Mozart
para o povo: A Flauta Mágica
Em
1791, seu último ano de vida, Wolfgang Amadeus Mozart escrevia simultaneamente
suas duas últimas obras: A Clemência de Tito (conhecida como Opera
Seria – composta para a coroação do Rei Leopoldo II) e a segunda,
diga-se de passagem, não encomendada pela corte: a polêmica e famosa Flauta
Mágica.
Fruto
de um projeto em comum com Emmanuel Schikaneder (1751-1812), diretor de um
modesto teatro no subúrbio vienense de Wieden, Mozart quebrou as barreiras
sociais de forma bastante ousada, levando a música erudita para o povo - a
platéia que cheirava a suor, cerveja e cigarros. Cantada em alemão (o idioma do
público alvo), a ópera foi um grande sucesso: em menos de três meses subiu ao
palco mais de 50 vezes. Artesãos, jardineiros e até mesmo os camponeses do
subúrbio (dos quais os filhos encenavam a obra em papéis secundários – como
macacos e leões) assistiram a obra. Uma grande revolução para a massa do século
XVIII que (sic) nunca deixava de suspirar um “Bello” ou
“Bravíssimo”.
Com
a Flauta Mágica, a música erudita desceu do topo da hierarquia social para
tornar-se algo mais que sofisticado, popular: uma obra composta tanto para o
rei quanto para seus criados.
Curiosidade:
Mozart e Schikaneder eram membros da Maçonaria, sociedade secreta condenada e
perseguida por uma bula papal desde 1738, que teve o cerco fechado em reação à
Revolução Francesa. Foi aí que Shickaneder aproveitou a oportunidade de
explorar os ritos proibidos, fazendo da Flauta Mágica um discurso laudatório a
sociedade secreta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário