sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A PAZ...

Tida como utópica para uns, como um estado de perfeição para outros, certamente esta pequena palavra nunca terá uma única definição...
Quem disse que a PAZ se conquista com a guerra? Tida como utópica para uns, como um estado de perfeição para outros, certamente esta pequena palavra nunca terá uma única definição.
A conquista da PAZ entre os componentes de um grupo; seja de uma pequena família, uma comunidade, uma cidade, um país ou até mesmo de toda a humanidade deverá passar por algumas etapas:
1. A aceitação por parte de cada indivíduo da sua própria individualidade. Deus nos fez único, ímpar. A aceitação de sua maneira de ser, física, emocional, social e até mesmo financeira causará um grande conforto e PAZ no indivíduo, facilitando seu relacionamento com outros seres; isto não significa que o ser humano não deverá lutar para sua melhoria e crescimento em qualquer área que queira, entretanto isto não deverá ser causa de conflito interno.
2. A aceitação da maneira de ser do outro. Eu posso até não concordar com o modo de agir ou de pensar de meu irmão, de meu vizinho, de meu chefe ou de uma outra pessoa que mora a milhares de quilômetros de distância de mim, mas jamais terei o direito de impor minhas vontades, meus padrões e meus valores a estas pessoas. A não observação deste fato é uma das principais causa de tantos conflitos políticos e religiosos. Isto não significa que de uma maneira civilizada e inteligente não poderei mostrar ao outro meu ponto de vista, e reciprocamente observar o ponto de vista do outro. A verdade depende dos filtros com que observamos as coisas que acontecem ao nosso redor. A mudança de opinião não deverá ser considerada como uma derrota, mas como uma oportunidade de crescimento.
3. A compreensão das relações existentes na sociedade nos levará a um estado dePAZ. Isto também não significa que deveremos concordar com todas elas, entretanto se temos a consciência que estamos trabalhando para a construção de um mundo mais equilibrado, mais ecológico em todos os sentidos sabemos que a perfeição entre estas relações apesar de parecer utópico tende a melhorar dia após dia.
Enfim podemos dizer que a PAZ começa em cada um de nós, e depende de cada um de nós.    
Muita PAZ para todos vocês.
Ir.'. Edson Inácio
Loja Cavaleiros da Fraternidade nº 1353
Salvador-BA

 

A BELEZA...

Nada mais conhecido do que o sentimento do belo; nada mais difícil de definir do que a sua idéia. A Beleza produz dois efeitos nas pessoas: dá-lhes prazer e provoca um juízo. O juízo estético é universal, isto é, quando afirmamos que certo objeto é absolutamente belo, todos devem estar de acordo.
A emoção estética é um sentimento agradável, composto de simpatia, de prazer e de surpresa, que pode ser resumido em admiração. Segundo S. Tomás de Aquino, a beleza é a ordem, isto é, a unidade na variedade. Poder-se-ia objetar que há certa ordem, certa regularidade que nada tem a ver com a beleza. Por outro lado, dizia Boileau que “uma bela desordem é o efeito da arte”.
Toda a beleza é essencialmente expressiva; um objeto é belo por causa das idéias e sentimentos que nos sugere. A beleza é expressiva porque exprime a vida e, em particular, a vida da alma. No dizer de Platão, “a graça das formas provém de elas exprimirem, na matéria, as qualidades da alma”. Segundo diz Aristóteles na Poética, “toda a beleza deve-se assemelhar à vida”. A beleza é a expressão da vida, mas não de uma vida qualquer; há certas formas de vida que são diminuídas, disformes ou abortivas da vida, que são objeto de compaixão, de desgosto, de aversão e até de horror. O que excita em nós a simpatia, a admiração, o entusiasmo, é a expressão de uma vida rica, livre e harmônica. Assim sendo, podemos definir a beleza como sendo:
A expressão de uma vida particularmente rica, livre e harmoniosa, a qual sendo conhecida, estimula agradavelmente o uso de nossas faculdades representativas e emotivas: os sentidos, a imaginação, a razão e o sentimento.
Esta definição reúne e harmoniza todos os elementos essenciais contidos nas definições de Aristóteles, de S. Agostinho e de S. Tomás de Aquino.
A BELEZA, A VERDADE E O BEM
São íntimas as relações e as analogias entre estas três idéias, que muitas vezes se empregam para se definirem mutuamente. É conhecida a definição falsamente atribuída a Platão: “a beleza é o esplendor da verdade”. Outros definiram: a beleza é o esplendor do bem. O bem moral é frequentemente designado sob o nome de belo. De fato, o verdadeiro, o belo e o bem, em si mesmos, identificam-se no mesmo ser, do qual são três aspectos diferentes.

Esta é a razão porque Deus, sendo Ser absoluto, é também a verdade perfeita, a beleza suprema, e o bem infinito; por isso mesmo todo o ser vivente que é, - e na medida em que é, - é verdadeiro, é belo e é bom.
Mas, ainda que no ser absoluto estes três conceitos se identifiquem unidos, em relação ao homem eles são distintos; isto porque o homem os identifica por meio de faculdades diferentes, o que obriga a distingui-los de maneira específica, à semelhança do prisma que decompõe a luz nas cores elementares.
O verdadeiro, percebido pela inteligência, é o objeto da ciência; o bem, realizado pela vontade, é o objeto da moral; e a beleza, conhecida pela imaginação e sensibilidade superior, é o objeto da estética.
O SUBLIME, O BONITO E O FEIO
O sublime não é somente o belo no seu grau mais elevado. O sublime distingue-se essencialmente do belo, de acordo com Kant, que diz: “O sublime é a expressão sensível do infinito”. O belo é a expressão harmoniosa da vida, em particular, da vida humana; o caráter do sublime é a intensidade, a ilimitação. O sublime pode encontrar-se no caos e até no horrível, onde a imaginação se confunde e a razão se espraia à vontade, estando ali como no seu elemento, pois nasceu para o infinito.

O bonito, gracioso, lindo ou encantador, é forma inferior do belo. Entre o belo e o bonito não há diferença essencial. “ bonito – diz Ch. Lévèque – ainda é belo, mas belo sem a grandeza, sem a amplitude, sem o brilho da energia do belo em toda a sua intensidade”. Assim, um carvalho secular, um grande lago, podem ser belos; mas um riacho ou uma flor, são só lindos. O feio opõe-se ao belo; o que não significa que lhe faltem todos os elementos do belo, mas simplesmente que lhe falta algum destes elementos em grau elevado.
A BELEZA E AS BELAS ARTES
A beleza fala à alma; excita a admiração e a simpatia. No dizer de Plotino, admirar é imitar; simpatizar é vibrar em uníssono, e não se pode amar uma coisa sem procurar assemelhar-nos a ela: Amor pares invenit aut facit.

O primeiro efeito da beleza é, assim, levar-nos instintivamente à imitação e a reproduzi-la em nós. A admiração, quando atinge determinado grau, estimula a atividade, provoca a exaltação e, sob certas circunstâncias, fecunda a inspiração. A partir deste momento já não é suficiente compreender a sublime linguagem da arte; passa-se a desejar falar essa linguagem, isto é, a exprimir o que se sente. Assim, a Arte se apresenta sob a forma reflexa. A criação reflexa da beleza pelo homem constitui a própria Arte.
De acordo com a forma pela qual exprimem a beleza, as artes dividem-se em Artes Plásticas e Artes Fonéticas. As Artes Plásticas – arquitetura, escultura, pintura, desenho – empregam as formas e as cores. Projetam os objetos nos espaço, em três dimensões, como a escultura e a arquitetura, ou em somente duas, como a pintura e o desenho, suprindo a terceira dimensão através dos artifícios da perspectiva.
As Artes Fonéticas – música, canto, oratória, poesia, teatro – exprimem a beleza por meio de sons musicais ou de sons articulados. Estas obras de arte se desenvolvem no tempo. Não estando localizadas no espaço, como as artes plásticas, as artes fonéticas são mais expressivas do que descritivas. Apesar disso, a poesia, devido às metáforas que emprega e devido à imaginação, que representa as coisas ao vivo, participa grandemente do privilégio das artes plásticas.
Aos interessados em aprofundar o conhecimento sobre os conceitos de Beleza recomendamos fortemente a leitura da Estética – O Belo Artístico ou o Ideal de Hegel, filósofo nascido em Stutgart em 1770 e que grandemente influenciou o pensamento filosófico e político em todo mundo, a partir de sua morte em 1835.
Para terminar, para descontrair, uma pequena história sobre a Beleza e o Belo, escrita pelo Irmão e filósofo irreverente, Voltaire:Perguntem a um sapo o que é a beleza, o belo admirável, e ele responderá que á a fêmea dele, com os seus dois grandes olhos redondos, salientes, espetados na pequenina cabeça, com um focinho largo e achatado, barriga amarela, dorso acastanhado. Perguntem ao diabo, e ele dirá que é um belo par de cornichos, quatro garras afiadas e um rabiosque enrolado. Consultem, por fim o filósofo, e este responderá com uma algaraviada desconexa, numa gíria arrevezada; é-lhes indispensável algo de conforme o arquétipo do belo.
Um dia, assistia eu a uma tragédia na companhia de um filósofo. “ – Como isto é belo! – exclamava ele. Mas onde está a beleza disto? Perguntei-lhe. – Está em que o autor atingiu a finalidade que pretendia”. No dia seguinte, o tal filósofo tomou um purgante que lhe fez grande efeito. “Atingiu a finalidade”, comentei. “Ora, aí está um purgante belo!” Então percebeu que não se pode dizer que uma purga é bela e que para darmos a qualquer coisa o título de beleza será indispensável que vos cause admiração e prazer. Concordou comigo que a tal tragédia lhe proporcionara esses dois sentimentos, e que consistia nisso o belo.
Em seguida, fizemos uma viagem pela Inglaterra: ali vimos representar a mesma peça teatral, traduzida na perfeição; mas aqui os espectadores bocejavam. “Oh! Oh!” exclamou o filósofo, “o belo não é o mesmo para franceses e ingleses”. Concluiu, depois de refletir, que o sentimento do belo é coisa muito relativa, do mesmo modo que aquilo que é decente no Japão é indecente em Roma, e o que está em moda em Paris é detestado em Pequim; e desistiu de elaborar um longo tratado sobre o belo e sobre a beleza.

Ir.'. Antonio Rocha Fadista - M.'.I.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. Cayrú n° 762
GOERJ / GOB
 
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

AS RELIGIÕES E A MAÇONARIA ...

Em si própria a Maçonaria não é uma religião. Mas por isso mesmo que se abre a todos os homens, sem distinção de crenças religiosas...

"A devoção não está no joelho que se dobra, mas no coração, que não se vê dobrar" (Matias Aires).
Desde a antiguidade, por religião entende-se a relação do homem para com Deus ou com o divino. A religião assenta na diferença essencial que existe entre o homem e o animal, pois os animais não têm nenhuma religião. A diferença entre o homem e o animal consiste na consciência, na qual o homem tem por objeto de sua reflexão sua própria essência, sua própria espécied. Esta consciência pode converter em objeto outra realidade, outras coisas, de modo especial, seu próprio ser. Sinal disso é o pensamento, a linguagem e o amor humanos. Essa diferença entre o homem e o animal não só fundamenta a religão, mas também seu próprio ser infinito. isso está sua verdade.
Por outro lado, a falsidade da reigião está em o homem tornar independente de si mesmo ou seu próprio ser infinito, separando-o e apondo-o como diferente de si produzindo a bipolaridade Deus e Homem.
O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa.
Deus é o nosso mais forte arquétipo. As religioes com seus princípios e orientações para a busca do superior, do divino, de Deus e de suas leis, auxiliam extraordinariamente o campo íntimo das criaturas que as aceitam. Mas será sempre necessário pratircar e exemplificar os ensinos edificantes e não somente frequentar os templos e executar as cerimônias exteriores dos cultos religiosos.
A primeira missão das religiões é provar que existe um Deus que nos criou e que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o respeitoque devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos consagrar. As religiões foram sempre um conjunto de práticas pelas quais os homens simples procuram alcançar a amizade de Deus, os bens supremos da saúde, da força, da paz, da riqueza. Há a que se aplica especialmente em purificar a idéia de Deus e em afirmar a indestrutibilidade do espírito humano; outra em mostrar a existência de uma Ordem Universal realizando-se por Leis; outra ainda, em exaltar o sentimento do dever ou amor ao próximo e a compaixão por todas as criaturas.
Os valores religiosos verdadeiros, quando não deturpados em sua essência, constituem-se em poderosos incentivos para o crescimento e iluminação das almas, por sugerir-lhes, através da fé e da esperança, melhores condições no pensamento e nas ações.
A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um PRINCÍPIO CRIADOR, ao qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo.
Em si própria a Maçonaria não é uma religião. Mas por isso mesmo que se abre a todos os homens, sem distinção de crenças religiosas. Coloca-se imparcial entre todas as crenças religiosas e teorias filosóficas, e acima de todas as suas controvérsias, para fazer da liberdade de pensamento o seus fundamento. tem o direito de enaltecer o que cada Religião produziu de melhor.
O pensamento essencial de nossa liturgia é utilizar todas essas criações do passado, ou pelos menos, uma parte de suas lendas, de seus simbolos, de suas cerimônias, para delas tirar os elementos de um sistema destinado a pôr em evidência as qualidades e as virtudes mais necessárias ao homem: a prática da solidariedade, a justificação da tolerância, a apologia do dever e do trabalho, o recurso incessante às luzes da razão e da consciência, a fé na liberdade e no progresso, a convicção de que, antes de tudo, convém caminhar de acordo com o poder que guia o munda pela harmonia e para a retidão.
A Maçonaria deixa livre a cada um dos seus membros adotar e seguir a religião de sua eleição, sem que os outros nada tenham a censurar-lhes.
O maçom deve ser fiel e serviçal entre todos os homens. Sejam eles critãos, budistas, muçulmanos, judeus, espíritas ou livres pensadores.
Àquele que é conduzido entre as colunas de seus templos, a maçonia diz: "Aqui ningém te interpelará pela tua crença, nem te injuriará".
Nossa Instituição coloca, em primeiro plano, a prática da tolerância ou da solidariedade, visando mais particularmente ou a glorificação do trabalho ou o culto da vontade ou da Justiça. O iniciado pode assim contemplar alternativamente diversas fases do ideal a que aspira, aprendendo aos poucos, que deve procurar mais longe, e mais alto ainda, a plenitude da vida superior que deseja atingir subindo a escala das Iniciações Maçonicas.
Diz-se que a Maçonaria não deve pronunciar-se entre as filosofias, nem entre as Religiões. É exato. Entretanto, ela não pode se desinteressar das conclusões gerais que comportam o movimento do espírito. Ficando inteiramente alheia às disputas das Escolas e das Seitas. Deve, se quiser, execer influência moral sobre seus adeptos, orientá-los no domínio do intelectual para um fim conforme as necessidades e as aspirações de seu tempo.
A Maçonaria, sempre ávida pela verdade, sempre pronta a aceitar as mais ousadas descobertas das ciências, não impondo limite ao livre exame, ela fica, na esfera do dever, profundamente idealista e soberanamente intransigente. Nisso reside a doutrina de que se pode prevalecer, sem faltar a seus princípios de tolerância e de universalidade.
Enquanto muitos se apegam ao que julgam ser a verdade conquistada, o Maçom persistem em prosseguir certo de que ela existe em alguma parte e que está prestes a ser acolhida de onde quer que venha.
A Maçonaria tem seus objetivos em comum com a religão porque o objetivo de ambas é a verdade, no sentido mais alto da palavra, isto é, enquanto Deus, e somente Deus, é a verdade.
A verdade é o todo é o absoluto a este é Deus. Como todo, só e pensável e atingível pela mente humana.
A Maçonaria não é adversária da religião, mas antes, é a sua melhor cooperadora. Porém, condena o fanatismo, a obsessão religiosa, a corlice. Não tolera a hipocrisia.
Resumindo, o principal dever do maçom em matéria de religião é o da prática da tolerância absoluta em relação às crenças alheias, no elevado intuito de, a despeito dos seus antagonismos, aproximar todos os homens de boa vontade, sob a bandeira da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

Ir.'. Valdemar Sansão
A.'.R.'.L.'.S.'. Arnaldo Alexandre Pereira
Membro da Academia Brasileira Maçonica de Ciências, Artes e Letras
texto extraído do Boletim Informativo das Lojas
4ª Região
 Maçonica - GLESP n° 2

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A UNIVERSALIDADE DA CABALA...



Por tradição a CABALA é considerada " a chave de todos os símbolos da religião universal", trata-se de uma interpretação metafísica e científica do ato da Criação especialmente baseada nas afirmativas contidas nos primeiros capítulos do Gênesis.Relaciona-se com a ontologia ou natureza do ser, a cosmologia, a origem do universo, a teologia, natureza de Deus e a antropologia, a relação do ser humano para com Deus e o mundo. A CABALA apresenta-se sob um sistema de números e de letras do alfabeto hebraico.
O termo CABALA é utilizado em hebraico para representar "aquilo que é recebido" ou "passado de mão em mão". A palavra tem origem no grego e significa "cavalo de  carga", ou seja, "o veículo espiritual que carrega o conhecimento antigo". Por antigo entenda-se aqui a herança da TRADIÇÃO PRIMORDIAL que recua a milhões de anos na história da humanidade.Inclui o conceito de continentes desaparecidos, onde floresceram importantes civilizações, abrigando os "filhos do Céu"  e os "filhos dos filhos do Céu", como normalmente são citados.
O ato da Criação está representado na obra cabalística intitulada "Sepher Yezirah", traduzido como "Um livro sobre a Criação", ensaio metafísico datado dos séculos II e III. Tradicionalmente o "Sepher Yezirah" é atribuído a Abraão, avô de Jacob. Ele teria conservado por tradição  mantida secreta por várias gerações, o conhecimento humano originado há cerca de 200 mil anos na terra da Lemúria. Vale acrescentar que os "Atlantes", civilização que esteve no auge há 18 mil anos, são tidos como descendentes dos lemurianos. O "continente perdido da Atlântida", é citado por Platão(428-348 a. c.) em "Timeu e Crítias", e por Francis Bacon(1561-1626), em "The New Atlantis".
No "Zohar" ou "Livro do Esplendor", uma coletânea cabalística de origem mais recente (Século XIII), o ato da criação é assim descrito: "Deus ao fazer o homem  e cobri-lo de grande honra, encarregou-o de juntar-se a ELE, de forma a que fossem unos, com um só coração, unido ao Único pelo laço da fé de propósito idêntico, que congrega a todos. Mais tarde, o homem abandonou a estrada da fé e deixou para trás a árvore especial que sobressai às demais , e  uniu-se ao lugar que está constantemente mudando de uma cor para outra, do bem para o mal, e desceram do alto para a incerteza desse mundo e desertaram o Único Supremo e Imutável..."Ainda no "Zohar", destaca-se a importante figura da "árvore da vida", nela a Criação encontra-se expressa através de emanações divinas chamadas de "Os dez Sephirot". Os três primeiros "Sephirot" (a primeira trindade), são conhecidos respectivamente por seus nomes em hebraico: "Kether"(Coroa), "Choknah"(Sabedoria) e "Binah(Compreensão);a segunda  trindade é constituída por "Chesed"(Misericórdia), "Geburah"(Fortaleza) e "Tipheret"(Beleza); a terceira trindade é "Netzach"(Vitória), "Hod"(Glória), e "Yesod"(Estabilidade), por fim situa-se "Malkuth"(Reino), o décimo "Sephirat".
                                                                             (*) Extraído da Revista Amorc Cultural.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O HOMEM E A LIBERDADE DO HOMEM...

