Existem duas coisas básicas que mais contaminam o ser humano: uma é o entusiamo e a outra é a falta dele... |
Existem duas coisas básicas que mais contaminam o ser humano: uma é o entusiamo e a outra é a falta dele. Estamos sempre correndo atrás do sucesso, mas nem sempre o conseguimos. Valorizamos demais os nossos problemas e assim conseguimos as desculpas que precisamos para justificar nossa falta de ânimo jogando a culpa nos outros, na crise, na inflação, na família, etc. Encaramos tudo como problema e não como desafios. Na verdade, o que não sabemos é usar a automotivação, e aí ficamos na dependência dos outros para valorizarem nossas ações, ficamos naquela de "ninguém me ajuda"...Simplesmente desconhecemos que "não é o sucesso que traz o entusiamo e sim o entusiamo é que traz o sucesso". Ao analisarmos as pessoas vitoriosas chegaremos à conclusão de que a razão do sucesso está muito mais no entusiamo do que nos recursos para realizá-lo, pois o entusiamo tem a força de transformar as coisas e criar os recursos necessários. Em qualquer profissão as pessoas entusiasmadas são as mais bem sucedidas. São elas que melhor enxergam as oportunidades e contagiam favoravelmente as pessoas e o ambiente. Entretanto, é necessário saber separar o entusiamo inteligente, justo e perfeito, de um otimismo infantil e teimoso que afasta o profissional da realidade. Aquele que é só otimista, torce para dar certo e fica esperando as coisas melhorarem, e o que é entusiamado faz as cosias acontecerem. Nossa vida é uma grande caminhada, onde a estação futura é determinada pelo passo presente, e os obstáculos são apenas desafios que colaboram na nossa evolução. Fugir deles é o mesmo que querer retardar esse processo. A palavra entusiasmo vem do grego que significa "Deus interior" ou "sopro divino". Acreditavam os gregos que quando houvesse uma boa colheita, as pessoas estavam tomadas pelo deus da agricultura e esse raciocínio era aplicado nas artes, na caça, na música e em todas as atividades do homem. Os gregos tinham razão. O entusiasmo é a mais nobre manifestação divina sobre o ser humano, os olhos brilham e os desafios ficam excitantes, mas nóes, pobre mortais, nem sempre entendemos isso e preferimos ficar deprimidos aguardando que alguém nos alerte de nossa mesmice como seu deu com Pedro quando o Cristo lhe advertiu: "Vai, Pedro, avança para as águas mais profundas e lança tuas redes...", ao que ele respondeu: "Mestre, pescamos a noite toda e nada conseguimos, mas confiante na Tua palavra, tentaremos de novo...", e, assim, pegaram tantos peixes que quase afundaram duas canoas...(Lucas 5:4 a 6).
Ir.'. Roldão RuffiniA.'.R.'.L.'.S.'. Dr. Walter
Pinto n° 251
Oriente de Piracicaba Texto publicado na Revista A Verdade n° 457 - Nov-Dez/2006 |
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
O PODER DO ENTUSIASMO...
A ALQUIMIA...
A palavra alquimia, do árabe, al-khimia, tem o mesmo significado de química, só que, esta química, antigamente designada por espagíria, não é a que atualmente conhecemos, mas sim, uma química transcendental e espiritualista... |
A alquimia é das ciências ocultas que, atualmente,
mais interesse tem despertado, não só pelos inúmeros livros que ao longo dos
tempos foram escritos sobre a Arte Hermética, mas também, pela curiosidade de
saber algo sobre a veracidade da misteriosa Pedra Filosofal, também conhecida
por Medicina Universal. Durante muito tempo a alquimia foi sinônimo de charlatanismo ou de ignara credibilidade. Muito do descrédito da alquimia era devido à falta de publicações sérias, pois muitas delas são imitações grosseiras, feitas por sopradores, (falsos alquimistas) dos verdadeiros e antigos textos, nas quais se une o absurdo com a ignorância. Actualmente, devido ao grande número de traduções das obras clássicas mais importantes dos grandes Mestres, a opinião de muitas pessoas mudou completamente. A palavra alquimia, do árabe, al-khimia, tem o mesmo significado de química, só que, esta química, antigamente designada por espagíria, não é a que atualmente conhecemos, mas sim, uma química transcendental e espiritualista. Sabe-se, que al, em árabe, designa Ser supremo o Todo-Poderoso, como Al-lah. O termo alquimia, designa desde os tempos mais recuados, a ciência de Deus, ou seja a química de Al. A alquimia é a arte de trabalhar e aperfeiçoar os corpos com a ajuda da natureza. No sentido restrito do termo, a alquimia sendo uma técnica é, por isso, uma arte prática. Como tal, ela assenta sobre um conjunto de teorias relativas à constituição da matéria, à formação de substâncias inanimadas e vivas, etc. Para um alquimista, a matéria é composta por três princípios fundamentais, Enxofre, Mercúrio e Sal, os quais poderão ser combinados em diversas proporções, para formar novos corpos. No dizer de Roger Bacon, no Espelho da Alquimia, «...A alquimia é a ciência que ensina a preparar uma certa medicina ou elixir, o qual, sendo projetado sobre os metais imperfeitos, lhe comunica a perfeição...» A alquimia operativa, aplicação directa da alquimia teórica, é a procura da pedra filosofal. Ela reveste-se de dois aspectos principais: a medicina universal e a transmutação dos metais, sendo uma, a prova real da outra. Um alquimista, normalmente, era também um médico, filósofo e astrólogo, tal como Paracelso, Alberto Magno, Santo Agostinho, Frei Basílio Valentim e tantos outros grandes Mestres hoje conhecidos pelas suas obras reputadas de verdadeiras. Cada Mestre tinha os seus discípulos a quem iniciava na Arte, transmitindo-lhe os seus conhecimentos. Além disso, para que esse conhecimento perdurasse pelos tempos, transmitiram-no também por escrito, nos livros que atualmente conhecemos, quase sempre escritos sob pseudônimo, de forma velada, por meio de alegorias, símbolos ou figuras. É isto que dificulta o estudo da alquimia, porque esses símbolos e figuras não têm um sentido uniforme. Tudo era, e atualmente ainda é, deixado à obra e imaginação dos seus autores. O alquimista não é um fazedor de ouro como muita gente pensa. A transmutação só terá lugar, como já dissemos, como prova provada da veracidade da medicina universal ou pedra filosofal. Hoje, como no passado, existem também alquimistas. Encontram-se em todos os extratos sociais, tal como diz Cyliani em Hermes Revelado: «...Reis da Terra, se conhecêsseis o grande número de pessoas que se entregam, em segredo, nos nossos dias, à procura da pedra filosofal, ficaríeis admirados...» Foram escritos milhares de livros sobre a Arte, pois ao que parece, desde fins da Idade Média até ao século XIX, a alquimia esteve na moda, e não só os gentis homens, nobres e cavaleiros, religiosos, clérigos e até alguns reis e papas, não só escreveram tratados sobre a Arte de Hermes, como também frequentemente a praticaram. Como é óbvio, isso deu origem a que fossem escritos muitos livros que nada têm a ver com a verdadeira alquimia. Atualmente, os livros sobre a Arte Hermética são muito procurados. Infelizmente, existem no mercado muitos livros que aparentam ser obras sérias, mas não passam de pura especulação. Mesmo assim, são adquiridos não só por curiosidade, mas também pelo desejo de deles se poderem extrair alguns conhecimentos que permitam descobrir algo novo. Não queremos com isto dizer que não foram escritos livros sérios sobre a Arte Hermética. Esses livros existem e são hoje bem conhecidos pelos estudiosos e investigadores da alquimia. Muitos deles estão compilados no Theatrum Chemicum, na Bibliotheca chemica curiosa de Mangeti e na Bibliothéque des Philosophes Chimiques de Salmon.
Rubellus Petrinus
Trabalho divulgado pelo
Ir.'. Jerônimo Lucena
colaboração (enviado) por Ir.'.Cláudio Zago |
Antistenes E Diógenes, Os Cínicos (século IV A.C)
Antistenes foi o fundador da "escola cínica", que ficava em um ginásio chamado Cinosarges, nos arredores de Atenas. Cinosarges é uma palavra derivada do termo grego Kynikós (Kýon, kynos = cão), que quer dizer: semelhante a cachorro... | |
Em grego, ser chamado de cínico equivalia a ser
chamado de cachorro. Atualmente, a palavra tem uma conotação diferente. Os
atenienses, costumavam chamar os discípulos de Antistenes de cínicos. Antistenes
foi o fundador da "escola cínica", que ficava em um ginásio chamado Cinosarges,
nos arredores de Atenas. Cinosarges é uma palavra derivada do termo grego
Kynikós (Kýon, kynos = cão), que quer dizer: semelhante a cachorro. Antistenes
se opunha radicalmente aos valores culturais vigentes. Era discípulo de
Sócrates(470-399 a.C.) e pregava a superioridade da virtude e a inutilidade das
coisas materiais. Segundo ele, a felicidade não tem nada a ver a riqueza. Ela
está relacionada à pureza da alma e à liberdade de não se sujeitar à tirania dos
desejos. Seus ensinamentos condenavam a distinção baseada na classe social, sexo
e nascimento. Um dos mais destacados alunos da escola fundada por Antistenes foi
Diógenes (413-323 a.C), que o ajudou a consagrar seus ensinamentos e por isso
ficou conhecido como o cínico. Na opinião geral dos atenienses todos eles eram
presunçosos e hipócritas.
Conta-se que Alexandre da Macedônia, o grande
imperador da antiguidade, ao encontrar Diógenes lhe teria perguntado o que mais
desejava. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre,
fazia-lhe sombra. Diógenes, então olhando para o sol afirmou: "Não me
tires o que não me podes dar!". Levando ao extremo esta atitude de
desprezo pelas convenções sociais, Diógenes, tinha como casa um barril e
vestia-se de trapos. Costumava andar pela cidade com um lamparina acesa, mesmo
de dia, afirmando a quem o interrogava que procurava "um verdadeiro
homem". Aquele que vivia de acordo com a natureza.
Quando perguntavam à Diógenes o que tinha feito
para que o chamassem de cão, ele respondia:
"Costumo fazer festa para quem me dá alguma
coisa, rosnar para quem me rejeita, e cravar os dentes nos
crápulas."
Algumas outras frases de efeito são atribuidas a
ele:
"As paixões têm causas e não
princípios".
"Os corvos devoram os mortos e os bajuladores aos vivos". "A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro". "A gratidão é a memória do coração."
Conta-se que:
Estava Diógenes jantando seu costumeiro prato de
lentilhas, quando Arístipos se aproximou. Arístipos, de Cirene, era também
filósofo, adepto do prazer como único bem absoluto na vida. Para poder levar uma
vida confortável, vivia sempre bajulando o Rei.
Disse, então, Arístipos a Diógenes:
—Se aprendesses a bajular o Rei, não
precisarias reduzir tua alimentação a um prato de lentilhas.
Por sua vez, Diógenes retrucou: — E tu, se tivesses aprendido a te satisfazeres sempre com um prato de lentilhas, não precisarias passar tua vida bajulando o Rei. Teoria Ética e Fundamental dos CínicosO objetivo da vida do sábio é viver de acordo com a natureza. Afastando-se de tudo aquilo que provoca ilusões e sofrimentos: convenções sociais, preconceitos, usos e costumes sociais, etc. Cada um deve viver de forma simples e despojada. Ir.'. Rony Motta ARLS Renascença Santista 339 Santos - SP | |
PLATÃO...
Platão nasceu em Atenas, no ano de 427 a.C. e
morreu em sua cidade natal no ano de 347 a.C.. Pertencente a uma família nobre
de sua cidade, conheceu aos vinte anos seu mestre Sócrates, com quem conviveu
até os seus vinte e nove anos, quando Sócrates foi condenado à morte por
envenenamento. Durante sua vida, Platão viajou por muitas civilizações do
mediterrâneo, passando pela Grécia, Egito, Cirene, sul da Itália e Siracusa.
Platão era discípulo de Sócrates que cultivava reservas profundas em relação à escrita porque, segundo ele, a escrita não seria um meio de adquirir conhecimento. Talvez por isso, Platão quando começou a escrever, preferiu escrever em diálogo, por entender que essa seria uma metodologia de investigação, de tal maneira que tudo possa ser transportado ao papel como acontece na realidade, para que a linguagem escrita mantenha a vivacidade e as marcas da oralidade, como uma imagem perfeita. O primeiro trabalho filosófico escrito por Platão foi um discurso em defesa de seu mestre contando tudo o que Sócrates falou ao júri que o condenou e, a partir daí, não deixou mais de escrever. Sempre se utilizando de diálogos escritos envolvendo Sócrates e outras pessoas do seu cotidiano intelectual. Consideram-se autênticos 28 diálogos, do total de 35, atribuídos a Platão. Em alguns percebe-se a preocupação dele em definir idéias como a mentira, a coragem, o dever, a natureza humana, a amizade, a sabedoria, a piedade, a virtude, a justiça, a ciência e a retórica. Platão fundou, por volta de 387 a.C., sua própria escola. Localizada próxima a Atenas, em um bosque que tinha o nome do herói grego Academus e, devido a esse nome, sua escola ficou conhecida por Academia de Platão. Nela ensinava-se filosofia, matemática e ginástica utilizando-se, sempre que possível, de diálogos e discussões. Dizem, que na fachada da escola de Platão estava escrito: "Que aqui não entre quem não for geômetra." Por objetivo, Platão queria encontrar uma realidade que fosse eterna e imutável. Platão, assim como Heráclito considerava que o mundo material ou físico é o que está sujeito a mudanças contínuas e a oposições internas, seria o mundo em que vivemos, formado de coisas imperfeitas, mal definidas, como sombras de uma realidade verdadeira. Um mundo onde as coisas fluem e não são eternas e imutáveis porque são corpos físicos que se desgastam e morrem um dia, cópias infiéis de suas idéias perfeitas, eternas e imutáveis que existiriam no "Mundo das Idéias". Mundo inteligível, ou "Mundo das Idéias", segundo Platão, seria o mundo verdadeiro ou das essências imutáveis, sem contradições nem oposições, sem transformações. Coerente com suas teorias, Platão confiava apenas na razão e nunca nos sentidos, porque o conhecimento e as informações que chegam através dos sentidos são imprecisos diferentemente dos conhecimentos que tomamos com base na razão que não varia de pessoa para pessoa, por ser ela eterna e universal. Partindo daí, podemos compreender muito bem porque Platão gostava tanto da matemática, na qual, sempre se utiliza a razão para resolvê-la e as respostas são sempre precisas e comuns para todas as pessoas e eternamente as mesmas. No pensamento de Platão o homem é um ser dual, ou seja, formado por duas partes diferentes: o corpo físico - impreciso e dotado de sentidos, pertencente ao "Mundo Material" ou "Mundo dos Sentidos", e a alma, que é imortal, vinda do "Mundo das Idéias", que é a morada da razão. E, por não ser material, a alma consegue se comunicar com o "Mundo das Idéias". Vinda do "Mundo das Idéias", a alma traria com ela as idéias perfeitas desse mundo que em contato com o "Mundo dos sentidos" seriam esquecidas. Segundo Platão, para a alma resgatar estas lembranças seria preciso que as pessoas, cada vez mais, entrassem em contato com as coisas da natureza. Com relação as mulheres, Platão achava que: se elas recebessem a mesma formação que os homens e fossem liberadas dos trabalhos domésticos desenvolveriam igualmente suas capacidades mentais e conseqüentemente poderiam governar um Estado da mesma forma que eles. Platão também se interessava por política e, segundo ele, o ideal seria a criação de um Estado baseado na estrutura de um corpo atuando sobre ele a alma e a virtude e uma República estruturada como o corpo humano. Neste tipo de organização: a cabeça