domingo, 10 de novembro de 2013

"A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA"

Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas (VOLTAIRE). Onde florescem os ensinamentos maçônicos não vicejam a ditadura, a soberania dos poderes arbitrários, nem a dominação daqueles conquistadores violentos que denigrem a condição da criatura humana (RUI BARBOSA). Ir.'. Max Cleberson dos Santos Cunha - CIM: 230.643 Or.'.de Goiânia-GO Verão de 2012, da E.'.V.'. I - PROLEGÔMENOS. É cediço que a Maçonaria tem participado dos grandes movimentos revolucionários, que de alguma forma, trouxeram melhorias e evolução para a humanidade, e não sobrepairam dúvidas, que isso se deve ao inconformismo e o descontentamento que a nossa sublime Ordem mantém contra o status quo dominante que cometem iniquidades, tiranias, perseguições, jugos e todas as formas de injustiças. Nesta esteira, citamos a participação ativa da Maçonaria na Revolução Americana de 1776, que teve, dentre outros maçons como expoentes, Thomas Jefferson e George Washington1, sendo que este último foi aclamado como o primeiro presidente dos Estados Unidos; A Revolução Francesa em 1789 foi um dos acontecimentos mais importantes para humanidade, pois rompeu com o sistema servil do absolutismo representado pelo ancien regime, e proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, dentre seus líderes alguns eram maçons ilustres: La Fayette, Danton, Robespierre, Denis Diderot, D’Alembert, Jean-Jacques Rousseau2 e Voltaire3; destaca-se ainda, a intensa atividade de maçons no processo de independência da América espanhola, como San Martin que ajudou a libertar a Argentina (1816) e o Chile (1818), e Simon Bolívar, que por sua vez libertou a Colômbia (1819) e a Venezuela (1821). Nessa quadra, temos que, em nosso país, a Maçonaria teve decisiva participação nos grandes movimentos históricos, dos quais se destacam a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Essas ações engendradas por ilustres maçons, avultam-se de tal importância que, alguns maçonólogos chamam-na de a bandeira tríplice da maçonaria brasileira4, comparando-a com o tema dos revolucionários franceses de 1789. A presente Peç.'. de Arqu.'. tem como escopo, esmiuçar as circunstâncias que envolveram a participação da maçonaria na proclamação da república, tendo como premissa os elementos, o contexto histórico, e os objetivos dos maçons enquanto atores envolvidos no processo. Cônscio de que o tema em apreço não é tão desnudado pelos autores, revelado pela parca literatura sobre o tema, quando comparado com o assunto da participação da maçonaria na declaração da independência do Brasil, por exemplo, e isso é um dessas injustiças inexplicáveis ante a importância da discussão e o que tal acontecimento trouxe de evolução para o nosso país, não nos furtaremos em discutir esse assunto nas próximas linhas. Nesse diapasão, deve-se estabelecer a importância do tema enquanto encampada pela maçonaria, eis que, como dito alhures nossa ordem não tem atos de genuflexão ante a submissão ou aos desmandos, desta feita, a contextualização nos revelará a necessidade da ação da maçonaria para a proclamação da república, para a partir daí, verificarmos os caminhos que atualmente nossa ordem devem encampar. Urge esclarecer, ab initio, que, ao revés do movimento pela independência do Brasil, em quê a Maçonaria atuou enquanto instituição5, o mesmo não ocorreu no movimento pela proclamação da república, nesse a Maçonaria agiu por intermédio de seus membros ilustres que eram próceres da república, ou através de grupos maçônicos e de suas Lojas. II – ESCORÇO HISTÓRICO. Faz-se necessário estabelecer que, o desejo pela república não era recente, pois, mutadis mutandis6, temos notícias da participação de maçons em movimentos que tinham como finalidade o estabelecimento da república, dos quais destacamos: A Inconfidência Mineira: importante movimento revolucionário que tinha objetivo de independência e proclamação da república. Iniciou-se em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), que era sede da capitania de Minas Gerais, ocorreu no emblemático ano de 1789. O mote de tal levante foi os desmandos da coroa portuguesa, principalmente no