segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A FILOSOFIA DE HAMLET...



As idéias filosóficas emHamlet talvez possuam conexões com alguns conceitos do francêsMontaigne, contemporâneo de Shakespeare.
Hamlet é frequentemente encarado como um personagem filosófico, que expôs idéias agora conhecidas como relativistas,existencialistas e céticas. Por exemplo, ele expressa uma idéia relativista quando se dirige para Rosencrantz e diz: "nada é bom ou mau, a não ser por força do pensamento".[80] A idéia de que nada é mau, exceto na mente do indivíduo, encontra suas raízes nos gregos sofistas, crentes de que, uma vez que nada pode ser percebido exceto através dos sentidos – e uma vez que todas as pessoas sentem e, portanto, percebem as coisas de maneira diferentemente entre si – não há verdade absoluta, apenas a verdade relativa sobre as coisas.[81] O exemplo mais claro do existencialismo, contudo, só está por vir, no célebre e famoso monólogo da tragédia:
"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor [...]"[82]
Os críticos acreditam que Hamlet usa "ser" para aludir à vida e à ação, e "não ser" aludindo para a morte e a inércia.[83][84] Com a palavra "consumação", os críticos acreditam que Shakespeare cita o francês Michel de MontaigneIf it be a consummation of ones being, it is also an amendemente and entrance into a long and quiet life. Wee finge nothing so sweete in life, as a quiet rest and gentle sleep, and without dreams.[85] Sendo consummation, no original, anéantissement, isto é, aniquilação, o verso shakespeariano faz alusão a conclusão, a um final que é um atingimento, uma coroação.[86] Na língua portuguesaconsumar também cumpre o sentido de "tudo está consumado" (concluído) ou "consumou-se o intento" (realizou-se, cumpriu-se).[86]
Os estudiosos acreditam que Hamlet reflete o ceticismo contemporâneo prevalecido durante o Humanismo Renascentista.[87] Anteriormente à época de Shakespeare, os humanistas argumentaram que o homem era a maior criação de Deus, feito à imagem divina, e capaz de escolher sua própria natureza, mas essa tese foi contestada notavelmente em Ensaios (1950), de Montaigne. A frase "Que obra de arte é um homem",[88] que vem de Hamlet, ecoa muitas idéias de Montaigne, mas os estudiosos discordam se Shakespeare realmente citou o ensaísta daFrança ou se isso não passa de coincidência, onde ambos reagiram semelhantemente diante do espírito da época.[89]

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