seriam os governantes, que deveriam ser filósofos; o peito seriam os sentinelas, os guardas, o exército; o baixo ventre, os trabalhadores. Da seguinte forma: Corpo - Alma, Virtude, Estado; Cabeça - Razão, Sabedoria, Governantes; Peito - Vontade, Coragem, Sentinelas; Baixo-ventre - Desejo, Temperança, Trabalhadores. A primeira parte da filosofia de Platão é conhecida por *Dialética que busca através dos diálogos a procura incessante com vistas a descobrir conceitos gerais, universais e reais, arquétipos eternos. Um diálogo, em que se confrontam opiniões diferentes sobre um mesmo assunto para que, através dos argumentos apresentados, possa-se chegar a um pensamento comum, passando-se das imagens contraditórias a conceitos idênticos. A Dialética Platônica é um procedimento intelectual e lingüístico em que: se partindo de alguma coisa sobre a qual dividimos duas partes contrárias ou opostas e que através dos conhecimentos de sua contradição se possa determinar qual dos contrários é verdadeiro. E assim sucessivamente vai se dividindo cada par de contrários que devem ser novamente divididos até que se chegue a um termo indivisível que seria, finalmente, a essência da coisa investigada e sobre a qual não há nenhuma contradição. A Filosofia de Platão é baseada na ética, dialética, metafísica, teologia, antropologia, estética, cosmologia e pedagogia. É sobretudo uma crítica social. Foi traduzido para o cristianismo por Santo Agostinho e alguns o consideravam quase um deus como Plotino e a escola neoplatônica. *Dialética - Originalmente, o termo (que tem origem grega) significava discorrer com, isto é, trocar impressões, conversar, debater... dialogar. Evolui, entretanto, para um sentido mais preciso, designando "uma discussão de algum modo institucionalizada, organizando-se -- habitualmente em presença de um público que acompanha o debate -- como uma espécie de concurso entre dois interlocutores que defendem duas teses contraditórias. A dialética eleva-se, então, ao nível de uma arte, a arte de triunfar sobre o adversário, de refutar as suas afirmações ou de o convencer" (BLANCHÉ, Robert - História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russel. Lisboa: Edições 70, 1985).
Ir Rony Motta
ARLS Renascença Santista n° 339 Santos - SP |
terça-feira, 30 de outubro de 2012
OS TEMPLÁRIOS...
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OS ESSÊNIOS...
"OS ESSÉNIOS"
Eram originários do Egito, e durante a dominação do
Império Selêucida, em 170 A.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que
abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar
Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo.Os essênios pertenciam a uma das cinco seitas judaicas da época, a saber:
Os Fariseus – Flexíveis na interpretação das escrituras, valorizavam a erudição, questionavam a tradição e adaptavam as leis ás circunstâncias. Acreditavam na alma imortal e na ressurreição, mas não eram messiânicos.
Os Saduceus – Aristocráticos estavam sempre ao lado de quem detinha o poder. Dominavam os serviços religiosos no Templo em Jerusalém, e interpretavam literalmente as leis. Negavam a imortalidade da alma e a ressurreição.
Os Sicários – “Homens com punhal” partilhavam das mesmas crenças dos fariseus, mas viam a guerrilha contra Roma como um preparo de ações maiores a serem realizadas na chegada do Reino de Deus.
Os Zelotas – De origem sacerdotal pregavam a expulsão dos romanos e a morte dos judeus que colaboravam com o invasor, chegando a matar os que se casavam com mulheres pagãs. Desencadearam a revolta contra os romanos que levou à Guerra Judaica( 66-70d.C.) Entre os seguidores de Jesus, Pedro, Judas e seu irmão Thiago teriam sido zelotas.
No meio da corrupção que imperava na época, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Segundo alguns estudiosos, foi nesse meio onde passou Jesus, no período que corresponde entre seus 13 e 30 anos.
Os essênios suportavam com admirável estoicismo os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso. Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam. Em seu meio não havia escravos.
Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista. Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discípulos à rituais de Iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião.
Alguns dizem que eles preparavam a vinda do Messias. Eram uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos.
Muitos estudiosos acreditam que a Igreja Católica procura manter silêncio acerca dos essênios, tentando ocultar que receberam desta seita muitas influências. Não há nenhum documento que comprove a estada essénia de Jesus, no entanto seus atos são típicos de quem foi iniciado nesta seita.
A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuíram para a chegada de Jesus. Na verdade, os essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois. Um originário da Casa de Davi, viria para legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça.
Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a encarnação deste Messias de sangue real. No alto da cruz onde padeceu, lia-se a inscrição: Jesus Nazareno Rei dos Judeus.
O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Este Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus.
O Messias-Sacerdote se mostraria resignado com seu destino, dando a vida em sacrifício. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo da fé que leva os homens a Deus. Para muitos, a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias. Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os Mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias.
Vivendo em comunidades distantes, os essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra. Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus.
Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência. Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos. O silêncio era prezado por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz, para um essénio, possuía grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente. Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal. A capacidade de predizer o futuro e a leitura do destino através da linguagem dos astros tornaram os essênios figuras magnéticas, conhecidas por suas vestes brancas. Eram excelentes médicos também. Nos escritos dos rosacruzes, são considerados como uma ramificação da Grande Fraternidade Branca, fundada no Egito no tempo do faraó Akenaton.
Em cada parte do mundo onde se estabeleceram, eles receberam nomes diferentes, às vezes por necessidade de se protegerem contra as perseguições ou para manterem afastados os difamadores. Mestres em saber adaptar seus pensamentos às religiões dos países onde se situavam, agiram misturando muitos aspectos de sua doutrina a outras crenças. O saber mais profundo dos essênios era velado à maioria das pessoas. É sabido também que liam textos e estudavam outras doutrinas. De sua teologia e de suas doutrinas se conhece muito pouco. Não se sabe se tiveram outros livros sagrados além do Pentateuco.
Para ser um essênio, o pretendente era preparado desde a infância na vida comunitária de suas aldeias isoladas. Já adulto, o adepto, após cumprir várias etapas de aprendizado, recebia uma missão definida que ele deveria cumprir até o fim da vida. Vestidos com roupas brancas, ficaram conhecidos em sua época como aqueles que “são do caminho”. Foram fundadores dos abrigos denominados “beth-saida” , que tinham como tarefa cuidar de doentes e desabrigados em épocas de epidemia e fome. Os beth-saida anteciparam em séculos os hospitais, instituição que tem seu nome derivado de hospitaleiros, denominação de um ramo essênio voltado para a prestação de socorro às pessoas doentes. Fizeram obras maravilhosas, que refletem até os nossos dias.