A verdadeira Liberdade, num contexto maior, não é só a liberdade física nem a liberdade política, mas também aquela que constituiu o ideal da Revolução Francesa e se tornou o dístico da Bandeira dos Inconfidentes, cujo movimento buscava ainda a Liberdade de pensamento...
Porque habituados com as regras do encarceramento, mesmo na sociedade livre, e ainda que aprendam a obedecer sem as ameaças do chicote, os escravos permanecem escravos, porque na escravidão eles já estavam acostumados com ela e não se rebelavam contra a restrição em razão do seu arraigado espírito de servidão.
A verdadeira Liberdade, num contexto maior, não é só a liberdade física nem a liberdade política, mas também aquela que constituiu o ideal da Revolução Francesa e se tornou o dístico da Bandeira dos Inconfidentes, cujo movimento buscava ainda a Liberdade de pensamento, para que o Homem pudesse cultivar todas as suas potencialidades positivas de modo que sua personalidade pudesse se alicerçar e se projetar em todas as dimensões. Em países sufocados pelo fanatismo religioso, o destino das pessoas é pior do que a morte.
Enfim, é a que se confunde com um estado de consciência que vai desencadear nos aspectos culturais, sociais, religiosos e espirituais do povo, o seu bem maior depois da vida.

      
O estudo do tema sobre o Homem e a Liberdade sugere o repensamento do proceder humano, pois a exacerbação hoje em dia, do fanatismo, da tirania, da injustiça, da miséria e da violência, mostra como precisamos de homens cuja mensagem infatigável seja a defesa do direito à justiça e à eqüidade, do direito ao desenvolvimento e ao bem-estar, do direito à paz. Esta, a sublime missão de quem tem o dever de velar pela paz e harmonia entre os homens!


Liberdade! O que é a Liberdade? Ela é sentimento comum a todos os homens? Tem a mesma dimensão em todas as culturas? E nas ditaduras, o que ela significa para os oprimidos que nunca a tiveram? Qual seria o seu valor para quem já a teve e a perdeu pelo jugo dos tiranos? A Liberdade é somente do corpo ou é também do espírito? Para que o Homem seja efetivamente livre é preciso que ele esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural ou da própria consciência? Ou a Liberdade é algo maior, que leva o Homem que a perdeu a lutar por ela e até a morrer para reconquistá-la?

      
O homem livre é o que não deve satisfação a ninguém nem está sujeito a restrições da lei, ou é o que não está algemado, nem encarcerado, nem aterrorizado como o transgressor em face do iminente castigo? Ou ainda, é quando não está impedido de fazer aquilo que deseja porque não há lei que o constrange? Será que é livre o homem que não sofre coação, mas vive sem segurança e não consegue emprego para o seu sustento? Afinal, Liberdade é razão, inspiração ou direito, segundo o seu significado em filosofia, arte ou política. O amor a ela pode fazer os homens indomáveis e os povos invencíveis. Falando sobre a Liberdade política, o Presidente George Bush afirmou que o poderio da América está numa idéia vibrante, porém simples: Que o povo é capaz de grandes feitos quando se lhes dá liberdade.

      
Entre nós, a doutrina que a Escola Superior de Guerra divulga afirma a condição de liberdade plena do homem, grandeza inerente à dimensão de seu espírito. Foi exatamente essa doutrina que impediu o Brasil de incorrer no grande equívoco marxista-leninista, dramático pesadelo do qual recentemente despertou o leste europeu aturdido e envergonhado. E a principal conclusão desse episódio turbulento é que não há força capaz de segurar a ânsia de liberdade individual do ser humano, nem de liberdade coletiva dos povos e nações.

       
A resposta a essas indagações induz à busca do significado da palavra Liberdade, para então se estabelecer o seu verdadeiro conceito segundo os valores da cultura ocidental, e examinar alguns fenômenos relacionados com a capacidade dos homens de serem livres.

      
Um deles traz a idéia de que a Liberdade é a soberania do homem sobre si mesmo, podendo agir livremente fazendo o que a lei não veda e a moral e os bons costumes não condenam, de modo a não ultrapassar a linha que divide esses direitos dos direitos de outrem. A cegueira dos radicais e dos fanáticos impede-os de conhecerem essas divisas.

      
Castro Alves, ao cantar a Liberdade, disse que “A praça é do povo, como o céu é do condor”. E a ONU ao se referir à Liberdade na Declaração dos Direitos dos Povos, proclamou que “os povos não são propriedade de ninguém”. Assim, a Liberdade tal como é conhecida na América, é o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.

      
Mas a liberdade não é só a do corpo, bem diferente da do espírito, pois só avaliamos a liberdade do corpo quando a perdemos; e a do espírito, somente quando a conquistamos.

      
Enfim, a Liberdade parece ser um sentimento que não se sabe de onde veio nem como defini-lo, pois apenas pode ser demonstrado. Nesse plano de idéias, vale a observação de Victor Hugo, de que a Liberdade tem as suas raízes no coração do povo, como as tem a árvore no coração da terra; e como a árvore, estende os seus ramos pelo espaço, desenvolve-se sem cessar e cobre as gerações com a sua sombra benfazeja.

      
Para alguns, a Liberdade consiste em se fazer apenas o que devemos e não, tudo o que queremos. Ela é como a saúde, que só quando nos falta é que lhe damos o justo valor. Outros acham que as grades de uma prisão constituem a linha divisória entre a liberdade e a servidão, pura e simplesmente, sem qualquer outra conotação. Mas há outros que mesmo sem liberdade aceitam as condições da sociedade em que vivem, pois não mais se incomodam com os guardas, se conformam com as restrições impostas e levam uma segura e até normal existência dentro das normas gerais de seu encarceramento.

      
Sem dúvida que homens assim não adquirem a liberdade pelo simples livramento. Normalmente, fora da “prisão” se tornam desajustados porque perderam o referencial do regulamento prisional a cuja observância já estavam habituados.

      
Daí, o entendimento de que não se liberta um escravo apenas com uma carta de alforria, porque acostumado a obedecer e a servir, ele agirá durante muitos anos ou talvez por toda a vida, como se ainda fosse escravo. É o caso dos cidadãos que nasceram e viveram sob o jugo dos seus tiranos governantes sem conhecer a Liberdade!

      
A libertação dos negros é mais retórica do que real, pois a cultura escravista ainda hoje não sabe conviver com liberdade, pois os escravos só conheceram a coerção.

      
Assim, a Lei Áurea ainda é uma ilusão para a população negra do Brasil, que vive em sua maioria em condições de pobreza igual ou pior à que ostentavam há um século, que continua sem educação, sem teto, sem alimentação, e que fornece 80% ou mais da população penitenciária ou das vítimas da repressão policial.

      
Aspectos da Liberdade – psicossociais, políticos e econômicos:

      
- No nível do sentir: liberdade de crença, liberdade de expressão, liberdade individual;

      
- no nível do pensar: liberdade de opinião;

      
- no nível do agir: livre iniciativa.
A liberdade de pensamento e também a de manifestação da opinião pessoal, é um dos pilares do sistema democrático, visto seu papel insubstituível na formação de opinião pública e na construção de convicções individuais.

      
Enfim, a liberdade pressupõe a capacidade do agente para praticar a coisa que tem vontade, pelo modo como tem vontade e quando tem a possibilidade disso.

      
É certo que esta Liberdade se dirige no sentido de não se tolher o homem de fazer o que a sua vontade e a sua consciência liberta determinam, mas o seu conceito não se resolve apenas com a simples negação de restrições externas.

      
Liberdade que significa ausência de qualquer obediência, qualquer limitação e de qualquer governo, será a anarquia total, o pisoteio do mais forte sobre o mais fraco, o abuso do poderoso sobre o humilde, a vitória da desordem sobre o equilíbrio.

      
Sobre a Liberdade, disse Clóvis Bevilacqua: “Creio na Liberdade, porque a marcha da civilização, do ponto de vista jurídico-político, se exprime por sucessivas emancipações do indivíduo, das classes, dos povos e da inteligência, demonstrando ser ela altíssimo ideal, pois somos impelidos por uma força imanente nos agrupamentos humanos, consistente na aspiração do melhor que a coletividade obtém estimulando energias psíquicas do indivíduo. Mas a Liberdade há de ser disciplinada pelo Direito para não perturbar a paz social”.

      
Sobre o tema, vários pensadores já disseram que a Liberdade foi sempre o fundamento e a meta de toda a organização política e social da América, pois é a mais nobre característica da civilização americana como o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.

      
Sendo assim, a Liberdade individual é área em que o Estado jamais poderá penetrar, nem pelo brilho do ouro, nem pela força das armas, pois se trata de fortaleza intransponível da convicção do homem livre de que ela é o mais precioso dom da natureza inteligente.

      
As algemas e as grades de uma prisão podem contribuir para a incapacidade de ir e vir, mas não são suficientes para descrever ou explicar o fenômeno da liberdade do indivíduo livre delas.

      
Enfim, homem livre é aquele com capacidade de agir e de fazer outros agirem.
O anseio de liberdade leva os cidadãos de um país a tomarem das armas em rebelião, cujas ações visam o direito de resistir ao uso ilegítimo do poder.

      
Tem-se a impressão de que a verdadeiraLiberdade, num sentido figurado, não é somente tirar do Homem as “algemas” da vida e dizer-lhe que está totalmente livre doravante.

      
Parece que para se ser efetivamente livre é preciso que o Homem queira ser livre e esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural, ou da consciência, já que a liberdade do indivíduo não se destrói pela coerção, nem a restrição em si mesma torna uma sociedade tolhida de liberdade. Assim, um paciente acometido de neurose de coação pode ser mais livre no asilo do que fora dele, daí a noção de que a liberdade não é mensurável pela severidade ou frouxidão do regulamento, mas sim pelos seus objetivos.

      
Homem livre é o que quer ser livre, luta por isso e não fica esperando favores de outrem para sobreviver, segundo as regras do convívio social do meio em que está inserido.

      
Enfim, a Liberdade e o direito de ser livre não podem ser figuras de retórica, mas um estado social no qual o Homem mesmo amordaçado ou distante, permanece fiel ao que ele mais acredita e no pleno juízo de sua consciência, de forma integral, física, moral, cultural e espiritual.

      
De qualquer forma, qualquer que seja sua definição, a Liberdade não é uma condição simples, pois ela depende da ordem social, das crenças dos homens acerca de si mesmos e de seu lugar no universo. Sobre o extremismo cerceador da liberdade, já foi dito que existem destinos piores do que a morte em países sufocados pelo fanatismo religioso.

      
Segundo Thomas Hobbes, homem livre é “aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade no que se refere às coisas que pode fazer por sua força e capacidade”, estando nesse conceito a conjugação da vontade do homem, com a ausência de qualquer constrangimento que o impossibilite de realizar essa vontade.

      
Para o entendimento do que seja Liberdade, necessário se torna saber em que medida as circunstâncias da ação humana caracterizam efetivamente um constrangimento que impeça o homem de fazer o que tem vontade. Se a ação for restritiva, não é possível a liberdade.

      
De dois tipos são os constrangimentos a que o homem está sujeito: o constrangimento físico e o constrangimento moral ou psicológico. O constrangimento físico impede o homem de ir e vir. Já o constrangimento moral é passível de superação por um esforço da vontade.

      
Uma outra concepção de liberdade se traduz pela capacidade de autodeterminação, intrínseca ao homem e que persiste ainda que em condições adversas.

      
A idéia de liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo. E não depende das circunstâncias, mas só das qualidades morais do indivíduo.

      
A verdadeira liberdade decorre de um condicionamento da vontade que só poderia se inclinar para o que fosse bom e justo. Daí, a idéia de que a liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo, que se compele a reprimir os impulsos oriundos de desejos que não se coadunem com uma determinada norma de ação, aceita como valor maior em favor daqueles que, estando em conformidade com a moral e a razão, seriam os credenciados como contributos da vontade.

      Mas a Liberdade sonhada pode ser como a descrita no artigo final do Os Estatutos do Homem, de Thiago de Mello: “...A partir deste instante a Liberdadeserá algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, ou como a semente do trigo,e a sua morada será sempre o coração do homem”.
Ir.`. Juvenal Antunes Pereira

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A FUNÇÂO MÍSTICA DA MÚSICA...


Historicamente muito se tem questionado sobre o papel da arte  na vida humana e nas sociedades.
Aceita-se hoje que uma das civilizações mais antigas foi a dos Sumérios, ocupando a região sul da Mesopotâmia na Ásia Central, há 6.000 anos aproximadamente. Povo adiantado, a música vocal para eles era mais importante que a instrumental. A principal característica da música desses  povos da Mesopotâmia, em particular os Assírios, era a Escola Pentatônica baseada em cinco sons.
Sabe-se pela narrativa histórica , que os hebreus por terem sido Nômades, não deixaram documentos que confirmassem seu  passado musical.  Os maiores indicadores desse passado são os Salmos e o Velho Testamento Bíblico, que nos transmitem o conhecimento musical do povo hebreu.  A música e a dança faziam parte das cerimônias religiosas e, acredita-se que os israelitas foram os primeiros a fabricar instrumentos de sopro com metais; encontraremos melhores esclarecimentos na Bíblia e no Torá.
Os egípcios também cultivaram a música sendo que qualquer pesquisa bibliográfica  comprovará a inter-relação cultural desses povos, que se influenciavam mutuamente. Os chineses e gregos, igualmente, como a velha Roma. O advento do Cristianismo mudou o rumo da história da Humanidade, iniciando-se exatamente aí uma grande mudança na música.
Antes a música era ritmada e alegre, mesmo nas cerimônias religiosas. Devido a fatores endógenos e exógenos a música cristã nasceu nostálgica, solene e depressiva. A parte instrumental foi sumariamente retirada, principalmente a percussão, e a música passou a ser eminentemente vocal, Cantos Gregorianos, como são conhecidos hoje. O final da Idade Média,  em termos musicais, é caraterizada pela derrubada da linearidade do Canto Gregoriano e da modesta polifonia cristã, frente  à evolução da música profana, vocal e instrumental.
A  música no estilo Barroco em fins do século XVI até meados do século XVIII, subverte o contexto geral, tendo como um dos componentes Johann Sebastian Bach(1685-1750); com seu virtuosismo Bach recorre a polifonia numa época harmonicamente solidificada pela ópera.A partir daí com instrumentos bem desenvolvidos, um método de escrita estável e um sistema harmônico universalizado, a música, passou a contar com gênios como: Ludwig Van Beethoven (1770-1827) e Wolfgang Amadeus Mozart(1756-1791).
Foi um período onde os compositores se preocupavam, acima de tudo, com uma perfeição puramente estética, ignorando, praticamente, quase todas as limitações da realidade histórica. Desnecessário é gastar muitas palavras a respeito do Classicismo, porque ele existiu para ser ouvido e não descrito. No entanto, Sociedades Secretas como a Maçonaria, ao encomendar a Ópera  "A Flauta Mágica" a Mozart, tiveram grande influência nesse despertar musical.
Com o século XX a ambiguidade marcou profundamente esse panorama musical, rompendo com a música européia que imperou até o século passado. No final do século XIX alguns compositores do velho Mundo já estavam quase "virando a mesa". Foi o caso de Claude Debussy(1862-1918), maçom e rosacruz, com o impressionismo e atonalismo. Arnold Schoenberg(1874-1951), um libertador da rigidez composicional  que sempre existiu na música erudita, e criou o termo atonismo supracitado.
Em fins do século passado e começo deste, na musica norte-americana brotava o Jazz e mais duas vertentes significativas: O Ragtime e o Blues. O Rock é tido como filho bastardo do Jazz, ou para outros a evolução natural do Blues. Em 1967 o Rock é intelectualizado  e absorvido pela sociedade, surgindo então a música eletrônica(Rock Progressivo).
No Brasil, da música dos índios a Vila-Lobos, da MPB - Música Popular Brasileira - à Tropicália, vários momentos históricos se fizeram influenciar e exaltar nosso povo.Com essa viagem panorâmica ao mundo da Música, podemos mostrar, de forma clara, que a música é Produto Social e Fator Social(endógeno e exógeno).Cabe-nos o papel de reverenciar essa "expressão da alma humana", buscando o entendimento com nossos irmãos, em toda a face da Terra.
Afinal, a música é a única linguagem universal que dispomos para nos entender!
                                            Colaboração de Jander Temístocles, F.R.C.
  
  

O ENCICLOPEDISTA VOLTAIRE...

Por demonstrar suas virtudes cardeais (Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança), Voltaire foi convidado a ingressar na Maçonaria...
"Não concordo com nenhuma de tuas palavras, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las”.Voltaire  
Enciclopédia é o conhecimento universalizado. É uma obra, geralmente, em forma de dicionário, que trata de todos os assuntos de ciência, arte ou, se especializada, de todos os assuntos de determinado setor científico ou artístico. Na enciclopédia se expõe, metodicamente, o conjunto dos conhecimentos universais ou específicos de um campo do saber, agrupados em temas ou dispostos em ordem alfabética.
A famosa Enciclopédia Francesa do Século XVIII (que é considerada a primeira), iniciou-se em 1751, quando saíram a lume seus dois primeiros volumes, e foi ultimada em 1780, perfazendo 35 volumes. Foi um quadro geral dos esforços do intelecto humano em todos os gêneros e em todos os séculos. O enciclopedismo veio combater as idéias pagãs do direito divino dos reis, que justificavam o absolutismo dos tronos; em conseqüência disso surgiu a Revolução Francesa, rasgo grandioso de heroísmo humano. O modo como a Enciclopédia e os Iluministas desenvolveram as idéias às quais a Revolução Francesa dada conseqüência prática, configurou a passagem da postura filosófica à postura política, patenteando a negação do direito divino da Igreja ao monopólio da verdade, e, conseqüentemente, o direito divino dos governantes ao monopólio do poder. Os primeiros volumes foram proibidos, como ofensivos ao rei e à religião; os jesuítas tentaram continuar a obra, porém não conseguiram, retornando aos enciclopedistas.
A publicação permitiu que as novas idéias difundissem-se, não só na Europa, mas em toda a América, cuja influência, também, se exerceu no Brasil, e, a Inconfidência Mineira (1789) é um grande exemplo. É tida como obra capital do Iluminismo do Século das Luzes, como ficou conhecido na História o Século XVIII, radiosa época em que o dogma religioso inquestionável foi eclipsado pela crença na razão e na perfectibilidade humanas.
Diderot foi o idealizador da Enciclopédia (Encyclopédie ou Dictionnaire Raísonné des Sciences, des Arts et des Métiers), que reuniu 150 colaboradores, que passaram a ser chamados de "enciclopedistas", dentre eles D'Alembert, Rousseau, Montesquieu, Turgot e Voltaire. É de Voltaire que vamos falar.
Poeta, dramaturgo, historiador, epistológrafo e prosador francês, Voltaire cultivou todos os gêneros: a tragédia, a história, o conto, a crítica, a epopéia e sobretudo a filosofia. A sua influência literária e social foi enorme tornando-o escritor francês por excelência, claro, límpido, preciso, espirituoso e elegante. Sua obras tornaram-se clássicas, como Brutus, Epístola a Urânio, História de Carlos XII, 0 Templo do Gosto, Cartas Filosóficas e outras. Mas é Cândido, publicada em 1758, sua obra mais famosa, um conto filosófico onde atacou as opiniões otimistas de sua época, que consideravam o homem como uma criatura que havia alcançado a felicidade e a liberdade. Não obstante, o maior meio de propagação das idéias de Voltaire foi sua extensa correspondência: mais de dez mil cartas, que são, até hoje, leitura fascinante, que, infelizmente, nunca foi inteiramente ou corretamente editada.
A vida de Voltaire é a história dos avanços que as artes devem ao gênio, de poder exercer sobre as opiniões de seu Século, da longa guerra contra os preconceitos, declarada já em sua juventude e mantida até seus últimos momentos.
Voltaire nasceu em Paris a 21 de Novembro de 1694, filho de François Arouet, um parisiense notário abastado, e de uma dama de nobre estirpe, Marie Marguerite Daumart. Fez seus primeiros estudos com os jesuítas no Colégio de Clermont, onde se revelou um aluno brilhante, porém, levando a seguir uma juventude dissoluta. Iniciou o curso de direito, mas não terminou. Freqüentou a Societé du Temple, de libertinos e livres pensadores. Voltaire, cujo verdadeiro nome era François-Marie Arouet, foi uma das figuras mais evidentes das letras francesas no Século XVIII, e que tomou parte preponderante no enciclopedismo. Em virtude do seu temperamento e idéias revolucionárias, em 16 de Abril de 1717, foi preso na Bastilha pela autoria suposta de um panfleto contra Luís XIV. Na prisão, aproveita o tempo para escrever a sua primeira tragédia, 0 Édipo, cujo sucesso, abre-lhe a entrada aos meios intelectuais, compôs uma grande parte de um poema épico (Henriada), de que é herói Henrique IV, rei de França, e mudou, por algum motivo ignorado, o nome para "Voltaire" (provavelmente anagrama de Arouet leu jeune, segundo Thomas CarIyIe (1795-1881). Parece, entretanto, que o nome existiu na família de sua mãe.
Foi Voltaire quem introduziu na França a mecânica de Isaac Newton (1642-1727) e a psicologia de John Locke (1632-1704), dando começo à Era da Luz. Na França do Século XVIII, onde os intelectuais se achavam em rebelião contra um despotismo antiquado, corrupto e impotente, a Inglaterra era considerada como a pátria da liberdade, sendo que eles se achavam predispostos a favor do filósofo inglês Locke, face às suas doutrinas políticas. Na verdade, a filosofia, no Século XVIII, estava dominada pelos empiristas britânicos, dos quais Locke, Berkeley e Hume podem ser considerados os principais representantes. Às vésperas da Revolução Francesa, a influência de Locke, na França, foi reforçada pela de David Hume (1711-1776), um grande filósofo escocês, que vivera algum tempo na França e conhecia, pessoalmente, muitos de seus principais sábios e eruditos. Mas, o principal transmissor da influência inglesa à França, é creditado a Voltaire. E é de Voltaire o maior passo na conquista das liberdades individuais, que lutou contra toda limitação à liberdade de pensamento, reconhecendo a todos o direito de manifestar suas idéias. Espirituoso, dotado de invejável facilidade de escrever, e além disso, excepcionalmente culto, foi Voltaire o autor mais lido e festejado do seu tempo. Escarneceu com fervor a teoria do "Direito Divino", e, como considerasse a Igreja Católica um dos sustentáculos do regime vigente, atacou-a com audaciosa e desabrida irreverência. A repressão que Voltaire mais odiava era a da tirania organizada pela religião. Explodia a sua indignação contra a "monstruosa crueldade da Igreja", que torturava e queimava homens bons, honestos e inteligentes, por terem ousado duvidar dos seus dogmas. Combateu, implacavelmente, esse sistema de ortodoxia privilegiada e perseguição, adotando como lema - contra a Igreja Católica - "Écrasez L'infâme, ! " (Esmagara Infâmia !). "L"infâme" era a ortodoxia privilegiada e perseguidora, e foi contra ela a grande e verdadeiramente heróica luta de Voltaire. Obrigado a deixar a França, asilou-se em Londres, onde entrou em contato com teorias de vários filósofos de vanguarda da Inglaterra, principalmente Locke. Retoma à França empenhando-se na divulgação das idéias dos filósofos ingleses. Graças a seu estilo eminentemente vivo e atraente e à sua ironia, conseguiu criar, em inúmeros espíritos, um sentimento de profundo desprezo pelas instituições e crenças até então dominantes, tendo sido o mais violento destruidor da estrutura tradicional da Europa. Quisessem-no ou não os governantes, Voltaire, representava o espírito francês no que tinha de mais vivo e de mais ousado. Vinte e cinco anos antes da Tomada da Bastilha, Voltaire foi o profeta de uma revolução inevitável'. As mudanças vieram com algumas vias imprevistas da Revolução, que, infelizmente, ao radicalizar-se, afastou-se da moderação voltairiana. Teria, certamente, condenado as violências, adotadas pelo movimento, cujo preparo contribuiu como ninguém. Como Rousseau, Diderot e Montesquieu, ele trouxe a palavra revolução para a filosofia política. Foi admitido na Academia Francesa em 1746.
Por demonstrar suas virtudes cardeais (Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança), Voltaire foi convidado a ingressar na Maçonaria, e, sua passagem pela Sublime Ordem é tida como inusitada. Muitos contestam, quanto à validade da sua iniciação, face ao seu espírito, sistematicamente, céptico e da sua irreligiosidade arraigada. Odiava a Igreja Católica e todas as formas de intolerância. Não foi ateu, como muitos pensam, mas um deísta, embora alegando o argumento de que Deus, se não existisse, deveria ser inventado para refrear os mais instintos das massas do povo.
Já há algum tempo se esperava o seu ingresso na Arte Real, pois era em Lojas de Franco-Maçonaria onde as distinções de classes não importavam e a ideologia do Iluminismo era propagada com um desinteressado denodo. Os Maçons, que condenavam todo e qualquer dogmatismo eclesiástico, não obstante aceitar o Grande Arquiteto do Universo, encontravam franca correspondência nos filósofos. A doutrina moral dos Maçons estava completamente de acordo com os princípios das Luzes. A Liberdade, a Igualdade e em seguida a Fraternidade de todos os homens, slogans criados por Antoine-François Momoro (1756-1794), que os escrevia nos edifícios públicos, (mas que alguns creditam ao filósofo Louis-Claude Saint Martins 1743-1803), eram o brado no interior dos Templos. No devido tempo se tomaram os slogans da Revolução Francesa. A iniciação de Voltaire prendeu, por muito tempo, as atenções de todo o universo Maçônico.
No dia da sua iniciação, Voltaire beirava os 84 anos. Na cerimônia estavam presentes representantes da Imperatriz Catarina, da Rússia, e do Rei Frederico 11, Imperador da Prússia. Havia embaixadores de vários países, como Inglaterra, Itália, e o famoso Benjamim Franklin representando o Novo Mundo, que acompanhou Court de Gebelin, o proponente do candidato para a Loja Neuf Soeurs (Nove Irmãs), ao Oriente de Paris.
A Loja Neuf Soeurs, fundada em 9 de Julho de 1976, era célebre porque quase todos os grandes escritores do Século XVIII fizeram parte dela, como Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond D'Alembert. O ritual ocupava um lugar preponderante nas cerimônias, que eram longas, de uma sábia cronologia, lentas, entrecortadas de homilias morais com laivos de filosofia. Falava-se de tudo e as suas sessões se prolongavam até tarde da noite.
Era 7 de Abril de 1778. O Templo estava completamente tomado, com vários Irmãos de grande destaque nas ciências, letras, e na política, dentre os quais os príncipes Emmanel Salus e Camille Rohan, o sábio abade Tingue e o doutor Guillotin. O Venerável Mestre era o grande astrônomo Joseph Jerôme Lefrançois de Lalande (1732-1807). Nessa memorável noite, e com o mais seleto auditório de todos quantos até ali se haviam reunido numa Loja Maçônica de França, Voltaire, pelo braço dos seus proponentes, deu entrada no recinto sob uma chuva de frenéticos aplausos. Sentou-se numa grande cadeira de espaldar colocada no centro do Templo. Não lhe colocaram vendas nos olhos e nem, tampouco, o submeteram às provas físicas, que a cerimônia exigia. Foi levado em consideração a sua idade provecta de oitenta e quatro anos, apesar do candidato estar em pleno uso de todas as suas faculdades e, ainda, ágil em seus movimentos. A fama de Voltaire contribuiu para isso, e, todo o corpo Maçônico presente se encheu de orgulho.
O próprio Lalande recebeu Voltaire, que, muito emocionado, dissertou sobre a grande honra que estava tendo ao recebê-lo naquele Augusto Cenáculo, proferindo palavras sacramentais que consagravam o candidato não apenas como um Aprendiz da Arte Real, mas um verdadeiro Mestre na plenitude de todos os direitos Maçônicos, como já o era em todos os ramos do saber humano. Em seguida os embaixadores da Imperatriz Catarina e do Rei Frederico 11 fizeram suas manifestações de júbilo. O abade Cordier de Saint- fez um discurso brilhante: "Queridíssimo Irmão," ~ diz ele a Voltaire - "éreis Maçom antes mesmo de receberdes a característica, e, haveis preenchido os deveres antes de contrairdes sua obrigação entre nossas mãos! " Seguiram-se as de Laplace, Lamarck, e, por último, a de Diderot que falou em nome do espírito moderno da França e que era, afinal, o espírito da própria Enciclopédia.
Quando Voltaire se posicionou para usar da palavra fez-se silêncio absoluto! Falou de improviso durante duas horas. A torrente das suas palavras, vezes irônicas, outras proféticas, regurgitava como lavas de um vulcão visto de longe, mas sentido de perto pelo calor que transmitia e se desenvolvia na assistência, alertando as consciências e pondo as almas ao rubro. O discurso de Voltaire foi encarado como o mais completo laboratório de idéias inovadoras, e, como a Enciclopédia, minara a rocha do despotismo figurada pelo absolutismo do trono e pela tirania da Igreja. As frases mais candentes eram como setas ervadas que dando volta ao Templo saiam depois em busca dos grandes alvos. A cerimônia se transformou numa brilhante festa Maçônica, onde Voltaire, numa assombrosa velocidade, respondeu à todas as perguntas que lhe foram dirigidas, empolgando todos os presentes. A iniciação de Voltaire foi o morrão impiedoso que provocou a maior explosão da História da Humanidade.
O segredo da iniciação acabou transpirando e o trono estremecera ! Luiz XVI sentira que a presença dos representantes de Catarina e Frederico 11 fora um sintoma arrasador. Mas, quis o Grande Arquiteto do Universo , que cinqüenta e quatro dias da sua Iniciação, Voltaire morresse. O clero romano, através do cura de sua paróquia, recusou-lhe sepultura cristã; o governo proibiu a imprensa de publicar artigos sobre sua personalidade; os teatros foram proibidos de representar suas obras; e, a Academia não lhe concedeu as merecidas honras. Somente a Loja Neuf Soeurs, transtornada com a intransigência eclesiástica, celebrou uma manifestação pública em que lhe foram prestadas todas as honras fúnebres. Para prevenir qualquer ação da Igreja, seu corpo foi embalsamado e transferido, secretamente, para a abadia de Scellières, na Champanhe. Em 1791 suas cinzas foram transferidas, solenemente, para o Panteão.
Voltaire, a quem podia faltar um sistema de idéias ou uma doutrina política, mas não faltava o senso de justiça, bateu-se contra vários abusos judiciais que ficaram famosos. Não exerceu, somente, uma espécie de soberania literária, mas reinou, também, sobre a opinião pública de maneira quase absoluta, sendo procurado por todos os que sofriam com a intolerância, o fanatismo e as injustiças sociais. Aliás, acrescente-se, sua obra, em certo sentido, é menos importante literária ou ideologicamente do que do ponto de vista histórico; por ter escrito o que escreveu no momento em que o escreveu, por ter tido as suas idéias na época em que as teve, é que Voltaire, constitui um dos cimos do pensamento humano e uma das glórias mais indiscutíveis na história da inteligência. Como filósofo, foi o porta-voz dos Iluministas, em tomo dos quais se congregaram os adversários do Romantismo, e, como tal, se estendeu até o povo, porém, foi mais admirado do que conhecido. Acima de tudo, entretanto, ele foi um escritor, isto é, um homem cuja biografia é a história dos seus livros, e que fez da palavra escrita o instrumento por excelência da reforma social. Sua personalidade e talento como escritor deram-lhe uma influência penetrante em seu tempo, freqüentemente chamado "época de Voltaire". Voltaire foi o soberano intelectual do seu século e é uma das maiores personalidades da Humanidade ! No dia em que nos esquecermos de honrar Voltaire, não seremos mais dignos da liberdade...
... E Voltaire foi um Maçom
Ir.'. E. Figueiredo
ARLS Pentalpha Paulista - 208
Or.'. de São Paulo - SP