que respeita aos elevados impostos, dentre os quais se destaca a derrama que era um elevado percentual cobrado do ouro e das pedras preciosas que eram retirados das minas mineiras. Percebe-se a participação de nossa ordem nesse movimento, dentre outros motivos, pela própria bandeira de Minas Gerais, formada pelo triângulo, que representa o delta luminoso, o olho que tudo vê. Ademais, ressalta-se aqui, a participação de maçons nesse movimento, dentre os quais, Francisco Antônio Lisboa, mais conhecido como ALEIJADINHO, maçom do grau 18, era autor de obras sacras, e que deixava perpassar símbolos maçônicos em suas obras, como os três anjinhos que formam um triângulo maçônico. Além de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes, que foi o principal ator desse importante movimento. A Revolução Pernambucana(1817): aqui a intenção era implantar a República em Pernambuco, o seu principal líder era o maçom Domingos José Martins, nascido na cidade de Itapemirim, no Espírito Santo, contudo mudou-se para a cidade do Recife por intermédio do Ir.'. Hipólito José da Costa. Este é considerado o "Patriarca da Imprensa Brasileira". Esses foram os precursores do movimento da República, mas em confrontos com as forças governamentais da época foram derrotadados e seus membros condenados à morte pela Coroa Portuguesa. A Confederação do Equador(1824): movimento liderado por Frei Caneca, que era maçom, jornalista e propalava os ideais maçônicos. O Brasil já estava independente, e lutava pela unificação, devido aos movimentos revolucionários que eclodiam no país. Os remanescentes da revolução pernambucana de 1817, além de outras questões, insurgiram-se contra a condição de o Imperador poder nomear ao seu alvedrio o presidente da Província. A Revolução rompeu com o Império recém implantado, proclamou uma república com o nome de Confederação do Equador. Alastrou-se para as províncias vizinhas com o apoio das Lojas e dos Maçons da região. O movimento foi sufocado pelo exército imperial. Fato curioso é que, os revoltosos foram condenados e enforcados, porém, Frei Caneca, conhecido por seu carisma, não foi enforcado, pois não houve carrasco que se dispusesse a fazê-lo. A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha(1835): foi uma guerra regional, também de caráter republicano. Esta revolução, que tinha o objetivo separatista, resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense, que se estendeu até o ano de 1845. Tal movimento foi chefiado pelo Ir.'. Bento Gonçalves da Silva que conseguiu implantar a República de Piratini ou República Farroupilha. Destaca-se aqui, o evento no qual, seu maior líder Bento Gonçalves, fora preso no Forte do Mar na Bahia, mas conseguiu fugir com a ajuda da Maçonaria baiana. Destaca-se, a colaboração ativa no movimento da Loja "UNIÃO E SEGREDO", que era dirigida pelo Cônego Joaquim Antônio das Mercês. Bento Gonçalves foi membro da Loja de Porto Alegre, "FILANTROPIA E LIBERDADE", onde foi iniciado. Este movimento revolucionário, também teve a participação de outros maçons, dentre eles os liberais italianos Tito Lívio de Zambeccari e Giuseppe Garibaldi, tendo este último se sobressaído nos combates entre os anos de 1838 e 1841 quando da tomada de Laguna, com a ajuda de Davi Canabarro. Garibaldi foi iniciado na Loja "ASILO DA VIRTUDE" no Rio Grande do Sul. II.1 – O GRITO DO IPIRANGA. POSSIBILIDADE DA REPÚBLICA. DISSIDÊNCIA DE GRUPOS MAÇÔNICOS. Cumpre destacar que, no momento da Declaração de Independência do Brasil no ano de 1822, com a participação ativa e decisiva da maçonaria, diga-se Grande Oriente do Brasil, nosso país destoou dos demais países da América Espanhola que proclamaram suas independências, tornando-se, em seguida, republicanos, ao contrário do Brasil que manteve a monarquia. Insta trazer a baila que, existia uma acendrada disputa entre dois grupos de maçons: o primeiro, denominado de MAÇONARIA AZUL, tinha à testa o Ir.'. José Bonifácio Andrade e Silva, Grão-Mestre do GOB à época, era Ministro plenipotenciário de Dom Pedro I, defendia a bandeira que após a independência do país deveria ser instalada uma monarquia constitucional. De outro lado, o grupo denominado de MAÇONARIA VERMELHA, tinha como líder o Ir.'