COTIDIANO E FILOSOFIA DOS ESSÊNIOS
É possível conhecer o dia-a-dia dos essênios a partir de informações do historiador judeu Flávio Josefo ( 37 d.C – 100 d.C) que com 16 anos viveu durante três anos com um mestre essênio e deixou documentos relatando as suas experiências.
De acordo com Josefo, os membros da seita acordavam antes do nascer do Sol. Permaneciam em silêncio e faziam suas preces até o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptidão de cada um. Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo dos vegetais ou o estudo das escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria e vestiam túnicas brancas. Comiam uma refeição em absoluto silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote no início e no fim. Retiravam então a túnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o pôr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimônia.
Josefo também nos conta que os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar.
As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento. Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas e “vinho novo”, um extrato de uva levemente fermentado.
Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada.
Uma das principais obras que permitem o estudo sobre a filosofia essênia é um manuscrito encontrado em 1785 por um historiador francês em viagens pelo Egito e pela Síria. É um dialogo entre Josefo e o mestre essênio Banus a respeito das leis da natureza. Abaixo estão algumas definições:
O Bem - Tudo aquilo que preserva ou produz coisas para o mundo, como “o cultivo dos campos, a fecundidade de uma mulher e a sabedoria de um professor”.
O Mal - O que causa a morte, como a matança de animais. Por esse motivo, o sacrifício de animais, mesmo que para a alimentação, é condenável.
A Justiça - O homem deve ser justo porque na lei da natureza as penalidades são proporcionais às infrações. Deve ser pacífico, tolerante e caridoso com todos, “para ensinar aos homens como se tornarem melhores e mais felizes”.
A Temperança - Sobriedade e moderação das paixões são virtudes, pois os vícios trazem muitos prejuízos à saúde.
A Coragem - Ela é essencial para “rejeitar a opressão, defender a vida e a liberdade”.
A Higiene - Uma outra virtude essencial para os essênios para “renovar o ar, refrescar o sangue e abrir a mente à alegria”.
O Perdão - No caso de as leis não serem cumpridas, a penitência é simples e para se obter o perdão, deve-se “fazer um bem proporcional ao mal causado”.
JESUS CRISTO TERIA SIDO UM ESSÊNIO?
Há dezenas de dúvidas sobre os essênios, mas a hipótese de que Jesus Cristo teria tido contato com eles é uma das mais intrigantes.
Não há relatos sobre onde esteve nem o que Jesus fez entre seus 13 e 30 anos. Assim, a hipótese que os estudiosos adotam é a de que Jesus, durante esse tempo, esteve com os essênios e teve sua “clarividência” despertada junto a esse povo.
Outro fato intrigante, é que, sendo os essênios uma das três mais importantes seitas da Palestina naquela época, por que o evangelho não fala deles?
Teria sido o evangelho “censurado”? A verdade ainda é desconhecida, mas, de acordo com os manuscritos do mar Morto, eis alguns costumes dos essênios:
• Batismo.
• Santa Ceia.
• Caridade.
• Andavam em grupo de doze.
• Jejum.
• Curandeirismo (por imposição das mãos).
O tipo de vida dos essênios se parecia muito com a dos primeiros cristãos, o que faz algumas pessoas pensarem que Jesus fez parte dessa seita antes de começar sua missão pública.
O que se tem certeza é de que Jesus pode tê-la conhecido, mas não há nada que prove que Ele a tenha adotado, e tudo o que se escreveu sobre esse assunto não tem comprovação.
O LEGADO ESSÊNIO
No fim de 1946 (Novembro ou Dezembro) três pastores em Ain Feshka, oásis próximo ao Mar Morto, descobrem em uma das grutas da região uns jarros de argila e em um deles três rolos escritos em hebraico antigo, o que dificulta a identificação. Esta gruta está situada nos rochedos de uma falésia a cerca de 1300 metros ao norte de algumas ruínas que os árabes conhecem pelo nome de Khirbet Qumran.
Assim, com a descoberta, os arqueólogos relacionam o grupo que vivia nessas ruínas com os possíveis responsáveis pelos manuscritos encontrados. E ao redor, outras grutas são encontradas contendo outros fragmentos cuidadosamente embalados em jarros, o que leva a crer que aqueles documentos não estariam ali por acaso.
No total, são recuperados, em 11 grutas de Qumran, 11 manuscritos mais ou menos completos e milhares de fragmentos de mais de 800 manuscritos em pergaminhos e papiros. Escritos em hebraico, aramaico e grego, cerca de 225 manuscritos são cópias de livros bíblicos, sendo o restante livros apócrifos. Os manuscritos estão sendo traduzidos até hoje e muito já foi descoberto.
Or.'.de São Paulo, 29 de outubro de 2009.
Ir.'. José Maria
Vidotto - A.'.M.'.
ARLS Colunas da Real Fraternidade nº 682
Or.'. de São Paulo
ARLS Colunas da Real Fraternidade nº 682
Or.'. de São Paulo
PLATÃO E A MAÇONARIA...
Existe uma possível integração doutrinária entre a
teoria platônica, que floresceu por volta do século 5º a.C, e a tradição
simbólica maçônica? Para responder a esta intrigante pergunta é preciso abstrair
nossas mentes levando-as até a Antiguidade Clássica, na aurora do pensamento
filosófico. Assim será possível refletir se, naquele ambiente altamente
intelectualizado, as bases de nossa sagrada Ordem teriam eclodido com força e
vigor, ao lado da emergente Filosofia. Nessa perspectiva inquietante,
convidaremos o eminente mestre helênico Platão ao centro de nosso templo. Ali,
tal qual nas ágoras de Atenas, ouviremos a exposição de algumas de suas idéias.
Ao final vamos deliberar se realmente a Luz Maçônica brilhou com força e vigor
em sua mente, forjando um amálgama simbólico que sedimentaria nossas Colunas e o
pensamento humano em busca do sentido do universo.
PRÓLOGO
Em 427 a.C, na Grécia Antiga, nascia um inquieto pensador chamado Aristócles. Mais conhecido como Platão, devido a seu vasto conhecimento (ou à sua imensa fronte cefálica), foi discípulo de Crátilo, da escola de Heráclito, e de Sócrates. Falecido em 347 a.C, é considerado um dos grandes responsáveis pelo surgimento da Filosofia. Estabeleceu uma vasta doutrina que se divide em 36 trabalhos, agrupados em nove volumes. Esta robusta obra, chamada de teoria platônica, passou a ser ensinada na polis de maneira sistemática a partir de 380 a.C, com a fundação da famosa Academia – que visava aperfeiçoar os cidadãos nas diversas artes, para que bem conduzissem os destinos de Atenas.
Os ensinamentos de Platão, surgidos há mais de 2.500 anos, influenciaram todos os grandes pensadores que viriam posteriormente.
Formaram a base ideológica da maneira como se entende o cosmo, na visão ocidental de mundo.
O que nos chama a atenção, enquanto praticantes da Arte Real, é que grande parte de nossa tradição pode ser compreendida, aparentemente, à luz dos ensinamentos explanados por este profeta, em seu poderoso templo erigido próximo ao bosque em homenagem ao herói grego Academos.
