sábado, 28 de dezembro de 2013
A GNOSE E A MAÇONARIA....
"A Gnose, como dito pelo M:. I:. Ir:. Albert Pike, é a essência e o miolo da maçonaria". Por Gnose, devemos entender aqui o Conhecimento tradicional que constitui o fundo comum de todas as iniciações, cujas doutrinas e símbolos se tem transmitido, desde a mais remota Antigüidade até os nossos dias, através de todas as Fraternidades secretas cuja extensa cadeia jamais foi interrompida.
Toda doutrina esotérica pode unicamente transmitir-se por meio de uma iniciação e cada iniciação inclui necessariamente várias fases sucessivas, às quais correspondem outros tantos graus diferentes. Tais graus e fases podem ser reduzidos, em última instância, sempre a três; podemos considerar que marcam as três idades do iniciado, ou as três épocas de sua educação e caracterizá-las respectivamente com estas três palavras: nascer, crescer, e produzir.
A este respeito, o Ir:. Oswald Wirth escreveu: "A iniciação maçônica tem como objetivo iluminar os homens, afim de ensinar-lhes a trabalhar utilmente, em plena conformidade com as finalidades mesmas de sua existência". Ora, para iluminar os homens, em primeiro lugar se faz necessário liberá-los de tudo o que pode impedi-los de ver à Luz. Isto se consegue submetendo-os a certas purificações, destinadas a eliminar as escórias heterogêneas, causas da opacidade das estruturas protetoras do núcleo espiritual humano. Quando as mesmas se tornam cristalinas, sua perfeita transparência deixa penetrar os raios da Luz exterior, até ao centro consciente do iniciado. Todo o seu ser, então, se satura progressivamente, até chegar a converter-se num Iluminado, no sentido mais elevado da palavra, vale dizer de um Adepto, transformado já num foco irradiante de Luz.
"Conseqüentemente, a iniciação maçônica contempla três fases distintas, consagradas sucessivamente ao descobrimento, à assimilação e à propagação da Luz. Estas fases estão representadas pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, que correspondem a tripla missão dos maçons, que consiste em buscar primeiro, para possuir depois e, finalmente, poder difundir a Luz.
"O número destes graus é fixo: não poderia haver nem mais nem menos que três. A invenção de diversos sistemas chamados de altos graus levou a confundir os graus iniciáticos, estritamente limitados a três.
"Os graus iniciáticos correspondem ao triplo programa perseguido pela iniciação maçônica. Esotericamente, levam à solução das três questões do enigma da Esfinge:De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?, e com isto respondem a tudo quanto pode interessar ao homem. São imutáveis em seus caracteres fundamentais e formam em sua trindade um todo acabado, ao qual nada se pode subtrair nem agregar: os graus de Aprendiz e de Companheiro são os dois pilares que sustentam o Mestrado.
"Os estados transitórios da iniciação, permitem ao iniciado penetrar com mais ou menos profundidade no esoterismo de cada grau; dai resulta um número indefinido de maneiras distintas de se apreender os graus de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre. Pode-se apreendê-los em seu significado exterior, isto é, pode-se entender a letra e não a compreensão; na Maçonaria, como em todas partes, há, sob este aspecto, muitos que foram chamados e poucos eleitos, já que somente aos verdadeiros iniciados lhes é dado a conhecer o espírito íntimo dos graus iniciáticos. Nem todos chegam, por outra parte, com igual êxito; pouquíssimos apenas logram superar a ignorância esotérica, sem marchar de maneira decidida até o Conhecimento integral, até a Gnose perfeita.
"Esta última, representada na Maçonaria pela letra G da Estrela Flamígera, se aplica simultaneamente ao programa de busca intelectual e do treinamento moral dos três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Com a Aprendizagem, busca-se penetrar no mistério da origem das coisas; com o Companheirismo, descobre o segredo da natureza do homem, e revela, com a Maestria, os arcanos do destino futuro dos seres. Ensina, ademais, ao Aprendiz a potenciar ao máximo suas próprias forças; mostra ao Companheiro como captar as forças do meio ambiente e ensina ao Mestre a reger soberanamente sobre a natureza obediente ao centro de sua inteligência. Não há que olvidar, de fato, que a iniciação maçônica se remonta a Grande Arte, a Arte Sacerdotal e Real dos antigos iniciados".
Sem querer entrar na complexa questão das origens históricas da Maçonaria, recordaremos tão somente que a Maçonaria moderna, tal como a conhecemos atualmente, deriva de uma fusão parcial dos Rosacruzes, que haviam conservado a doutrina gnóstica desde a idade média, com as antigas corporações de Maçons Construtores, cujas ferramentas, por demais, foram empregados como símbolos pelos filósofos herméticos, tal como pode se ver, em particular, numa figura de Basilio Valentin.
Mas, deixando por um momento de lado o ponto de vista restrito do Gnosticismo, por nossa parte faremos repetir no feito de que a iniciação maçônica, como toda iniciação, tem como fim a conquista do Conhecimento integral, que é a Gnose no verdadeiro sentido da palavra. Podemos dizer que este Conhecimento mesmo o que, falando com propriedade, constitui realmente o segredo maçônico e por esta razão o dito segredo resulta ser essencialmente incomunicável.
Para concluir e afim de evitar qualquer mal entendido, agregaremos que, para nós, a Maçonaria não pode nem deve sujeitar-se a nenhuma opinião filosófica particular, que ela não é mais espiritualista que materialista, nem tampouco mais deísta que atéia ou panteísta, no sentido que habitualmente se atribuiu estas diversas denominações, posto que ela deve ser pura e simplesmente a Maçonaria. Cada um de seus membros, ao entrar no Templo, deve despojar-se de sua personalidade profana e fazer uma abstração de quanto seja dos princípios fundamentais da Maçonaria, princípios cujo redor de todos deveriam unir-se para trabalhar em comum na Grande Obra da Construção universal...
Ir.`. Rene Guénon
Filósofo e Escritor
artigo publicado na revista "La Gnose"- Março de 1910
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
ORIGEM DO LEMA: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE...
As três palavras .•. Liberdade, Igualdade e Fraternidade .•. que se tornaram, praticamente, um lema da Maçonaria contemporânea, não têm origem maçônica. Alguns autores, mais ufanos do que realistas e mais fantasistas do que científicos, afirmam que o lema é maçônico e foi utilizado como divisa da Revolução Francesa de 1889.
A verdade histórica, todavia, é bem outra:
Em primeiro lugar, o lema da Revolução Francesa era "Liberté, Égalité, ou la Mort" (Liberdade, Igualdade, ou a Morte). Só com a 2a. República, em 1848, é que ele iria se transformar em "Liberté, Égalité, Fraternité" (Liberdade, Igualdade, Fraternidade). (Ver nota)
Em segundo lugar, foi a Maçonaria francesa que, na segunda metade do século XIX,adotou o lema da 2a. República, o qual acabaria se vulgarizando entre os maçons que trabalhavam sob influência da cultura francesa, em todo o mundo, a ponto de chegar a ser considerado como uma divisa exclusivamente maçônica, o que não é.
Em terceiro lugar, a idéia de Liberdade, Igualdade e Fraternidade é bem mais antiga.
Podem ser encontrados vestígios dela, quando da criação da primeira seita comunista, dita "Comunismo Cristão", fundada em 1694, por Johann Kelperès. Para os membros dessa seita, o Messias aguardado não se apresenta como o pescador de almas, mas, sim, através de uma trilogia , onde ele é o "distribuidor de justiça"(igualdade), o "grande irmão" (fraternidade) e o "libertador"(liberdade).
Análise e significado
A análise da divisa, ou da trilogia, pode ser feita através do prisma político-social, ou sob o ponto de vista exclusivamente iniciático. No primeiro caso, teríamos:
Do ponto de vista político-social:
A igualdade constitui um ideal da organização social, pela qual lutou a humanidade, à medida que ia avançando no caminho de sua evolução. Essa luta dura até hoje, porque a divisão das nações, em sistemas políticos, das comunidades, em classes sociais, e dos indivíduos, em posições econômicas, morais e intelectuais, prejudicam os esforços em benefício da igualdade irrestrita.
A fraternidade é considerada como a conduta que norteia a vida de um indivíduo. Ela é desejada, reclamada e fixada como objetivo de todas as religiões, instituições sociais, partidos políticos, etc. , estabelecendo o altruísmo contra o egoísmo, a benevolência contra a malevolência, a tolerância contra a intolerância, o amor contra o ódio.
A liberdade nasce com o indivíduo, atinge o consciente coletivo dos povos e produz fatos extraordinários. O sentimento de liberdade é o bem mais caro ao coração de um homem; e não há nada que o deprima tanto quanto a opressão da escravidão, o encarceramento da consciência e a privação da liberdade.
Do ponto de vista iniciático, todavia, o conceito é um pouco diferente:
A igualdade repousa sobre a consciência da identidade básica de todos os seres e de todas as manifestações do espírito humano, acima de todas as distinções externas de posição social e de grau de conhecimento e de desenvolvimento intelectual. Essa igualdade , representada pelo Nível, é que proporciona, a todos, uma justa e reta maneira de conduta com todos os semelhantes.
A fraternidade é considerada o complemento da liberdade individual e da igualdade espiritual, das quais representa a adoção prática. Em síntese, é a tolerância, em relação à
liberdade, e a compreensão, em relação à igualdade.
A liberdade é definida como uma aquisição individual, íntima, fundamentalmente independente da liberdade externa, que pode ser outorgada pelas leis e pelas circunstâncias da vida. Em resumo, é a liberdade que se adquire buscando a Verdade e realizando esforços para trilhar o caminho da virtude, dominando os vícios, os hábitos negativos e as paixões destrutivas.
A interpretação astrológica
A Igualdade é o símbolo de Libra, ou Balança. Este signo é o símbolo universal do equilíbrio, da legalidade e da justiça, concretizados pelo senso da diplomacia e da cortesia, que o caracterizam, assim como a aversão à agressividade e à violência de Áries, que está diante dele.
Libra significa, em última análise, um caráter afável, um sentido de justiça, harmonia e sociabilidade , que são, todos, atributos da igualdade.
A Fraternidade é perfeitamente ilustrada pelo signo de Gêmeos, em sua dualidade , representado por dois gêmeos, que são os míticos Castor e Pólux, cada um desempenhando seu papel, sem nenhuma proeminência sobre o outro. O signo de Gêmeos é dual, porque simboliza o momento em que a força criativa de Áries e Touro divide-se em duas correntes: uma tem sentido ascensional , espiritual, e a outra é descendente, no sentido da multiplicidade das formas e do mundo fenomênico. Considere-se, também, que, face a Gêmeos, está Sagitário, governado por Júpiter, Zeus, Deus, do qual todos os homens emanam, o que os faz irmãos uns dos outros, com
cada um procurando-o, à sua maneira.
A Liberdade é apanágio de Aquário, simbolizado por Ganimedes, pelo anjo derramando, sobre a humanidade, o cântaro do saber ; saber, que, se for bem utilizado, pode ser um meio de acesso à liberdade, com a condição de que aceite a superioridade do iniciado. Só o iniciado , o sábio , poderá reconhecer os limites além dos quais não poderá ir, pois esta é a maneira dele chegar ao conhecimento dos mistérios divinos. Essa ligação com o divino, da qual Moisés é um símbolo, o respeito às leis divinas, fundamental para uma existência pacífica e harmoniosa, serão, também, assinalados pelo signo frontal a Aquário: Leão, cujo símbolo é o Sol; o Sol, símbolo
do UM, símbolo de Deus.
Esses três signos, Libra, Gêmeos e Aquário, são os signos do ar do zodíaco. E os signos do ar são símbolos do espírito, são símbolos do cosmos, que o iniciado deve procurar conhecer e compreender.
NOTA - Alec Mellor, respeitadíssimo pesquisador francês, afirma que é inteiramente falso que essa divisa republicana seja de origem maçônica. Louis Blanc e outros autores pretendem que seu inventor tenha sido Louis-Claude de Saint-Martin, mas o historiador mais abalizado da vida e do pensamento deste, Robert Amadou, demonstrou que isso não é verdadeiro.
A pesquisadora B.F. Hyslop examinou uma grande quantidade de diplomas maçônicos publicados entre 1771 e 1799, na Biblioteca Nacional de Paris, e não encontrou mais que dois, somente, onde as três palavras estão reunidas. Quase todos registram "Saúde - Força - União", ou falam do templo onde reina "o Silêncio, a União e a Paz". O resultado desse estudo está publicado in "Annales Historiques de la Révolution Française" - janeiro, 1951, pag. 7.
A 1a. República conheceu bem a divisa "Liberdade, Igualdade, ou a Morte", mas tal programa ideológico não foi jamais o da Maçonaria. Foi somente sob a 2a. República que a "tríplice divisa" surgiu. Mas não foi a República que tomou emprestada a divisa à Maçonaria,
mas, sim, a Maçonaria é que a tomou emprestada à República (in Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie et des Francs-Maçons" - Belfond - Paris - 1971) .
Extraído do livro "Maçonaria e Astrologia"
Editora Madras – S. Paulo – 1998
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
A IMPORTÂNCIA DA CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON...
A Constituição de Anderson de 1723 é, provavelmente, o documento que mais bem espelha os princípios da Maçonaria. Foi elaborada na transição entre a Maçonaria Operativa e a Especulativa, quando a organização outrora agrupando artesãos construtores se transformava na sua forma atual de organização fraternal indutora de aperfeiçoamento pessoal, moral e espiritual dos seus membros, segundo um método próprio, fundado em princípios herdados de tempos imemoriais, transmitidos e preservados de geração em geração.