. Gonçalves Ledo, 1º Grande Vigilante do GOB, desejava um avanço maior, ou seja, além de dissociar nosso país da coroa portuguesa, queria que fosse também proclamada a República. Sagrou-se vencedor o grupo dos Andradas, devido aos laços de união com a coroa. III – PRESSUPOSTOS QUE ENSEJARAM A POCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. O período imediatamente anterior à Proclamação da República foi farto de acontecimentos que iriam mudar a estrutura político-social de nosso país, e como veremos nas linhas abaixo, a nossa sublime ordem participou ativamente deles. Os maçons brasileiros envolvidos no processo atuavam por intermédio de suas Lojas, na imprensa, ou mesmo nas tribunas, onde mostravam suas preocupações seja com a questão infame da escravatura, seja com a possibilidade de um terceiro reinado. Alie-se a isso, a questão religiosa que ajudou no movimento em defesa da república, pois gerou indisposição entre o alto clero e o imperador. Outra questão de relevo, como veremos, foi a insatisfação do exército que mesmo sagrando-se vencedor da Guerra do Paraguai, não teve o devido reconhecimento. III.1 – QUERELA RELIGIOSA. O embate religioso que foi travado entre o episcopado (corporação de bispos) e o governo, e por via oblíqua a Maçonaria, ajudou a precipitar a queda da monarquia. A força da Igreja naquela época era inquestionável, tanto que a Constituição de 1824 continha um dispositivo prevendo a união entre o trono e o altar, o que era fonte permanente de conflitos. Tais querelas surgiam porque, o poder Imperial poderia indicar os Sacerdotes para ocuparem cargos, além do que, as Bulas Papais (leis da Igreja) só poderiam ser aplicadas com a aquiescência do Imperador. O estopim para o desentendimento foi um discurso proferido pelo Ir.'. Antônio Alves Pereira Coruja, no ano de 1872, no Lavradio, no qual exaltava a participação da Maçonaria na edição da Lei do Vente Livre (Lei proposta pelo Conselho de Ministros, que tinha a frente o Visconde do Rio Branco, Grão-Mestre a época). Ato contínuo, o Padre Almeida Martins, Grande Orador interino do GOB, proferiu veemente discurso exaltando a Maçonaria, no dia seguinte esse discurso foi publicado nos jornais, o que ensejou duras críticas do Bispo do Rio de Janeiro, que inclusive suspendeu o Padre de suas funções. Em seguida, na cidade de Olinda, o Bispo Dom Vidal, capuchinho ferrenho, ficou indignado com as críticas feitas ao Bispo do Rio de Janeiro, e em represália determinou que os Padres maçons abandonassem a ordem imediatamente. Dois padres que não abandonaram a ordem maçônica foram afastados. Agravou-se a situação quando um Bispo do Pará resolveu fechar os templos dirigidos por padres maçons. Era uma declaração de guerra à maçonaria. O poder Imperial entrou em cena, e anulou as penas aplicadas aos Padres, sob o argumento de que a ordem do Vaticano que proibia padres maçons (Bula Syllabus, de 1864) não podia ser aplicada no Brasil, pois não foi ratificada pelo Governo Imperial. Mais uma vez vemos a força da maçonaria! Essa anulações impostas, não foram cumpridas pelos Bispos, o que levou o Visconde do Rio Branco, a determinar a prisão dos Bispos, que foram condenados a 4 anos de prisão, com trabalhos forçados, em 1874. O Papa Pio IX, que no começo não compactuou com a imposição dos Bispos contra os Padres, ficou indignado com as penas aplicadas. A querela, então ganhou veios internacionais. Com a utilização de muita diplomacia, após algum tempo, solucionou-e o problema, todavia o Gabinete de Rio Branco caiu, vindo a ser substituído por Duque de Caxias. III.2 – DESCONTENTAMENTO MILITAR. Outra influencia marcante da Maçonaria na Proclamação da República deveu-se ao oficialato da classe militar, que em sua maioria era composta por maçons ativos, que passaram a questionar as estruturas político-sociais do império. A partir da Guerra o Paraguai, em que o Brasil sagrou-se vencedor, o Exército passou a crescer em importância e número, revertendo a situação anterior em que o prestígio militar era negativo devido a participação dos militares em agitações populares. Destaca-se que as tropas eram formadas em boa parte por negros, e esses faziam com que os oficiais se ressentissem com a situação do Brasil, pois nosso país ainda era a única nação independente da América a manter a escravidão. Assim, disseminou-se no Exército uma posição antiescravista e republicana. Some-se a isso que, vários oficiais tornaram-se políticos, é o caso de Duque de Caxias e de Floriano Peixoto, que também eram maçons. Caxias era uma figura de grande prestígio no Exército mas também era um dos líderes da Partido Conservador e Floriano Peixoto apesar de ter conexões com a cúpula do Partido Liberal, falava como militar e não como cidadão, sua lealdade era ao Exército. A fundação da Academia Militar em 1859, ajudou a acirrar os ânimos entre a classe militar e o governo monárquico. Essa academia que tinha sede na Praia Vermelha, era um centro de estudos de matemática, filosofia e letras, tendo ficado conhecida como: "Tabernáculo da Ciência". Em seu interior disseminou-se os ideais positivistas de Augusto Comte7. Destaca-se, a participação de Benjamim Constant8 forte seguidor do Positivismo, que, sob inspiração dos princípio positivistas, pregava a ditadura republicana como o Governo de salvação no interesse do povo. III.3 – ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA. A estrutura de produção econômica de nosso país, à época, era exclusivamente fundada no trabalho escravo. Todavia, devido a pressão exercida pelo governo inglês, precursores da Revolução Industrial que tinha como base o trabalho livre, e ao acendrado debate de maçons que defendiam a abolição da escravatura quer no parlamento, quer em suas Lojas, foram editadas leis que progressivamente aboliram o trabalho escravo: Lei do Ventre Livre (28.09.1871, também conhecida como Lei Visconde do Rio Branco, pois foi quem apresentou o projeto à Câmara, que em realidade fora idealizado pelo maçom Pimenta Bueno), que determinava que a partir daquele momento aqueles que nascessem de escravos seriam livres, Lei do Sexagenário (28.09.1885) que permitia que os escravos que tivessem sessenta anos, ou mais, estariam livres, por fim, a Lei Áurea (13.05.1888) que extinguiu a escravidão. Esses fatores foram preponderantes para o enfraquecimento do Império, contribuindo decisivamente para acelerar o processo que culminou com a Proclamação da República. Com a abolição, o Poder Econômico, representado principalmente pelos latifundiários, grandes fazendeiros, se sentia ferido de morte. Poucos acreditavam ser possível produzir pagando salário. Para eles a abolição havia tirado do país a condição de produzir. Não sabiam eles que a nova estrutura é que daria condições ao país de dar o grande salto para a industrialização e para o progresso. Destaca-se, nesse passo, o grande empreendedor e defensor da abolição da escravatura, como fator de desenvolvimento para o Brasil, o maçom, Barão de Mauá9. Nesta esteira, além da participação propriamente dos ministros e parlamentares maçons que eram defensores da abolição, muitas Lojas10 engajaram-se em defesa da extinção dos escravos. Citamos que Lojas Maçônicas até usavam os fundos destinados à beneficência para comprar escravos a fim de dar-lhes a alforria ou seja a liberdade. Mas não é só, também realizavam bailes e eventos, com vistas a arrecadar fundos para também comprar alforrias. Vários escravos se tornaram homens livres graças a essa iniciativa dos Maçons e da Maçonaria. III.4 – DA SUCESSÃO IMPERIAL: CONDE D’EU OU PRINCESA ISABEL? Dom Pedro II, já vinha bastante desgastado não só pelo diabetes que o acometia, mas também pelos três fatores citados algures (Descontentamento Militar, querela Religiosa e Abolição), portanto, já se vislumbrava que o Imperador não chegaria ao cabo de seu reinado. Some-se a isso, que a propaganda republicana vinha ganhando força, cita-se aqui a convenção de ITU e o Partido Republicano, e também a participação da imprensa e a existência de comícios buscando a adesão popular, que diga-se ab ovo foi inexistente. Por outro turno, tanto os maçons quanto as elites latifundiárias não queriam que nem a Princesa Isabel e nem o Conde D'Eu (esposo da princesa) subissem ao trono, primeiro porque a princesa, com a edição da Lei Áurea, ganhou o ódio dos latifundiários e segundo, porque o Conde D'Eu, que era estrangeiro, de sexualidade