segunda-feira, 14 de abril de 2014

SALOMÃO: QUEM FOI E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA NA SIMBOLOGIA MAÇÔNICA!?

Para que possamos iniciar uma peça de arquitetura sobre o rei Salomão e sua importância dentro da simbologia da Ordem, é preciso definir claramente quem foi esse homem, personagem de histórias maçônicas, bíblicas e presente inclusive na cultura popular. Primeiro é importante salientar que Salomão realmente existiu. Foi o terceiro rei de Israel, portanto, dos judeus, e seu nome significa pacífico. Era filho de Davi e reinou por quarenta anos. As poucas certezas sobre ele e sua obra, no entanto, param por aqui. Nenhum outro rei teve sobre si um volume tão grande de lendas e mitos quanto Salomão e, o que é mais interessante, tais lendas fazem parte de culturas muito distintas, separadas em tempo e espaço. Lendas, muitas vezes, são mais consistentes que o aço, atravessando séculos e se espraiando pelo mundo com grande facilidade. Na cultura árabe, Salomão é conhecido como Senhor dos Ventos, pois dizia-se que podia transpor milhares de quilômetros num só dia, viajando num veículo alado, impulsionado pelo vento. Daí teria surgido a lenda do tapete voador. O Alcorão diz que Alá colocou espíritos prestativos a serviço do rei Salomão. "Nós tornamos o vento submisso a Salomão. Além disso, em seu tempo, pela vontade de Alá espíritos trabalharam para ele..." "Eles faziam qualquer coisa que Salomão quisesse; palácios, monumentos e alguidares grandes como viveiros de peixes". Na Etiópia existem muitas tradições sobre Salomão, sendo citada em especial a fortuna em ouro com a qual ele haveria presenteado a rainha negra Sabá. Todos os cronistas árabes que se referiram a Salomão são unânimes em afirmar que o rei, com a ajuda de gênios e demônios, construiu três imponentes castelos, um dos quais correspondem às ruínas de Baalbek, no atual Líbano. As ruínas de Baalbek mostram uma monumental construção megalítica, uma das mais impressionantes existentes no mundo. Os outros dois castelos,segundo a tradição, foram construídos por seres fantásticos e nunca foram encontrados. Salomão é citado, na cultura popular, como sinônimo de sabedoria. Como prova desta qualidade, cita-se com freqüência a solução que dera para o impasse entre duas mulheres que alegavam ser mães de uma mesma criança. O rei mandou cortar a criança ao meio e dar metade dele a cada uma das reclamantes. Uma das mulheres manifestou-se para manter a criança viva, mesmo que ficasse com sua opositora. Assim, Salomão a teria proclamado a verdadeira mãe. Salomão foi efetivamente um grande construtor. Sua época foi de grande prosperidade para os Judeus. Um dos registros arqueológicos mais significativos dessa época é o da cidade de Megido, um complexo notável, onde havia cavalariças com pilares em série, talhados em pedra calcárea. Há, ainda, restos arqueológicos da fundição refinaria de cobre em Ezion-Geber, produtora da matéria-prima que serviria para ornamentos e utensílios de bronze. Salomão é considerado o maior dos governantes hebreus. Seu governo ficou caracterizado por habilidade política, formalizando acordos comerciais com Hiram, rei de Tiro, na Fenícia. Este acordo teria lhe garantido a ajuda necessária para construir seu grandioso templo, em homenagem ao Senhor de Israel. Além das abundantes madeiras de cedro, retiradas das encostas do Monte Líbano,Hiram forneceu também máquinas, operários e habilidosos engenheiros. O templo teria sido construído em Jerusalém, berço do Cristianismo e do Judaísmo e também a terceira cidade mais importante do Islamismo, pois ali Maomé teria ascendido ao céu. A construção teria demorado sete anos, segundo a Bíblia, fora erguida mil anos antes de Cristo e destruída em 588 A.C. A Bíblia também conta (2ª Crônicas 2:13,14) que o rei Hiram, do Tiro, mandou um grande mestre-de-obras, chamado Hiram Abif, para ajudar na construção do templo, o qual também era artífice. Porém vale ressaltar que a confiança do rei Salomão foi depositada em Adoniram, o qual foi posto como encarregado geral de confiança, para executar as tarefas, bem como a leva de gente ao Líbano (1ª Reis 7:13,14 e 2ª Crônicas 4:11). Os materiais já vinham preparados das florestas e das pedreiras, sendo somente montados em Jerusalém (1ª Reis 6:7). Os construtores do templo foram uma média de 180 mil homens (1ª Reis 5:13-16 e 18). Salomão separou os estrangeiros para realizar a preparação do material bruto (2ª Crônicas 2:17,18). Eles seriam os descendentes dos Cananeus que os filhos de Israel não expulsaram da terra (1ª Reis 9:21,22). Assim o Templo de Salomão foi edificado, com as colunas gêmeas "Jaquim" (Ele firmará) e "Boaz" (Nele está a força). Elas estiveram presente na vida do rei Josias, quando fez aliança com Deus (2º Reis 23:3) e na coroação de Joás (2º Reis 11:14). Na liturgia Hebraica, representavam ainda a dualidade do universo. Onde uma coisa só existe em função de outra. Seria algo como: noite e dia, homem e mulher, bem e mal, certo e errado. O teto seria abobadado, com a representação do céu, com estrelas, a lua e o Sol. O templo estaria voltado para o Oriente. Aí começa a contribuição da obra do rei para a Maçonaria. Os templos nos quais hoje desenvolvemos nossos trabalhos são considerados réplicas do templo de Salomão. Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certeza quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registros extra bíblicos. As escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma comprovação válida da existência dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou ao fato da insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar, santificado por diversas linhas religiosas, seria hoje ocupado pela belíssima e sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac(Gen. 22.1-19) - onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao céu. Fala-se no célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo, as determinações científicas de datas ali procedidas dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo, o de Herodes, destruído pelos romanos. Outra contribuição da história de Salomão para o mundo maçônico é o seu trono, pois hoje chamamos o lugar onde senta-se o Venerável Mestre de ‘trono de Salomão’. Este trono teria como suportes dois leões de ouro puro, animados por uma arte mágica, que lhe defendia. Outros registros dizem que havia sete degraus antes de se alcançar o trono. Um número bastante sugestivo na nossa simbologia. Também em relação ao trono, no entanto, surgem controvérsias. O irmão Ambrósio Peters, por exemplo, em artigo publicado no site Samauma, sustenta que no templo de Salomão não havia trono algum. E nem ali fisicamente caberia um trono de um rei, dadas às pequenas proporções do templo. Além do mais, argumenta ele, Salomão, não sendo sacerdote, não tinha acesso ao Templo, onde somente entravam os sacerdotes oficiantes. Peters diz, ainda, que a porta de entrada o Templo ficava voltada para o Oriente, e a porta de nossos templos está simbolicamente voltada para o ocidente, já que o altar do Venerável Mestre fica no oriente. A posição do templo com a entrada voltada para o Oriente, como praticamente todos os templos da Antigüidade e muitos templos católicos da Idade Média, seria uma reminiscência do antiqüíssimo culto ao sol. Alex Horne, na obra ‘O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica’, lembra que os antigos catecismos maçônicos do Século XVIII também se refeririam com freqüência à construção do Templo de Salomão que, inequivocamente, integra tradições anteriores à Grande Loja de Londres (1717). Convém, contudo, no concernente à historiografia, tratar tais documentos com certa reserva, aconselha ele. Em sua origem foram escritos por religiosos medievais, devotados a Deus sem dúvida nenhuma, mas despossuídos de crítica historiográfica. Presume-se que monges cristãos transmitiram essas lições a operários iletrados e que tais documentos foram sendo copiados e recopilados, mantendo a visão de uma época que muito desconhecia de História. Independente de ter havido ou não um templo construído por Salomão, tenha tido ele dimensão maior ou menor, importante frisar que a figura deste rei e seus eventuais feitos são muito importantes para nós, maçons, como referência. Referência de alguém que liderou um grupo sendo considerado até hoje o maior de seus líderes, fato que denota seu arrojo, competência, retidão e tirocínio. Pela sabedoria que marcou seu reinado e que deve estar sempre presente nas nossas decisões. E por ter sido um mandatário bem sucedido não apenas ‘dentro de casa’, mas também nos acordos e relacionamentos com outras etnias que o cercavam, mostrando que devemos estar abertos à diversidade, aprendendo a conviver com ela e dela tirar lições e proveito. É lição de Jules Boucher, contida no célebre A Simbólica Maçônica - segundo as regras da simbólica esotérica e tradicional, editado em 1993, que nós, maçons, não tentamos reconstruir materialmente o Templo de Salomão. Ele é um símbolo, é o ideal jamais terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo, no silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a pedra, que significa a estabilidade, a madeira do cedro, que evoca vitalidade e o ouro, representando a espiritualidade. Para o maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua realidade histórica, nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela”. O Templo de Salomão é o templo da paz. Que a Paz do Senhor permaneça em nossos corações! Fonte: O V I G I L A N T E Informativo da Loja Maçônica Vigilantes da Lei Rio de Janeiro – Ano II – Nº15– Novembro de 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário