Newton Navarro
Entre duas faces da lua
E ventarolas agrestes de carnaubeiras
Te descubro.
Tens o arco do rosto repousado
Num ângulo de treva
Que a janela sertaneja recorta.
O flash solar
Revela num olhar atilado
Um negativo da vida
Que escuta passar
E que incorporas ao dia dos teus dias.
A paisagem que assistes
Aumentas e sustentas
Com o teu canto:
É o teu alimento e o teu ofício.
-Água represada das várzeas
Vôo seteiro de aves emigrando
Esses adeuses misteriosos
Que as folhas nos mandam
-Confidentes dos ventos
A luz que restou atrasada
pelas estradas
Com o sol já se pondo
O cheiro das queimadas
A terra madura das roças
A nota esquiva do pássaro amoitado
Primeira denunciando amor noturno.
Vejo-te, poeta,
Entre ramos de salsas
Pobres flores palustres
Rebentos de paudarcos altaneiros
E ouço teu nome
Em meus silêncios,
Metálico e de pedra
Como se o metal dos raios faiscantes
Dos invernos
Afastassem lâminas no dorso
das serras estiradas.
Uma voz de mulher
Quanta vez me contou
Teu fado
A dita de viveres
Tuas sortes...
E entre missangas
E colares sertanejos
Junto ao amuleto protetor
do juazeiro
A santa que te guarda.
Tu, operário humílimo da palavra
Renasces no canto que fabricas
Re- Nato
Entre a fulô do mato mais brejeira
E o trágico do teu acre viver
A riqueza perdulária dos versos
A lição toda humilde
Da tua ciência valiosa.
Teu espólio
A mão aberta
O azul do olhar disciplinado
A proteção da musa
E a rima
Filão de ouro
Liga fraternal
A te fazer mais
Nosso irmão e camarada.
Natal, agosto de 1966.
Entre duas faces da lua
E ventarolas agrestes de carnaubeiras
Te descubro.
Tens o arco do rosto repousado
Num ângulo de treva
Que a janela sertaneja recorta.
O flash solar
Revela num olhar atilado
Um negativo da vida
Que escuta passar
E que incorporas ao dia dos teus dias.
A paisagem que assistes
Aumentas e sustentas
Com o teu canto:
É o teu alimento e o teu ofício.
-Água represada das várzeas
Vôo seteiro de aves emigrando
Esses adeuses misteriosos
Que as folhas nos mandam
-Confidentes dos ventos
A luz que restou atrasada
pelas estradas
Com o sol já se pondo
O cheiro das queimadas
A terra madura das roças
A nota esquiva do pássaro amoitado
Primeira denunciando amor noturno.
Vejo-te, poeta,
Entre ramos de salsas
Pobres flores palustres
Rebentos de paudarcos altaneiros
E ouço teu nome
Em meus silêncios,
Metálico e de pedra
Como se o metal dos raios faiscantes
Dos invernos
Afastassem lâminas no dorso
das serras estiradas.
Uma voz de mulher
Quanta vez me contou
Teu fado
A dita de viveres
Tuas sortes...
E entre missangas
E colares sertanejos
Junto ao amuleto protetor
do juazeiro
A santa que te guarda.
Tu, operário humílimo da palavra
Renasces no canto que fabricas
Re- Nato
Entre a fulô do mato mais brejeira
E o trágico do teu acre viver
A riqueza perdulária dos versos
A lição toda humilde
Da tua ciência valiosa.
Teu espólio
A mão aberta
O azul do olhar disciplinado
A proteção da musa
E a rima
Filão de ouro
Liga fraternal
A te fazer mais
Nosso irmão e camarada.
Natal, agosto de 1966.
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