Teriam os conceitos deste arauto da sabedoria sacramentado inquestionáveis pontos de intersecção doutrinária e ontológica entre o nosso Simbolismo e a filosofia matter da Humanidade?
Para avaliarmos se em meio às meditações transcendentais dos mestres do Peloponeso as primeiras pedras das Colunas de Hiram já estariam sendo lapidadas, vamos analisar cinco breves momentos do pensamento de Platão, abaixo elancados.
ATO I - PLATÃO E A ESCADA DE JACÓ
Platão ensina que existem duas formas de se interpretar a realidade: uma pelos nossos sentidos – o “mundo dos sentidos” – e a outra pela nossa intelectualidade – o “mundo das idéias”. As pessoas comuns viveriam em uma realidade ilusória, pois a apreendem apenas através dos cinco sentidos, que são susceptíveis a erros e falhas na interpretação dos fenômenos. Este nível, que utiliza apenas estes instrumentos de nosso corpo, seria o patamar mais primário, elementar e acessível de captação do cosmo. Possibilita somente a formulação de opiniões (a “doxa”) acerca do “ser”, baseadas na imaginação humana (a “eikasia”) que é estimulada pelos vetores sensoriais ou por suas crenças (a “pistis”). Neste caos de sentidos e significados, tudo é passageiro, tudo muda, ou como dizia Heráclito (540 a 470 a.C), “tudo flui”.
A essência das coisas, porém, estaria além da capacidade física dos nossos órgãos. Começaria a ser captada só a partir do segundo nível do saber, uma fase intermediária entre os dois mundos. Nomeado por Platão como “dianóia” ou “noesis”, incorpora métodos discursivos e dedutivos no processo de entendimento. Neste patamar entre os sentidos e as idéias, os modelos basilares de estruturação das concepções são as figuras matemáticas puras, que existem apenas na dedução intelectual das formas ideais – um quadrado perfeito, por exemplo, jamais é visto na natureza.
Acima deste nível intermediário, resplandece o degrau máximo de conhecimento: a “episteme”. Atingindo este nível, chegamos ao “mundo das ideiais”, que só é apreensível em função da inteligência. Sua dinâmica ou fisiologia independe das conjecturas do tempo, uma vez que se cristaliza pela dimensão do eterno, daquilo que “é” – como afirmaria o digno representante da tradição pré-socrática, Parmênides (530 a 470 a.C).
A trajetória evolutiva dos filósofos, buscando ultrapassar o mundo sensível e conquistando, assim, o universo das idéias, se apresenta claramente em nossas Lojas, quando regularmente constituídas. Em todas as nossas Sessões Ritualísticas representamos exatamente esta jornada rumo ao aperfeiçoamento humano, onde as verdades mais puras e inequívocas se estabelecem. Saindo do mundo profano (o pavimento mosaico) escalamos degrau a degrau os níveis do conhecimento, que cintila definitivamente apenas no mundo das idéias. O processo de asceze intelectual, tão bem descrito por Platão, foi traduzido pelos Mestres-Maçons como a metáfora da jornada pelos degraus da escada de Jacó, que se apruma simbolicamente entre as Luzes Emblemáticas e orienta nossos trabalhos.
ATO II – A GEOMETRIA PLATÔNICA
Platão afirma que para acessarmos o grau inicial da escala rumo ao conhecimento supremo, dependemos apenas de nossos cincos sentidos, como vimos anteriormente. Portanto, o “mundo das crenças e das opiniões” está à disposição de qualquer pessoa, mesmo aquela que ainda permanece no mais humilde nível de ignorância. Mas, para começarmos a traduzir os ideogramas primários do “mundo das ideiais”, perseverando na disposição do compreender a realidade, necessitamos interpretar o significado das formas matemático-geométricas que existem exatamente neste plano inicial da sceze para além da capacidade sensorial.
Surge, então, não mais apenas a alegoria do “homem comum”. Vemos eclodir a figura do pensador-matemático, que abstrai sua mente levando-a a círculos improváveis de raciocínio puro – já estamos no campo da dianoia. Em outras palavras: a Geometria se firma como ciência primeira, aquela que rompe os pórticos de entrada aos templos da verdadeira sabedoria.
Seguindo a tradição de tantos filósofos que já haviam pronunciado o valor abstrato das formas poliédricas para o entendimento das realidades além do universo concreto, Platão explica por que se há tanta valorização dos mistérios desta nobre arte por parte dos especuladores contemporâneos. Indo muito além das questões relacionados à arquitetura e construções em si, compreender o sentido das formas geométricas significa entender o próprio processo de autoconhecimento e de compreensão do Cosmos.
ATO III – O MITO DA CAVERNA E A INICIAÇÃO
Platão, no capítulo VII de sua obra A República, nos apresenta uma alegoria sobre a condição existencial humana que se constitui na mais famosa e conhecida construção mitológica da Filosofia, chamada de parábola ou Mito da Caverna. Propõe o mestre que imaginemos uma imensa caverna na qual homens permanecem acorrentados pelos pés, mãos e pescoços, de costas para a entrada e de frente a uma grande parede – o fundo da gruta. Ali eles nasceriam, viveriam e morreriam, por sucessivas gerações. Tudo que enxergavam era a grande murada a frente, similar a uma tela ou pano de fundo de um palco. Lá fora, um pouco além da embocadura, haveria uma monumental fogueira, gerando muita luz que iluminava continuamente as pessoas e os objetos do mundo externo, interpostos entre o fogo escaldante e a caverna.
Nessa condição, sombras desses entes seriam projetadas para o interior, chegando até a parede. Os sons emitidos pelas falas e demais eventos também seriam enviados e refletiriam como ecos, pelas pedras. Assim, qual seria a percepção da realidade captada pelos homens acorrentados? Afirma Platão que eles enxergariam apenas um eterno desfile de imagens virtuais e ecos que não se constituiriam na realidade das coisas – seriam apenas projeções, artefatos ou simulacros da verdade.
Eles estariam nas trevas, no caos e no terror da obtusidade da mente humana que ainda não teria assimilado a capacidade de ver além das aparências.
De repente, porém, ocorre um fato insólito. Uma pessoa que permanecia ali, inerte, toma uma atitude. Dotada de uma capacidade moral e intelectual diferenciadas, sente uma inevitável necessidade de ir além. Cria instrumentos para romper os grilhões e assim se liberta, girando vagarosamente sua cabeça em direção à fonte das imagens projetadas, onde está o fogo, depois se levantando e caminhando, serenamente rumo à saída da caverna. Ali recebe a Luz esplendorosa do Sol, e adquire a Sabedoria, tendo contato pela primeira vez com a verdade. Este processo é doloroso, pois seus membros e músculos nunca haviam sido exigidos, assim como seus olhos, que se irritam e lacrimejam com a forte luminosidade natural. Os raios solares do meio-dia chegam a queimar sua pele sensível, deixando uma marca inequívoca de que o homem, agora, está transformado. Jamais será o mesmo, pois trilhou um caminho sem volta.
Passando algum tempo, nosso bravo companheiro resolve retornar à caverna, para encontrar seus antigos parceiros de cárcere. Ali chegando, porém, fica claro que a metamorfose em sua alma foi além do que sua vã filosofia podia supor. Ele não consegue mais se comunicar adequadamente com os outros, pois sua linguagem está inacessível à capacidade de interpretação dos que permaneceram nas sombras. Suas experiências no mundo real soam como mentiras, e geram estresse e descontentamento aos presos, que passam a maltratá-lo. Nosso herói conclui que deve permanecer calado, no mais profundo silêncio sobre tudo que se passou lá em cima, quando estiver visitando os ambientes de penumbra.