controvertida, e era acusado de ser um sujeito sem princípios. Assim, dificilmente haveria um terceiro reinado, portanto estava irremediavelmente lançada as bases para a república. IV. SEJA FEITA A REPÚBLICA! O último Gabinete do Império, que era liderado pelo liberal Visconde do Ouro Preto, já no ano 1889, foi estabelecido para implementar as reformas tanto ansiadas pelos setores oposicionistas, como forma de tentar salvar a monarquia, mas não teve sucesso. Existiam muitas dificuldade para aprovar as reformas, o próprio sistema ruíra, o que ensejou as articulações entre republicanos e militares. O já citado Clube Militar, que tinha a testa Benjamim Constant iniciou as movimentações com vistas a evitar um terceiro reinado, isso já no ano de 1889. Em meados do mês de novembro, numa reunião na casa do Ir.'. Benjamim Constant, com a presença dos maçons Rui Barbosa, Aristides Lobo e Quintino Bocaiuva, entre outros, conseguiram a adesão do Ir.'. Marechal Deodoro da Fonseca. Estava articulado um golpe para o dia 20 de novembro. Desta feita, percebe-se que o levante que levou à implantação da República foi um movimento preparado pelas elites militares, Republicanas e Maçônicas e não teve o mínimo respaldo popular. Todavia, em decorrência de boatos e especulações de que o General Deodoro seria preso e batalhões seriam transferidos para as províncias, já na madrugada do dia 15 iniciou-se a movimentação nos bastidores das tropas. Ato contínuo, Deodoro à frente de um batalhão marchou de sua casa, no Campo de Santana (hoje praça da República) para o Ministério da Guerra, que ficava próximo, depondo o Gabinete de Ouro Preto, que não ofereceu resistência. Foram presos: Ouro Preto e Cândido de Oliveira, Ministro da Justiça; os demais membros do Gabinete foram dispensados. Os revoltosos conseguiram a adesão das tropas governistas. Deodoro que estava doente retirou-se para sua residência e os militares retornaram para os quartéis, mas alguns republicanos, entre os quais José do Patrocínio, preocupados com a indefinição do movimento, dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e proclamaram a República. A maioria do Exército não estava ciente da trama, pois se encontrava na mesma situação do povo, era estranho ao acontecimento, soube apenas do fato consumado sem saber o que estava acontecendo. A República do Brasil foi estabelecida sem a participação popular, o povo nem sabia bem o que se passava, o que fez com que Aristides Lobo, Ministro do Interior do primeiro Governo Republicano do Marechal Deodoro da Fonseca considerasse: "que o povo assistiu bestializado" aos acontecimentos e em 18 de novembro afirmasse: que o envolvimento civil foi quase nulo e que o povo julgou tratar-se de uma "parada militar" a ida dos militares ao Ministério da Guerra. A maioria dos conspiradores não pensava a República como coisa pública, em seu sentido etimológico, eles tinham receio de toda e qualquer participação popular. O lema positivista colocado na Bandeira Brasileira, em 19 de novembro de 1889, caracterizava a permanência de uma sociedade excludente e hierarquizada. Mudou a forma de Governo mas permaneceram os princípios. Proclamada a República em 15 de novembro de 1889 pelo Marechal Deodoro, o mesmo se autonomeia Chefe do Governo Provisório e nomeia um Ministério totalmente Maçônico e filiado ao Grande Oriente do Brasil. No dia 19 de dezembro, Deodoro é nomeado Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil. Instalado o governo provisório, houve uma divisão em duas correntes republicanas: uma de inspiração liberal (que prevaleceu) e outra de inspiração Contiana (positivista), que preconizava uma ditadura sociocrática. No primeiro decreto firmado pelo Governo Provisório estava escrito: "Fica proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo na Nação brasileira a República Federativa". Em outro dispositivo previa-se a realização de um plebiscito em que o povo deveria opinar sobre a mudança de Governo. Este plebiscito foi realizado em 7 de setembro de 1993, desta forma, 105 anos depois da República ser proclamada, o povo pode se pronunciar dizendo se preferia o governo monárquico ou o republicano. Em 15 de novembro de 1890, instala-se a Assembleia