Pertence ao CERA T - Clube Epistolar Real Arco do Templo
 Integra o GEIA - Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas
Bibliografia:
     Alencar Renato - Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico
    Boucher, Jules - A Simbólica Maçônica
     Durant Will -A História da Filosofia
     Hobsbawm, Eric J. - A Era das Revoluções - 1789-1848
     Jacq, Christian - A Franco-Maçonaria
     Lima, Adelino Figueiredo - Nos Bastidores do Mistério...
     Maurois, André - 0 Pensamento Vivo de Voltaire
     Mellor, AJec - Dicionário da Franco-Maçonaria
     Russel, Bertrand - Filosofia Moderna
     Tourret, Fernand - Chaves da Franco-Maçonaria
     A Revolução Francesa - Edição lstoé Senhor
     Dicionário Enciclopédico Brasileiro - Editora Globo
     Enciclopédia Barsa
     Grande Enciclopédia Larousse Cultural - Nova Cultural
     Revista ASTRÉA n0 3 - Março de 1927

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O CARMA...

Toda ação fundamentada em energias do plano físico-etérico, do emocional ou do mental produz uma reação que retoma a quem a gerou
Conjunto de efeitos positivos, negativos ou neutros gerados por uma partícula ao interagir com o universo que a rodeia.
Há carma em diferentes âmbitos: na interação do ser com a vida planetária, é resultado da lei da ação e reação (também denominada lei do carma material); na interação do ser com a vida do sistema solar, é parte da lei evolutiva superior; na interação do ser com a vida cósmica, é expressão da lei do equilíbrio.
Toda ação fundamentada em energias do plano físico-etérico, do emocional ou do mental produz uma reação que retoma a quem a gerou; chamam-se débitos cármicos os efeitos negativos, e créditos cármicos, os efeitos positivos assim produzidos; quando a ação nesses planos é desencadeada por energias superiores tem, do ponto de vista do carma, valor neutro.
Em linguagem bíblica, essa lei é descrita na frase: "O homem colhe o que semeia".
É a partir do carma básico, preexistente ao nascimento físico, que o ser humano vai construindo a trama da própria vida
O ser humano está sempre criando carma e transformando-o segundo suas atitudes, desejos e aspirações.
O trabalho de equilibrar o carma é, por conseguinte, algo a ser feito durante toda a sua vida sobre a Terra; para isso, o carma básico deve ser, em princípio, aceito - só depois dessa aceitação é possível transformá-lo inteligentemente.
Costuma-se empregar a palavra destino para traduzir o termo carma, que provém do sânscrito (karma); contudo, esse não é seu significado real.
O carma resulta dos mecanismos de estímulo-resposta, de ação-reação e, portanto também da interação do homem com impulsos emanados de fontes imateriais.
De um ponto de vista estrito, apenas deixa de existir quando a consciência se une à Fonte única de vida, quando já não há separação entre transmissor e receptor, nem diferença entre Criador e criatura.
Referência para leitura: A CRIAÇAO (Nos Caminhos da Energia), do mesmo autor, Editora Pensamento.
LEI DO CARMA
Seu propósito é o restabelecimento da ordem e da harmonia. Tem como campo de atuação básico os três subníveis mais densos do nível físico cósmico (o mental, o emocional e o etérico-fisico), mas estende-se a outros patamares.
O aspecto material da lei do carma e o mais conhecido da civilização da superfície da Terra; rege a existência do homem comum, cujas ações provocam, no universo, reações contrárias de igual intensidade.
Foi instaurado no planeta quando a humanidade optou pelo livre-arbítrio. Enquanto os laços que o homem mantém com o mundo concreto forem fortes o suficiente para determinar o curso de sua vida, essa lei estará predominando em seus aspectos materiais.
A lei do carma apresenta-se, em níveis mais elevados, como lei evolutiva superior e como lei do equilíbrio. Para um planeta deixar de ser regido pela lei do carma material, é preciso que certa parcela da sua humanidade tenha a mônada desperta para a evolução imaterial.
O carma material provê condução externa segura, necessária fase em que a mônada ainda não despertou. À medida que o ser humano evolui, vai deixando de ver a lei do carma como mera forma de compensação dos erros cometidos no passado, para reconhecer sua utilidade na consumação da meta cósmica da vida.
Começa a percebê-la e muitos níveis do universo e passa a viver inteligentemente em consonância com ela.
De vítima do destino, converte-se em colaborador efetivo do Plano Evolutivo. Ao atingir a Primeira Iniciação, compartilha da energia dos grupos internos e, a partir da Terceira, desidentifica-se das formas concretas.
Assim, no período entre essas duas Iniciações, a Primeira e a Terceira, sua consciência vai-se expandindo, modificando o seu relacionamento com a lei do carma.
Todas as partículas que evoluem no universo físico cósmico estão sob a regência dessa lei, em um ou em outro dos seus aspectos. A consciência humana se focalizada no mundo concreto, ao relacionar-se com ele cria situações a serem equilibradas por outras, de caráter oposto. Se prevalecer a inércia, um dos atributos da matéria, a lei do carma restringe-lhe o acesso aos planos suprafísicos, onde os ritmos são mais dinâmicos e os fogos, mais potentes. Todavia, se a chama interior se elevar e erguer consigo a consciência, a lei do carma abre caminho e revela ao ser portais de mundos superiores.
Às vezes, parte dos débitos cármicos de um indivíduo, de um grupo ou de núcleos maiores pode ficar temporariamente arquivada, aguardando o momento adequado para emergir e ser saldada, ou pode ser redimensionada, conforme o desenvolvimento interior adquirido. A permanência no círculo material impede o indivíduo de desvencilhar-se da roda de encarnações e ingressar em universos mais abrangentes.
Envolvido pelo jogo das forças do destino por ele mesmo traçado, durante muitos ciclos segue padrões vibratórios limitados. Porém, quando seus núcleos internos despertam e atraem a consciência externa, principia a superação do livre-arbítrio, requisito para o homem transcender a lei do carma material. Essa transcendência foi conseguida em todos os tempos por seres que puderam elevar-se do nível em que se encontra a maioria e ingressar na senda das Iniciações.
Com a incorporação de novo código genético na parcela resgatável da humanidade da superfície, o homem está sendo auxiliado a trasladar-se à lei evolutiva superior e à lei do equilíbrio, pois esse novo código genético não se vincula ao carma material e tampouco transmite características hereditárias. Isso representa mudança considerável, pois, em vez de encarnar para equilibrar débitos passados ou para realizar experiências, o fará para cumprir o Plano Evolutivo. Assim, de humana e terrestre, sua vida passará a ser criativa e cósmica.
LEI DO EQUILÍBRIO
Ensinamentos sobre a lei do equilíbrio foram transmitidos à humanidade nas distintas etapas da sua evolução. Até agora, maior ênfase precisava ser colocada em seu aspecto mais concreto, a lei do carma material, pois era uma das diretrizes primordiais da vida na superfície da Terra.
Porém, na etapa que se inicia no planeta, a humanidade deve absorver outras facetas dessa lei. Embora a lei do carma material esteja sendo superada na Terra, as partículas do universo manifestado interagem continuamente e essa troca de influências requer condução; assim, a lei do equilíbrio prosseguirá atuante no próximo ciclo planetário, então sob as vestes da lei evolutiva superior.
A lei do carma material é Interativa, interliga o ser e o universo do qual ele é parte; além disso, é retributiva, pois o ser recebe o retomo de todas as suas ações no mesmo nível em que ocorreram, a fim de que o equilíbrio indivíduo-universo seja mantido. Já a lei evolutiva superior não é retributiva; os que por ela são regidos estão aptos a seguir diligentemente o propósito divino.
Por fundamentar-se na realidade do nível monádico - daí entrar em vigor quando a mônada está desperta - essa lei é essencialmente dinâmica. A lei do carma poderia ser representada por um círculo traçado em um plano horizontal (que é o plano da ação). A ação parte do indivíduo percorre o universo, é processada e retoma ao indivíduo.
A lei evolutiva superior, por sua vez, pode ser simbolizada pela espiral. Nesse caso, há movimento progressivo, que percorre o traçado da evolução. A lei do carma material e a lei evolutiva superior são expressões de uma única e mesma lei cósmica: a lei do equilíbrio. Ela rege a existência inteira. Está no pulsar de cada átomo, expressa-se de diferentes modos, em diversos âmbitos, mas sempre levando os seres à realização.
Não existe, no mundo manifestado, equilíbrio perene e estático, mas sucessão dinâmica de equilíbrios ocasionais. Sob os parâmetros dessa lei, a cada patamar de estabilidade alcançado, a matéria toma-se apta a receber impulsos provenientes de esferas mais sutis. Acolhendo-os, novo ponto de equilíbrio é atingido.
Extraído do Livro Glossário Esotérico de Trigueirinho