Muito - quase tudo - daquilo que os maçons referem como proveniente de "antigas tradições" está inscrito nesta Constituição, autêntico documento basilar da Maçonaria.
Foi publicada em 1723 no Grão-Mestrado de Philip Wharton, 1.º Duque de Wharton, o sexto Grão-Mestre da Premier Grand Lodge de Inglaterra, na realidade o quinto maçom a exercer tais funções, já que George Payne repetira o exercício do ofício, que assegurou em 1718 e de novo em 1720, e o segundo nobre a assumir a condução dos destinos da maçonaria inglesa. O primeiro fora John Montagu, 2.º Duque de Montagu, Grão-Mestre entre 1721 e 1723, que foi quem, em 1721, encarregou James Anderson de "examinar, corrigir e organizar, segundo um melhor método, a História, Obrigações e Regras da Antiga Fraternidade".
James Anderson (1679 ou 1680 - 1739), pastor da Igreja da Escócia, era ministro da Igreja presbiteriana de Swallow Street, em Londres, desde 1710 e Venerável Mestre da Loja com o n.º 17 aquando da publicação da Constituição, conforme se pode ler no apêndice final desta (aliás o local onde consta a única referência à sua autoria do texto).
O post-scriptum final foi assinado pelo Grão-Mestre Philip, Duque de Wharton, o Vice-Grão-Mestre John Teophilus Desaguliers (que exercera já o ofício de Grão-Mestre em 1719), pelos Grandes Vigilantes Joshua Timson (ferreiro de profissão) e William Hawkins (maçom operativo, ou seja, artesão construtor) e pelos Veneráveis Mestres e Vigilantes das então existentes 2o Lojas (incluindo o primeiro Grão-Mestre, em 1717, Anthony Sayer, em 1723 Vigilante da Loja com o n.º 3, e George Payne, que foi Grão-Mestre em 1718 e 1720 e em 1723 era o Venerável Mestre da Loja com o n.º 4) e nele pode ler-se que Anderson, para realizar a tarefa de que fora incumbido, "analisou várias cópias manuscritas de Itália, Escócia e outras partes de Inglaterra e daí (embora aqueles estivessem errados em muitas coisas) e de vários outros arquivos antigos dos maçons extraiu e elaborou a presente Constituição, Obrigações e Regras Gerais".
O volume começa por uma dedicatória ao Ex-Grão-Mestre, John, Duque de Montagu, elaborada pelo Vice-Grão-Mestre em exercício, John Teophilus Desaguliers, prossegue com um capítulo dedicado à História da Maçonaria, a que se seguem os capítulos dedicados às Obrigações dos Maçons e às Regras Gerais, um post-scriptum e a Aprovação, concluindo-se com letras e algumas pautas musicais de canções maçónicas (Canção do Mestre ou a História da Maçonaria, Canção dos Vigilantes ou Outra História da Maçonaria, ambas da autoria de Anderson, Canção dos Companheiros, da autoria de Charles Delafaye e Canção dos Aprendizes, da autoria de Matthew Birkhead).
A parte dedicada à história da Maçonaria é uma compilação efetuada, fixada e, não pouco significativamente, corrigida por Anderson das versões, há muito existentes em documentos da maçonaria operativa e de que neste blogue já dei conta e divulguei e comentei, da Lenda do Ofício (ver os textos agrupados no marcador Lenda do Ofício). A parte final, das canções, hoje pouco mais interesse tem do que o de curiosidade. A dedicatória, o post-scriptum e a Aprovação são textos quase que apenas protocolares.
Particular interesse revestem os capítulos dedicados às Obrigações dos Maçons e às Regras Gerais. Lendo-os e analisando-os, neles detetamos a origem de variadas compilações e versões de chamados Landmarks (princípios fundamentais da Maçonaria) e de regras ainda hoje usadas e praticadas em Maçonaria, muitas delas não constando de qualquer regulamento e invocadas como derivando de "Antigas Tradições". Pois bem, a fonte ou, pelo menos, a compilação dessas Antigas Tradições está na Constituição de Anderson de 1723!
Se nada surgir em contrário, vou dedicar quase todos os meus textos deste ano de 2012 à divulgação, análise e comentário crítico dos textos das Obrigações dos Maçons e das Regras Gerais da Constituição de Anderson de 1723. Serão muitos textos (as Obrigações são seis, a última das quais dividida em seis partes, o que, em princípio, justificará onze textos; as Regras Gerais são 39, o que justificará outros tantos textos). Resumindo: um programa para 50 textos, que ocupará todo este ano de 2012 e poderá ainda sobrar para 2013, dependendo da altura em que eu decidir publicar dois textos dedicados à memória da Loja, relativos ao período do veneralato do vigésimo primeiro Venerável Mestre da Loja e da eventualidade de, a qualquer tempo, poder interromper o que será esta longa série para escrever sobre qualquer assunto que julgue oportuno.
O tema desta série merece esta alongada atenção. Afinal, a Constituição de Anderson de 1723 é um documento essencial para se compreender o que é a Maçonaria. Essencial para quem é maçom, se quer mesmo saber porque faz algo do que faz; essencial para quem não é maçom, se não se quiser limitar a umas "ideias gerais", geralmente pouco acertadas, sobre a instituição da Maçonaria de que tantos falam e tão poucos acertam.
Nesta série de textos, utilizarei como fonte permanente a excelente versão portuguesa da Constituição de Anderson de 1723, publicada em 2011 pelas Edições Cosmos, com introdução, comentário e notas de Cipriano de Oliveira (não concordo com todas as posições expressas por Cipriano de Oliveira - e ele sem dúvida que sabe onde discordamos... -, o que não invalida que seja um notável trabalho o que ele realizou e muito útil a edição resultante da sua pesquisa e do seu labor).
terça-feira, 26 de novembro de 2013
A PREVALÊNCIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA...
INTRODUÇÃO
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O capítulo I da Constituição do Gr .: Or .: do Brasil, que trata dos princípios gerais da Maçonaria e dos postulados universais da instituição, em seu artigo 1.o define Maçonaria como uma Instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica e evolucionista, que proclama a prevalência do espírito sobre a matéria e pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade por meio do cumprimento inflexível do dever e da investigação constante da verdade.
Como poderia a maçonaria ser iniciática se não proclamasse a prevalência do espírito sobre a matéria? Se assim não fosse, que valor teria toda a sabedoria maçônica?
A palavra iniciação, derivada da latina Initiare (de início, começo), deriva-se de duas outras : in (=para dentro) e ire (=ir), ou seja, ir para dentro, penetrar no interior e começar de novo.
Da etimologia da palavra depreende-se que o significado da Iniciação é o ingresso no mundo interno para começar a vida nova. A iniciação maçônica apresenta um simbolismo maravilhoso. Na câmara das reflexões o homem fecha os sentidos do mundo externo, encontra-se isolado nas trevas que representam a matéria física e passa a dirigir a luz do seu pensamento para seu mundo interior, o mundo do espírito que o conduz ao conhecimento próprio e ao do universo.
A iniciação é, portanto, uma renovação completa do caráter, um acordar das faculdades latentes da alma e, somente após aprender a extinguir o fogo das paixões, comprimir os desejos impuros, orientar os impulsos do seu ser para o bem e a virtude, é que se introduzem nos grandes mistérios.
Espírito e matéria
Não há efeito sem causa; o nada não poderia produzir coisa alguma. Estão aí axiomas, isto é, verdades incontestáveis. Ora, como se verifica em cada um de nós a existência de forças, de potências que não podem ser consideradas como materiais, há necessidade, para explicar a sua causa, de remontar a outra origem além da matéria, a esse princípio que designamos alma ou Espírito.
Quando, perscrutando-nos a nós mesmos, queremos aprender a nos conhecermos, a analisar as nossas faculdades; quando afastando da nossa alma a escuna nela acumulada pela vida, o espesso invólucro de que os preconceitos, os erros, os sofismas revestiram a nossa inteligência – penetramos nos recessos mais íntimos do nosso ser e nos achamos então em face desses princípios augustos, sem os quais não há grandeza para a Humanidade : o amor do bem, o sentimento da justiça e do progresso. Esses princípios, que se encontram nos graus diversos, no ignorante do mesmo modo que no homem de gênio, não podem proceder da matéria, que esta desprovida de tais atributos. E se, a matéria, que não possui essas qualidades, como poderia por si só formar os seres que estão com elas dotados? O sentimento do belo e do verdadeiro, a admiração que experimentamos pelas obras grandes e generosas, teria assim a mesma origem que a carne do nosso corpo e o sangue de nossas veias. Entretanto, devemos antes considerá-los como reflexos de uma alta e pura luz que brilha em cada um de nós, do mesmo modo que o Sol se reflete sobre as águas, estejam estas turvas ou límpidas. Em vão se pretenderia que tudo fosse matéria. Pois que! Somos susceptíveis de amor e bondade; amamos a virtude, a dedicação, o heroísmo; o sentimento da beleza moral está gravado em nós; a harmonia das leis e das coisas nos penetra, nos inebria; e nada de tudo isso nos distinguiria da matéria? Sentimos, amamos, possuímos a consciência, à vontade e a razão, e procederíamos duma causa que não sente, não ama, nem conhece coisa alguma, que é cega e muda! Superiores a força que nos produz, seriamos mais perfeitos e melhores do que ela.
Tal modo de ver não suporta um exame. O homem participa de duas naturezas. Pelo seu corpo, pelos seus órgãos deriva-se da matéria; pelas suas faculdades intelectuais e morais; procede do Espírito.
Relativamente ao corpo humano, digamos ainda com mais exatidão que os órgãos componentes dessa máquina admirável são semelhantes a rodas incapazes de andar sem um motor, sem uma vontade que os ponha em ação. Esse motor é a alma. Um terceiro elemento liga a ambos, transmitindo ao organismo as ordens do pensamento. Esse elemento é o perispírito, matéria etérea que escapa aos nossos sentidos. Ele envolve a alma, acompanha-a depois da morte nas suas peregrinações infinitas, depurando-se, progredindo com ela, constituindo para ela um corpo diáfano, vaporoso.
O Espírito reside na matéria, como um prisioneiro em sua cela; os sentidos são as fendas pelas quais se comunica com o mundo exterior. Mas, enquanto a matéria declina cedo ou tarde, se enfraquece e se desagrega, o Espírito aumenta em poder e se fortifica pela educação e pela experiência. Suas aspirações engrandecem, estende-se por além-túmulo; sua necessidade de saber, de conhecer, de viver é sem limites. Tudo isso mostra que o ser humano só temporariamente pertence à matéria. O corpo não passa de um vestuário de empréstimo, de uma forma passageira, de um instrumento por meio do qual a alma prossegue neste mundo a sua obra de depuração e progresso. A vida espiritual é a vida normal, verdadeira, sem-fim.
desenvolvimento
A virtude, o conhecimento, a sabedoria e a bondade são atributos do espírito. Portanto, é o Espírito que se melhora e busca progressivamente a perfeição pelo conhecimento da verdade. No início há uma predominância da matéria sobre o espírito. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhe são conseqüentes. Com o desenvolvimento e conhecimento, suas qualidades morais, sabedoria e bondade, passam a predominar. É a predominância do espírito sobre a matéria. É o desejo do bem na busca da perfeição pelo conhecimento da verdade.
A – As Grandes Doutrinas :
Todas as grandes doutrinas nos dão indicações e caminhos para se atingir a verdade, o grande mistério. A Maçonaria Universal sofreu influência de todas elas e carregam no significado dos seus símbolos marcas dessa influência.
Essas grandes doutrinas tiveram duas faces : uma aparente e outra oculta. Uma forma material, que eram as cerimônias, os cultos e os símbolos, para instigar a imaginação do povo. A outra, espiritual, onde estão os conhecimentos científico e filosófico, a verdade da vida somente interpretada pelos iniciados em doses proporcionais ao desenvolvimento das suas qualidades morais e intelectuais.
Com o domínio do conhecimento e interpretação dos seus símbolos entenderemos que a vida nada mais é que a evolução no tempo e no espaço, do espírito, única realidade permanente. A matéria é sua expressão inferior, sua forma variável. O Ser por excelência, o G .: A .: D .: U .: e fonte de todos os seres é Deus, simultaneamente triplo e uno. É a essência, substância e vida em que se resume todo o universo.
Eis porque podemos encontrar o G .: A .: D .: U .: no mais profundo do nosso ser, interrogando a nós mesmos na solidão, estudando e desenvolvendo as nossas faculdades : a razão e a consciência.
B – Interpretação das Grandes Doutrinas
A doutrina secreta acha-se no fundo de todas as religiões e dos livros sagrados de todos os povos.
Existe uma vasta literatura, onde podemos comprovar e esmiuçar sobre um tema tão sério e porque não dizer polêmico, devido às várias interpretações e formas de adoração, mas tendo em comum a crença de uma vida eterna, após o cumprimento desta passagem por esta.
Os primeiros livros em que se encontra exposta a grande doutrina são os Vedas. É o molde em que se formou a religião primitiva da Índia, onde eles celebravam agni, o fogo, símbolo eterno masculino ou espírito criador e soma, símbolo do eterno feminino, alma do mundo, substância etérea, que em sua perfeita união constituem o ser supremo que se imola a si mesmo para produzir a vida universal. Acreditando na imortalidade da alma e a reencarnação.
Na vasta solidão dos bosques viviam, em retiro, os rishis. Intérpretes da ciência oculta da doutrina secreta dos vedas, eles já possuíam os misteriosos poderes transmitidos através dos séculos de que gozam ainda os faquíres e os iogues. Desses solitários saiu o pensamento inovador, o primeiro impulso que fez do bramanismo a mais colossal das teocracias.
O inspirador das crenças dos Hindus, Krishna, aparece na história como o primeiro reformador, sendo que renovou a doutrina védica apoiando-se sobre as idéias da trindade, da imortalidade da alma e de seus renascimentos sucessivos. E através desta teoria, conquistou muitos seguidores e desenvolveu muitos conceitos e ideologias, entre tantos ensinamentos de sua teoria dizia aos seus seguidores escolhidos : “Revelei-vos os grandes segredos. Não os digais senão àqueles que os podem compreender, sois os meus eleitos : vedes o alvo. A multidão só descortina uma ponta do caminho”.
Por estas palavras a doutrina secreta estava fundada.
A moral budista por sua vez já preconizava aos seus adeptos milenares : é necessário praticar o Bem porque o Bem é o fim supremo da natureza. A Ciência e o Amor são os dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não os adquirir, o ser está condenado a prosseguir na série das experiências terrestres.
Em Dhmmapada encontramos estas orientações morais : Assim como a chuva passa através de uma casa mal coberta, assim a paixão atravessa a alma pouco refletida. Pela reflexão, moderação e domínio de si mesmo, o homem transforma-se numa rocha que tempestade alguma pode abalar. O homem colhe exatamente aquilo que semeou.
No Egito onde às portas do deserto erguem-se os templos e as pirâmides, o culto de Ísis e Osíris também apresentava duas faces. Debaixo dos grandes espetáculos e cerimônias públicas ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e grandes mistérios. A antiga doutrina, do verbo luz, simultaneamente inteligência, força e matéria; espírito, alma e corpo, analogia perfeita com a filosofia da Índia, foram o segredo da vitalidade do Egito.
Sob formas austeras os princípios desta doutrina eram expressos pelos livros sagrados de Hermes, que durante sua iniciação teve uma visão na qual conversou com o Grande Ser, Osíris e sua visão eram transmitidas vocalmente de pontífice a pontífice e gravada em sinais hieróglifos nas abóbadas das criptas subterrâneas. Elas reconheciam Deus como Pai, pregava o fogo das profundezas e a luz no Céu, ou seja um plano superior, onde o Destino do espírito humano tem duas fases: Cativeiro na matéria e ascensão na luz. Almas inferiores e más ficam presas a vários renascimentos na terra, porém as almas virtuosas sobem voando pare esferas superiores, denominadas em sete juntam: sabedoria, amor, justiça, beleza, esplendor, ciência, imortalidade. E“esta visão encerra o segredo de todas as coisas”.
Pitágoras, que havia estudado por 30 anos no Egito, levou para a Grécia, através da sua Academia de Crotona, as doutrinas secretas do oriente e soube fazer delas uma vas síntese, tendo como sucessores de sua obra Sócrates e mais tarde Platão, sendo que Platão foi também iniciado nos grandes mistérios egípcios e Sócrates condenado a beber cicuta pelo fato de insurgir contra os vícios que corrompiam a mocidade de seu tempo, legando, no entanto, até o momento de seu sacrifício, seus ensinamentos.
No Egito, na Grécia ou na Índia, os Grandes mistérios consistiam de uma mesma coisa : o conhecimento do segredo da morte, a revelação das vidas sucessivas e a comunicação com o mundo ocultam.
Os Hebreus eram uma ilha de monoteísmo cercada de povos politeístas por todos os lados. Como máximo legislador se destaca Moisés, cuja maior contribuição à humanidade não foi o seu Pentateuco, os seus cinco livros (Gênesis, Deuteronômio, Êxodo, Levítico e Números) com que se abre a Bíblia Sagrada dos Cristãos ... mas sim o decálogo recebido no Monte Sinai encerrando Mandamentos de valorização e enobrecimento da Alma.
Assim em uma pequena manjedoura em Belém de Judá, no silêncio da noite, nasce JESUS, sendo que até o encontro com João Batista, os evangelhos guardaram um silêncio absoluto sobre seus passos, e somente após este encontro de algum modo tomou posse de seu mistério, passando vários anos com os essênios. Submeteu-se a sua disciplina, de ordem severa, onde para ingressar era necessário um noviciado de um ano. Quem dava provas suficientes de temperança era admitido, sem contudo entrar em contato com os mestres. Eram precisos mais dois anos de provas recebido na confraria. Jurava-se “por terríveis juramentos” observar os deveres da ordem e nada revelar de seus segredos. Sendo assim houve uma relação íntima entre a doutrina de Jesus e a dos Essênios, que evidentemente eram considerados irmãos ligados a eles pelo juramento de seus mistérios. Sendo assim Ele próprio dizia : “Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumpri-las”.
Consequentemente acumular riquezas materiais ou mesmo viver escravo das mesmas, é tão temporário quanto este corpo que possuímos, porque nada poderemos carregar junto na passagem da continuidade desta vida, o conhecimento material alarga a visão do homem para que melhor se situe no mundo e acima de tudo se torne mais amigo das coisas belas e mais irmãos dos seus semelhantes ... Quanto ao dinheiro, poderíamos compara-lo à água. Se parada é a estagnação ... Se corrente, é a benção dos vales ... Se desgovernada, é a inundação semeando a destruição ... Se sob controle, é a represa convertendo-se a energia ... Sob o Sol, evapora-se de onde está em excesso e faz-se chuva sobre a gleba ressequida ... Sob o calor do nosso Amor, as moedas podem ir em socorro da dor alheia na forma de chuva de benefícios, angustiadamente esperados ...
CONCLUSÃO
A Maçonaria desperta-nos para a nossa verdadeira natureza de alma imortal a despeito dos disfarces da vida material ... O corpo não passa de um envoltório que é passageiro, que é perecível, que é falaz ... As circunstâncias da vida como a cultura, o dinheiro, a saúde, a fama, o poder, a casa bonita, o último carro, as iguarias deliciosas, o leito macio, tudo isso é um breve estágio porque estamos passando ... Uma ligeira oportunidade de evolução que o G .: A .: D .: U.:, por infinita Misericórdia, nos está concedendo para o nosso progresso em todos os sentidos.
Nas experiências deste mundo não raro encontramos, como pano de fundo, os gemidos da dor, as angústias do desespero moral, onde se desfazem as ilusões e descobrimos a nossa verdadeira natureza. Atinamos enfim com a nossa individualidade espiritual.
Irmãos queridos ! O G .: A .: D .: U.: não nos destinou para a brevidade desta existência terrena. Não embora o estágio na Terra seja sumamente valioso para o nosso progresso evolutivo, a verdade é que somos cidadãos do infinito.
E um porvir cheio de nobres realizações inimagináveis nos aguarda no Grande Além. Emoções que a linguagem humana não consegue definir, inundam de ventura perene o ânimo da Alma em sua trajetória de ascensão sublime para o G .: A .: D .: U.:.
O homem que se fecha em si mesmo ou só se abre às coisas corriqueiras do seu estreito mundo material é incapaz de conhecer o que seja a vida da alma.
E nós maçons, que tivemos a grata oportunidade de iniciarmos nos mistérios da Arte Real, somos conclamados a esta reflexão cada vez que adentramos ao templo maçônico, que nos convida a uma viagem a esta milenar história, adornando com seus símbolos e rituais e tendo como ápice desta conclamação o sublime momento em que o Ven .: M .: no fechamento da loja evoca :
“O G .: A .: D .: U.: fonte fecunda de Luz, Felicidade e Virtude ...”
Ir.'. Antônio Carlos Rondon Júnior
Loja Maçônica Tupy
Or.'. de Araçatuba - SP.
Bibliografia
Bhagavad-gita – A mensagem do mestre•
Os grandes iniciados – Édouard Schvré
Depois da morte – Leon Denis
O porque da vida – Leon Denis
Constituição do G.: O .: B .:
Grau do Aprendiz e seus mistérios – Jorge Adoum
A delicada questão da vida – Celso Martins
Erac – Loja Fraternidade de Limeira
sábado, 23 de novembro de 2013
A IGNORÂNCIA, O FANATISMO E A SOLIDARIEDADE...
Longe de se tratar apenas do desconhecimento generalizado, a Ignorância é o pior mal que aflige a sociedade humana. Não se trata apenas da falta de cultura geral, mas do mau uso que se faz do conhecimento existente. O ignorante oprime e subjuga o próximo em sua busca pelo poder, ao ganho fácil e desonesto ou baseado na força física e no ardil, provoca baderna, guerra, desmando e desmoraliza toda a sociedade; é um bruto.
Já o homem sábio e espiritualizado prima pela busca do respeito a si próprio e pratica o amor fraterno. Mesmo que a maioria não o mereça, é tolerante até o limite de sua capacidade individual. A sabedoria não é a erudição; é um conjunto harmonioso de conhecimentos e disposição mental. Além de ser estudioso, aperfeiçoar-se permanentemente, o homem de perspicácia age e fala em conformidade com a razão e a moral, com prudência e experiência de vida, é sensato, equilibrado, sensível, moderado, sereno, amigo do progresso, sujeito a mudanças, evita o confronto pela força física, luta pela verdade, justiça e união dos povos, visa a intensificação da luz da visão interior, fomenta a promoção do crescimento do bem e da perfeição e promove o autoconhecimento. Ao entrar na posse das noções equilibradas dos direitos e deveres de cidadão e ser humano, e, ao educar-se permanente, liberta-se, pois só uma pessoa livre pode promover ações que ajudam a sociedade a quebrar os grilhões da escravidão do sistema dos embrutecidos.
Infelizmente, tanto o fanatismo político como o religioso promove as maiores arbitrariedades. Supostamente por ordem da divindade o fanatismo religioso é uma espécie de anomalia mental que contamina as pessoas e perverte a razão. A história tem muitos relatos de quão horrorosa pode ser uma sociedade dominada pela superstição, falsidade e loucura fundamentalista. Também os fanáticos políticos, movidos pela cobiça e o poder, muitos males causam a sociedade. Miríades de homens e mulheres de valor foram caladas ao longo da história humana pelos extremismos político e religioso.
A Maçonaria, orientada pelo Grande Arquiteto do Universo, sem ufano, tem a pretensão de promover a educação necessária para melhorar o ser humano, combater o fanatismo e promover a solidariedade como recurso para eliminar os males da vida de seus obreiros e da sociedade em geral. A associação de maçons não consta de uma proteção incondicional recíproca, mas é fundamentada em valores e condições razoáveis. A melhor proteção de seus membros vem da educação que ela promove, e deste desenvolvimento pessoal e do relacionamento interpessoal florescem amizades, vínculos de perfeita união, tão fortes que fazem da Ordem um local onde o amor é usado para moldar espíritos e intelectos para se tornarem pessoas de valor na sociedade em que vivem.
E assim, educando a pessoa, esta pelo exemplo, conquista outras pessoas no meio em que vive, tornando a vida da sociedade global mais fácil de ser vivida.
Que o Grande Arquiteto do Universo Abençoe a todos nós!
Ir.'. Charles Evaldo Boller
ARLS Apóstolo da Caridade n° 21
Or.'. Curitiba - Grande Loja do Paraná
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
HOMEM LIVRE...
Seríamos todos realmente “livres”?
Sobre essa expressão, geralmente os IIr.•. dizem que é um resquício da antiguidade, um apêndice não removido, que refere-se à escravidão de outrora. Outras fontes maçônicas apontam à independência decorrente da não submissão a trabalho servil. Mas aqui gostaria de levantar outro enfoque de “liberdade”. Seríamos todos realmente “livres”?
Ouso afirmar que 95% da população não o é completamente.
Senão vejamos o que é ser livre?
Simplificadamente é poder “optar” entre isso ou aquilo, livremente e sem coação (ou indução?). Se já não há constrangimento para que ajamos dessa ou daquela forma (senão em virtude de lei), qual seria outra forma de interferência capaz de influenciar nossos juízos e ações?
Poder-se-ia perquirir da manipulação da mídia, das mensagens subliminares, da publicidade que induz às massas ao que gostar e consumir, mas mesmo que grande parcela da população realmente seja vulnerável a esse tipo de influência, quero crer que os livres-pensadores estejam mais imunes a essa virulência moderna. Descartamos aqui, então, as influências externas (não sem antes atentarmos a elas), e aqui já começa o leitor atento a ter indícios do enfoque pretendido.
Toda pessoa tem “tendências”, ou seja, em situações semelhantes, tende a agir ou reagir de tal ou qual forma. Os espiritualistas explicariam essas “tendências” como resquícios de personalidades de outras vidas. Os psicanalistas talvez as explicassem em termos de influências subconscientes. Outros poderiam ainda arguir a teoria do “atavismo” (comportamentos ancestrais latentes). Pouco importa a justificativa, fato é que essas tendências existem, e é delas que queremos aqui tratar.
Se há algum móvel interno, oculto, dissimulado, para as ações de um indivíduo, seria ele plenamente “livre”? Tenho a íntima convicção de que, dependendo do grau de autoconsciência do sujeito, ele pode ser mesmo joguete dessas “forças” internas, bastando para tanto “agir por impulso”.
“Conhece-te a ti mesmo”, já dizia o antigo adágio, mas quantos podem, inequivocamente, afirmar que realmente se conhecem?
O conhecer-se a si mesmo implica numa “sinceridade interna” que poucos suportam, porque dolorida. Reconhecer a si mesmo os próprios erros e vícios, as inclinações pouco louváveis, obrigatoriamente perpassa um necessário exercício de “confissão interna”, franqueza ou auto-honestidade absoluta. O mais comum é o indivíduo procurar justificar a si mesmo as suas faltas em termos de “projeção”, ou seja, “- se assim agi é porque fui levado a isso pelos erros dos outros”.
Mas somos humanos. Reconheçamos a nossa humanidade também nas fraquezas inerentes ao ser humano. Não somos “seres ascencionados” para estarmos imunes a sentimentos vis, por mais sutis e aculturados que esses se possam mostrar. Alguns afirmam que por baixo da pele do homem dormita um lobo, pronto a ser despertado. Não cheguemos a tanto, pois que acreditamos na bondade do ser, contudo inicialmente admitamos que algo sempre há de incorrigido dentro de nós. Esse é o primeiro passo.
O segundo passo seria nunca agir por impulso, pois que o instinto assim atua, quando não se deixa atuar a racionalidade. Respirar ao menos uma vez antes de responder a algo que nos contraria continua sendo um excelente exercício.
Outro exercício seria o “destrinchar” dos sentimentos. Se algo lhe magoou ou entristeceu, procure no seu interior, com honestidade, as raízes desse sentimento. Averigue se ele não provém na realidade de motivo menos nobre, como orgulho, inveja, vaidade... SEJA SINCERO! É um diálogo interno, de você consigo mesmo, ninguém precisa ficar sabendo. E depois aja, ou abandone o sentimento, ou o substitua por outro, ou seja, EXERÇA VOCÊ MESMO VIGILÂNCIA SOBRE OS SEUS PENSAMENTOS E EMOÇÕES, PROCURE CONHECER E SUPERAR AS SUAS TENDÊNCIAS INCONSCIENTES. Seja livre!
E não pense que o autor desta já obteve êxito nesse ínterim. Esse é um exercício diário, quando as arestas vão sendo paulatinamente removidas. Pode ser que essa pedra demore a vida inteira para ser lapidada (e geralmente assim é), mas isso não impede que apresentemos ao “mestre de obras” no dia de hoje uma pedra melhor do que a que apresentamos no dia de ontem.
Ir.'. Fábio Henrique Hardt - MI
REAA - GLMERGS.
ARLS Baden-Powell 185
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
PLATÃO...
Platão nasceu em Atenas, no ano de 427 a.C. e morreu em sua cidade natal no ano de 347 a.C.. Pertencente a uma família nobre de sua cidade, conheceu aos vinte anos seu mestre Sócrates, com quem conviveu até os seus vinte e nove anos, quando Sócrates foi condenado à morte por envenenamento. Durante sua vida, Platão viajou por muitas civilizações do mediterrâneo, passando pela Grécia, Egito, Cirene, sul da Itália e Siracusa.
Platão era discípulo de Sócrates que cultivava reservas profundas em relação à escrita porque, segundo ele, a escrita não seria um meio de adquirir conhecimento. Talvez por isso, Platão quando começou a escrever, preferiu escrever em diálogo, por entender que essa seria uma metodologia de investigação, de tal maneira que tudo possa ser transportado ao papel como acontece na realidade, para que a linguagem escrita mantenha a vivacidade e as marcas da oralidade, como uma imagem perfeita.
O primeiro trabalho filosófico escrito por Platão foi um discurso em defesa de seu mestre contando tudo o que Sócrates falou ao júri que o condenou e, a partir daí, não deixou mais de escrever. Sempre se utilizando de diálogos escritos envolvendo Sócrates e outras pessoas do seu cotidiano intelectual.
Consideram-se autênticos 28 diálogos, do total de 35, atribuídos a Platão. Em alguns percebe-se a preocupação dele em definir idéias como a mentira, a coragem, o dever, a natureza humana, a amizade, a sabedoria, a piedade, a virtude, a justiça, a ciência e a retórica.
Platão fundou, por volta de 387 a.C., sua própria escola. Localizada próxima a Atenas, em um bosque que tinha o nome do herói grego Academus e, devido a esse nome, sua escola ficou conhecida por Academia de Platão. Nela ensinava-se filosofia, matemática e ginástica utilizando-se, sempre que possível, de diálogos e discussões. Dizem, que na fachada da escola de Platão estava escrito: "Que aqui não entre quem não for geômetra." Por objetivo, Platão queria encontrar uma realidade que fosse eterna e imutável.
Platão, assim como Heráclito considerava que o mundo material ou físico é o que está sujeito a mudanças contínuas e a oposições internas, seria o mundo em que vivemos, formado de coisas imperfeitas, mal definidas, como sombras de uma realidade verdadeira. Um mundo onde as coisas fluem e não são eternas e imutáveis porque são corpos físicos que se desgastam e morrem um dia, cópias infiéis de suas idéias perfeitas, eternas e imutáveis que existiriam no "Mundo das Idéias".
Mundo inteligível, ou "Mundo das Idéias", segundo Platão, seria o mundo verdadeiro ou das essências imutáveis, sem contradições nem oposições, sem transformações. Coerente com suas teorias, Platão confiava apenas na razão e nunca nos sentidos, porque o conhecimento e as informações que chegam através dos sentidos são imprecisos diferentemente dos conhecimentos que tomamos com base na razão que não varia de pessoa para pessoa, por ser ela eterna e universal. Partindo daí, podemos compreender muito bem porque Platão gostava tanto da matemática, na qual, sempre se utiliza a razão para resolvê-la e as respostas são sempre precisas e comuns para todas as pessoas e eternamente as mesmas.
No pensamento de Platão o homem é um ser dual, ou seja, formado por duas partes diferentes: o corpo físico - impreciso e dotado de sentidos, pertencente ao "Mundo Material" ou "Mundo dos Sentidos", e a alma, que é imortal, vinda do "Mundo das Idéias", que é a morada da razão. E, por não ser material, a alma consegue se comunicar com o "Mundo das Idéias". Vinda do "Mundo das Idéias", a alma traria com ela as idéias perfeitas desse mundo que em contato com o "Mundo dos sentidos" seriam esquecidas. Segundo Platão, para a alma resgatar estas lembranças seria preciso que as pessoas, cada vez mais, entrassem em contato com as coisas da natureza.
Com relação as mulheres, Platão achava que: se elas recebessem a mesma formação que os homens e fossem liberadas dos trabalhos domésticos desenvolveriam igualmente suas capacidades mentais e conseqüentemente poderiam governar um Estado da mesma forma que eles.
Platão também se interessava por política e, segundo ele, o ideal seria a criação de um Estado baseado na estrutura de um corpo atuando sobre ele a alma e a virtude e uma República estruturada como o corpo humano. Neste tipo de organização: a cabeça seriam os governantes, que deveriam ser filósofos; o peito seriam os sentinelas, os guardas, o exército; o baixo ventre, os trabalhadores. Da seguinte forma:
Corpo - Alma, Virtude, Estado;
Cabeça - Razão, Sabedoria, Governantes;
Peito - Vontade, Coragem, Sentinelas;
Baixo-ventre - Desejo, Temperança, Trabalhadores.
A primeira parte da filosofia de Platão é conhecida por *Dialética que busca através dos diálogos a procura incessante com vistas a descobrir conceitos gerais, universais e reais, arquétipos eternos. Um diálogo, em que se confrontam opiniões diferentes sobre um mesmo assunto para que, através dos argumentos apresentados, possa-se chegar a um pensamento comum, passando-se das imagens contraditórias a conceitos idênticos.
A Dialética Platônica é um procedimento intelectual e lingüístico em que: se partindo de alguma coisa sobre a qual dividimos duas partes contrárias ou opostas e que através dos conhecimentos de sua contradição se possa determinar qual dos contrários é verdadeiro. E assim sucessivamente vai se dividindo cada par de contrários que devem ser novamente divididos até que se chegue a um termo indivisível que seria, finalmente, a essência da coisa investigada e sobre a qual não há nenhuma contradição.
A Filosofia de Platão é baseada na ética, dialética, metafísica, teologia, antropologia, estética, cosmologia e pedagogia. É sobretudo uma crítica social. Foi traduzido para o cristianismo por Santo Agostinho e alguns o consideravam quase um deus como Plotino e a escola neoplatônica.
*Dialética - Originalmente, o termo (que tem origem grega) significava discorrer com, isto é, trocar impressões, conversar, debater... dialogar. Evolui, entretanto, para um sentido mais preciso, designando "uma discussão de algum modo institucionalizada, organizando-se -- habitualmente em presença de um público que acompanha o debate -- como uma espécie de concurso entre dois interlocutores que defendem duas teses contraditórias. A dialética eleva-se, então, ao nível de uma arte, a arte de triunfar sobre o adversário, de refutar as suas afirmações ou de o convencer" (BLANCHÉ, Robert - História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russel. Lisboa: Edições 70, 1985).
Ir Rony Motta
ARLS Renascença Santista n° 339
Santos - SP
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
BLOG DO REGISCAMBOA: "A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA"
BLOG DO REGISCAMBOA: "A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA": Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas (VOLTAIRE). Onde florescem os ensinamentos maçônicos não vicejam a...
domingo, 10 de novembro de 2013
"A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA"
Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas (VOLTAIRE).
Onde florescem os ensinamentos maçônicos não vicejam a ditadura, a soberania dos poderes arbitrários, nem a dominação daqueles conquistadores violentos que denigrem a condição da criatura humana (RUI BARBOSA).
Ir.'. Max Cleberson dos Santos Cunha - CIM: 230.643
Or.'.de Goiânia-GO
Verão de 2012, da E.'.V.'.
I - PROLEGÔMENOS.
É cediço que a Maçonaria tem participado dos grandes movimentos revolucionários, que de alguma forma, trouxeram melhorias e evolução para a humanidade, e não sobrepairam dúvidas, que isso se deve ao inconformismo e o descontentamento que a nossa sublime Ordem mantém contra o status quo dominante que cometem iniquidades, tiranias, perseguições, jugos e todas as formas de injustiças.
Nesta esteira, citamos a participação ativa da Maçonaria na Revolução Americana de 1776, que teve, dentre outros maçons como expoentes, Thomas Jefferson e George Washington1, sendo que este último foi aclamado como o primeiro presidente dos Estados Unidos; A Revolução Francesa em 1789 foi um dos acontecimentos mais importantes para humanidade, pois rompeu com o sistema servil do absolutismo representado pelo ancien regime, e proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, dentre seus líderes alguns eram maçons ilustres: La Fayette, Danton, Robespierre, Denis Diderot, D’Alembert, Jean-Jacques Rousseau2 e Voltaire3; destaca-se ainda, a intensa atividade de maçons no processo de independência da América espanhola, como San Martin que ajudou a libertar a Argentina (1816) e o Chile (1818), e Simon Bolívar, que por sua vez libertou a Colômbia (1819) e a Venezuela (1821).
Nessa quadra, temos que, em nosso país, a Maçonaria teve decisiva participação nos grandes movimentos históricos, dos quais se destacam a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.
Essas ações engendradas por ilustres maçons, avultam-se de tal importância que, alguns maçonólogos chamam-na de a bandeira tríplice da maçonaria brasileira4, comparando-a com o tema dos revolucionários franceses de 1789.
A presente Peç.'. de Arqu.'. tem como escopo, esmiuçar as circunstâncias que envolveram a participação da maçonaria na proclamação da república, tendo como premissa os elementos, o contexto histórico, e os objetivos dos maçons enquanto atores envolvidos no processo. Cônscio de que o tema em apreço não é tão desnudado pelos autores, revelado pela parca literatura sobre o tema, quando comparado com o assunto da participação da maçonaria na declaração da independência do Brasil, por exemplo, e isso é um dessas injustiças inexplicáveis ante a importância da discussão e o que tal acontecimento trouxe de evolução para o nosso país, não nos furtaremos em discutir esse assunto nas próximas linhas.
Nesse diapasão, deve-se estabelecer a importância do tema enquanto encampada pela maçonaria, eis que, como dito alhures nossa ordem não tem atos de genuflexão ante a submissão ou aos desmandos, desta feita, a contextualização nos revelará a necessidade da ação da maçonaria para a proclamação da república, para a partir daí, verificarmos os caminhos que atualmente nossa ordem devem encampar.
Urge esclarecer, ab initio, que, ao revés do movimento pela independência do Brasil, em quê a Maçonaria atuou enquanto instituição5, o mesmo não ocorreu no movimento pela proclamação da república, nesse a Maçonaria agiu por intermédio de seus membros ilustres que eram próceres da república, ou através de grupos maçônicos e de suas Lojas.
II – ESCORÇO HISTÓRICO.
Faz-se necessário estabelecer que, o desejo pela república não era recente, pois, mutadis mutandis6, temos notícias da participação de maçons em movimentos que tinham como finalidade o estabelecimento da república, dos quais destacamos:
A Inconfidência Mineira: importante movimento revolucionário que tinha objetivo de independência e proclamação da república. Iniciou-se em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), que era sede da capitania de Minas Gerais, ocorreu no emblemático ano de 1789.
O mote de tal levante foi os desmandos da coroa portuguesa, principalmente no que respeita aos elevados impostos, dentre os quais se destaca a derrama que era um elevado percentual cobrado do ouro e das pedras preciosas que eram retirados das minas mineiras.
Percebe-se a participação de nossa ordem nesse movimento, dentre outros motivos, pela própria bandeira de Minas Gerais, formada pelo triângulo, que representa o delta luminoso, o olho que tudo vê. Ademais, ressalta-se aqui, a participação de maçons nesse movimento, dentre os quais, Francisco Antônio Lisboa, mais conhecido como ALEIJADINHO, maçom do grau 18, era autor de obras sacras, e que deixava perpassar símbolos maçônicos em suas obras, como os três anjinhos que formam um triângulo maçônico. Além de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes, que foi o principal ator desse importante movimento.
