na Rua 59 Mattews Cemetery, em Boston, no final de março de 1808.Com um ano de sua morte, os seguidores de Hall trocaram o nome da Loja e deram o nome de seu líder. Essa sociedade secreta continuou a crescer nos Estados Unidos, mas continua separada da Maçonaria Branca até os dias atuais. Hoje, Prince Hall é uma fraternidade maçônica com seus prédios devidamente identificados, seus membros se identificam com anéis, adesivos e pins. Um dos membros mais famosos e também um Prince Hall Mason de 32º, se tornou um candidato a Presidência dos Estados Unidos em 2008. Seu nome é Barack Hussein Obama II. Relação dos presidentes dos Estados Unidos que foram ou são Maçons: 1 - George Washington (Pres. 1789-1797) (MM 1753) 2 - James Monroe (Pres. 1817-1825) (MM 1776) 3 - Andrew Jackson (Pres. 1829-1837) (MM 1800) 4 - James K. Polk (Pres. 1845-1849) (MM 1820) 5 - James Buchanan (Pres. 1857-1861) (MM 1817) 6 - Andrew Johnson (Pres. 1865-1869) (MM 1851) 7 - James A. Garfield (Pres. 1881) (MM 1864) 8 - William McKinley (Pres. 1897-1901) (MM 1865) 9 - Theodore Roosevelt (Pres. 1901-1909) (MM 1901) 10 - William H. Taft (Pres. 1909-1913) (MM 1901) 11 - Warren G. Harding (Pres. 1921-1923) (MM 1920) 12 - Franklin Delano Roosevelt (Pres. 1933-1945) (MM 1911) 13 - Harry S. Truman (Pres. 1945-1953) (MM 1909) 14 - Gerald R. Ford (Pres. 1974-1977) (MM 1951) 15 - Barack Hussein Obama II (Pres. 2008-2012) por Ir.’. Rodrigo Sanches Fonte: http://www.triplov.com/Venda_das_Raparigas/2008/Sanches/index.htm Veja artigo: Prince Hall - A maçonaria dos negros Americanos

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A VIDA E MORTE NA VISÃO DE PLATÃO...

A morte sempre foi vista como a única grande certeza para todos aqueles que vivem. Não há quem não tenha presenciado a morte de um ente querido. A percepção da inevitabilidade da morte e a indagação do que ocorrerá após o falecimento do corpo é sempre uma investigação fascinante. Os diálogos entre Sócrates e seus discípulos são muito significativos e abordam de uma maneira clara e lógica a questão da natureza da vida e da morte e da complementaridade entre pólos opostos. A investigação sobre a morte é tida por Platão como algo fundamental. Ele chega a dizer que filosofia é o estudo da morte. Segundo ele, qualquer homem que tem o espírito filosófico deve estar disposto a morrer (mas não a tirar a sua própria vida); deve estar pronto para ser liberto do corpo e dos grilhões da matéria. No Fédon, o assunto morte adquire uma relevância ainda maior, já que o debate se dá entre o momento em que Sócrates é condenado à morte e o instante da morte em si, quando ele bebe a cicuta – um poderoso veneno. Logo no início do livro, Sócrates, tendo sido libertado das correntes que prendiam as suas pernas, comenta: “Como é estranho isso que os homens denominam prazer. Ele está intimamente ligado à dor, que acreditamos ser o seu oposto. Embora essas duas sensações não se apresentem simultaneamente, aquele que persegue uma das duas é levado a experimentar a outra. É como se fossem inseparáveis. Agora que me soltaram das correntes, sobreveio-me um sentimento de prazer; o prazer de estar liberto. Ocorreu uma substituição de um pelo outro”. EQUILÍBRIO E JUSTIÇA De acordo com a sabedoria chinesa, os opostos se sucedem alternadamente. Depois de uma época de abundância necessariamente advém uma época de escassez. O apogeu sempre dá lugar ao declínio. Depois da tempestade, vem a bonança. Quando as trevas chegam ao máximo, a luz começa a crescer gradualmente substituindo a escuridão. O mesmo ocorre nas estações do ano. A partir do momento quando o verão chega ao seu auge, o calor começa a diminuir de intensidade e os dias vão progressivamente ficando mais curtos. Aos poucos o frio vai substituindo o calor. Quando, no clímax do inverno, o frio chega ao seu pico, mais uma vez ocorre uma reversão do ciclo e, a partir daí, o tempo começa a esquentar novamente e o sol vai tomando o lugar das trevas. Vemos que um princípio sempre leva consigo o seu oposto complementar. Por isso os chineses falavam que a vida é uma perpétua