terça-feira, 13 de novembro de 2012

PITÁGORAS E SUA FILOSOFIA...

Pitágoras foi o primeiro a afirmar que a Terra e o Universo tinham forma esférica. Ele também anteviu que o Sol, a Lua e os Planetas então conhecidos possuíam um movimento de translação, independente do movimento de rotação diário...
O filósofo grego Pitágoras, que deu seu nome a uma ordem de pensadores, religiosos e cientistas, nasceu na ilha de Samos no ano de 582 a.C. A lenda nos informa que ele viajou bastante e que, com certeza, teve contato com as idéias nativas do Egito, da Ásia Menor, da Índia e da China. A parte mais importante de sua vida começou com sua chegada a Crotona, uma colônia Dórica do sul da Itália, então chamada Magna Grécia, por volta de 529 a.C.
De acordo com a tradição, Pitágoras foi expulso da ilha de Samos, no mar Egeu, pela tirania de Polycrates. Em Crotona ele se tornou o centro de uma organização, largamente difundida, que era, em sua origem, uma irmandade ou uma associação voltada muito mais para a reforma moral da sociedade do que uma escola de filosofia.
A irmandade Pitagórica tinha muito em comum com as comunidades Órficas que buscavam, através de práticas rituais e de abstinências, purificar o espírito dos crentes e permitir que eles se libertassem da “roda dos nascimentos”. Embora o seu objetivo inicial tenha sido muito mais fundar uma ordem religiosa do que um partido político, a Escola de Pitágoras apoiou ativamente os governos aristocratas.
A verdade é que esta Escola chegou a exercer o controle político de várias colônias da Grécia Ocidental, principalmente as existentes no sul da Itália. Foi também a sua influência política que levou ao desmembramento e à dissolução da Escola de Pitágoras. A primeira reação contra os Pitagóricos foi liderada por Cylon e provocou a transferência de Pitágoras de Crotona para a cidade de Metaponto, onde residiu até à sua morte, no final do séc. VI ou no início do séc. V a.C.
Na Magna Grécia, isto é, nas colônias fundadas pelos gregos na Itália, a Ordem Pitagórica se manteve poderosa até à metade do séc. V a.C. A partir daí foi violentamente perseguida, e todos os seus templos foram saqueados e incendiados. Os Pitagóricos remanescentes se refugiaram no exterior: Lysis, por exemplo, foi para Tebas, na Beócia, onde se tornou instrutor de Epaminondas; Filolaus, que segundo atradição, foi o primeiro a escrever sobre o sistema Pitagórico, também se refugiou em Tebas.
O próprio Filolaus, junto com mais alguns adeptos de Pitágoras, retornou mais tarde à Itália, para a cidade de Tarento, que se tornou a sede da Escola Pitagórica. Entre eles estava Archytas, amigo de Platão, figura proeminente da Escola, não só como filósofo como também como homem de estado, na primeira metade do séc. IV a.C. No entanto, já no final deste século, os Pitagóricos tinham desaparecido, como Escola Filosófica.
A ESCOLA PITAGÓRICA
Parece que, por volta da metade do séc. V a.C., houve uma divisão dentro da Escola, De um lado, estavam os “matemáticos”, representados por nomes do peso de Archytas e Aristoxenus, que estavam interessados nos estudos científicos, especialmente em matemática e na teoria musical; de outro lado estavam os membros mais conservadores da Escola, que se concentravam nos conceitos morais e religiosos,
e que eram chamados de akousmatikoi (plural de akousmata, os adeptos das tradições orais). Estes elementos – religiosos e científicos – estavam já presentes nos ensinamentos de Pitágoras.
As doutrinas ensinadas por Pitágoras são as seguintes:
  1. Em primeiro lugar, e acima de tudo, estava a crença de Pitágoras na existência da alma. Ele também acreditava na transmigração das almas dos indivíduos, mesmo entre diferentes espécies. Esta transmigração poderia ocorrer em seres mais ou menos evoluídos. Se um indivíduo tivesse uma vida virtuosa, o seu espírito poderia inclusive se libertar da carne, isto é, deixaria de reencarnar. Este conceito filosófico foi atribuído a Pitágoras por Platão, em sua obra Fédon (que relata os momentos que antecederam a morte de Sócrates pela ingestão de cicuta). Não se pode deixar de ressaltar a importância deste conceito na história das religiões.
  2. Levar uma vida virtuosa consistia em obedecer a certos preceitos, muitos deles vistos hoje como tabus primitivos, como, por exemplo, não comer feijão ou não remexer no fogo com um pedaço de ferro. Estritamente morais eram as três perguntas que cada um devia se fazer ao final do dia, e que eram: Em que é que eu falhei hoje? O que de bom eu deveria ter feito hoje? O que é que eu não fiz hoje e deveria ter feito? Um dos principais meios externos que ajudavam a purificar o espírito era a música.
  3. A fascinação da Escola pelos números deve-se ao seu fundador. A maior descoberta de Pitágoras foi a dependência dos intervalos musicais de certas razões aritméticas existentes entre cordas de comprimentos diferentes, igualmente esticadas. Por exemplo, uma corda com o dobro do comprimento de outra emite a mesma nota musical, mas uma oitava acima, isto é, mais aguda.
Tal fato contribuiu decisivamente para cristalizar a idéia de que “todas as coisas são números, ou podem ser representadas por números”. Este princípio foi a pedra de toque da filosofia de Pitágoras. Em sua obra Metafísica, Aristóteles afirma que os números representavam na filosofia de Pitágoras o que os quatro elementos – Terra/Ar/Fogo/Água representaram no simbolismo de outros sistemas religiosos. Deacordo com este princípio, todo o universo poderia ser reduzido a uma ”escala musical e a um número”. Assim, coisas como a razão, a justiça e o casamento, poderiam ser identificadas com diferentes números. Os próprios números, sendo ímpares e pares, ou limitados e ilimitados, de acordo com Aristóteles, se constituíam na primeira definição das noções de forma e de matéria.
Os números um e dois encabeçavam a lista dos dez primeiros pares de opostos fundamentais, dos quais os oito pares seguintes eram “um” e “muitos”, “direita e esquerda”, “masculino e feminino”, “repouso e movimento”, “reto e curvo”, “luz e escuridão”, “bom e mau” e “quadrado e oblongo”. Esta era a filosofia do dualismo metafísico e moral, através da qual se chegou ao princípio que via o universo como aharmonia dos opostos, no qual “o um” gerou toda a serie de números existentes.
Assim, a música e a crença no paraíso estelar, (originalmente associados à Astrologia da Babilônia) são os pontos de união entre o conteúdo religioso da filosofia de Pitágoras com os estudos matemáticos e científicos realizados mais tarde pela ala científica de sua Escola. O primeiro a apresentar um sistema compreensivo foi Filolaus, um de seus discípulos.
A ARITMÉTICA PITAGÓRICA
Para Pitágoras a Divindade, ou Logos, era o Centro da Unidade e da Harmonia. Ele ensinava que a Unidade, sendo indivisível, não é um número. Esta é a razão porque se exigia do candidato à admissão na Escola Pitagórica a condição de já haver estudado Aritmética, Astronomia, Geometria e Música, consideradas as quatro divisões da Matemática. Explica-se também assim porque os Pitagóricos afirmavam que a
doutrina dos números, a mais importante do Esoterismo, fora revelada ao Homem pela Divindade, e que o Mundo passara do Caos à Ordem pela ação do Som e da Harmonia. A unidade ou 1 (que significava mais do que um número) era identificada por um ponto, o 2 por uma linha, o três por uma superfície e o quatro por um sólido. ATetraktys, pela qual os Pitagóricos passaram a jurar, era uma figura do tipo abaixo:
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representando o número triangular 10 e mostrando sua composição como sendo1+2+3+4=10. Adicionando-se uma fileira de cinco pontos teremos o próximo número triangular de lado cinco, e assim por diante.
Mostrando que a soma de qualquer série de números naturais que comece pelo número 1 é um número triangular. A soma dos números de qualquer série numérica composta por números ímpares e que comece por 2 é um número quadrado. E a soma dos números de qualquer série numérica de números pares que comece pelo número 2 é um número oblongo, ou retangular.