A Revolução Pernambucana(1817): aqui a intenção era implantar a República em Pernambuco, o seu principal líder era o maçom Domingos José Martins, nascido na cidade de Itapemirim, no Espírito Santo, contudo mudou-se para a cidade do Recife por intermédio do Ir.'. Hipólito José da Costa. Este é considerado o "Patriarca da Imprensa Brasileira". Esses foram os precursores do movimento da República, mas em confrontos com as forças governamentais da época foram derrotadados e seus membros condenados à morte pela Coroa Portuguesa.
A Confederação do Equador(1824): movimento liderado por Frei Caneca, que era maçom, jornalista e propalava os ideais maçônicos. O Brasil já estava independente, e lutava pela unificação, devido aos movimentos revolucionários que eclodiam no país. Os remanescentes da revolução pernambucana de 1817, além de outras questões, insurgiram-se contra a condição de o Imperador poder nomear ao seu alvedrio o presidente da Província.
A Revolução rompeu com o Império recém implantado, proclamou uma república com o nome de Confederação do Equador. Alastrou-se para as províncias vizinhas com o apoio das Lojas e dos Maçons da região. O movimento foi sufocado pelo exército imperial. Fato curioso é que, os revoltosos foram condenados e enforcados, porém, Frei Caneca, conhecido por seu carisma, não foi enforcado, pois não houve carrasco que se dispusesse a fazê-lo.
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha(1835): foi uma guerra regional, também de caráter republicano. Esta revolução, que tinha o objetivo separatista, resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense, que se estendeu até o ano de 1845. Tal movimento foi chefiado pelo Ir.'. Bento Gonçalves da Silva que conseguiu implantar a República de Piratini ou República Farroupilha.
Destaca-se aqui, o evento no qual, seu maior líder Bento Gonçalves, fora preso no Forte do Mar na Bahia, mas conseguiu fugir com a ajuda da Maçonaria baiana. Destaca-se, a colaboração ativa no movimento da Loja "UNIÃO E SEGREDO", que era dirigida pelo Cônego Joaquim Antônio das Mercês.
Bento Gonçalves foi membro da Loja de Porto Alegre, "FILANTROPIA E LIBERDADE", onde foi iniciado. Este movimento revolucionário, também teve a participação de outros maçons, dentre eles os liberais italianos Tito Lívio de Zambeccari e Giuseppe Garibaldi, tendo este último se sobressaído nos combates entre os anos de 1838 e 1841 quando da tomada de Laguna, com a ajuda de Davi Canabarro. Garibaldi foi iniciado na Loja "ASILO DA VIRTUDE" no Rio Grande do Sul.
II.1 – O GRITO DO IPIRANGA. POSSIBILIDADE DA REPÚBLICA. DISSIDÊNCIA DE GRUPOS MAÇÔNICOS.
Cumpre destacar que, no momento da Declaração de Independência do Brasil no ano de 1822, com a participação ativa e decisiva da maçonaria, diga-se Grande Oriente do Brasil, nosso país destoou dos demais países da América Espanhola que proclamaram suas independências, tornando-se, em seguida, republicanos, ao contrário do Brasil que manteve a monarquia.
Insta trazer a baila que, existia uma acendrada disputa entre dois grupos de maçons: o primeiro, denominado de MAÇONARIA AZUL, tinha à testa o Ir.'. José Bonifácio Andrade e Silva, Grão-Mestre do GOB à época, era Ministro plenipotenciário de Dom Pedro I, defendia a bandeira que após a independência do país deveria ser instalada uma monarquia constitucional. De outro lado, o grupo denominado de MAÇONARIA VERMELHA, tinha como líder o Ir.'. Gonçalves Ledo, 1º Grande Vigilante do GOB, desejava um avanço maior, ou seja, além de dissociar nosso país da coroa portuguesa, queria que fosse também proclamada a República. Sagrou-se vencedor o grupo dos Andradas, devido aos laços de união com a coroa.
III – PRESSUPOSTOS QUE ENSEJARAM A POCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA.
O período imediatamente anterior à Proclamação da República foi farto de acontecimentos que iriam mudar a estrutura político-social de nosso país, e como veremos nas linhas abaixo, a nossa sublime ordem participou ativamente deles.
Os maçons brasileiros envolvidos no processo atuavam por intermédio de suas Lojas, na imprensa, ou mesmo nas tribunas, onde mostravam suas preocupações seja com a questão infame da escravatura, seja com a possibilidade de um terceiro reinado. Alie-se a isso, a questão religiosa que ajudou no movimento em defesa da república, pois gerou indisposição entre o alto clero e o imperador. Outra questão de relevo, como veremos, foi a insatisfação do exército que mesmo sagrando-se vencedor da Guerra do Paraguai, não teve o devido reconhecimento.
III.1 – QUERELA RELIGIOSA.
O embate religioso que foi travado entre o episcopado (corporação de bispos) e o governo, e por via oblíqua a Maçonaria, ajudou a precipitar a queda da monarquia. A força da Igreja naquela época era inquestionável, tanto que a Constituição de 1824 continha um dispositivo prevendo a união entre o trono e o altar, o que era fonte permanente de conflitos. Tais querelas surgiam porque, o poder Imperial poderia indicar os Sacerdotes para ocuparem cargos, além do que, as Bulas Papais (leis da Igreja) só poderiam ser aplicadas com a aquiescência do Imperador.
O estopim para o desentendimento foi um discurso proferido pelo Ir.'. Antônio Alves Pereira Coruja, no ano de 1872, no Lavradio, no qual exaltava a participação da Maçonaria na edição da Lei do Vente Livre (Lei proposta pelo Conselho de Ministros, que tinha a frente o Visconde do Rio Branco, Grão-Mestre a época). Ato contínuo, o Padre Almeida Martins, Grande Orador interino do GOB, proferiu veemente discurso exaltando a Maçonaria, no dia seguinte esse discurso foi publicado nos jornais, o que ensejou duras críticas do Bispo do Rio de Janeiro, que inclusive suspendeu o Padre de suas funções.
Em seguida, na cidade de Olinda, o Bispo Dom Vidal, capuchinho ferrenho, ficou indignado com as críticas feitas ao Bispo do Rio de Janeiro, e em represália determinou que os Padres maçons abandonassem a ordem imediatamente. Dois padres que não abandonaram a ordem maçônica foram afastados. Agravou-se a situação quando um Bispo do Pará resolveu fechar os templos dirigidos por padres maçons. Era uma declaração de guerra à maçonaria.
O poder Imperial entrou em cena, e anulou as penas aplicadas aos Padres, sob o argumento de que a ordem do Vaticano que proibia padres maçons (Bula Syllabus, de 1864) não podia ser aplicada no Brasil, pois não foi ratificada pelo Governo Imperial. Mais uma vez vemos a força da maçonaria!
Essa anulações impostas, não foram cumpridas pelos Bispos, o que levou o Visconde do Rio Branco, a determinar a prisão dos Bispos, que foram condenados a 4 anos de prisão, com trabalhos forçados, em 1874.
O Papa Pio IX, que no começo não compactuou com a imposição dos Bispos contra os Padres, ficou indignado com as penas aplicadas. A querela, então ganhou veios internacionais.
Com a utilização de muita diplomacia, após algum tempo, solucionou-e o problema, todavia o Gabinete de Rio Branco caiu, vindo a ser substituído por Duque de Caxias.
III.2 – DESCONTENTAMENTO MILITAR.
Outra influencia marcante da Maçonaria na Proclamação da República deveu-se ao oficialato da classe militar, que em sua maioria era composta por maçons ativos, que passaram a questionar as estruturas político-sociais do império.
A partir da Guerra o Paraguai, em que o Brasil sagrou-se vencedor, o Exército passou a crescer em importância e número, revertendo a situação anterior em que o prestígio militar era negativo devido a participação dos militares em agitações populares.
Destaca-se que as tropas eram formadas em boa parte por negros, e esses faziam com que os oficiais se ressentissem com a situação do Brasil, pois nosso país ainda era a única nação independente da América a manter a escravidão.
Assim, disseminou-se no Exército uma posição antiescravista e republicana. Some-se a isso que, vários oficiais tornaram-se políticos, é o caso de Duque de Caxias e de Floriano Peixoto, que também eram maçons. Caxias era uma figura de grande prestígio no Exército mas também era um dos líderes da Partido Conservador e Floriano Peixoto apesar de ter conexões com a cúpula do Partido Liberal, falava como militar e não como cidadão, sua lealdade era ao Exército.
A fundação da Academia Militar em 1859, ajudou a acirrar os ânimos entre a classe militar e o governo monárquico. Essa academia que tinha sede na Praia Vermelha, era um centro de estudos de matemática, filosofia e letras, tendo ficado conhecida como: "Tabernáculo da Ciência". Em seu interior disseminou-se os ideais positivistas de Augusto Comte7.
Destaca-se, a participação de Benjamim Constant8 forte seguidor do Positivismo, que, sob inspiração dos princípio positivistas, pregava a ditadura republicana como o Governo de salvação no interesse do povo.
III.3 – ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA.
A estrutura de produção econômica de nosso país, à época, era exclusivamente fundada no trabalho escravo. Todavia, devido a pressão exercida pelo governo inglês, precursores da Revolução Industrial que tinha como base o trabalho livre, e ao acendrado debate de maçons que defendiam a abolição da escravatura quer no parlamento, quer em suas Lojas, foram editadas leis que progressivamente aboliram o trabalho escravo: Lei do Ventre Livre (28.09.1871, também conhecida como Lei Visconde do Rio Branco, pois foi quem apresentou o projeto à Câmara, que em realidade fora idealizado pelo maçom Pimenta Bueno), que determinava que a partir daquele momento aqueles que nascessem de escravos seriam livres, Lei do Sexagenário (28.09.1885) que permitia que os escravos que tivessem sessenta anos, ou mais, estariam livres, por fim, a Lei Áurea (13.05.1888) que extinguiu a escravidão. Esses fatores foram preponderantes para o enfraquecimento do Império, contribuindo decisivamente para acelerar o processo que culminou com a Proclamação da República.
Com a abolição, o Poder Econômico, representado principalmente pelos latifundiários, grandes fazendeiros, se sentia ferido de morte. Poucos acreditavam ser possível produzir pagando salário. Para eles a abolição havia tirado do país a condição de produzir.
Não sabiam eles que a nova estrutura é que daria condições ao país de dar o grande salto para a industrialização e para o progresso. Destaca-se, nesse passo, o grande empreendedor e defensor da abolição da escravatura, como fator de desenvolvimento para o Brasil, o maçom, Barão de Mauá9.
Nesta esteira, além da participação propriamente dos ministros e parlamentares maçons que eram defensores da abolição, muitas Lojas10 engajaram-se em defesa da extinção dos escravos. Citamos que Lojas Maçônicas até usavam os fundos destinados à beneficência para comprar escravos a fim de dar-lhes a alforria ou seja a liberdade.
Mas não é só, também realizavam bailes e eventos, com vistas a arrecadar fundos para também comprar alforrias. Vários escravos se tornaram homens livres graças a essa iniciativa dos Maçons e da Maçonaria.
III.4 – DA SUCESSÃO IMPERIAL: CONDE D’EU OU PRINCESA ISABEL?
Dom Pedro II, já vinha bastante desgastado não só pelo diabetes que o acometia, mas também pelos três fatores citados algures (Descontentamento Militar, querela Religiosa e Abolição), portanto, já se vislumbrava que o Imperador não chegaria ao cabo de seu reinado. Some-se a isso, que a propaganda republicana vinha ganhando força, cita-se aqui a convenção de ITU e o Partido Republicano, e também a participação da imprensa e a existência de comícios buscando a adesão popular, que diga-se ab ovo foi inexistente.
Por outro turno, tanto os maçons quanto as elites latifundiárias não queriam que nem a Princesa Isabel e nem o Conde D'Eu (esposo da princesa) subissem ao trono, primeiro porque a princesa, com a edição da Lei Áurea, ganhou o ódio dos latifundiários e segundo, porque o Conde D'Eu, que era estrangeiro, de sexualidade controvertida, e era acusado de ser um sujeito sem princípios. Assim, dificilmente haveria um terceiro reinado, portanto estava irremediavelmente lançada as bases para a república.
IV. SEJA FEITA A REPÚBLICA!
O último Gabinete do Império, que era liderado pelo liberal Visconde do Ouro Preto, já no ano 1889, foi estabelecido para implementar as reformas tanto ansiadas pelos setores oposicionistas, como forma de tentar salvar a monarquia, mas não teve sucesso. Existiam muitas dificuldade para aprovar as reformas, o próprio sistema ruíra, o que ensejou as articulações entre republicanos e militares.
O já citado Clube Militar, que tinha a testa Benjamim Constant iniciou as movimentações com vistas a evitar um terceiro reinado, isso já no ano de 1889. Em meados do mês de novembro, numa reunião na casa do Ir.'. Benjamim Constant, com a presença dos maçons Rui Barbosa, Aristides Lobo e Quintino Bocaiuva, entre outros, conseguiram a adesão do Ir.'. Marechal Deodoro da Fonseca.
Estava articulado um golpe para o dia 20 de novembro.
Desta feita, percebe-se que o levante que levou à implantação da República foi um movimento preparado pelas elites militares, Republicanas e Maçônicas e não teve o mínimo respaldo popular.
Todavia, em decorrência de boatos e especulações de que o General Deodoro seria preso e batalhões seriam transferidos para as províncias, já na madrugada do dia 15 iniciou-se a movimentação nos bastidores das tropas. Ato contínuo, Deodoro à frente de um batalhão marchou de sua casa, no Campo de Santana (hoje praça da República) para o Ministério da Guerra, que ficava próximo, depondo o Gabinete de Ouro Preto, que não ofereceu resistência. Foram presos: Ouro Preto e Cândido de Oliveira, Ministro da Justiça; os demais membros do Gabinete foram dispensados. Os revoltosos conseguiram a adesão das tropas governistas.
Deodoro que estava doente retirou-se para sua residência e os militares retornaram para os quartéis, mas alguns republicanos, entre os quais José do Patrocínio, preocupados com a indefinição do movimento, dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e proclamaram a República. A maioria do Exército não estava ciente da trama, pois se encontrava na mesma situação do povo, era estranho ao acontecimento, soube apenas do fato consumado sem saber o que estava acontecendo.
A República do Brasil foi estabelecida sem a participação popular, o povo nem sabia bem o que se passava, o que fez com que Aristides Lobo, Ministro do Interior do primeiro Governo Republicano do Marechal Deodoro da Fonseca considerasse: "que o povo assistiu bestializado" aos acontecimentos e em 18 de novembro afirmasse: que o envolvimento civil foi quase nulo e que o povo julgou tratar-se de uma "parada militar" a ida dos militares ao Ministério da Guerra.
A maioria dos conspiradores não pensava a República como coisa pública, em seu sentido etimológico, eles tinham receio de toda e qualquer participação popular. O lema positivista colocado na Bandeira Brasileira, em 19 de novembro de 1889, caracterizava a permanência de uma sociedade excludente e hierarquizada. Mudou a forma de Governo mas permaneceram os princípios.
Proclamada a República em 15 de novembro de 1889 pelo Marechal Deodoro, o mesmo se autonomeia Chefe do Governo Provisório e nomeia um Ministério totalmente Maçônico e filiado ao Grande Oriente do Brasil. No dia 19 de dezembro, Deodoro é nomeado Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil. Instalado o governo provisório, houve uma divisão em duas correntes republicanas: uma de inspiração liberal (que prevaleceu) e outra de inspiração Contiana (positivista), que preconizava uma ditadura sociocrática.
No primeiro decreto firmado pelo Governo Provisório estava escrito: "Fica proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo na Nação brasileira a República Federativa". Em outro dispositivo previa-se a realização de um plebiscito em que o povo deveria opinar sobre a mudança de Governo. Este plebiscito foi realizado em 7 de setembro de 1993, desta forma, 105 anos depois da República ser proclamada, o povo pode se pronunciar dizendo se preferia o governo monárquico ou o republicano.
Em 15 de novembro de 1890, instala-se a Assembleia Constituinte que promulga a nova Constituição em 24 de fevereiro de 1891 implantando o Presidencialismo e o Federalismo.
Em 26 de fevereiro, Deodoro é eleito para a Presidência da República, para Vice-Presidente os positivistas conseguem eleger o Marechal Floriano Peixoto derrotando o Almirante Wandenkolk, indicado pela coalizão liberal.
As crises sucedem-se e em 23 de novembro de 1891, o Marechal Deodoro renuncia ao cargo para evitar uma guerra civil, também renuncia em 18 de dezembro ao Grão Mestrado do Grande Oriente do Brasil.
O poder passou, para as mãos do vice-presidente Floriano Peixoto, conhecido como o “Marechal de Ferro”, também Maçom que passaria à História como o Consolidador da República.
V – CONCLUSÃO.
A guisa de encerramento, vimos no decorrer deste breve estudo que a Proclamação da República foi consequência da enorme crise pela qual passava o Império Brasileiro, provocada pela evolução da sociedade brasileira a partir de 1870 com o fim da guerra do Paraguai. As questões religiosa, Militar e a libertação dos escravos foram as causas imediatas da queda do Império e a consequente Proclamação da República, até porque o Império se baseava na Escravidão, na Igreja e no Exército.
Verificou-se também que, nossa Sublime Ordem, não fica inerte ante as necessidades de mudanças, e rompimentos com situações vigentes que engendram injustiças, como foi o caso da extinção da escravatura e o próprio fim da Monarquia. Todavia, hodiernamente as lutas porque a Maçonaria deve imiscuir-se são outras, entre as quais destacamos as mais importantes: combate à corrupção e as improbidades administrativas que trazem consectários gravosos para nossa sociedade; luta contra as drogas, um dos maiores males da humanidade; valorização da educação, como forma de resgate social; elevação da família como célula mais importante para sociedade.
Por fim, destacamos que a Maçonaria não pode viver eternamente dos louros do passado, entrementes que as realizações históricas alcançadas devem ser exaltadas, contudo, devemos preocuparmos-nos com o presente e o futuro, a fim de que nossa Instituição, por força e intuição passada pelo G.'. A.'.D.'.U.'., cumpra seu mister que é tornar o mundo melhor e os homens mais felizes!
VI – RESENHA BIBLIOGRÁFICA
• A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA E PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico:.
• AS DUAS FACES DA REPÚBLICA: PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA FORMAÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• A MAÇONARIA E A HISTÓRIA DO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• A MAÇONARIA E A HISTÓRIA DO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• CASTELLANI, José; CARVALHO, William Almeida. História do Grande Oriente do Brasil: A Maçonaria na História do Brasil. São Paulo: Madras, 2009.
• CASTELLANI, José. José Bonifácio: um homem além de seu tempo. São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1988.
• ______________. Os Maçons e a Abolição da Escravatura. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 1998.
• ______________. A Maçonaria na Década da Abolição e da República. Londrina: “A Trolha”, 2001.
• COSTA, Frederico Guilherme. A Maçonaria e a República. Londrina: Ed. Maçônica “ Trolha”, 2003.
• ________________________. A Trolha na Universidade. Londrina: Ed. Maçônica “ Trolha”, 1998.
• LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”. Cadernos de Pesquisas Maçônicas. Londrina: Ed. Maçônica “Trolha”, 1996.
• MAÇONARIA E REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• NOTÍCIAS DO GOEG: A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• O SEGUNDO IMPÉRIO - D. PEDRO II, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• OS BASTIDORES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E A MAÇONARIA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: .
• SENADO FEDERAL DO BRASIL. O Senado e a Maçonaria: uma coletânea de discursos. Brasília: Senado federal, Gabinete dos Senadores Efraim Moraes e Mozarildo Cavalcanti, 2008.
sábado, 9 de novembro de 2013
A MAÇONARIA, ESSÊNCIA FILOSÓFICA DO PENSAMENTO HUMANO...
A Maçonaria buscou sua essência filosófica nas mais diversas escolas do pensamento humano. É possível descobri-la, inclusive, entre os filósofos gregos.
Sua identificação fica mais clara ainda, quase que em sua totalidade, junto às escolas filosóficas modernas: Renascimento, Racionalismo e Iluminismo, cujo grande objetivo era a liberação da consciência humana, pois, além da prática do livre pensamento, a filosofia moderna traz impregnada em sua estrutura um programa que vai desde a valorização da vida natural, passando pela ciência e investigação científica, até o reconhecimento dos valores e direitos individuais.
A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica, trabalhando pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre os homens. A tarefa essencial da filosofia maçônica é irradiar a luz dos seus princípios e de seus hábitos para melhorar a condição humana. É tradicionalista e às vezes progressista; isto parece um paradoxo, mas não o é. Tradição é conservar o melhor do passado para utilizá-lo em compreender mais o presente e preparar um porvir melhor para o futuro, separando o valioso do que é sem valor nas doutrinas e sistemas que a História conheceu.
A filosofia maçônica deseja que o ser e a existência do homem girem em torno de três valores superiores que a História destacou como as maiores conquistas da humanidade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ela, entretanto, mais que nenhuma outra, pondera que, dentre as três, a mais especial é a Fraternidade, pela transcendência e os benefícios que implica e abarca, tanto na esfera do individual como na do coletivo.
A filosofia maçônica quer defender o homem da ignorância e da incultura; dos temores e das necessidades; da exploração e das injustiças; do fanatismo do dogma e dos tabus, sobretudo da opressão e das tiranias interiores e exteriores de qualquer classe.
Sócrates (469-399 a. C.), um dos maiores filósofos da humanidade, ao examinar o que significa tornar-se humano, tinha por objetivo não mais a ciência ou a natureza, mas o próprio homem. Ele ensinou que pecar é ignorar, e que a purificação da alma passa necessariamente pelo autoconhecimento do homem. Ele introduziu o homem na filosofia e estabeleceu que o melhor instrumento de que este homem dispõe para realizar a missão a que foi destinado é o conhecimento de si mesmo. E este tem sido o objetivo pelo qual, primordialmente, a Maçonaria vem propugnando, ou seja, o CONHECE-TE A TI MESMO.
Artigo publicado na edição nº 555 (Fev/2011) do Jornal Centro Sul de Irati/PR
O Espírito da Instituição Maçônica...
Conheça alguns Maçons ilustres e sobretudo entenda o Espírito de nossa Instituição...
Toda a instituição que recebe os seus adeptos por meio do processo iniciático foge do comum, pois, existindo uma "seleção", a Maçonaria ocupa-se dos problemas superiores, fugindo ao vulgar.
O Maçom, como elemento componente da Instituição, por sua vez, deve comprovar pertencer a uma entidade selectiva e destacar-se do mundo profano. Ele foi "selecionado" mercê da vontade do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, entre milhares de pessoas; é um "destaque" e por esse motivo ele faz jus às benesses que a Maçonaria dispensa. O maçon deve, a todo o momento, ser grato por ter sido "chamado" e demonstrar essa gratidão pelo seu viver.
Lembrando grandes vultos do passado não nos cabe atribuir maior ou menor importância a cada indivíduo, mas à história. Por ser impossível falar sobre todos os Irmãos, mencionaremos aqueles que, por seus méritos, foram distinguidos pela maioria dos que os conheceram. Muitos homens ilustres, de diferentes classes sociais, com relevantes serviços prestados à humanidade, têm seus nomes vinculados à Ordem. Ela teve entre seus integrantes os maiores nomes em todas as áreas do conhecimento humano. Políticos, governantes, artistas, empresários, líderes religiosos, intelectuais, militares, educadores e benfeitores da humanidade são contados entre os Maçons. Os EUA, a Inglaterra, Brasil, Canadá, Alemanha, Austrália e França estão entre as nações com maior número de Maçons e Lojas Maçônicas.
Basta lembrarmos alguns, citando Voltaire, Abraham Lincoln, Rui Barbosa, William Mc Kinley, Martin Luther King e Sir Winston Churchill.
Algumas citações desses Irmãos que marcaram a história
"Faço-me maçon porque encontrei nessa Ordem Sagrada os ideais de dignidade humana...!
"Eu não acredito em Deus, aquele que os homens fizeram, mas acredito em Deus, Aquele que fez os homens! (Voltaire).
"A Maçonaria é uma Ordem filantrópica, de natureza social, que agasalha no seu seio as almas idealistas, que não têm prioridade religiosa, mas alberga todas as Religiões" (Abraham Lincoln).
"Onde florescem os ensinamentos maçónicos não vicejam a ditadura, a soberania dos poderes arbitrários, nem a dominação daqueles conquistadores que denigrem a condição da criatura humana" (Rui Barbosa).
"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons" (Martin Luther King).
"Nada tenho a oferecer, senão sangue, labor, lágrimas e suor". Primeiro discurso a 13 de Maio de 1940, na Câmara dos Comuns do Irmão Winston Churchill, que foi iniciado na Maçonaria, na Loja "United Studholme" em 24 de Maio de 1901.
O espírito da nossa Instituição
Momento 1
"Depois da Batalha de Opequau, fui com o médico do Regimento Ohio a um campo de prisioneiros, onde havia cerca de 5.000 prisioneiros confederados.
Quase imediatamente depois de passarmos pela guarda, notei que o médico e vários prisioneiros davam cordiais apertos de mão. Também notei que o médico tirava do bolso notas de dinheiro e distribuía-as entre os presos. Fiquei assombrado e não sabia o que significava. No regresso do acampamento perguntei-lhe:
- Você conhecia estes homens, ou já os vira antes?
- Não, retrucou o médico. Nunca os vi antes.
- Então, perguntei eu, como os conhece e por que lhes deu dinheiro?
- Nós somos Maçons e temos meios especiais para nos reconhecer - disse-me ele.
Porém, insisti:
- Você deu-lhes dinheiro, praticamente tudo o que tinha consigo. Espera você, algum dia, cobrar esse dinheiro?
- Bem - disse o médico - se eles alguma vez estivem em condições de me pagarem, eles o farão, porém isto é-me indiferente. São Irmãos Maçons na desgraça e eu simplesmente estou a cumprir o meu dever.
Então, disse para mim mesmo - Se isto é Maçonaria, então procurarei tomar parte nela.(William Mc Kinley - Presidente dos Estados Unidos da América do Norte).
Momento 2
O carro de um vendedor que viajava pelo interior quebrou e conversando com um fazendeiro de um campo próximo eles descobrem que são "Irmãos".
O vendedor está preocupado porque tem um compromisso importante na cidade local.
- Não se preocupe, diz o fazendeiro, você pode usar meu carro. Vou chamar um amigo e mandar consertar o carro enquanto você vai ao seu compromisso.