alternância entre os princípios Yang e Yin, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino, o bem e o mal, a inspiração e a expiração. Segundo eles, dentro do Yin está contido o Yang e dentro do Yang está contido o Yin. Na realidade os dois princípios estão harmonicamente integrados no todo. A alternância cíclica entre esses dois aspectos é vista como parte essencial da expressão da vida na natureza. É importante que estejamos cientes e preparados para observar esse fato em nossas vidas. Sabemos que depois do dia sempre vem a noite, e que depois da noite sempre vem o dia. Basta observar a natureza. Isso ocorre porque, quando se chega a um extremo, surge uma tensão, uma força, que puxa no sentido oposto. Essa tensão é criada pelo potencial que existe entre os pares de opostos. Os opostos se atraem. O homem atrai a mulher e a mulher atrai o homem. Na natureza, todos os pares de opostos se atraem: o positivo e o negativo, o bom e o mau, a luz e a sombra, etc. Quando estudamos a história observamos que toda a civilização cresce, se desenvolve, chega ao seu ápice, e depois, inevitavelmente, começa a decair até ser vencida ou desaparecer. Observa-se que nada pode ficar continuamente no mesmo estado. Tudo que sobe tem de descer, tudo que enche deve se esvaziar. Tudo que se torna maior tem que ter sido menor e vice-versa. Quando uma pessoa está em evidência, por muito tempo, ela acaba sendo forçada pelas circunstâncias da vida a sair de evidência. Ninguém fica no topo o tempo todo. Os taoístas dizem: se você quer derrubar uma pessoa, coloque-a num pedestal. Certamente ela vai cair rapidamente. Quando mais se estica um elástico numa direção, maior a tensão, maior a força puxando no sentido contrário. Sempre que se chega a um extremo, a força no sentido contrário passa a ser muito grande. Ao observarmos nossas vidas, podemos achar que determinados acontecimentos, como a morte de um familiar, a perda de um emprego ou uma mudança forçada de cidade são ruins. Uma série de mudanças que nos incomodaram muito em primeira instância, quando vistas de uma perspectiva de longo prazo, podem ser vistas como benéficas. O que parecia mal se tornou bom. Platão nos faz ver que, na vida, nada deve ser visto de forma isolada; toda moeda tem o seu dorso. Todo ganho tem seu preço, e ocasiona algum tipo de perda. Tudo o que é positivo tem seu lado negativo. Nada é totalmente bom ou totalmente ruim. Não existe pessoa que só tenha vitórias na vida. A perda está sempre à espreita por detrás de cada vitória. Se assim não fosse, não poderia haver equilíbrio e justiça no universo. O equilíbrio é uma lei fundamental do universo. Se uma pessoa está ganhando de um lado, tem que perder do outro para que o equilíbrio seja mantido. Na visão dos hinduístas, o universo é uma grande dança. Eles representam a contínua alternância entre os opostos como a dança de Shiva. Shiva é um dos deuses mais cultuados na Índia. Isso é curioso, porque ele é um deus associado à destruição. Existe na Índia uma trindade muito conhecida formada por Brahma, Vishnu e Shiva; onde Brahma está associado à criação, Vishnu à preservação e Shiva à destruição. Quando se viaja pela Índia percebe-se que quase não existem templos destinados a Brahma; que existem alguns poucos destinados a Vishnu; e uma enorme quantidade de templos destinados a Shiva. Por que razão isso ocorre? É que Shiva representa a renovação resultante da morte e da destruição. Para que o novo possa nascer, é necessário que as formas gastas sejam removidas. Ao mesmo tempo, Shiva inspira certo temor naqueles que não tiveram ainda a percepção de que vida e morte são aspectos complementares de uma mesma realidade divina. Essa dança de shiva de criação e destruição é, na realidade, a base da existência. Nada pode existir estático na natureza. A nossa ignorância é a que nos impede de ver a mudança como um elemento fundamental da própria existência. Nada permanece estático, nem por um breve momento. Tudo flui, tudo está em contínuo movimento. A folha da árvore que cai vira adubo para o crescimento de outras árvores. Na natureza nada se perde. ALTERNÂNCIA DE OPOSTOS A estabilidade é apenas um estado temporário entre dois movimentos. O pêndulo de um relógio pára quando chega a um dos extremos. Esta pausa deve ser vista como parte integrante do movimento entre os pares de opostos. Tudo que chega a um extremo é forçado a retroceder no sentido do pólo oposto. No I Ching existe uma representação muito bela, de que o homem está colocado entre o céu e a terra, o céu representando a criatividade, o aspecto da não-forma, e a terra o aspecto da matéria, caracterizado pela forma. Podemos dizer que existe uma tensão entre os opostos céu e terra. O homem, estando submetido a essas duas forças de polaridades opostas, sente-se dividido. Daí surge o conflito, a necessidade de uma tomada de posição. O homem, por ser espiritual e material ao mesmo tempo, está continuamente sofrendo duas pressões, uma que o atrai para cima, no sentido divino, e outra que o puxa para baixo, levando-o a se voltar para as paixões terrenas. Ao longo da vida, um dia é de alegria, o outro de tristeza; um dia se está por cima e no outro por baixo. Um dia se tem um salário menor, outro dia um maior. A vida é uma constante alternância entre os opostos. EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA Platão dizia que devemos observar como os pares de opostos se manifestam na natureza: o alto e o baixo; o positivo e o negativo; o masculino e o feminino; o dia e a noite; o sono e a vigília. Durante o dia estamos em estado de vigília e à noite dormindo. Esse é o processo natural. Ninguém pode ficar eternamente acordado ou eternamente dormindo. A vida nos impele ao descanso no final do dia. O cansaço vai aumentando, começa a sonolência, começamos a bocejar e temos vontade de dormir. No final da madrugada, quando já se dormiu o suficiente, tendo o organismo recobrado as suas energias, há o processo oposto do despertar. Observamos assim, que o sono leva ao estado de vigília e o estado de vigília leva ao sono. Como dizem os chineses, o Yin conduz ao seu aspecto complementar Yang e o Yang conduz ao Yin. Inevitavelmente, um sempre leva ao outro, e esta alternância cíclica nunca pára. Seria muita ignorância da nossa parte temer que o inverno perdura para sempre ou desejar que o verão nunca termine. A vida não seria como ela é hoje, se não houvesse essa alternância. Os contrastes que ela produz são essenciais para a evolução da consciência de todos os seres vivos. Platão comenta que tudo na vida opera através dos pares de opostos. Está claro para todos que o dia e a noite formam um par de opostos. Da mesma forma, os estados de vigília e sono são postos complementares. Qual seria então o pólo complementar da vida? Podemos observar que o estado de vigília guarda uma semelhança com o estado de estar vivo. Por outro lado, existe uma grande afinidade entre o estado de sono e a morte. Durante o sono há um estado de inconsciência. Durante a vigília, o ser está desperto e consciente. Será que, por analogia, poder-se-ia afirmar que vida e morte são também processos complementares, um levando ao outro? Platão disse que, ao menos, existe evidência visível de um dos processos. Todos já tiveram a oportunidade de ver como, de um momento para outro, seres que estavam vivos falecem e passam para o reino dos mortos. Esse é um fato que observamos com freqüência. A transição da vida para a morte é um processo do qual ninguém pode fugir. O falecimento e a desintegração do corpo são inevitáveis. Existe, portanto, o processo visível da vida gerando a morte. Será que não haveria um processo complementar da morte transmutando-se em vida? Embora não se possa observar sensorialmente a transição da morte para a vida, pela lógica, isso deveria ocorrer naturalmente. Não temos dúvida sobre a existência do processo da vida gerando a morte. Será que a natureza é capenga? Não faz sentido algum afirmar a não existência do processo de retorno para a vida daqueles que faleceram. Seria o mesmo que dizer que uma pessoa que dorme nunca vai acordar novamente. Ninguém duvida do fato de que quem dorme deve acordar. O sono é necessário para que o organismo possa se recompor, para que o homem esteja preparado para iniciar uma nova jornada. Será que vida e morte não se alternam da mesma forma? Será que a analogia não é suficientemente clara neste caso, para nos induzir a aceitar o fato de que de um estado por nós desconhecido, de uma condição de “morte”, de alguma forma a vida renasce novamente? Isso parece muito lógico e razoável. Negar o renascimento equivale a acreditar que tudo que dorme vai permanecer dormindo para sempre. Se todas as pessoas morressem e não retornassem, chegaria um momento que todo mundo estaria morto e a vida humana teria chegado ao fim. A morte teria engolido tudo que existe e passaria a ser a senhora absoluta do universo! Felizmente, isso é não só ilógico como impossível. A morte não pode tudo engolir, porque morte e vida são aspectos de uma mesma realidade. O universo é um cosmo, um todo ordenado. Há uma inteligência que tudo rege. O argumento de Platão é perfeito para explicar a complementaridade entre a vida e a morte. A morte não pode ser o fim. Não podemos imaginar, disse Platão, que não existe uma alma que sobreviva à morte. O que morre na realidade é o corpo. A alma não morre, e preserva em seu seio a sabedoria – a única coisa que tem real valor. Nada que se tem – objetos, poderes, posses -, nada pode ser levado no momento da morte. É por isso que a morte se apresenta para muitas pessoas como algo terrível. Platão dizia, no entanto, que o filósofo não deveria temer a morte. Nos diálogos de Fédon, os discípulos de Sócrates, nos momentos que antecederam a sua morte, perguntaram-lhe: “Quer dizer que você não tem nenhum receio da morte; que você não está sentindo nenhum pouco de rancor; que não está se sentindo injustiçado; que não tem nenhum sentimento negativo em relação à morte?” Sócrates respondeu: “Como é que um sábio que estudou a morte durante toda a sua vida pode temê-la? Se a filosofia é o estudo da morte, o medo não faz o mínimo sentido. Durante toda a minha vida eu estive investigando a morte. Aprendi que, para me preparar para a morte, eu precisava me desapegar de tudo que é material, incluindo o meu corpo”. “Como eu posso me opor ao inevitável? Minha morte já está sentenciada. Já estou condenado e sei que vou morrer inevitavelmente. Só tenho que aproveitar esses breves momentos conversando com vocês de forma prazerosa. Isso é muito simples”. Será que nós não podemos seguir o exemplo de Sócrates e começarmos a nos preparar para a transição? Será que somos capazes de deixar de lado os nossos apegos e caprichos, e percebermos a inutilidade da busca de posses materiais, poder e prestígio? Para que a criança possa nascer o velho tem que morrer. Nós temos que voltar a ser crianças para entrar no reino dos céus. Cristo morreu para poder ressuscitar para a vida eterna e entrar no reino dos céus. Aqui novamente nos deparamos com a duplicidade: a morte transformando-se em vida e o inferno sendo uma passagem necessária para se chegar ao céu. Sri Aurobindo dizia que nós não devemos achar que a vida divina somente pode ser experimentada após a morte. Segundo ele, é possível levar uma vida divina enquanto estamos aqui na Terra. Não há nenhuma incompatibilidade entre a vida terrena, onde usamos como veículo um corpo físico, e a vida divina. O segredo é morrer a cada instante para o passado. A integração do homem, com sua verdadeira natureza, a natureza espiritual pode acontecer enquanto estamos aqui na Terra. Podemos estar na Terra, mas não somos da Terra. Estamos vivos, mas ao mesmo tempo estamos mortos para o apego, para o egoísmo e para todos os sentimentos impuros derivados do contato com a matéria. Podemos estar vivendo no eterno, porque somos seres divinos, e simultaneamente estar vivendo nesse mundo efêmero, onde tudo é transitório. Esse é o grande desafio colocado diante de todos nós. Trabalho de autoria de Eduardo Weaver Publicado no nº 17, da Revista SOPHIA – Editora Teosófica Órgão da Sociedade Teosófica do Brasil

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA...