Nessa alegoria percebemos com clareza a descrição da experiência iniciática, quando o neófito, obtém a Luz. Em seguida, se reforça a necessidade de não revelação de nossos mistérios aos profanos, pois estes não têm condições de interpretá-los.
ATO IV – DO CAOS AO COSMO
No princípio existia o caos, que era a matéria amorfa e sem definição. Depois, surgiu a organização arquitetural das estruturas e o cosmo se estabeleceu. Este conceito global de formação do universo, trabalho alegoricamente em nossa ritualística, se apresenta em detalhes na doutrina platônica. A dualidade entre os dois grandes mundos, o sensível e o das idéias, volta ao cerne nesta proposição. Para Platão, a causa verdadeira da existência do chamado “mundo sensível” seria o “mundo inteligível” ou seja, este gera aquele. As idéias, que podem ser definidas como sendo os princípios formais de tudo que existe, estruturam a matéria ilimitada e indeterminada de caráter físico, o receptáculo sensível chamado também de “chora”.
Mas, como se processa essa transformação rumo ao equilíbrio? Nosso doutrinador não nega a existência e o valor dos deuses pessoais – comuns na Antiguidade clássica – mas diz que á uma entidade indefinida, impessoal, estruturalmente múltipla, que se estabelece na possibilidade de encarar a divindade na perspectiva do supra-sensível, ou seja, além/acima dos sentidos. Claramente este agente se refere diretamente ao “mundo das ideiais” e às suas infinitas possibilidades. Este ente determinaria que um deus-pessoal ou artífice plasmador, batizado Omo demiurgo, se incumbisse de trabalhar, a matéria bruta de acordo com os moldes imutáveis e elementares (as idéias) criando as cópias que se apresentam no campo sensível.
Em nossa cosmo visão, o mundo inteligível ou sensível seria o habitáculo ou a representação do Grande Arquiteto do Universo, pois dali se extrai as formas primordiais, e o demiurgo seria a sabedoria, ou a inteligência – que dá forma justa e perfeita a cada detalhe do projeto arquitetural da Grande Obra.
ATO V – A EXISTÊNCIA DO BEM
Trabalhos sempre em busca do aprimoramento moral e intelectual da humanidade. Para que isso seja possível é necessário que acreditemos na existência de uma força concreta que impulsione, oriente e determine nossas condutas sempre pela trilha do reto e justo. Platão, de certa forma, define este vértice condutor de nossos caminhos e o denomina de “Bem”. Este seria o princípio supremo, estabelecido no livro A República. Nas tradições esotéricas mais antigas tratava-se do número um, ou unidade.
O sistema platônico das idéias se forma de acordo com uma hierarquia perfeita, com ordem e organização, ficando as “idéias inferiores” abaixo das “superiores”. Temos assim o surgimento de uma pirâmide virtual cujo ápice é formado pela idéia elementar, unitária ou essencial: o Bem. Este não seria condicionado por nada mais, pois tem autonomia e potência absoluta, e se constitui no fundamento que torna todas as outras idéias cognoscíveis à mente humana. Ele não se equipara à substância ou “ousia” (a matéria da qual são extraídas as coisas), nem à essência (as formas ou idéias elementares), pois está acima de tudo isso, transcendendo a estes planos de forma inequívoca e eterna.
ÊXODUS – CONCLUSÃO
Analisamos apenas as cinco passagens acima, que expõe parte do pensamento de Platão, fica claro que Maçonaria e Filosofia são frutos da mesma árvore da sabedoria ancestral. Ambas se entrelaçam em uma complexa simbiose de símbolos e significados, interpretando as inúmeras concepções criadas pela mente humana para entender o sentido do universo.
Dentre as várias escolas, a chamada Filosofia Antiga ou Clássica certamente foi uma das principais influências na estruturação de nossa doutrina, cuja essência foi estabelecida em tempos imemoriais.
Concluímos, portanto, que ser reconhecido com um legítimo iniciado na Sublime Ordem Maçônica equivale a ser considerado, simbolicamente, um digno e valoroso discípulo do mestre Platão.
PRÓLOGO
Em 427 a.C, na Grécia Antiga, nascia um inquieto pensador chamado Aristócles. Mais conhecido como Platão, devido a seu vasto conhecimento (ou à sua imensa fronte cefálica), foi discípulo de Crátilo, da escola de Heráclito, e de Sócrates. Falecido em 347 a.C, é considerado um dos grandes responsáveis pelo surgimento da Filosofia. Estabeleceu uma vasta doutrina que se divide em 36 trabalhos, agrupados em nove volumes. Esta robusta obra, chamada de teoria platônica, passou a ser ensinada na polis de maneira sistemática a partir de 380 a.C, com a fundação da famosa Academia – que visava aperfeiçoar os cidadãos nas diversas artes, para que bem conduzissem os destinos de Atenas.
Os ensinamentos de Platão, surgidos há mais de 2.500 anos, influenciaram todos os grandes pensadores que viriam posteriormente.
Formaram a base ideológica da maneira como se entende o cosmo, na visão ocidental de mundo.
O que nos chama a atenção, enquanto praticantes da Arte Real, é que grande parte de nossa tradição pode ser compreendida, aparentemente, à luz dos ensinamentos explanados por este profeta, em seu poderoso templo erigido próximo ao bosque em homenagem ao herói grego Academos.
Teriam os conceitos deste arauto da sabedoria sacramentado inquestionáveis pontos de intersecção doutrinária e ontológica entre o nosso Simbolismo e a filosofia matter da Humanidade?
Para avaliarmos se em meio às meditações transcendentais dos mestres do Peloponeso as primeiras pedras das Colunas de Hiram já estariam sendo lapidadas, vamos analisar cinco breves momentos do pensamento de Platão, abaixo elancados.
ATO I - PLATÃO E A ESCADA DE JACÓ
Platão ensina que existem duas formas de se interpretar a realidade: uma pelos nossos sentidos – o “mundo dos sentidos” – e a outra pela nossa intelectualidade – o “mundo das idéias”. As pessoas comuns viveriam em uma realidade ilusória, pois a apreendem apenas através dos cinco sentidos, que são susceptíveis a erros e falhas na interpretação dos fenômenos. Este nível, que utiliza apenas estes instrumentos de nosso corpo, seria o patamar mais primário, elementar e acessível de captação do cosmo. Possibilita somente a formulação de opiniões (a “doxa”) acerca do “ser”, baseadas na imaginação humana (a “eikasia”) que é estimulada pelos vetores sensoriais ou por suas crenças (a “pistis”). Neste caos de sentidos e significados, tudo é passageiro, tudo muda, ou como dizia Heráclito (540 a 470 a.C), “tudo flui”.
A essência das coisas, porém, estaria além da capacidade física dos nossos órgãos. Começaria a ser captada só a partir do segundo nível do saber, uma fase intermediária entre os dois mundos. Nomeado por Platão como “dianóia” ou “noesis”, incorpora métodos discursivos e dedutivos no processo de entendimento. Neste patamar entre os sentidos e as idéias, os modelos basilares de estruturação das concepções são as figuras matemáticas puras, que existem apenas na dedução intelectual das formas ideais – um quadrado perfeito, por exemplo, jamais é visto na natureza.