E lá foi o vendedor e umas duas horas mais tarde voltou, mas infelizmente o carro precisava de uma peça que chegará somente no dia seguinte.
-Sem problemas, diz o fazendeiro, use meu telefone e reprograme se primeiro compromisso de amanhã, fique conosco hoje e providenciaremos para que seu carro esteja pronto logo cedo.
A esposa do fazendeiro preparou um jantar maravilhoso e eles tomaram um pouco de malte puro em uma noite agradável.
O vendedor dormiu profundamente e quando acordou, lá estava seu carro, consertado e pronto para seguir viajem.
Após um excelente café matinal, o vendedor agradeceu a ambos pela hospitalidade.
Quando caminhavam para o carro, o vendedor disse ao fazendeiro: - meu irmão, muito obrigado, mas preciso saber, se você me ajudou desta forma porque sou maçom?
- Não, foi a resposta - eu ajudei-o porque sou maçom!.
Momento 3
Um maçom residente no interior, homem honesto e muito trabalhador, apresentou-se ao juiz para explicar a razão de não querer fazer parte de um júri.
- Meritíssimo, minha Loja Maçônica tem marcado sessão para o mesmo dia. Para poder ser jurado, tenho que desrespeitar o meu juramento de frequência e não posso dar-me a este luxo.
- Senhor, e se todos fossem como o senhor? - perguntou o juiz.
- Meritíssimo, se todos fossem como eu, o senhor não precisaria de um júri...
Momento 4
Se nos países totalitários a Maçonaria não se desenvolve, porque está então a funcionar em Cuba?
Para responder à pergunta tão sensata, cedo a palavra ao próprio ditador, Fidel Castro, na sua célebre entrevista a Frei Betto:
..."batendo em retirada, eu e mais dois companheiros, encontramos uma pequena cabana onde passamos a noite. Antes de despertarmos, uma patrulha de soldados entra na cabana e nos acorda com os fuzis apontados contra nós. Os soldados estavam excitados, nos amarraram e queriam matar-nos. Pediram nossa identidade e demos outros nomes. Começamos a discutir com eles; a gente se dava por mortos. Durante a discussão com eles, havia um tenente negro, chamado Sarria, que não era assassino e tinha autoridade como comandante da patrulha. Durante a discussão com eles, o tenente interveio e disse: "Não disparem". Impôs-se aos soldados, enquanto repetia em voz baixa: "Não disparem, as ideias não se matam" "Três vezes não se matam".
Por acaso, um dos companheiros, Oscar Alcalde, era Maçom. Identifica-se discretamente ao tenente. Isso surte efeito, pois havia muitos militares Maçons. Impressionara-me a atitude daquele tenente, e, após caminharmos um pouco, chamei-o e disse: "Vi como senhor procedeu e não quero enganá-lo, eu sou Fidel Castro".. Ele me adverte: "Não diga nada a ninguém".
Antes do nosso triunfo, denunciaram-no como responsável pela nossa sobrevivência. Culpavam-no de não nos ter assassinado... Naquele momento o tenente foi afastado do Exército. Era um homem honrado, com acentuada predisposição para a justiça.
O curioso é que, com reflexo de seu pensamento, nos momentos mais críticos o ouço repetir, em voz baixa, as instruções aos seus comandados para que não disparem, "as ideias não se matam".
A Maçonaria é a melhor oportunidade de melhorar o mundo. Nenhum Maçon é tão pequeno que não possa fazer algo grande pela Humanidade.
Valdemar Sansão - M.'.M.'.
terça-feira, 29 de outubro de 2013
O TRABALHO MAÇÔNICO E A ESPIRITUALIDADE...
Uma Loja maçônica, que pode simbolizar o mundo, o universo em que vivemos, é uma plataforma que permite o crescimento do maçom, o seu desenvolvimento espiritual assim como a sua elevação ética e moral. Uma plataforma, que quando utilizada de forma correta, de coração aberto e em verdade, permite ao indivíduo aperfeiçoar-se e crescer, em suma, tornar-se um homem melhor e mais apto, livremente responsável, que, partilhando um desígnio com os Irmãos, se aperfeiçoa e aperfeiçoa o meio onde se insere a sua dimensão.
O trabalho maçônico, para mim, claro está, tem como objetivo tornar o mundo melhor. Isto parece um objetivo vago e inalcançável, que tudo permite dizer e nada diz. Porém, é minha convicção que é mesmo isto que fazemos todos os dias.
Uma L.’. Maçônica tem por obrigação ser uma escola dos melhores de uma comunidade, mais capazes e mais aptos a fazer esse mesmo trabalho, o de potenciar o cumprimento dos homens, desbastando a pedra bruta, aperfeiçoando-se e realizando-se na sua plenitude, contribuindo então para deixar o Mundo um lugar melhor do que era quando aqui chegamos. Um primado da Razão e da Filosofia, da bondade Moral e Justeza das ações.
Com os pés no chão, com a certeza de que não resolveremos os problemas todos, nem mesmo muitos ou alguns, apenas aqueles que conseguirmos depois de a isso nos dispor.
Esse trabalho faz-se mudando os homens, que através do crescimento espiritual e cultural, vão, a pouco e pouco, alterando a sua forma de interagir com a comunidade onde se inserem. Crescendo e aperfeiçoando-se, o maçom muda para melhor, eu creio, mesmo que inconscientemente, o mundo que o rodeia. Do somatório puro e simples do aperfeiçoamento dos maçons, observamos uma transformação na sociedade, quer tenhamos ou não noção disso. Um processo que se apresenta como profundamente individual assume então a sua generosidade. O trabalho do maçom é aperfeiçoar-se em L.’.. E como é que isso acontece? Esse é o trabalho da L.’., há luz dos códigos de elevação moral e espiritual, onde o Ritual assume um papel preponderante, tornar homens bons melhores, dispostos a preparar o futuro e construir o presente à luz dos ideais maçônicos. Para isso deve ter a L.’. um critério rigoroso de escolha dos seus candidatos, sob pena de se transformar num clube de amigos que transferimos do mundo profano, desprovido de sentido.
Os candidatos devem ser convidados à luz das características dos seus talentos, para que possa ser uma valia a mais para o trabalho que está na gênese da Maçonaria e é a sua razão de existir. E porque talentos por si não valem nada, é aqui que os potenciamos e aprendemos que o que conta é o que com eles realizamos à luz de um código de moralidade e de valores que escolhemos livremente e em consciência para nós.
Estes homens que descrevo têm de ser capazes de conceber o Divino; o Indizível; de sonhar; de terem visão; de terem a Força, a Sabedoria e o desprendimento de se entregar a projetos aparentemente impossíveis, utópicos e belos; têm de conceber a fraternidade leal, fruto da partilha do Desígnio. Porque é disso que falamos, de uma escola de Cavaleiros, que foram Cavaleiros da Terra, depois Cavaleiros do Mar e hoje Cavaleiros do Mundo. Essa dimensão espiritual é a sua característica mais importante. Que passo a explicar como se me apresenta hoje. Entendo que a espiritualidade é uma dimensão indissociável da condição humana, mais do que o bem exclusivo de Igrejas, Religiões ou Escolas de pensamento. Na prática, fala-se de Espiritualidade para a parte da vida psíquica, fruto da inteligência humana, que nos parece mais elevada: aquela que nos confronta com Deus ou com o absoluto, com o infinito ou com o todo, com o sentido da vida ou a falta dele, com o tempo ou com a eternidade, com a oração ou o mistério. Temos a felicidade de ter na nossa Ordem homens de religiões reveladas diferentes, de escolas de pensamento diferentes, sem opção por nenhuma das religiões reveladas, sem se reconhecerem em nenhuma escola de pensamento, homens de profundo esoterismo e outros que nem por isso. Não temos, porém nenhum despojado da assunção da sua espiritualidade. O respeito por essas opções é a nossa riqueza, a base para a geração da harmonia. Isto exige uma reflexão profunda do que é a tolerância maçônica, sempre á Luz de um ideal maior que todas as religiões e escolas de pensamento. Porque a Maçonaria está num patamar diferente. Não se preocupa com a forma como cada um vive a sua espiritualidade nem ambiciona ter voto nessa matéria. A preocupação da Maçonaria é o Individuo e depois o Mundo, onde vivem os homens hoje e os de amanhã, a sua preocupação última é a vida dos homens na Terra, e não oferecer salvação ou condicionar a sua existência à salvação eterna. Para isso existem outras sedes, cujo sucesso e eficácia jamais se poderá questionar ou até medir. A espiritualidade que aqui tratamos remete-se para a relação do homem com o divino em vida, aqui na Terra e como essa relação pode condicionar as suas ações com vista ao cumprimento de um ideal ou Desígnio.
E como os seus obreiros são homens plenos em todas as suas dimensões, a Maçonaria não se demite de aprofundar a relação dos homens com o divino, lutando para que isso os una e jamais os divida, porque a Maçonaria quer libertar os homens das grilhetas profanas e levar esses mesmos homens a realizar a sua dimensão espiritual em total liberdade e no pleno respeito pelas crenças alheias. O que nos une será o sentir o Universo, o Todo, que nos contem e nos transporta, uma presença universal…Será possível uma espiritualidade universal? É minha convicção profunda que sim, mais do que uma espiritualidade clerical e redutora ou do que uma forma institucional que toma nas sociedades democráticas a relação política entre o cidadão e o Estado, e entre os próprios cidadãos desprovidos de uma espiritualidade!
Uma espiritualidade universal… Será uma “espiritualidade da imanência, mais do que da transcendência, da meditação mais do que da oração, da unidade mais do que do encontro, da lealdade mais do que da fé, do amor mais do que da esperança, e que será igualmente motivadora de uma mística, ou seja, de uma experiência da eternidade, da plenitude, da simplicidade da unidade e do silêncio. É a essa espiritualidade universal que ouso chamar Espiritualidade Maçônica. Mas antes de procurar definir, poderei por ventura afirmar que é apenas no trabalho maçônico que ela poderá ser verdadeiramente aprofundada. Não um conceito que se aprenda nos livros, tem de se sentir e de se viver, fruto de um percurso iniciático. No entanto, a Maçonaria não revela nenhuma verdade superior nem dá respostas cabais às questões que atormentam a nossa dimensão espiritual. Pelo contrário, convida os Ilr.’. a procurarem saber quem são, conhecerem-se a si mesmos, com o intuito de se cumprirem, o que é profundamente diferente, colocando-os na via dessa procura e dessa realização, situando-se aqui o verdadeiro significado da iniciação, o primeiro passo de um caminho a percorrer e trabalho para fazer na construção do nosso templo interior. Assim, a tolerância apresenta-se como uma das principais virtudes da Maçonaria e do maçom. Trata-se de uma atitude interior que repousa no respeito pela individualidade espiritual do candidato, pela liberdade de pensamento e pelo percurso intelectual e espiritual que cada maçom depois de iniciado escolhe para si. É neste pressuposto que assenta a minha afirmação de que a Espiritualidade Maçônica é uma Espiritualidade Livre: ao sugerir um caminho individual para a relação com o divino, constrói também um percurso libertador, é um processo livre. Para isso ser possível, precisa no seu seio de homens diferentes dos demais.
O nosso trabalho hoje ao escolher esses homens, é com a convicção plena de que hoje se podem encontrar em qualquer proveniência, podem ter estado ao nosso lado toda a vida, serem os nossos amigos de infância, familiares ou colegas de profissão, como podem estar de um e-mail manhoso sem rosto. Temos é de estar certos de que estão á altura do desafio, é de critério que vos falo, não de forma de ingresso nem de sede de relação. Porque é lógico que apenas podemos indicar homens que conhecemos minimamente e por isso têm de vir das nossas relações pessoais, todos temos, porém pessoas de quem gostamos muito que sabemos não terem os requisitos mínimos para poderem ser iniciados, por mais que de disso gostássemos, fosse porque razão fosse. O critério é tudo.
É tudo porque a eles vão ser exigidos sacrifícios, de tempo para dedicar ao trabalho, para comparecer às sessões, para se despojarem de títulos e posições, para se disporem a aprender, a aceitar criticas quando para isso não estão preparados e cuja propriedade da origem questionam, a aguentar ouvir aquilo que não entendem sem julgar, a sentir que fazem parte de algo maior e viver com essa avassaladora responsabilidade sem ser esmagado, quando finalmente se torna clara a missão a que se propuseram.
Por mais capaz que qualquer um seja, tem um percurso a fazer, para poder identificar ferramentas, e então dedicar-se ao trabalho. Uma L.’. Maçônica é uma elite dentro de uma comunidade, coisa que facilmente assumimos sem complexos nem soberbas.
Entre nós deverão estar os mais capazes nas suas áreas de intervenção, que podem ser profissionais ou não, têm apenas de ser úteis ao projeto, estar dispostos a aprender e a ensinar partilhando. Ser maçom é uma vivência, uma forma de estar na vida e perante a vida, onde a Honra, a Ética Moral, o sentido de missão, o espírito cavalheiresco das suas ações, fruto da Responsabilidade de se ser e sentir Diferente assumem um aspecto fundamental.