A abordagem de um assunto complexo exige algumas premissas, que, embora verdades inconcussas, podem ser, muitas vezes, esquecidas, em benefício de interesses pessoais de momento. A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade. Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos. Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco-Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos. A segunda premissa afirma que a Maçonaria, como uma Fraternidade, deve ser uma instituição fundamentalmente ética. O substantivo feminino ética designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, ou seja, sobre as regras e códigos morais que orientam a conduta humana; refere-se, também, à parte da Filosofia que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento dos princípios normativos da conduta humana, segundo esse sistema de valores. Sendo, a Maçonaria, até pela sua definição, uma organização ética, devem ser rígidos os códigos de moral e alto o sistema de valores, que orientam a conduta entre maçons. Todos os códigos maçônicos ressaltam a importância dos valores éticos entre maçons, ou seja, entre Irmãos. Isso está bem evidente em disposições inseridas em textos constitucionais, as quais, com pequenas variações de Obediência para Obediência, afirmam que, entre outros, são deveres do maçom: "Reconhecer como Irmão todo maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e ajuda de que necessitar, principalmente contra as injustiças de que for alvo; Haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a tolerância e a fraternidade humana". E completam, destacando que: "Não são permitidas polêmicas de caráter pessoal nem ataques prejudiciais à reputação de Irmãos, nem se admite o anonimato". A ética, todavia, não fica restrita apenas às relações entre maçons, mas, também,, às destes com as Obediências que os acolhem, principalmente nas referências a estas, ou aos seus dirigentes, em textos escritos. Isso está bem caracterizado no dispositivo legal, que admite ser direito do maçom: "Publicar artigos, livros, ou periódicos que não violem o sigilo maçônico nem prejudiquem o bom conceito da (do) Grande Loja (Grande Oriente)". A par, entretanto, dessa ética de caráter interno, há aquela reconhecida em todos os meios sociais e que considera atentatórias às regras e códigos morais das sociedades ditas civilizadas, atitudes como: 1. Divulgar denúncia de fatos, sem a necessária comprovação, o que envolve difamação e calúnia; 2. Difamar e atacar pessoas, em conversas e em reuniões, sem a presença dos atingidos pelos ataques; 3. Divulgar, por qualquer veículo, o texto de cartas particulares e, portanto, confidenciais; 4. Atacar pessoas e instituições, sem lhes dar o direito de resposta no mesmo veículo e no mesmo local em que foi publicado o ataque (e esse é um direito garantido por lei); 5. Ter conhecimento de que alguém está incorrendo em atitudes antiéticas, como as citadas, e nada fazer, ou, o que é pior, ajudar a incrementá-las; 6. Aproveitar uma situação de inimputabilidade penal (por qualquer motivo, inclusive senilidade) para produzir ataques, difamações e injúrias contra pessoas e/ou instituições. Atitudes antiéticas, como essas citadas, ocorrem todos os dias, na sociedade atual, principalmente em épocas de campanha eleitoral, de crises econômicas, de tumulto social; ocorrem, também, nos meios onde a intriga e os mexericos fazem parte do ofício e trazem dividendos financeiros, como é o caso das "colunas sociais" e da mídia especializada em futricas de rádio, televisão e teatro. É claro que ocorrem! A sociedade atual, graças ao esgarçamento de sua estrutura familiar e ao avanço avassalador da amoralidade, é, hoje, altamente antiética: a solidariedade é moeda em baixa; o respeito às demais pessoas é praticamente inexistente; o acatamento da lei e da ordem vai escorrendo pelo ralo; a deslealdade, no sentido de auferir vantagens, vai de vento em popa; quem está por cima, pisa na cara de quem está por baixo; e quem está por baixo tenta puxar o tapete de quem está por cima. A Maçonaria, contudo, deveria dar o exemplo de moral e de ética. Afinal de contas, ela afirma, em todas as suas Cartas Magnas, que: "Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. (...) Proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um". Nem sempre, porém, isso acontece. A Instituição maçônica, doutrinariamente, é perfeita, mas os homens são apenas perfectíveis. Procuram se aperfeiçoar, mas muitos nem sempre conseguem o seu intento, mesmo depois de muitos e muitos anos de vida templária, persistindo nas atitudes aéticas e antiéticas, que lhes embotam o espírito e assolam o ideal de solidariedade, de moral e de respeito à dignidade humana. Para aqueles que pretendem, realmente, se aperfeiçoar, valem os conselhos contidos numa mensagem encontrada na antiga igreja de Saint Paul, em Baltimore, datada de 1692 : "Vá plácido entre o barulho e a pressa lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade, clara e calmamente; e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, pois também eles têm a sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas. Elas são tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas, assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde; é o que realmente se possui, na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e, por toda parte, a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente, não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor, porque, em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Aceite, gentilmente, o conselho dos anos, renunciando, com benevolência, às coisas da juventude. Cultive a força do espírito, para proteger-se, num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo; não menos que as árvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E que seja claro, ou não, para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja a sua forma de conhecê-lo, e, sejam quais forem sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento"! Ir.'. José Castellani Do livro "Fragmentos da Pedra Bruta"

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A MAÇONARIA, ESSÊNCIA FILOSÓFICA DO PENSAMENTO HUMANO...

A Maçonaria buscou sua essência filosófica nas mais diversas escolas do pensamento humano. É possível descobri-la, inclusive, entre os filósofos gregos. Sua identificação fica mais clara ainda, quase que em sua totalidade, junto às escolas filosóficas modernas: Renascimento, Racionalismo e Iluminismo, cujo grande objetivo era a liberação da consciência humana, pois, além da prática do livre pensamento, a filosofia moderna traz impregnada em sua estrutura um programa que vai desde a valorização da vida natural, passando pela ciência e investigação científica, até o reconhecimento dos valores e direitos individuais. A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica, trabalhando pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre os homens. A tarefa essencial da filosofia maçônica é irradiar a luz dos seus princípios e de seus hábitos para melhorar a condição humana. É tradicionalista e às vezes progressista; isto parece um paradoxo, mas não o é. Tradição é conservar o melhor do passado para utilizá-lo em compreender mais o presente e preparar um porvir melhor para o futuro, separando o valioso do que é sem valor nas doutrinas e sistemas que a História conheceu. A filosofia maçônica deseja que o ser e a existência do homem girem em torno de três valores superiores que a História destacou como as maiores conquistas da humanidade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ela, entretanto, mais que nenhuma outra, pondera que, dentre as três, a mais especial é a Fraternidade, pela transcendência e os benefícios que implica e abarca, tanto na esfera do individual como na do coletivo. A filosofia maçônica quer defender o homem da ignorância e da incultura; dos temores e das necessidades; da exploração e das injustiças; do fanatismo do dogma e dos tabus, sobretudo da opressão e das tiranias interiores e exteriores de qualquer classe. Sócrates (469-399 a. C.), um dos maiores filósofos da humanidade, ao examinar o que significa tornar-se humano, tinha por objetivo não mais a ciência ou a natureza, mas o próprio homem. Ele ensinou que pecar é ignorar, e que a purificação da alma passa necessariamente pelo autoconhecimento do homem. Ele introduziu o homem na filosofia e estabeleceu que o melhor instrumento de que este homem dispõe para realizar a missão a que foi destinado é o conhecimento de si mesmo. E este tem sido o objetivo pelo qual, primordialmente, a Maçonaria vem propugnando, ou seja, o CONHECE-TE A TI MESMO. Artigo publicado na edição nº 555 (Fev/2011) do Jornal Centro Sul de Irati/PR