Acima deste nível intermediário, resplandece o degrau máximo de conhecimento: a “episteme”. Atingindo este nível, chegamos ao “mundo das ideiais”, que só é apreensível em função da inteligência. Sua dinâmica ou fisiologia independe das conjecturas do tempo, uma vez que se cristaliza pela dimensão do eterno, daquilo que “é” – como afirmaria o digno representante da tradição pré-socrática, Parmênides (530 a 470 a.C).
A trajetória evolutiva dos filósofos, buscando ultrapassar o mundo sensível e conquistando, assim, o universo das idéias, se apresenta claramente em nossas Lojas, quando regularmente constituídas. Em todas as nossas Sessões Ritualísticas representamos exatamente esta jornada rumo ao aperfeiçoamento humano, onde as verdades mais puras e inequívocas se estabelecem. Saindo do mundo profano (o pavimento mosaico) escalamos degrau a degrau os níveis do conhecimento, que cintila definitivamente apenas no mundo das idéias. O processo de asceze intelectual, tão bem descrito por Platão, foi traduzido pelos Mestres-Maçons como a metáfora da jornada pelos degraus da escada de Jacó, que se apruma simbolicamente entre as Luzes Emblemáticas e orienta nossos trabalhos.
ATO II – A GEOMETRIA PLATÔNICA
Platão afirma que para acessarmos o grau inicial da escala rumo ao conhecimento supremo, dependemos apenas de nossos cincos sentidos, como vimos anteriormente. Portanto, o “mundo das crenças e das opiniões” está à disposição de qualquer pessoa, mesmo aquela que ainda permanece no mais humilde nível de ignorância. Mas, para começarmos a traduzir os ideogramas primários do “mundo das ideiais”, perseverando na disposição do compreender a realidade, necessitamos interpretar o significado das formas matemático-geométricas que existem exatamente neste plano inicial da sceze para além da capacidade sensorial.
Surge, então, não mais apenas a alegoria do “homem comum”. Vemos eclodir a figura do pensador-matemático, que abstrai sua mente levando-a a círculos improváveis de raciocínio puro – já estamos no campo da dianoia. Em outras palavras: a Geometria se firma como ciência primeira, aquela que rompe os pórticos de entrada aos templos da verdadeira sabedoria.
Seguindo a tradição de tantos filósofos que já haviam pronunciado o valor abstrato das formas poliédricas para o entendimento das realidades além do universo concreto, Platão explica por que se há tanta valorização dos mistérios desta nobre arte por parte dos especuladores contemporâneos. Indo muito além das questões relacionados à arquitetura e construções em si, compreender o sentido das formas geométricas significa entender o próprio processo de autoconhecimento e de compreensão do Cosmos.
ATO III – O MITO DA CAVERNA E A INICIAÇÃO
Platão, no capítulo VII de sua obra A República, nos apresenta uma alegoria sobre a condição existencial humana que se constitui na mais famosa e conhecida construção mitológica da Filosofia, chamada de parábola ou Mito da Caverna. Propõe o mestre que imaginemos uma imensa caverna na qual homens permanecem acorrentados pelos pés, mãos e pescoços, de costas para a entrada e de frente a uma grande parede – o fundo da gruta. Ali eles nasceriam, viveriam e morreriam, por sucessivas gerações. Tudo que enxergavam era a grande murada a frente, similar a uma tela ou pano de fundo de um palco. Lá fora, um pouco além da embocadura, haveria uma monumental fogueira, gerando muita luz que iluminava continuamente as pessoas e os objetos do mundo externo, interpostos entre o fogo escaldante e a caverna.
Nessa condição, sombras desses entes seriam projetadas para o interior, chegando até a parede. Os sons emitidos pelas falas e demais eventos também seriam enviados e refletiriam como ecos, pelas pedras. Assim, qual seria a percepção da realidade captada pelos homens acorrentados? Afirma Platão que eles enxergariam apenas um eterno desfile de imagens virtuais e ecos que não se constituiriam na realidade das coisas – seriam apenas projeções, artefatos ou simulacros da verdade.
Eles estariam nas trevas, no caos e no terror da obtusidade da mente humana que ainda não teria assimilado a capacidade de ver além das aparências.
De repente, porém, ocorre um fato insólito. Uma pessoa que permanecia ali, inerte, toma uma atitude. Dotada de uma capacidade moral e intelectual diferenciadas, sente uma inevitável necessidade de ir além. Cria instrumentos para romper os grilhões e assim se liberta, girando vagarosamente sua cabeça em direção à fonte das imagens projetadas, onde está o fogo, depois se levantando e caminhando, serenamente rumo à saída da caverna. Ali recebe a Luz esplendorosa do Sol, e adquire a Sabedoria, tendo contato pela primeira vez com a verdade. Este processo é doloroso, pois seus membros e músculos nunca haviam sido exigidos, assim como seus olhos, que se irritam e lacrimejam com a forte luminosidade natural. Os raios solares do meio-dia chegam a queimar sua pele sensível, deixando uma marca inequívoca de que o homem, agora, está transformado. Jamais será o mesmo, pois trilhou um caminho sem volta.
Passando algum tempo, nosso bravo companheiro resolve retornar à caverna, para encontrar seus antigos parceiros de cárcere. Ali chegando, porém, fica claro que a metamorfose em sua alma foi além do que sua vã filosofia podia supor. Ele não consegue mais se comunicar adequadamente com os outros, pois sua linguagem está inacessível à capacidade de interpretação dos que permaneceram nas sombras. Suas experiências no mundo real soam como mentiras, e geram estresse e descontentamento aos presos, que passam a maltratá-lo. Nosso herói conclui que deve permanecer calado, no mais profundo silêncio sobre tudo que se passou lá em cima, quando estiver visitando os ambientes de penumbra.
Nessa alegoria percebemos com clareza a descrição da experiência iniciática, quando o neófito, obtém a Luz. Em seguida, se reforça a necessidade de não revelação de nossos mistérios aos profanos, pois estes não têm condições de interpretá-los.
ATO IV – DO CAOS AO COSMO
No princípio existia o caos, que era a matéria amorfa e sem definição. Depois, surgiu a organização arquitetural das estruturas e o cosmo se estabeleceu. Este conceito global de formação do universo, trabalho alegoricamente em nossa ritualística, se apresenta em detalhes na doutrina platônica. A dualidade entre os dois grandes mundos, o sensível e o das idéias, volta ao cerne nesta proposição. Para Platão, a causa verdadeira da existência do chamado “mundo sensível” seria o “mundo inteligível” ou seja, este gera aquele. As idéias, que podem ser definidas como sendo os princípios formais de tudo que existe, estruturam a matéria ilimitada e indeterminada de caráter físico, o receptáculo sensível chamado também de “chora”.
Mas, como se processa essa transformação rumo ao equilíbrio? Nosso doutrinador não nega a existência e o valor dos deuses pessoais – comuns na Antiguidade clássica – mas diz que á uma entidade indefinida, impessoal, estruturalmente múltipla, que se estabelece na possibilidade de encarar a divindade na perspectiva do supra-sensível, ou seja, além/acima dos sentidos. Claramente este agente se refere diretamente ao “mundo das ideiais” e às suas infinitas possibilidades. Este ente determinaria que um deus-pessoal ou artífice plasmador, batizado Omo demiurgo, se incumbisse de trabalhar, a matéria bruta de acordo com os moldes imutáveis e elementares (as idéias) criando as cópias que se apresentam no campo sensível.
Em nossa cosmo visão, o mundo inteligível ou sensível seria o habitáculo ou a representação do Grande Arquiteto do Universo, pois dali se extrai as formas primordiais, e o demiurgo seria a sabedoria, ou a inteligência – que dá forma justa e perfeita a cada detalhe do projeto arquitetural da Grande Obra.