Não somos com certeza homens plenos de virtudes, todos temos as nossas arestas para desbastar. E este é o local para fazê-lo, a L.’., depois de responder ao chamamento e livremente bater á porta do Templo, para servir o Desígnio. Com a orientação de todos os obreiros, tornar ferramentas capazes em ferramentas melhores. Porque somos ferramentas de trabalho, somos os que cumprem e efetivam o Desígnio, como outros o fizeram antes de nós. Os desígnios dignos desse nome sempre tiveram um cunho marcadamente iniciático, porque não se prendem com objetivo de pedra, betão ou madeira, mas com a realização dos sonhos, sendo perpetuados no tempo indefinidos enquanto matéria, mas muito claros quando conceptualizados por homens que se dispuseram a um processo de transformação e crescimento como o nosso, essa idéia indizível transmite-se pela iniciação, pelos rituais, pela via iniciática. E para isso, a dimensão espiritual do homem tem de ser a sua consciência maior, aquilo que lhe rege as ações e circunscreve as paixões e os sonhos à luz das suas capacidades e talentos.
E neste trabalho não há espaço para paternalismos com os menos capazes e aptos, para soberbas profanas ou para alimentar egos com comendas. Não se faz parte da Maçonaria, não se pertence à Maçonaria, é-se maçom. Da sua relação com a L.’. E da sua condição de maçom só o individuo pode ser responsável, se não se sente capaz ou a tarefa assusta, mais vale arrepiar caminho. Sem jamais hipotecar a solidariedade inerente á fraternidade leal, todos temos momentos piores e felizes e para isso aqui estamos todos e nessa altura dizemos presente. Não estamos é aqui para tomar conta de ninguém, proporcionar benefícios ou oferecer a salvação estamos aqui para trabalhar, o nosso tempo é curto e o trabalho imenso. Para que nos cumpramos à luz do que aqui nos trouxe, temos de ser objetivos, sob pena de se esvaziar o sentido da Ordem Maçônica e o trabalho ficar por fazer comprometendo o desígnio. Reconhecendo os méritos e as virtudes dos nossos IIr.’., não potenciando e exacerbando os seus defeitos, que desses não precisamos, usando o fole com cautela na forja para que a ferramenta que lá se aperfeiçoa não enfraqueça por falta de atenção ou derreta por excesso dela. Desbastando a pedra bruta, com a lealdade que a critica exige, com a fraternidade que o sacrifício cultiva, com a generosidade a que partilhar o desígnio não é alheia, com o reconhecimento da força e inteligência para fazê-lo cumprir. Dessa partilha nasce a riqueza da Irmandade, do respeito pelo trabalho e pela forma como é executado. Não sendo santos nem isentos de virtude, temos todos a consciência do desígnio. Assumamos o objetivo que aqui nos trouxe e não deixemos que nada perturbe a caminhada para a realização desse mesmo Desígnio, que não assume forma material, mas é apenas uma idéia que todos partilhamos… Uma idéia de Homem e de Mundo.
autor Ir.'. José Eduardo Souza M.´.M.´.
A.´.R.´.L.´S.´. Alengarbe - G:.L:.L:.P:.
Or:. de Albufeira - Portugal.
fonte: site da GLRP- Grande Loja Legal de Portugal
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
SÃO JOÃO, NOSSO PADROEIRO...
Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse um santo protetor para cada um desses grupos profissionais, acabaram adotando os dois São João como padroeiros, fazendo chegar esse hábito à moderna Maçonaria...
Além de girar em torno de seu eixo, a Terra desloca-se no espaço, com um movimento de translação em torno do Sol, quando descreve uma elipse, de acordo com as leis de Kepler. Para o observador situado na Terra, todavia, é como se esta fosse fixa e o Sol se movesse em torno dela, seguindo um caminho, que, como já foi visto, é chamado de eclíptica.
Em sua marcha em torno do Sol, a Terra, descrevendo uma elipse, ficará mais próxima, ou mais afastada do astro da luz. O ponto mais próximo (147 milhões de quilômetros) é o periélio; o mais afastado (152 milhões de quilômetros) é o afélio. Se a Terra, no movimento de translação, girasse sobre um eixo vertical em relação ao plano da órbita, as suas diferentes regiões receberiam iluminação sempre sob o mesmo ângulo e a temperatura seria sempre constante, em cada uma delas. Mas, como o eixo é inclinado, em relação à órbita, essa inclinação faz com que os raios solares incidam sobre a Terra segundo um ângulo diferente, a cada dia que passa. E, assim, vão se sucedendo as estações: verão, outono, inverno e primavera.
Como os planos do equador terrestre e da eclíptica não coincidem, tendo uma inclinação, um em relação ao outro, de 23 graus e 27 minutos, eles se cortam ao longo de uma linha, que toca a eclíptica em dois pontos: são os equinócios. O Sol, em sua órbita aparente, cruza esses pontos, ao passar de um hemisfério celeste para outro; a passagem de Sul a Norte, marca o início da primavera no hemisfério Norte e do outono no hemisfério Sul; a passagem do Norte para o Sul, marca o início do outono no hemisfério Norte e da primavera no hemisfério Sul. Esses são os equinócios de primavera e de outono.
Por outro lado, nos momentos em que o Sol atinge sua maior distância angular do equador terrestre, ou seja, quando é máximo o valor de sua declinação, ocorrem os solstícios. Os dois solstícios ocorrem a 21 de junho e a 21 de dezembro; a primeira data marca a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Câncer, enquanto que a segunda é a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Capricórnio. No primeiro caso, o Sol está em afélio e é solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul; no segundo, o Sol está em periélio e é solstício de inverno no hemisfério Norte e de verão no hemisfério Sul. Portanto, o solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul, ocorre quando o Sol está em sua posição mais boreal (Norte), enquanto que o solstício de verão no hemisfério Sul e de inverno no hemisfério Norte, ocorre quando o Sol está em sua posição mais austral (Sul).
Por herança recebida dos membros das organizações de ofício, que, tradicionalmente, costumavam comemorar os solstícios, essa prática chegou à Maçonaria moderna, mas já temperada pela influência da Igreja sobre as corporações operativas. Como as datas dos solstícios são 21 de junho e 21 de dezembro, muito próximas das datas comemorativas de São João Batista (24 de junho) e de São João Evangelista (27 de dezembro) elas acabaram por se confundir com estas, entre os operativos, chegando à atualidade. Hoje, a posse dos Grão-Mestres das Obediências e dos Veneráveis Mestres das Lojas realiza-se a 24 de junho, ou em data bem próxima; e não se pode esquecer que a primeira Obediência maçônica do mundo, como já foi visto, foi fundada em 1717, no dia de São João Batista.
Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse um santo protetor para cada um desses grupos profissionais, acabaram adotando os dois São João como padroeiros, fazendo chegar esse hábito à moderna Maçonaria, onde existem, segundo a maioria dos ritos, as Lojas de São João, que abrem os seus trabalhos “à glória do Grande Arquiteto do Universo (Deus) e em honra a S. João, nosso padroeiro”, englobando, aí, os dois santos.
No templo maçônico, essas datas solsticiais estão representadas num símbolo, que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais. Este significa que o Sol não transpõe os trópicos, o que sugere, ao maçom, que a consciência religiosa do Homem é inviolável; as paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio e os dois S. João.
Tradicionalmente, por meio da noção de porta estreita, como dificuldade de ingresso, o maçom evoca as portas solsticiais, estreitos meios de acesso ao conhecimento, simbolizados no círculo cósmico, no círculo da vida, no zodíaco, pelo eixo Capricórnio-Câncer, já que Capricórnio corresponde, ao solstício de inverno e Câncer ao de verão (no hemisfério Norte, com inversão para o Sul). A porta corresponde ao início, ou ao ponto ideal de partida, na elíptica do nosso planeta, nos calendários gregorianos e também em alguns pré-colombianos, dentro do itinerário sideral.
O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e uma de calor, conceito que, inicialmente, lhe serviu de base para organizar o trabalho agrícola. Graças a isso é que surgiram os cultos solares, com o Sol sendo proclamado (como fonte de calor e de luz) o rei dos céus e o soberano do mundo, com influência marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da humanidade. E, desde a época das antigas civilizações, o homem imaginou os solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical.
A personificação de tal conceito, no panteão romano, foi o deus Janus, representado como divindade bifásica, graças à sua marcha pendular entre os trópicos; o seu próprio nome mostra essa implicação, já que deriva de janua, palavra latina que significa porta. Por isso, ele era, também, conhecido como Janitur, ou seja, porteiro, sendo representado com um molho de chaves na mão, como guardião das portas do céu. Posteriormente, essa alegoria passaria, através da tradição popular cristã, para São Pedro, mas sem qualquer relação com o solstício.
Janus era um deus bicéfalo, com duas faces simetricamente opostas, cujo significado simbolizava a tradição de olhar, uma das faces, constantemente, para o passado, e a outra, para o futuro. Os Césares da Roma imperial, em suas celebrações e para dar ingresso ao Sol nos dois hemisférios celestes, antepunham o deus Janus, para presidir todos os começos de iniciação, por atribuir-lhe a guarda das chaves.
Tradicionalmente, tanto para o mundo oriental, quanto para o ocidental, o solstício de Câncer, ou da Esperança, alusivo a São João Batista (verão no hemisfério Norte e inverno no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas mortais e, por isso, chamada de Porta dos Homens, enquanto que o solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento, alusivo a São João Evangelista (inverno no hemisfério Norte e verão no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas imortais e, por isso, denominada Porta dos Deuses. Para os antigos egípcios, o solstício de Câncer (Porta dos Homens) era consagrado ao deus Anúbis; os antigos gregos o consagravam ao deus Hermes. Anúbis e Hermes eram, na mitologia desses povos, os encarregados de conduzir as almas ao mundo extraterreno .
A importância dessa representação das portas solsticiais pode ser encontrada com o auxílio do simbolismo cristão, pois, para o maçom, as festas dos solstícios são, em última análise, as festas de São João Batista e de São João Evangelista. São dois São João e há, aí, uma evidente relação com o deus romano Janus e suas duas faces: o futuro e o passado, o futuro que deve ser construído à luz do passado. Sob uma visão simbólica, os dois encontram-se num momento de transição, com o fim de um grande ano cósmico e o começo de um novo, que marca o nascimento de Jesus: um anuncia a sua vinda e o outro propaga a sua palavra. Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus) que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que os dois São João foram associados aos solstícios e presidem às festas solsticiais.
Continua, aí, a dualidade, princípio da vida: diante de Câncer, Capricórnio; diante dos dias mais longos, do verão, os dias mais curtos, do inverno; diante de São João “do inverno”, com as trevas, Capricórnio e a Porta de Deus, o São João “do verão”, com a luz, Câncer e a Porta dos Homens (vale recordar que, para os maçons, simbolicamente, as condições geográficas são, sempre, as do hemisférios Norte).
Dentro dessa mesma visão simbólica, podemos considerar a configuração da constelação de Câncer. Suas duas estrelas principais tomam o nome de Aselos (do latim Asellus, i = diminutivo de Asinus, ou seja: jumento, burrico). Na tradição hebraica, as duas estrelas são chamadas de Haiot Nakodish, ou seja, animais de santidade, designados pelas duas primeiras letras do alfabeto hebraico, Aleph e Beth, correspondentes ao asno e ao boi. Diante delas, há um pequeno conglomerado de estrelas, denominado, em latim, Praesepe, que significa presépio, estrebaria, curral, manjedoura, e que, em francês, é crèche, também com o significado de presépio, manjedoura, berço. Essa palavra créche já foi, inclusive, incorporada a idiomas latinos, com o significado de local onde crianças novas são acolhidas, temporariamente.
Esse simbolismo dá sentido à observação material: Jesus nasceu a 25 de dezembro, sob o signo de Capricórnio, durante o solstício de inverno, sendo colocado em uma manjedoura, entre um asno e um boi. Essa data de nascimento, todavia, é puramente simbólica. Para os primeiros cristãos, Jesus nascera em julho, sob o signo de Câncer, quando os dias são mais longos no hemisfério Norte. O sentido cristão, no plano simbólico, abordaria, então, apenas a Porta dos Homens e, assim, só haveria a compreensão de Jesus, como ser, como homem. Mas Jesus é o ungido, o messias, o Cristo (segundo a teologia cristã) e o outro polo, obrigatoriamente complementar, é a Porta de Deus, sob o signo de Capricórnio, tornando a dualidade compreensível.
Dois elementos, entretanto, um material e um religioso, viriam a influir na determinação da data de 25 de dezembro. O material refere-se aos hábitos dos antigos cristãos e o religioso, ao mitraismo da antiga Pérsia, adotado por Roma:
Os primeiros cristãos do Império Romano, para escapar às perseguições, criaram o hábito de festejar o nascimento de Jesus durante as festas dedicadas ao deus Baco, quando os romanos, ocupados com os folguedos e orgias, os deixavam em paz.
Mas a origem mitraica é a que é mais plausível para explicar essa data totalmente fictícia: os adeptos do mitraismo costumavam se reunir na noite de 24 para 25 de dezembro, a mais longa e mais fria do ano, numa festividade chamada (no mitraismo romano) de Natalis Invicti Solis (nascimento do Sol triunfante). Durante toda a fria noite, ficavam fazendo oferendas e preces propiciatórias, pela volta da luz e do calor do Sol, assimilado ao deus Mitra. O cristianismo, ao fixar essa data para o nascimento de Jesus, identificou-o com a luz do mundo, a luz que surge depois das prolongadas trevas.
autoria do Ir José Castellani
(*) José Castellani (hoje no Oriente Eterno), médico, escritor e historiador, é autor de mais de sessenta livros sobre a cultura Maçônica, sendo considerado assim, um fenômeno na ampla literatura da Fraternidade. Iniciado em 09.11.1965, logo em 1973, teve seu primeiro livro Maçônico publicado pela Editora A Gazeta Maçônica, sob o título "Os Maçons que fizeram a História do Brasil ". Somou mais de sessenta títulos culturais Maçônicos.
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