Este é o princípio matemático que levou à 47ª Proposição de Euclides, o matemático grego que divulgou o Teorema de Pitágoras, pelo qual o quadrado da hipotenusa de um triângulo retângulo é igual à soma dos quadrados dos dois outros lados, ou catetos. A demonstração deste teorema é a Jóia do Ex-Venerável mais recente de uma Loja Maçônica, em homenagem a Pitágoras, e que simboliza a doutrina científica e esotérica de sua Escola de Filosofia. O mesmo raciocínio usado na formulação do teorema acima, quando o triângulo retângulo é isósceles, (com catetos ou lados iguais) levou os Pitagóricos a descobrir os números irracionais, como, por exemplo, a raiz do número 2, que é igual a 1,4142,,,,(dízima periódica).
A GEOMETRIA PITAGÓRICA
PitagorasEm Geometria não se pode obter uma figura totalmente perfeita, nem com uma, nem com duas linhas retas. Mas três linhas retas em conjunção produzem um triângulo, a figura absolutamente perfeita. Por isso é que o triângulo sempre simbolizou o Eterno – a primeira perfeição, o Grande Arquiteto do Universo. A palavra que designa a Divindade principia, em todas as línguas latinas, por um D, e em grego por um “delta”, ou triângulo, cujos lados representam a natureza divina. No centro do triângulo está a letra Yod , inicial de Jehovah – o Criador, expresso nos idiomas teuto-saxônicos pela letra G, inicial de God, Gotou Gottam, cujo significado filosófico é geração.
Numerosas – e valiosas – foram as contribuições da Escola de Pitágoras no campo da Geometria. Assim, por exemplo, a demonstração de que a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a dois ângulosretos, ou 180 graus. Também formularam a teoria das proporções e descobriram as médias aritmética, geométrica e harmônica. Foi ainda Pitágoras quem descobriu a construção geométrica dos cinco sólidos regulares, isto é, o tetraedro ou pirâmide de quatro lados, o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro. A construção do dodecaedro requer a construção de um pentágono regular, também conhecida dos Pitagóricos, que usavam o Pentagrama ou Estrela Pentagonal ou Flamígera, como símbolo de reconhecimento entre os seus membros.
Em resumo, a Geometria Pitagórica cobriu todos os assuntos da obra de Euclides, que compilou e registrou todo o conhecimento existente nesta área, na antiga Grécia.
A ASTRONOMIA PITAGÓRICA
Pitágoras foi o primeiro a afirmar que a Terra e o Universo tinham forma esférica. Ele também anteviu que o Sol, a Lua e os Planetas então conhecidos possuíam um movimento de translação, independente do movimento de rotação diário. A Escola de Pitágoras desenvolveu também um sistema astronômico, conhecido como sistema Pitagórico. A última versão deste sistema, atribuída aos discípulos Filolau e Hicetas deSyracusa, deslocava a Terra do centro do Universo, e fez dela um planeta do mesmo modo que os planetas então conhecidos, que giravam em torno do fogo central – o Sol. Este sistema, elaborado cerca de 400 a.C., antecipou em cerca de 2.000 anos os mesmos princípios defendidos por Galileu Galilei, pelos quais foi condenado pela Santa Inquisição. Galileu demonstrou a base científica do sistema, a partir da qual Copérnico e Kepler iriam comprovar que era o Sol e não a Terra o centro da Via Láctea – a nossa Galáxia.
A MÚSICA PITAGÓRICA
Pitágoras não só utilizava a música para criar uma inefável aura de mistério sobre si mesmo, como também para desenvolver a união na sua Escola. A música instruía os discípulos e purificava suas faculdades psíquicas. Na educação, a música era vista como disciplina moral porque atuava como freio à agressividade do ser humano. Pitágoras considerava a música o elo de ligação entre o homem e o cosmos. O Cosmosera para ele uma vasta razão harmônica que, por sua vez, se constituía de razões menores, cujo conjunto formava a harmonia cósmica, ou harmonia das esferas, que só ele conseguia ouvir.
Pitágoras, avatar do deus Apolo, compunha e tocava para seus discípulos a sua lira de sete cordas. Deste modo ele refreava paixões como a angústia, a raiva, o ciúme, anseios, a preguiça e a impetuosidade. A música era uma terapia que ele aplicava não só para tranqüilizar as mentes inquietas, mas também para curar os doentes de seus males físicos.
Pitágoras foi o descobridor dos fundamentos matemáticos das consonâncias musicais. A partir daí, ele visualizou uma relação mística entre a aritmética, a geometria, a música e a astronomia, ou seja, havia uma relação que ligava os números às formas, aos sons e aos corpos celestes. A Tetraktys (o número triangular 10) era o símbolo da música cósmica, e Pitágoras, como o deus da Tetraktys, era a única pessoa que podia ouvi-la. A teoria da música cósmica, ou harmonia das esferas foi descrita por Platão, no Timeu. Filolau, outro notável discípulo de Pitágoras também faz descrição minuciosa da teoria que resulta na música cósmica e na harmonia das esferas (ou planetas).
A HERANÇA DE PITÁGORAS
A história posterior da filosofia de Pitágoras se confunde com a da Escola de Platão, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, e que foi também ardente admirador e discípulo de Pitágoras. Platão herdou, de um lado, as doutrinas de seu mestre e, de outro, bebeu a sua sabedoria nas mesmas fontes do filósofo de Samos. Segundo Amônio Sacas, toda a Religião-Sabedoria estava contida nos Livros de Thot (Hermes), onde Pitágoras e Platão beberam os seus conhecimentos e grande parte de sua filosofia.
Desde os primeiros séculos da era cristã que é comprovada a existência, em Roma, das práticas e doutrinas religiosas de Pitágoras, principalmente as relacionadas com a imortalidade da alma. Pitágoras disputava então, com outras religiões, um lugar predominante no panteão da Roma Imperial. A comprová-lo as capelas pitagóricas descobertas pela arqueologia, nas quais os iniciados aprendiam os mistérios dePitágoras, e onde eram introduzidos no culto de Apolo.
Os afrescos encontrados no sub-solo da Porta Maggiore, em Roma, mostram temas Pitagóricos. O nacionalismo romano também está ligado a Pitágoras através da obra Metamorfoses, de Ovídio, que nela relatou a teoria da reencarnação, defendida pelo filósofo de Samos. Os discípulos diretos de Platão também retornaram aos princípios Pitagóricos; e os neo-Platônicos, com Jâmblico, no séc. IV d.C. também os adotaram, juntamente com os mais recentes escritos Pitagóricos, isto é, os Hinos Órficos. Do séc. I d.C. ao séc. VI d.C. a doutrina de Pitágoras influenciou grandes filósofos que escreveram e divulgaram a sua filosofia. Alguns deles foram Apolônio de Tiana, Plotino, Amélio e Porfírio.
Depois que os cristãos conquistaram, no séc. IV d.C. o controle do Estado, os Pitagóricos tornaram-se, gradualmente, uma minoria perseguida. No entanto, as idéias de Pitágoras continuaram a ser pregadas na antiga escola de Platão, a Academia de Atenas, e em Alexandria, até que no séc. VI d.C. Justiniano, imperador do Oriente, fechou a Academia e proibiu a pregação da filosofia e das doutrinas consideradaspagãs pelo catolicismo. A partir desta época prevalece a era do obscurantismo da Idade Média. Mas as doutrinas de Pitágoras foram abertamente pregadas por um período de 1.200 anos, que se estende do séc. VI a.C. ao sec. VI d.C.
Apesar de perseguido pela religião oficial, Pitágoras foi para grandes figuras do Catolicismo como Santo Ambrósio, uma figura de referência por ter sido visto como intermediário entre Moisés e Platão.
No séc. XVI, de acordo como o interesse do autor, Pitágoras era apresentado como poeta, como mágico, como autor da Cabala, como matemático ou como defensor da vida contemplativa. Rafael, famoso pintor italiano, retratou Pitágoras como um homem idoso, de longas barbas, entre filósofos, no quadro “Escola de Atenas”.
Remotamente não podemos deixar de registrar a existência de pontos comuns entre a filosofia de Pitágoras e o sistema Positivista de August Comte. Pitágoras racionalista, procurou explicar a cosmogonia universal através da ciência. Comte trilhou caminho semelhante. Antes de tudo, Pitágoras buscou o conhecimento da Verdade e só por isso já deve ser reverenciado por toda a Humanidade.
BIBLIOGRAFIA
Pitágoras – Amante da Sabedoria - Ward Rutherford - Editora Mercúrio - São Paulo
Pitágoras – Uma Vida - Peter Gorman - Editora Pensamento - São Paulo
A Doutrina Secreta -Volumes II e V - H.P.Blavatsky - Editora Pensamento - São Paulo
Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan – Artenova - Rio
A Simbólica Maçônica - Jules Boucher - Editora Pensamento - São Paulo
Maçonnerie Occulte et L’Initiation Hermétique – J.M.Ragon - Cahiers Astrologiques - Paris
Diálogos - Platão - Abril Cultural - São Paulo

ANTÓNIO ROCHA FADISTAM.'.I.'., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB - Brasil