Constituinte que promulga a nova Constituição em 24 de fevereiro de 1891 implantando o Presidencialismo e o Federalismo. Em 26 de fevereiro, Deodoro é eleito para a Presidência da República, para Vice-Presidente os positivistas conseguem eleger o Marechal Floriano Peixoto derrotando o Almirante Wandenkolk, indicado pela coalizão liberal. As crises sucedem-se e em 23 de novembro de 1891, o Marechal Deodoro renuncia ao cargo para evitar uma guerra civil, também renuncia em 18 de dezembro ao Grão Mestrado do Grande Oriente do Brasil. O poder passou, para as mãos do vice-presidente Floriano Peixoto, conhecido como o “Marechal de Ferro”, também Maçom que passaria à História como o Consolidador da República. V – CONCLUSÃO. A guisa de encerramento, vimos no decorrer deste breve estudo que a Proclamação da República foi consequência da enorme crise pela qual passava o Império Brasileiro, provocada pela evolução da sociedade brasileira a partir de 1870 com o fim da guerra do Paraguai. As questões religiosa, Militar e a libertação dos escravos foram as causas imediatas da queda do Império e a consequente Proclamação da República, até porque o Império se baseava na Escravidão, na Igreja e no Exército. Verificou-se também que, nossa Sublime Ordem, não fica inerte ante as necessidades de mudanças, e rompimentos com situações vigentes que engendram injustiças, como foi o caso da extinção da escravatura e o próprio fim da Monarquia. Todavia, hodiernamente as lutas porque a Maçonaria deve imiscuir-se são outras, entre as quais destacamos as mais importantes: combate à corrupção e as improbidades administrativas que trazem consectários gravosos para nossa sociedade; luta contra as drogas, um dos maiores males da humanidade; valorização da educação, como forma de resgate social; elevação da família como célula mais importante para sociedade. Por fim, destacamos que a Maçonaria não pode viver eternamente dos louros do passado, entrementes que as realizações históricas alcançadas devem ser exaltadas, contudo, devemos preocuparmos-nos com o presente e o futuro, a fim de que nossa Instituição, por força e intuição passada pelo G.'. A.'.D.'.U.'., cumpra seu mister que é tornar o mundo melhor e os homens mais felizes! VI – RESENHA BIBLIOGRÁFICA • A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA E PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico:. • AS DUAS FACES DA REPÚBLICA: PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA FORMAÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • A MAÇONARIA E A HISTÓRIA DO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • A MAÇONARIA E A HISTÓRIA DO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • A MAÇONARIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • CASTELLANI, José; CARVALHO, William Almeida. História do Grande Oriente do Brasil: A Maçonaria na História do Brasil. São Paulo: Madras, 2009. • CASTELLANI, José. José Bonifácio: um homem além de seu tempo. São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1988. • ______________. Os Maçons e a Abolição da Escravatura. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 1998. • ______________. A Maçonaria na Década da Abolição e da República. Londrina: “A Trolha”, 2001. • COSTA, Frederico Guilherme. A Maçonaria e a República. Londrina: Ed. Maçônica “ Trolha”, 2003. • ________________________. A Trolha na Universidade. Londrina: Ed. Maçônica “ Trolha”, 1998. • LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”. Cadernos de Pesquisas Maçônicas. Londrina: Ed. Maçônica “Trolha”, 1996. • MAÇONARIA E REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • NOTÍCIAS DO GOEG: A PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • O SEGUNDO IMPÉRIO - D. PEDRO II, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • OS BASTIDORES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E A MAÇONARIA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, capturado em 15.11.2011, disponível no endereço eletrônico: . • SENADO FEDERAL DO BRASIL. O Senado e a Maçonaria: uma coletânea de discursos. Brasília: Senado federal, Gabinete dos Senadores Efraim Moraes e Mozarildo Cavalcanti, 2008.

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