ATO V – A EXISTÊNCIA DO BEM
Trabalhos sempre em busca do aprimoramento moral e intelectual da humanidade. Para que isso seja possível é necessário que acreditemos na existência de uma força concreta que impulsione, oriente e determine nossas condutas sempre pela trilha do reto e justo. Platão, de certa forma, define este vértice condutor de nossos caminhos e o denomina de “Bem”. Este seria o princípio supremo, estabelecido no livro A República. Nas tradições esotéricas mais antigas tratava-se do número um, ou unidade.
O sistema platônico das idéias se forma de acordo com uma hierarquia perfeita, com ordem e organização, ficando as “idéias inferiores” abaixo das “superiores”. Temos assim o surgimento de uma pirâmide virtual cujo ápice é formado pela idéia elementar, unitária ou essencial: o Bem. Este não seria condicionado por nada mais, pois tem autonomia e potência absoluta, e se constitui no fundamento que torna todas as outras idéias cognoscíveis à mente humana. Ele não se equipara à substância ou “ousia” (a matéria da qual são extraídas as coisas), nem à essência (as formas ou idéias elementares), pois está acima de tudo isso, transcendendo a estes planos de forma inequívoca e eterna.
ÊXODUS – CONCLUSÃO
Analisamos apenas as cinco passagens acima, que expõe parte do pensamento de Platão, fica claro que Maçonaria e Filosofia são frutos da mesma árvore da sabedoria ancestral. Ambas se entrelaçam em uma complexa simbiose de símbolos e significados, interpretando as inúmeras concepções criadas pela mente humana para entender o sentido do universo.
Dentre as várias escolas, a chamada Filosofia Antiga ou Clássica certamente foi uma das principais influências na estruturação de nossa doutrina, cuja essência foi estabelecida em tempos imemoriais.
Concluímos, portanto, que ser reconhecido com um legítimo iniciado na Sublime Ordem Maçônica equivale a ser considerado, simbolicamente, um digno e valoroso discípulo do mestre Platão.
Ir.’. Carlos Alberto Carvalho
Pires
ARLS Acácia de Jaú, 308
GLESP – Or.’. de Jaú – SP
ARLS Acácia de Jaú, 308
GLESP – Or.’. de Jaú – SP
publicado na Revista A Verdade nº
475
Referênciasquinta-feira, 25 de outubro de 2012
MINHA NAMORADA...
Minha Namorada
Vinicius de Moraes
Meu poeta eu hoje estou contente Todo mundo de repente ficou lindo Ficou lindo de morrer Eu hoje estou me rindo Nem eu mesma sei de que Porque eu recebi Uma cartinhazinha de você Se você quer ser minha namorada Ai que linda namorada Você poderia ser Se quiser ser somente minha Exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha Que ninguém mais pode ser Você tem que me fazer Um juramento De só ter um pensamento Ser só minha até morrer E também de não perder esse jeitinho De falar devagarinho Essas histórias de você E de repente me fazer muito carinho E chorar bem de mansinho Sem ninguém saber porque E se mais do que minha namorada Você quer ser minha amada Minha amada, mas amada pra valer Aquela amada pelo amor predestinada Sem a qual a vida é nada Sem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo Em meu caminho E talvez o meu caminho Seja triste pra você Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos E os seus braços o meu ninho No silêncio de depois E você tem de ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de nós dois.
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Minha Namorada
Vinicius de Moraes
facebooktwitterorkut85103
Meu poeta eu hoje estou contente Todo mundo de repente ficou lindo Ficou lindo de morrer Eu hoje estou me rindo Nem eu mesma sei de que Porque eu recebi Uma cartinhazinha de você Se você quer ser minha namorada Ai que linda namorada Você poderia ser Se quiser ser somente minha Exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha Que ninguém mais pode ser Você tem que me fazer Um juramento De só ter um pensamento Ser só minha até morrer E também de não perder esse jeitinho De falar devagarinho Essas histórias de você E de repente me fazer muito carinho E chorar bem de mansinho Sem ninguém saber porque E se mais do que minha namorada Você quer ser minha amada Minha amada, mas amada pra valer Aquela amada pelo amor predestinada Sem a qual a vida é nada Sem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo Em meu caminho E talvez o meu caminho Seja triste pra você Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos E os seus braços o meu ninho No silêncio de depois E você tem de ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de nós dois.
AO AMOR ANTIGO...
Ao Amor Antigo
Carlos Drummond de Andrade
O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença. Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença. O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza. Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, a antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante. Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não. Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença. Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença. O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza. Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, a antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante. Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não. Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.
AMOR - POIS QUE É PALAVRA ESSENCIAL
Amor - pois que é palavra essencial comece esta canção e toda a envolva. Amor guie o meu verso, e enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva. Quem ousará dizer que ele é só alma? Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito? O corpo noutro corpo entrelaçado, fundido, dissolvido, volta à origem dos seres, que Platão viu completados: é um, perfeito em dois; são dois em um. Integração na cama ou já no cosmo? Onde termina o quarto e chega aos astros? Que força em nossos flancos nos transporta a essa extrema região, etérea, eterna? Ao delicioso toque do clitóris, já tudo se transforma, num relâmpago. Em pequenino ponto desse corpo, a fonte, o fogo, o mel se concentraram. Vai a penetração rompendo nuvens e devassando sóis tão fulgurantes que nunca a vista humana os suportara, mas, varado de luz, o coito segue. E prossegue e se espraia de tal sorte que, além de nós, além da prórpia vida, como ativa abstração que se faz carne, a idéia de gozar está gozando. E num sofrer de gozo entre palavras, menos que isto, sons, arquejos, ais, um só espasmo em nós atinge o climax: é quando o amor morre de amor, divino. Quantas vezes morremos um no outro, nu úmido subterrâneoda vagina, nessa morte mais suave do que o sono: a pausa dos sentidos, satisfeita. Então a paz se instaura. A paz dos deuses, estendidos na cama, qual estátuas vestidas de suor, agradecendo o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 20 de outubro de 2012
O PENSAMENTO PLATÔNICO...
Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível.
Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.
Para Platão, uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heraclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar a ser; assim, não há mudança.
Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heraclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .
Platão resolve esse problema com sua Teoria das Ideias. O que há de permanente em um objeto é a Ideia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Ideia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Ideia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Ideia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Ideia de Árvore.
Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Ideia daquele objeto que viu no mundo das Ideias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Ideias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Ideia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.
- A reminiscência
Uma das condições para a indagação ou investigação acerca das Ideias é que não estamos em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Ideias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Ideias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.
Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Ideias supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as Ideias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no diálogo Fedro, de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado, tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados a vermos apenas as sombras do Mundo das Ideias.
- Amor
´No Simpósio (também conhecido como O Banquete), de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.
- Conhecimento
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.
Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.
O conhecimento era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das ideias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.
Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.
Quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo que, no mundo das ideias, o homem pode ter aépisthéme, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento filosófico,.
Platão não defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das ideias.
- Política
"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).
Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais.
Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica.
Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da pólis:
- A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.
- A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiões da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade. E, por fim,
- A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.
- O homem e a alma
O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.
Para Platão a alma é divida em três partes:
- 1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).
- 2 Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem (andreía).
- 3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne).
Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.
Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Ideias e aspira ao conhecimento e às ideias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das Ideias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Ideias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Ideias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.
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